sábado, 27 de fevereiro de 2016

Causo no Ipu
Raimundo Nonato Mello.
Era meu Avô Materno. Não cheguei a conhecê-lo, mas as histórias me foram passadas pelas minhas tias e minha Mãe. Músico tocava flauta transversal. Uma flautinha de Ébano apenas com 09 chaves que ainda se encontra em meu poder como relíquia de uma peça com mais de 100 anos.
Gostava de pregar peças. Quando da chegada dos revoltosos no Ipu, a minha Vó tremendo de medo pediu que ele Raimundo parasse o Relógio de Parede para que os Revoltosos não ouvissem as suas badaladas e assim ele fez. Quando se preparou para o serviço estava somente de calças falsamente amarrada com uma imbira na sua cintura e quando todos olhavam para a parada do Relógio, Raimundo deixou cair às calças ficando totalmente pelado, foi um horror dos presentes e ele morrendo de rir se recompôs imediatamente. Era também sapateiro e muito de seus amigos gostavam de ir bater papo na sua tenda, um deles era o Manoel Meriquita. Aprontou-lhe o seguinte preparou uma cadeira com o assento repleto de tachinhas, preguinhos apenas com a ponta de fora e quando Manoel chegou deu bom dia e ele respondeu sisudamente o bom dia. Manoel ao sentar-se ou ao tentar sentar-se foi profundamente assustado e até mesmo machucado com os preguinhos que se encontravam nas cadeiras. Ele riu muito, mas no outro dia o seu Manoel já se encontrava por lá, tudo bem.

Vovô tinha uma alcunha que trouxera de Sobral sua terra Natal de: “Raimundo Cebola”, apelido que herdara de sua mãe que vendia muito coentro e cebola na cidade de Sobral. Quando assim lhe chamavam de, Raimundo Cebola ele respondia: “No rabo da tua mãe tem uma Rola”, etc. e etc...
Minhas Palavras.

Contar histórias e mais histórias faz parte do cotidiano de nós viventes.
Seja qual for o tipo de histórias traz sempre alguma coisa interessante, mesmo que algumas sejam melancólicas, outras lâmbicas e outras e mais outras que se relacionem com a nossa vida escolar os passeios nas Praças e Avenidas. Para nós do Ipu os banhos na Bica e no Gangão, no Quebra Bodega, nos Canos, no Buraco da Jia e muitos outros.
Nas esquinas, nas rodas das calçadas, correm soltas muitas conversas que se tornam histórias chasquentosas que vão ficando para nossos descendentes.
As conversas aqui descritas com o nome de “Causos do Ipu”, todas são verídicas, algumas vividas pelo o autor se mesclando com outros arquivos como: Do meu Pai João Anastácio Martins e de minha Tia Maria Valdemira Coelho Mello.  Certa vez ao ouvir algumas dessas historietas e um bom amigo de infância me disse: o Luiz Pessoa Aragão, carinhosamente conhecido por “Boy” “Melo passa essas histórias para um livro”, outros amigos assim também o fizeram e de certa forma me entusiasmaram e aqui estou com mais este opúsculo para apreciação do nosso Povo, de nossos condiscípulos, aqueles que admiram as Coisas do Ipu.
Espero não ter ofendido ninguém é apenas um registro do que vivemos e continuaremos a viver por muito tempo.


O Autor      

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Última Página.

Ao concluir mais um trabalho de nossa lavra deixo aqui o meu reconhecimento a minha gratidão ao meu amigo de infância, de farras, de serenatas, de porres na Bica, Gangão e Quebra Bodega.
Amigo das festas e tertúlias no verdadeiro Grêmio Ipuense, dos bate-papos na Praça de Iracema, dos passeios na Praça da Estação ouvindo a Amplificadora voz Ipuense de Nonato Ferreira, do Cenáculo, da UEI, do futebol de salão na Quadra do Grêmio Ipuense.
Fica aqui meu amigo Boy, os meus agradecimentos e a minha e sempre amizade.
Postarei abaixo deste texto algumas fotos da Fábrica Água Mineral Acácia.
As fotos que se seguem mostram as diferentes partes das atividades e como funciona a citada Água Mineral – ACÁCIA.
Nós ipuenses nos orgulhamos de podermos contar com tão higiênico e minucioso trabalho no trato com a água que consumimos, não obstante somente o Ipu, mas todas as cidades no Estado do Ceará e em outros Estados aonde chegam a ÀGUA MINERAL ACÁCIA.
As comendas tem um destaque especial. Consta no seu Painel de exposições de tantas láureas mais de 50 outorgas por fiel merecimento por um trabalho de uma grandeza sem igual e notabilidade que engrandece grandemente a nossa IPU.
Trabalham nesta Fábrica 70 funcionários com rodizio initerruptamente. (24 horas).

