sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Intendentes, Interventores e Prefeitos de IPU

Indendentes, Interventores e Prefeitos de Ipu.
Francisco de Assis Martins.
(Prof. Mello)

“Decretada a Intervenção Federal para o Estado do Ceará, pelo então Presidente da Republica, Marechal Hermes da Fonseca por Decreto de 14 de Março de 1914, foi em seguida, nomeando interventor o Coronel Fernando Setembrino de Carvalho, que nesse tempo, e para dito fim, já se achava no Ceará”.
Assumindo o Coronel Setembrino as funções do alto cargo para o qual fora nomeado, fez em seguida criminosamente, a deposição recomendada, do Presidente do Estado, Coronel Doutor Marcos Franco Rabelo, de ordem do então Presidente da Republica, deposição por este aderida e previamente preparada e afinal levada a efeito!
Em seguida a deposição de Franco Rabelo, Setembrino entregou-se de corpo e alma, como se costuma dizer, aos caprichos descomedidos e sem limites dos mandões daquela desgraçada época, tornando-se politiqueiro e fazendo politicalhia, torpe, baixa e soez demitia acintosamente todos os amigos de Franco Rabelo, fazendo verdadeira derrubada política, removendo juizes inamovíveis e mandando arrastar ás prisões pessoas gradas e em destaque social, praticando enfim, toda sorte de arbitrariedades!
Podendo fazer valer o direito, de manter a autoridade legalmente constituída de Franco Rabelo, de garantir e manter a ordem no Estado, de cingir-se enfim, ás funções do cargo para o qual fora nomeado transformou-se num governo despótico e tirano, depondo o Presidente Franco Rabelo, e trazendo o Estado anarquizado e sem garantia.
Um horror!
Mas, Setembrino, o único oficial do brioso Exército brasileiro, que sujeitou-se as baixezas tais, precisava cumprir, como cumpriu, as ordens de seus amos – Marechal Hermes e Pinheiro Machado, de quem tinha promessas de ser promovido a General, caso fizesse a deposição recomendada, e bem assim desejava receber uma espada de ouro, prometida pelos revoltosos do Ceará, como recompensa da mesma deposição! E, por isso, a tudo se submeteu e tudo fez, embora manchando e desonrando a sua farda; sendo finalmente, em seguida, promovido a General e recebendo mais a referida espada de ouro prometida.
Exonerando o intendente deste município de Ipu, Ten-Coronel Aprígio Quixadá, e nomeou o Bacharel Abílio Martins que, assumindo as funções do cargo, sem prestar o compromisso legal, em 3 de abril, do mesmo ano de 1914, chamou a si arbitrariamente, logo em seguida o arquivo da Câmara Municipal, esbulhando e dissolvendo a Câmara eleita e empossada legalmente, pela antiga Câmara Aciolina, em maio de 1912, para o quatriênio de 1912 a 1916! E, sem nenhuma formalidade, proclamou á mão armada uma esdrúxula Câmara, nomeando ao mesmo tempo os seus improvisados Vereadores e,fazendo-se Presidente da mesma! Tudo isto se passou nesta cidade na tarde do referido dia 3 de abril de 1914.
Dias depois, o mesmo Bacharel Abílio Martins, Intendente e ao mesmo tempo Presidente da espeluncada e intrusa Câmara por ele improvisada, pedira exoneração do cargo de intendente (hoje Prefeito), sendo nomeado para substitui-lo o Tenente-Coronel José Raimundo de Aragão Filho, Secretário aposentado da mesma Câmara Municipal de Ipu, que, como seu antecessor assumiu o exercício e exerceu as funções do cargo sem que tenha prestado o compromisso da lei.
Esbulhada por essa forma criminosa e arbitraria a Câmara Municipal de Ipu, sem mais poder funcionar, visto a espoliação criminosamente levada a efeito, a pressão e ameaças que faziam os espoliadores, recorreu por isso a Câmara legitima para o Doutor Juiz Secional deste Estado, pedindo uma ordem de “harbeas corpus” em seu favor para poder funcionar, ordem essa que foi concedida e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal em Accordo de 19 de Agosto de 1914.
A interposição deste recurso permitido pela Constituição Federal e a sua concessão pelo mais alto Tribunal do País, exasperarou sobremodo os políticos dominantes de Ipu, de maneira que desrespeitaram totalmente a decisão que reconhecia e mantinha a Câmara esbulhada, servindo antes essa decisão de pilheria e galhofas dos exagerados políticos, e dando lugar mais tarde a desenrolar-se nesta cidade e seu termo as cenas de canibalismo que adiante mencionaremos; uma serie indescritível de desordens e selvagerias nunca vistas, praticadas pela soldadesca desenfreada para aqui enviada, composta, em sua maioria, de cangaceiros e criminosos do Cariri – afilhados do celebre Padre Cícero de Juazeiro.
Pouco tempo depois, dando-se a cisão do “Partido Marreta” com o “Partido Unionista” que antes havia feito junção, para o auxílio do marechal Hermes da Fonseca, então Presidente da República, fazer guerra ao governo honesto do Cel. Franco Rabelo, Abílio Martins, que antes de tudo isso fora partidário exaltado do Presidente Franco Rabelo, e que sem motivo algum havia passado para as fileiras dos Partidos Unionistas Marreta, isso exclusivamente porque conheceu, em vistas das hostilidades que fazia então o Presidente da Republica, que Franco Rabelo seria deposto, e por isso, abandonado os “Marretas”, ficou sem o “Partido Unionista”, com todos os seus amigos políticos”.
Dr. Leonardo Mota e seu primo Manoel Victor de Mesquita, que então exerciam aquele o cargo de Promotor de Justiça desta Comarca e este último de Delegado de policia deste termo, pelo que foram em seguida exonerados.
Em vista dessa nova atitude do referido Bacharel, a Câmara por ele próprio improvisada, o destituiu da Presidente e elegeu para substitui-lo, o cidadão Carlos Ribeiro Melo.
A Câmara Rabelista, eleita legalmente em Maio de 1912, compunha-se dos seguintes Vereadores: Tenentes - Coronéis José Liberato de Carvalho – Presidente – Odulfo Alves de Carvalho – Vice Presidente – Felix de Sousa Martins, Aprígio Quixadá, Antonio Mont’alverne Filho, Sebastião Carlos de Lima, Major Doroteu Pereira de Paiva e Francisco Soares Sampaio e fora legalmente empossada pela antiga Câmara Aciolina, e, a esdrúxula e improvisada Câmara Marreta ficou composta dos seguintes cidadãos: Bacharel Abílio Martins, Cel. João Bessa Guimarães, Tenente-Coronel Antonio Mont’alverne Filho, Carlos Ribeiro Melo, Francisco Soares Sampaio, Luiz Jácome de Melo, Felix de Souza Barros e Antonio de Souza Aragão”.

