quarta-feira, 6 de maio de 2015

O SENDEIRO e pensamento de uma professora...
J P Mourão
Dizendo ser a “crônica de uma professora vivendo o novo tempo” O SENDEIRO fala sobre os FUNDEB e merenda escolar, conforme consta nos rabiscos do cabeçalho de um caderno escolar repleto de interrogações que eu tanto gosto. Além disso, deleite-se com o estilo do SENDEIRO:
“O SENDEIRO – CRÔNICA DE UMA PROFESSORA VIVENDO O NOVO TEMPO.


Sobre a mesa da sala de aula mãos desmotivadas ora seguram um lápis, ora uma caneta, e simultaneamente seus pensamentos divagam sobre a profissão que abraçara. No cabeçalho do caderno, distraidamente rabisca garatujas de pontos de interrogação suspensos no universo branco do papel.

Sem a valorização devida e a falta do reconhecimento profissional, seu censo crítico lhe põe contra a parede da realidade que hoje vive e lhe questiona os “porquês” que escolhera este nobre e desvalorizado oficio. Em seus tímpanos soam renitente os gritos de uma criança __“Tia, tia, hoje tem merenda”?

Parentesco POSTIÇO que a Educação dos dias de hoje impôs a quem atua na sua profissão. Mentes infantes e DISLEXAS em corpos raquíticos que mais carecem da urgência de alimentação que de educação. São olhos espantados pela fome. Revolta-se ao relembrar as imagens vistas no blog das barrigas fartas de LAGOSTAS DOURADAS compradas com seu FUNDEB, servidas nos hotéis de luxo para o intestino do Prefeito e suas concubinas defecarem.

O caderno de PLANOS DE AULA lhe cobra tarefas. Amargurada lamenta os PLANOS que fizera quando decidira ser educadora. Não imaginara a Educação ficar a mercê dos DESVARIOS de um gestor sem formação humana, muito menos educacional. Sobre o que um dia fora uma estante, figuram mofados pelas goteiras os DIÁRIOS dos professores, órfãos da assinatura de acompanhamento da diretora, são a fotografia em preto e branco das escolas municipais do Ipu. Olhando-os teve o ímpeto de preenchê-los com as CRÔNICAS DIÁRIAS dos roubos das verbas da educação. BOLETINS escolares se misturam ao lixo da sala, sentiu o impulso de fazer um BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL. __ “Tia, tia, me dar uma moeda prá eu comprar uma balinha prá merendar”!

Compadecida escancara a bolsa sobre a mesa. Um bastonete de batom já quase findo, rola ao chão e estaciona nos pés quebrados de um PROJETO de carteira escolar. Desgastara-o de tanto tentar dar realce a uma boca amarga sem o sorriso da esperança de receber um dia seu FUNDEB. Um minúsculo espelho de maquilagem reflete seu rosto e sua alma entristecida. Percebera então quantas rugas esta administração desastrosa lhe tatuou a face. No peito, o medo e a insegurança de nunca conseguir aposentar-se pelo bendito I.P.M.

Em meio aos cosméticos, uma correspondência amassada do SERASA ameaça levar seu nome para o S.P.C. O carnê amarelo da “Macavi” já vencido lhe deixou mais pálida. Foram sonhos, projetos e objetivos que conquistara, e honraria seus pagamentos caso recebesse o ABSTRATO FUNDEB.

Viera novamente a lembrança dos corpos BRONZEADOS na piscina onde o Prefeito e suas amantes se espojavam sob a brisa, o mar e o sol caliente de Camocim, aquecendo os espermas que flutuavam na água azul da piscina, nas ejaculações excitadas e patrocinadas pelo TESÃO em roubar o dinheiro público. Uma caixinha de lápis COLORIDOS sobre a mesa que ameaça esfacela-se ao chão lhe fez refletir quão deve ser COLORIDA a vida dos que impunemente roubam o dinheiro do país e o futuro destas crianças. __“Tia, tia, tu NÃO tem moeda não? Vamos repartir esta balinha que encontrei no meio da sala... perdida no chão! Da prá nós merendar TIA!”


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