Meu amigo Boy está, pois a disposição dos nossos leitores tudo aquilo que dignifica a nossa cidade.
Peladas na Praia do Jacareacanga

Costumeiramente íamos aos sábados por volta das nove horas do dia para a resenha em frente ao Café Cearazinho, ponto certo da colônia estudantil do Ipu, todos os sábados. Não obstante a outros pontos que fazíamos como na Esquina da Rouvani Modas, conhecida por todos como a esquina do Pecado. Sambem por que do PECADO? Ali ficávamos olhando a jovens estudantes da Escola Normal, Liceu, Lourenço Filho e outros grandes Colégios, ali passarem alguns para umas flertadas e mais especialmente ver a saia da estudantada serrem levantadas pelo vento forte que soprava da Praia e com o choque com o Cine São Luiz as saias voavam, mas acho que elas gostavam, pois não mudavam de lugar. Era fantástico! As nossas quase sempre meninices.
Comprávamos revezando em cada sábado uma bola de borracha, mas de borracha mesmo, pesado para não ser levada facilmente pelo vento vindo do Mar.
E depois das 14 h lá íamos nós para pelada na Praia até fim da tarde. Memoráveis dias jamais voltarão nem mesmo com a juventude hoje.
Outros Locais de nossas Preferências.
Era o Tuíste Bar, na Praça da estação ferroviária. Presença apenas de alguns bebericando a velha Bagageira, e um violão e uma voz. Dião cantava e animava o ambiente.
Depois das dez, o programa era outro. Subir descer nas Boates da Rua Barão do rio Branco e para apenas contemplar as mulheres de vida fácil que ali residiam e estavam sempre prontas para receber os seus pretendentes.
Na boate fascinação existia uma Mini Orquestra que abria anoita com bonita música FASCINAÇÃO, vi e, ouvi muitas vezes.
Já pela madrugada íamos parar no Abrigo Central, na Praça do Ferreira ou num pequeno restaurante no Passeio Publico nome oficial Praça dos Mártires, para saborear e começar tirar a ressaca com gostoso caldo de peixe era simplesmente apoteótico.
No domingo voltávamos à tranquilidade, começar a mexer nos livros e na segunda-feira, tome aula e muito estudo e muito trabalho.
Em outras oportunidades frequentávamos as tradicionais e gostosas “Tertúlias no Maguari”, dançávamos ao som do Ivanildo e seu Conjunto, Ivan e seu Conjunto, Canhoto e seu Conjunto e outros.
Ivanildo até compôs uma música intitulada Tertúlias no Maguari.
Nossa vida de estudante era mais ou menos assim. O Patrocinador desta obra LUIZ PESSOA ARAGÃO, carinhosamente conhecido por todos do Ipu como “Boy” o nosso amigo fazia partes dessas histórias das quais ele fazia parte hoje relembradas neste livro.
Não podemos esquecer outros bons e jocosas momentos vividos por nós não vou decorrer nenhum para não afetar e nem zangar nenhum de nossos amigos hoje em posições profissionais das mais destacadas, vou apenas fazer alguns citações vividas entre nós.
Na Peixada do Alfredo, No Centro de Cultura Hispânica, no Passeio Público, na Estação Ferroviária, na Boate Guarani, com aquele Piano tocado maravilhosamente por uma senhora de meia idade, das escadarias da própria Boate (Irapuan), e muitos outros.
Bom muito bom! Pena é que não podemos mais voltar a viver este passado. Muitos já partiram para o Oriente Eterno, enquanto isso nós estamos por aqui até enquanto Deus permitir relatando tudo isto para posteridade de todos nós.


Com a devida e permissão de nossa miga Telma Lima colocarei duas crônicas das amigas Carrinha e Cleide Lima que me foram enviadas para um programa de Saudades que eu apresentava na Rádio Iracema/Regional.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Uma palavra pequena, mas que define muita coisa.
Saudade é uma das palavras mais importantes das poesias de amor. Serve para lembrar-se de alguém que partiu, ou de algo ou lugar que se sinta falta.
Segundo o dicionário, saudade pode significar uma lembrança grata de uma pessoa que está ausente, ou de uma coisa da qual se esteja privado. Saudade também significa mágoa ou pesar originados desta privação.
A saudade muitas vezes nos faz sentir vontade de voltar ao passado.
Com ela é possível ter a sensação de se estar revivendo bons momentos, que muitas vezes são impossíveis de recuperar.

A saudade traz boas recordações.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016


A Serra da Ibiapaba situam-se em meio ao semiárido nordestino e noroeste do estado do Ceará. O Planalto da Ibiapaba constituiu-se, geograficamente e politicamente hoje, em faixa montanhosa que inicia a 40 km do litoral e se estende de Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubarajara, Viçosa do Ceará e Ipu. Foi por esta região que começou o processo de colonização do Ceará, ocupada neste período por índios tabajaras.
Os tabajaras pertencem ao grupo tupi, este grupo o primeiro a entrar em contado como os europeus, ocupavam as regiões litorâneas do Brasil, apesar de se dividirem em várias ramificações foram denominados genericamente de tupis, pois falavam uma língua parecida, chamada pelos colonizadores de língua geral. Os outros povos ocupantes do interior do território foram denominados de tapuias, segundo Pedro Théberge os tabajaras da Serra impunham seu domínio sobre diversas tribos os tapuias. E segundo o historiador do século XIX Batista Aragão teriam



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Alunos fotografados em frente ao antigo Prédio das Escolas Reunidas. (Foto de 1942.Acervos Francisco Melo).