(Notas extraídas do livro Para a História-O Caso de Ipu em 1914-Augusto Passos).
O Intendente da época (nos últimos meses de 1910) foi o Cel. João Bessa Guimarães. - (Nota extraída do livro Ipu do Meu Xodó).

domingo, 25 de setembro de 2011

Maçonaria no Nossos Dias. 1ª Parte



O que é a Maçonaria de nossos dias?
A Maçonaria é uma Ordem Universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades, acolhidos por suas qualidades morais e intelectuais e reunidos com a finalidade de construírem uma Sociedade Humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança com amor à Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade e sob a tríade LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, dentro dos princípios da Ordem, da Razão e da Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.
2. A Maçonaria é uma sociedade secreta?
A Maçonaria não é uma sociedade secreta, no sentido como tal termo é geralmente empregado. Uma sociedade secreta é aquela que tem objetivos secretos e ocultos a sua existência assim como as datas e locais de suas sessões. O objetivo e propósito da Maçonaria, suas leis, história e filosofia tem sido divulgados em livros que estão à venda em qualquer livraria. Os únicos segredos que a maçonaria conserva são as cerimônias empregadas na admissão de seus membros e os meios usados pelos Maçons para se conhecerem.
3. A Maçonaria é uma religião?
A Maçonaria não é uma religião no sentido de ser uma seita, mas é um culto que une homens de bons costumes. A Maçonaria não promove nenhum dogma que deve ser aceito taticamente por todos, mas inculca nos homens a prática da virtude, não oferecendo panaceias para a redenção de pecados. Seu credo religioso consiste apenas em dois artigos de fé que não foram inventados por homens, mas que se encontram neles instintivamente desde os mais remotos tempos da história: A existência de Deus e a Imortalidade da Alma que tem como corolário a Irmandade dos Homens sob a Paternidade de Deus.
4. A Maçonaria é anti-religiosa?
A Maçonaria não é contra qualquer religião. Ela ensina e pratica a tolerância, defendendo o direito de o homem praticar a religião e d seu agrado. A Maçonaria não dogmatiza as particularides do credo e da religião. Ela reconhece os benefícios e a bondade assim como a verdade de todas as religiões, combatendo, ao mesmo tempo, as suas inverdades e o fanatismo.
5. A Maçonaria é ateísta ou meramente agnóstica?
A Maçonaria não é ateísta nem agnóstica. O ateu é aquele que diz não acreditar em Deus enquanto o agnóstico é aquele que não pode afirmar, conscientemente, se Deus existe ou não. Para ser aceito e ingressar na Maçonaria, o candidato deve afirmar a crença em Deus.
6. A Maçonaria é um partido político?
A Maçonaria não é um partido político. Ela não tem partido. Em princípio, a maçonaria apoia o amor à Pátria, respeito às leis e à Ordem, propugnando pelo aperfeiçoamento das condições humanas. Os maçons são aconselhados a se tornarem cidadãos exemplares e a se afastarem de movimentos cuja tendência seja a de subverter a paz e a ordem da sociedade, e se tornarem cumpridores das ordens e das leis do país em que estejam vivendo, sem nunca perder o dever de amar o seu próprio país. A maçonaria promove o conceito de que não pode existir direito sem a correspondente prestação de deveres, nem privilégios sem retribuição, assim como privilégios sem responsabilidade.
7. A Maçonaria é uma sociedade de auxílios mútuos?