IPU
Casa D’aula.

Relatando um pouco de história de nossas Escolas, nos primórdios de nossa civilização vamos encontrar um pool de entidades educacionais que constituíram os nossos primeiros ABCS num processo alavancativo que até hoje é orgulho premente para esta cidade de São Sebastião.

A Casa D’aula surgiu em 1791, num casarão que se situou no Quadro da Igrejinha, na Praça São Sebastião com o intuito de proporcionar à criançada da época a escolaridade necessária.

Recebeu este nome da Casa D’aula por ter sido construído no tempo no império razão principal de um nome Português cuja pronuncia se caracteriza um sotaque puramente português de Portugal.

Os seus primeiros professores foram: João da Mata que dava aulas para os meninos e Maria Jerônimo Monteiro, que ministrava aulas paras as meninas.

Outros professores apareceram como: dona Neném Rabelo, D. Mafisa Matos, D. Ambrosina. D. Florinda. D. Lili Batista, todas nomeadas pela Província.

Com o passar dos tempos a Casa D’aula muda de nome, e passa a ser chamada de Escolas Reunidas de Ipu em 1923.

Funcionaram inicialmente com as três primeiras séries iniciais lecionando as seguintes professoras: D. Otília Cabral Aragão, Maria da Penha Mesquita, Carmosina Xerez. D. Maria Carmela Frota Passos, Francisca Irene Dias Barbosa, Olívia Rodrigues, Altair Menezes.
As professoras que se seguem datam dos fins dos anos 40 ao inicio dos anos 50.
Maria Dulce Martins, Maria Valdemira Coelho Mello (substituta) Francisca Furtado Mourão e Maria Juracy Torquato.

D. Carmélia Passos foi um destaque nas Escolas Reunidas, dada a sua dedicação especial ao magistério e as causas da Catequese.

Exercia a função de Inspetor Escolar, Thomaz de Aquino Corrêa e Sá e que dada a sua fluência musical compôs o Hino das Escolas Reunidas como se segue.

Hino das Escolas Reunidas de Ipu
Letra e Música de Thomaz de Aquino Corrêa

Mocidade. Lutai com denodo
Contra a treva, que alumbra a razão.
Seja lema do vosso estandarte
Instrução. Instrução. Instrução.

Estudai. Que no livro o estudo,
Só bonança vos pode trazer
Ilustrai vossa mente e tereis.
As delicias que vêm do saber.

Adorai com fervor vosso Ipu
Esta gleba que foi de Iracema
Sua beleza nativa exalta!
E ofertai-lhe de amor, um poema.

Estribilho
Seja pena, o flamejante gládio.
A palavra eloquente – CANHÃO
Seja o livro, fortíssimo escudo.
Vosso amor pela Pátria – BRASÃO.

As escolas reunidas sofreram profundas modificações na sua estrutura física e funcional cedendo lugar para uma Escola Estadual que chamamos de Escola de Ensino Fundamental e Médio Auton. Aragão. Atualmente, abriga mais de 1.000 alunos. Nada restou nada do velho casarão que deu origem as nossas Escolas.

Situada Dr. Raimundo Justo Ribeiro nº 1029 no Quadro da Igrejinha. Foi o antigo prédio onde funcionou a primeira Escola Oficial de Ipu a Casa d’aula em 1791.
Recebe em 1964 o nome do ilustre Ipuense o Cel. Auton Aragão.
Atualmente o Auton Aragão é dirigido pelo competente professor Antônio Iramar Miranda barros e conta com mais de 1000 alunos.
Foi premiada em dois anos consecutivos de a Escola com a melhor Gestão Escolar. (2005/2006).



AS BENZEDEIRAS: CULTURA E RELIGIOSIDADE
Publicado em 16 de novembro de 2014 por marcia
Por Natania Nogueira.
Quando eu criança minha mãe sempre estava levando a mim e a meu irmão para “rezar”.  Era sempre a casa de uma senhora, geralmente idosa, que segurava um galho de arruda e fazia uma oração que eu não conseguia acompanhar, colocando a mão sobre a minha cabeça. Frequentar benzedeiras foi parte da minha infância e quando adulta eu mesma tomei algumas vezes a iniciativa de procurar.
Não custa prevenir, né?
Confidencias à parte, já há algum tempo venho voltando meu olhar para a prática das benzedeiras, buscando nessas práticas elementos da nossa cultura. Se falamos de registro e tombamento, de preservação de lugares que guardam memórias, muitas vezes esquecemos que pessoas podem ser consideradas também um patrimônio cultural, especialmente quando elas se tornam depositórios de um saber, passado de geração para geração.
Em muitas comunidades a tradição das benzedeiras possui ainda um grande prestígio. Se soubermos onde procurar, vamos encontrá-las até em grandes metrópoles como São Paulo. Seus instrumentos de trabalho são folhas e ervas medicinais, imagens de santos, rosários, oratórios e, claro, a palavra.  Há séculos, essas curandeiras combatem os males do espírito e da carne, com orações e remédios caseiros.Espinhela caída, carne quebrada, cobreiro, quebranto, mau-olhado, doenças nervosas e encosto. Elas têm a solução para tudo isso.
Na ausência dos médicos e boticários, a benzeção foi a saída (e é até hoje), para muitas comunidades brasileiras, cuja precariedade de recursos fortalece os saberes populares e a tradição. No Brasil, é quase impossível de dissociar muitas delas de práticas religiosas. Essa tradição de cura através de rezas, banhos, chás e efusões, sobrevive há séculos e representa muito bem o sincretismo religioso que caracteriza muitas das práticas culturais do povo brasileiro.
É, acima de tudo, uma herança familiar. Uma benzedeira aprende o arte da “reza” com a mãe ou com a avó. Há benzedeiras que começam bem cedo, aos 15 anos de idade, outras um pouco mais tarde. Homens também exercem esse ofício, mas esse tipo de curandeirismo é tipicamente feminino. E é gratuito. Uma rezadeira não pode cobrar pelos seus serviço. É uma missão, uma doação.
Mas como toda tradição cultural, ela sobrevive graças à memória. Essas mulheres, em outros casos homens, são um receptáculo vivo de tradições que não pode ser perdido. O resgate das suas história de vida, do seu conhecimento prático é parte da formação da identidade brasileira e passível de registro. Identificá-las e contar suas histórias é uma forma de preservação que pode ser realizada sem maiores custos. Entrevistas, filmagens e fotografias. Eis aí uma ótima sugestão para se trabalhar com educação patrimonial, principalmente nas cidades do interior

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Solidariedade
Rossana Brasil Kopf (Psicanalista e escritora)
Nos dias atuais o que podemos observar é que a solidariedade se acha amordaçada por poderosos grampos em decorrência dos medos criados por nossas mentes ardilosas que desejam apenas a prevalência da indiferença. Ninguém é capaz de entender as feridas alheias, ninguém é capaz de parar um pouco para pensar nas dores que escorrem pelas favelas, onde o canto da rotina é espelhado na lágrima de alguém que busca apenas um pouco de dignidade.
 A piedade se fez indiferente, e em decorrência de tudo isso os muros cresceram de acordo com o medo, as grades foram colocadas nas janelas, o ritmo de cada é se isolar de um mundo que antes era belo e hoje provoca medo.
 As belezas que eram eternizadas pelos vizinhos sofreram uma transformação, onde a desconfiança se tornou sinônimo do que existe de pior, e muitas das vezes apenas uma parede que separa do vizinho se transformou em longa distância. Os caminhos que antes eram tão curtos para chegar aonde a necessidade gritava, se encantaram e muitos fazem questão de não ouvir, e nem sentir a dor que lhe é tão próxima que se perdeu num túnel sem luz.
As mensagens foram distanciadas e escassas, já não perguntam por alguém ou tentam buscar noticias dos seus, todos se perderam na estada do desencanto e brilhante luz que mostrava o caminho se fechou em circuito. A consciência de lutar para um mundo melhor se diluiu, tudo se transformou em uma nau sem destino, e os homens buscaram cavar a sua própria sepultura por não entenderem que a consciência é a presença de Deus no homem.
As virtudes se desconheceram, o milagre da bondade se fez perdido, o perdão se transformou em tapete, onde os homens passam e levam consigo o ódio permanente, a pureza que era uma pedra bruta se banalizou.
O respeito, considerado sentimento maior que parecia diferenciar o homem dos animais, foi destroçado e transformou a imagem e semelhança em farrapos humanos que perambulam vestidos de drogas e mentiras.
A responsabilidade de lutar por um mundo mais belo foi sepultado e as acusações passam de mão em mão sem chegar ao verdadeiro causador dos desmandos, e das misérias que ferem e machucam.
A retidão desnudou o homem, muitos se  trocaram por riquezas ilícitas, e se transformaram em buquês de rosas artificiais que não cheiram, e nem mostram a beleza da verdade. Sabemos que não é a valentia física que conta.É preciso ter coragem para enfrentar a vida como é;ultrapassar as tristezas; eliminar as incertezas,e sempre sacrificar-se em beneficio dos outros.




Os Bordeis do Amor.