A Maçonaria não é uma sociedade de auxílios mútuos, ela não garante a ninguém a percepção de uma soma fixa e constante a nenhum de seus membros, na eventualidade de uma desgraça ou calamidade pode reclamar tal auxílio. Entretanto, a Maçonaria se empenha para que nenhum de seus membros sofra necessidades ou seja um peso para os outros. O Maçom necessitado recebe de acordo com as condições e as possibilidades dos demais membros da Ordem.
8. A Maçonaria é uma ideologia ou um "ismo"?
A Maçonaria nem é uma ideologia, nem um "ismo". Ela não se envolve com as sutilezas da filosofia política, religiosa ou social. Mas, ela reconhece que todos os homens tem uma só origem, participam da mesma natureza e tem a mesma esperança e, por conseguinte, devem trabalhar em união para o mesmo objetivo - a felicidade e bem estar da sociedade.
9. Então o que é a Maçonaria?
A Maçonaria é uma organização mundial de homens que, utilizando-se de
formas simbólicas dos antigos construtores de templos, voluntariamente se uniram para o propósito comum de se aperfeiçoarem na sociedade. Admitindo em seu seio, homens de caráter, sem consideração à sua raça, cor ou credo, a Maçonaria se esforça para constituir uma liga internacional de homens dedicados a viverem em paz, harmonia e afeição fraternal.
10. Qual é a missão da Maçonaria?
A missão da Maçonaria é a de "fazer amigos, aperfeiçoar suas vidas, dedicar-se às boas obras, promover a verdade e reconhecer seus semelhantes como homens e irmãos".
A missão da Maçonaria ainda é a prática das virtudes e da caridade, é confortar os infelizes, não voltar as costas à miséria, restaurar a paz de espírito e a paz aos desamparados e dar novas esperanças aos desesperançados.
11. A Maçonaria convida as pessoas para se filiarem a ela?
A Maçonaria não "convida" ninguém, mesmo aos mais qualificados para se tornarem um membro da Ordem. Aquele que deseja entrar para ela, deve manifestar esse desejo espontaneamente, declarando que livre e conscientemente deseja participar dela.
A Maçonaria não prende nenhum homem a juramentos incompatíveis com sua consciência o liberdade de pensar.
12. Porque a Maçonaria não inicia mulheres?
Tendo evoluído da Maçonaria Operativa que erguia templos no período da construção de catedrais, a Maçonaria adotou a antiga regulamentação que provia o seguinte: As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e de princípios virtuosos, nascidos livres de idade madura, sem vínculos que o privem de pensar livremente, sendo vedada a admissão de mulheres assim como homens de comportamento duvidoso ou imoral.
A regularidade da maçonaria se deve ao fato de se ater aos seus princípios básicos e imutáveis regidos por mandamentos, entre os quais se inclui o que acima se disse.
13. Por que são chamados de templos os locais de reunião?
Os lugares onde os maçons se reúnem são chamados de templos porque, embora não sendo uma religião ou reunindo-se em uma igreja, a Maçonaria preserva religiosamente os direitos de cada indivíduo praticar a religião ou credo de sua preferência, mantendo-se equidistante das diferentes seitas ou credos. Ela ensina a todos como respeitar e tolerar as religiões diversas de seus membros.
14. A Maçonaria Universal obedece a uma autoridade máxima?
Nem mesmo em um país como os Estados Unidos que agora se compõe de 50 Estados e conta com cerca de 4 milhões de Maçons, obedece a Maçonaria a uma autoridade suprema. A Maçonaria em cada país ou em cada estado de uma Federação é regulada e dirigida por uma Grande Loja independente e soberana.