A prostituta antiga era o oposto simétrico das esposas santas. Hoje, nossas mulheres da vida, (desfilarei todos os nomes do dicionário) são chamadas de garotas de programas.
Antes, nossas bacantes calhandreiras se escondiam pelos cantos, trêmulas de vergonha. Agora, com a permissividade de tudo, ser umas corriqueiras, uma tipóia de má-vida é uma profissão explicita, mas nobre do que, por exemplo, a profissão de perua casada. (Não falo da miséria; falo das moças airadas que vivem na borda das classes altas, nas fimbrias da TV e das Revistas).
A hetaíra moderna não é uma marginal; ela está no centro do sistema, como os advogados, banqueiros ou dentistas.
A mídia e a Internet exibem o seu sucesso. Antes, as extraviadas, as cabriolas precisavam de casamento sagrado que as excluía. A micheteira antiga era uma necessidade fisiológica, uma extensão das famílias, para compensar a tristeza do amor. Hoje, ela não quer casar. Esse papo como se diz na gíria já era elas não querem ser salvas por algum babaca romântico. As cróias, as hieródulas, as pinóias modernas não aspiram uma vida normal, preferem uma gelada aventura pela grana. 
Muitas são até bem casadas e ajudam os maridos. Conheci uma professora que ia se prostituir no Rio de Janeiro, nas férias do Colégio, num famoso lupanar de uma rua qualquer.
A moderna meretriz, a magana contemporânea não se envergonha do trabalho e não tem sentimento de culpa; talvez apenas nojo... de você.
Elas te olham de igual para igual, ou melhor, com uma finíssima superioridade.
Elas são ativas, despachadas, tomam providencias tirando do homem seu maior prazer, que era o sentimento de superioridade moral de folga passageira – um habitante do mundo limpo viajando no mundo “sujo”. Hoje o sujo é você.
Havia no velho putanheiro uma vaga crença na recuperação das infelizes decaídas.
No ar dos prostíbulos flutuava uma doce tristeza por um amor impossível. Havia também uma repugnante bondade nos fregueses de antanho: “Por que você caiu na vida?”, perguntavam os hipócritas bordeleiros, antes do ato.
“Ah!... meu noivo me fez mal, meu pai me expulsou...” – gemia a rapariga. ”Mas, porque você não larga a vida?” sussurra o canalha, superior sinistro, tirando as calças. Por isso é que elas se apaixonam pelos cafetões boçais, que as espancavam com sinceras e jubilosas bofetadas.
Hoje, não se consolam mais mundanas, perras e barregãs. A mulher romântica sabe-se, é uma invenção do homem. As “perdidas” tristes também. Nelson Rodrigues algum tempo disse: “nunca vi uma prostituta triste”... Hoje elas são as “acompanhantes” “scorts”, e até “promoters” e outros eufemismos. São malhadas, aerodinâmicas, sadias. Antigamente, vivíamos numa “féerie de gonorréias”.
Hoje, elas é que temem as tuas doenças. A camisinha exclui, te faz ridículo com pênis encapotado como um cachorrinho de suéter. Com a camisinha, você é que é o perigo venéreo; ela é saúde.
Antigamente, ia-se ao bordel em busca de ilusões. O homem ia para se sentir um sultão no harém. O putanheiro era um sujeito de randevu. Hoje, ele é objeto.  Há um vento gelado nos lupanares atuais limpos, rápidos e eficientes, como uma lanchonete. Há algo de enfermeiro ou psicólogo na moderna “cocote”.
Não há mais mistérios no corpo, cada posição, cada músculo, cada secreção, tudo foi explorado. Não há mais o que comer. Depois do coito, pinta uma grande tristeza. Com a bodernização da vida, precisamos – isto sim! De bordeis utópicos.
Precisamos de bordeis de sonhos de amor. Isso mesmo. Os homens e mulheres precisam mesmo é de sentimentos puros. Nem que sejam pagos. O sujeito entra no bordel do amor como no teatro.
Lá haverá mulheres tristes a quem você consolará. Haverá gritos, lágrimas, cenas de ciúmes. Nestes bordeis teríamos as delícias dos infinitos e infinitos rompimentos românticos, alegrias incontidas, Tristão Isolda, olhos nos olhos, serenatas, sonetos, beijos roubados, teríamos virgem reais, e ruborizando inocências.
Orgasmos, se houvesse, seriam etéreos, como nuvens como epifanias. Seriam bordeis platônicos. Tiram-nos a esperança ingênua, o amor eterno, a metafísica, e a moral.  
 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

GRÊMIO IPUENSE E O RÁDIO
O Grêmio Ipuense ainda não tinha sede própria. Funcionava em casa alugada, no caso a antiga residência do Cel. José Lourenço, na praça da antiga Matriz de São Sebastião. Era a época em que começaram a aparecer os primeiros rádios a corrente elétrica.

Na Segunda Guerra Mundial, que atraiu as atenções de todos os habitantes do globo terrestre, o Grêmio Ipuense comprou um rádio que, não exagerando, tinha aproximadamente um metro de altura. Era uma miniatura do caixão onde os sertanejos de outrora armazenavam farinha de mandioca. Montado sobre uma banca necessitava de um operador. Para tão difícil tarefa, o presidente do Grêmio escolheu um associado de alta competência e que fizesse um estágio antes. Foi ele Edgard Correia, meu compadre, de saudosa memória.

O salão não era pequeno. A multidão, impaciente, aguardava a chegada daquele homem gordo, especializado em “abertura de rádio”. Outro qualquer não ousava mexer nos botões do “bichão” para fazê-lo funcionar, embora houvesse muita gente interessada em aprender. Mas outros, querendo a vitória dos aliados, interessava-se por geografia e pelo manuseio de cartas geográficas.

Terminado o noticiário, seguiam-se os comentários com as mais diversas opiniões. Todos eram “entendidos”, a seu modo. Gonçalo Soares Sobrinho, bom amigo, boa praça, estabelecido no mercado da cidade, pela manhã ia para o estabelecimento conduzindo mapa e calmante. Ali analisava o desenrolar da luta, fazendo comentários a seus poucos, mas atentos ouvintes.

O rádio comprado pelo Grêmio Ipuense teve sua estreia num domingo, às sete e meia da noite, dia 26 de janeiro de 1926, que foi solenemente festejada na cidade. O aparelho foi instalado no prédio onde funcionou a antiga fábrica de beneficiamento de algodão, de Abdoral Timbó, na esquina com a praça, próximo da Igreja de São Sebastião.


(Fonte Ipu em Jornal, ano de 1960)
GONÇALO SOARES DE OLIVEIRA

Nasceu em 13 de fevereiro de 1870, filho de João Soares de Oliveira e Sebastiana de Araújo Barros. Casou-se primeiramente com Francisca Nunes. Deste enlace amoroso nasceram: José Soares de Oliveira, Gonçalo Soares de Oliveira e João Soares de Oliveira. Ainda cedo, Francisca Nunes faleceu. Pela força do amor, Gonçalo Soares de Oliveira contraiu segundas núpcias com Mariana Paiva, deste matrimônio nasceu o filho Mariano Oliveira Paiva. Ainda muito cedo ficou viuvo. Quisera o destino que Gonçalo Soares de Oliveira, jovem de 31 anos, viúvo pela 2ª vez, conhecesse Terezinha Soares de Paiva, filha de Doroteu Pereira de Paiva e de Thereza Francisca de Paiva.  Terezinha Soares de Paiva nasceu no dia 15 de abril de 1883. com apenas 18 anos de idade prometeram um amor eterno e casaram-se no dia 05 de junho de 1901. Deste amor tiveram 16 filhos: Francisco Soares de Paiva (Nasceu no dia 18/03/1902 – Faleceu no dia 27/02/1992), Antônio Soares de Paiva (Nasceu no dia 06/05/1903 – Faleceu no dia 23/03/1994), Raimundo Soares de Paiva (Nasceu no dia 20/05/1904 e faleceu no dia 25/12/1991), Vicente Soares de Paiva (Nasceu no dia 12/11/1905 e faleceu no dia 28/06/1997), Sebastião Soares de Paiva (Nasceu no dia 29/06/1907 e faleceu no dia 28/04/1999), Joaquim Soares de Paiva (Nasceu no dia 28/08/1908 e faleceu no dia 04/05/1969), Maria Soares de Paiva (Nasceu no dia 30/10/1909 e faleceu no dia 07/12/1990), Francisca Soares Ferreira (Nasceu no dia 09/03/1912 e faleceu no dia 26/07/1993), Luís Soares de Paiva (Nasceu no dia 14/10/1913 e faleceu no dia 25/10/2002), Geraldo Soares de Paiva (Nasceu no dia 04/06/1915 e faleceu em data não identificada), João Soares de Paiva (Nasceu no dia 11/03/1917 e faleceu no dia 07/02/1918), Maria do Carmo Soares de Paiva (Nasceu no dia 11/11/1918 e faleceu no dia 06/11/1981), Thomaz Soares de Paiva (Nasceu no dia 28/01/1921 e faleceu no dia 22/03/1974), Valderez Soares de Paiva (Nasceu no dia 03/11/1922 e faleceu no dia 23/01/2000), Maria Glaura Soares de Paiva (Nasceu no dia 18/08/1924 e faleceu no dia 13/11/1978) e Adelino Soares de Paiva (Nasceu no dia 08/06/1927 – Único filho do casal ainda vivo). Papai Ipu, Mamãe Ipu, Vovô, Vovozinha, assim eram chamados Gonçalo e Terezinha pelos filhos e netos. Ele foi um incansável comerciante, industrial, fazendeiro, Coronel da Guarda Nacional e político. Brindou-nos com exemplos éticos e nobres. Gonçalo Soares era o conciliador de problemas familiares, enérgico, mas ao mesmo tempo justo, amigo, sério, compenetrado, incentivava os filhos ao amor a música e a leitura. Valorizava os inventos da época como a máquina a vapor de sua indústria de beneficiamento de algodão. Proprietário de um dos primeiros veículos da época como também um dos primeiros rádios a funcionar na cidade de Ipu. Na época da inauguração da primeira hidroelétrica do Ceará, inaugurada nesta cidade pelo seu genro Joaquim Sebastião Ferreira (conhecido no Ipu, como o “Homem da Luz”). Com todo seu entusiasmo iluminou o casarão com belíssimos lustres de lâmpadas de várias cores (uma raridade naquele tempo). Que este legado jamais seja apagado da memória da família Soares de Ipu. Gonçalo Soares de Oliveira faleceu no dia 11 de maio de 1955. Terezinha Soares de Paiva, dama nobre, bela e determinada, simples, sábia, cristã fidelíssima, das mãos, saiam o “crochê”, o “tricô”, o bordado, a culinária e o dedilhar de acordes de um “violão”. Faleceu no dia 08 de maio de 1973. Nesta escultura de amor e saudade, a família Soares continua esculpindo a memória deste amor.







segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Poema. (1)
Tu quiseste o perfume precioso da primavera
E eu trouxe uma grinalda de todas as flores do mundo
Com suas pétalas macias
Suas nuanças suaves, aroma sutis.
Para coroar-te a mimosa cabeça.

Tu quiseste esmeralda e rubis
E eu trouxe todos os brilhantes da terra.
Para que o mais rico colar
Adornasse o teu colo delicado e puro.

Tu quiseste a noite escura,
Recamada de sóis, eu te trouxe.
O cintilar das estrelas, o fulgor dos astros.
Enchendo de luz tuas ansiosas e sombrias
Pupilas.

Tu quiseste o mar revolto
E eu te trouxe sereno
Em dia tranquilo e fresco
Com o murmúrio plangente de suas ondas,
O verde manso de suas aguas calmas,
A banhar-te os pés humildemente.
Tu quiseste a doçura do plenilúnio
E eu te trouxe a flor de bogaris,
Embebido de luar,

Para adorar e perfumar-te os cabelos.·.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Nos Caminhos do Ipu.

Ipu, cidade encravada ao sopé da Ibiapaba tem a sua toponímia composta de relevos e planícies. Cortada pelo riacho Ipuçaba o que muito contribuiu para o nosso desenvolvimento sócio cultural.
Na sua confrontação morfológica Ipu teria uma forma de AVE, sendo o Quadro da secular Igrejinha chamado de Papo e a sua primeira Rua chamada de Goela e que segundo alguns historiadores formariam a goela e o Papo de uma Ave e lá mais na ponta, ou seja, no final da Rua o Bico dando à formação de um pássaro, coisa não muito aceita por alguns que estudam a nossa história.
Ipu teve os seus primeiros passos com a chegada de Dona Joana de Paula Vieira Mimosa, uma portuguesa que aqui chegou vindo de Pernambuco onde recebeu das cortes portuguesas uma légua de terra que ela destinou ao Patrimônio de São Sebastião que logo em seguida se tornara o Padroeiro da cidade, por vontade de seu marido Joao Alves Fontes.
Para o orago do Santo foi construídas uma pequena capela de taipa e coberta de palhas com a frente virada para o Poente que serviu por algum tempo para as celebrações das Missas do Natal e Ano Novo. Eram missionários e até mesmo jesuítas que aqui chegava vindo de viçosa a pé para as citadas celebrações.
Dona Joana Mimosa, a portuguesa e desbravadora de nossa Ipu, veio de Pernambuco até Fortaleza de Navio e de Fortaleza (Forte de Nossa Senhora de Assunção) a Camocim e outras embarcações, e para o Ipu veio A PÉ.
Consoantes destes primeiros relatos podem começar a descrever como se deslocavam a Ipu os viandantes da época, não obstante a vivencia dentro do próprio Município.
O nosso homem primitivo fez uso do seu próprio corpo para se locomover a diferentes plagas do Universo.
Ipu não foi diferente. Os nossos conterrâneos que residiam a certas distancias da Sede do Munícipio faziam as suas andanças A PÉ, ou no Pé dois como chamamos hoje.
Revendo os arquivos do Sr. Joao Anastácio Martins, (Meu Pai) e de Joaquim de Oliveira Lima, dois memorialistas que contava a palavras amiudadamente da nossa história.
E não foram diferentes do Homem Sapiens, Os nossos deslocamentos dentro do próprio território Municipal se davam caminhando e carregando nos seus próprios ombros produto alimentícios para as suas subsistências. Outros também em suas costas traziam produtos dos mais rudimentares para serem comerciados na Vila do Ipu Grande.
Produtos como a mamona, oiticica, peles de ovinos e caprinos, castanhas de caju e outros produtos.
Advindos da serra e do sertão, por Ipu pertencer a estes dois climas diferentes e costumeiramente, costumamos dizer que o “clima é o espelho da vegetação”, comerciam e trazidos pelos seus próprios lombos às frutas, a farinha, o feijão, a rapadura e outros produtos de primeira necessidade.
Concluímos neste primeiro capitulo que desde os tempos mais longínquos de nossa civilização os transportes ainda hoje existem através dos braços e os pés do próprio homem; uma civilização que hoje muito raramente encontramos pessoas de nossa cidade viajando A PÉ para os diferentes recantos de nosso território Municipal.

Quase toda produção advinda da SERRA E DO SERTAO eram trazidas para o nosso Centro Comercial do Ipu, o nosso Mercado Publico, hoje denominado Mercado Francisco da Silva Mourão (Chico Mourão).
Trens.

Trem. Hoje em dia, normalmente, as composições ferroviárias são referidas no Brasil como "trens". Já em Portugal e nos restantes países de Língua Portuguesa são, normalmente, referidas como "comboios". Os dois termos são equivalentes, originalmente referindo-se ambos a um conjunto de veículos que se deslocavam juntos. Dada a equivalência, apesar de não ser frequente na linguagem mais popular, na linguagem ferroviária mais especializada também é usado ocasionalmente o termo "comboio" no Brasil.
De assinalar que o termo comboio refere-se não somente ao meio de transporte, mas também à unidade de material rolante, e assim tanto o é uma automotora como um comboio de passageiros ou de mercadorias 
Revolução Industrial      
A composição ferroviária puxada pela máquina a vapor teve uma importância enorme nos últimos duzentos anos da história da humanidade. Ele foi sem dúvida o elemento mais importante da Revolução Industrial, permitindo a deslocação das matérias primas para as fábricas rápida e eficazmente e levando os produtos acabados a pessoas, a regiões distantes e aos países onde eram mais necessários. Foi importantíssima a sua contribuição nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, levando rapidamente homens e armasonde estas mais faltas faziam. Foram os comboios, a quem os índios chamaram Cavalo de Ferro (Iron horse), que ajudaram os colonos ingleses a desbravar o oeste americano e a construir o que hoje é considerado como a maior potência mundial.
Foram os comboios que ligaram populações, regiões, países e continentes que até aí estavam completamente isolados ou onde poderia demorar semanas ou meses para fazer uma simples comunicação entre si; na agricultura, produtos que corriam o risco de ficar nas regiões onde eram produzidos, puderam começar a ser despachados para grandes distâncias, havendo muito menor risco da sua degradação e encorajando assim, o aumento das produções.
Em redor das estações ferroviárias, nasceram e cresceram vilas e cidades, onde até aí, nada existia; a construção das linhas ferroviárias empregou muitos milhares de pessoas, de cidades, regiões e até de países diferentes, contribuindo assim para aproximar diferentes povos e culturas.
Cerca de 400 anos antes os portugueses, com os seus descobrimentos, deram novos mundos ao mundo; esta máxima poder-se-á, com toda a justiça, aplicar ao comboio e ao desenvolvimento que este nos proporcionou.

A máquina de Richard Trevithick
No entanto, o passo de gigante para o desenvolvimento da locomotiva e por consequência do comboio, seria dado por George Stephenson. Este inglês, mecânico nas minas de Killingworth, construiu a sua primeira locomotiva a quem chamou Blucher, corria o ano de 1814. A Blucher, que se destinava ao transporte dos materiais da mina, conseguiu puxar uma carga de trinta toneladas à velocidade de 6 quilómetros por hora. Stephenson viria a construir a primeira linha férrea, entre Stockton e a região mineira deDarlington, que foi inaugurada em 27 de Setembro de 1825 e tinha 61 km de comprimento; quatro anos mais tarde, foi chamado a construir a linha férrea entre Liverpool e Manchester. Nesta linha foi usada uma nova locomotiva, baptizada Rocket, que tinha uma nova caldeira tubular inventada pelo engenheiro francês Marc Seguin e já atingia velocidades da ordem dos 30 km/hora.
No início do século XIX, as rodas motrizes passaram a ser colocadas atrás da caldeira, permitindo desta forma aumentar o diâmetro das rodas e, consequentemente, o aumento da velocidade de ponta. O escocês James Watt, com a introdução de várias alterações na concepção dos motores a vapor, designadamente na separação do condensador dos cilindros, muito contribuiu também para o desenvolvimento dos caminhos de ferro. A partir daqui, a evolução do comboio e das linhas ferroviárias tornou-se imparável, transportando o progresso à volta do globo: A meio do século XIX já existiam muitos milhares de quilómetros de via férrea por todo o mundo: Em Inglaterra, 10 mil; nos Estados Unidos, 30 mil. Neste último, com a colonização do Oeste, esta cifra atingiu mais de 400 mil quilómetros no início do século XX.
"Baronesa" era o nome da locomotiva do primeiro trem a circular no Brasil. Na sua primeira viagem, no dia 30 de abril de 1854, percorreu a distância de 14 km num percurso que ligava a Baía de Guanabara a Raiz da Serra, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (depois, visconde), foi o responsável pela construção desta ferrovia através da concessão dada pelo imperador dom Pedro II, conhecida por "Estrada de Ferro Petrópolis" ou "Estrada de Ferro Mauá".
No entanto, esta não era a primeira vez que se tentava introduzir o trem no Brasil. Em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó tinha promulgado uma lei que concedia benesses a quem construísse uma estrada de ferro que ligasse o Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Esta arrojada e arriscada proposta não encontrou, contudo, ninguém que a quisesse explorar.
Em 9 de fevereiro de 1858, foi inaugurada a segunda ferrovia brasileira, entre Recife e São Francisco e, em 29 de março do mesmo ano, era inaugurada a "Estrada de Ferro Dom Pedro II", que, em 1889, se viria a tornar na Estrada de Ferro Central do Brasil; o seu construtor e primeiro diretor foi Cristiano Benedito Ottoni.