CADEIA DE UNIÃODevemos considerar “Cadeia de União” na Maçonaria, como sendo uma “corrente” de anéis que “une” as partes teóricas e práticas.O símbolo formado por múltiplos anéis interligados entre si, sem principio nem fim, evidencia a união perfeita, igual e imutável, daqueles que aceitam unir-se por laços fraternos.Esta “corrente” vem sendo formada pelos seres humanos, dentro dos templos, entrelaçando-se os braços, unindo-se os corpos e as mentes, em uma demonstração e confirmação de bons propósitos.A “Cadeia de União”, formada dentro de um Templo, não simboliza a união fraterna; ela em si demonstra ser a própria fraternidade.Se nos reportarmos ao passado, concluiremos que a origem da “Cadeia de União” estava presente na vida do homem primitivo, que sentado em forma de círculo para melhor aproveitarem o calor torno da fogueira, e organizados socialmente próximos uns dos outros, especialmente á noite, onde descansando, iniciavam suas comunicações sobre suas conquistas e aventuras, obtendo dos mais velhos, conselhos necessários e dos que detinham autoridade, as ordens do que deveriam cumprir. Considerando os aspectos místicos que recém-despertados, como o próprio culto ao fogo, aspirando o “perfume” da madeira queimando, envoltos na fumaça, como se fosse um incenso rudimentar, “sentiam” o “som” do crepitar das chamas, aquele habito, de satisfação nas reuniões e o bem estar da situação, faziam com que a amizade fosse sincera e cultivada, eram quem sabe, os primeiros elos ao culto da fraternidade.Mais tarde, observamos que tudo no Universo transcorre em círculos e cadeias. O Sistema Solar, a rotação dos astros e a própria Terra obedecem as leis simples, claras e harmônicas, movimentando-se em círculos; até o próprio viajante perdido no deserto caminha em círculos.Sendo assim, cada Maçom, constitui-se em um “elo” da “Cadeia de União” e fora de sua formação, faz parte dos “elos em expectativa”, para reunidos atuarem em conjunto, dessa forma, nenhum “elo” permanecerá isolado e fora do todo após ter participado de uma “Cadeia de União”, porém, e isso esta impregnado de esoterismo, o que faz a formação mental é a “Palavra Semestral”, que tem o dom mágico, assim como um sopro divino, de unir os “elos” esparsos, por isso, se faz necessária a aproximação entre os “elos” periodicamente, e não como um aspecto meramente administrativo, onde a “Cadeia de União” é formada exclusivamente para a transmissão da “Palavra Sagrada”, não podendo ser esquecida a contribuição esotérica desse momento de união, e tornando escassa a atividade espiritual, restringindo o direito que todos adquiram usufruir da “força”, representada pela “União em Cadeia”, que nos traz o beneficio da meditação, do fortalecimento intimo por meio da dádiva da paz, e sabedoria. “Muitos confundem a “Corda de 81 Nós”, com a “Cadeia de União”, confundindo dessa maneira “elos” com Nós”, vale lembrar que “elo” é um elemento que une dois outros “elos”, mantendo-os isolados e livres, já os “Nós”, são formados por uma só “corda”, que se entrelaça e prossegue, portanto o nó não une.A “Cadeia de União” é formada por tantos “elos” quantos o número de maçons presentes. Os elos nunca são os mesmos, porém por terem os maçons amor fraterno e universal, estão acorrentados aos seus irmãos de Loja, na solidariedade do bem comum e do crescimento espiritual, podendo ser descrita como uma prisão mística e sendo o mais belo símbolo dentro de uma Loja, isto é a “cadeia” em direção a “união”, por isso o Salmo 133, “Oh! Quão bom e agradável viverem unidos os irmãos”, que nos revela que a união entre os irmãos os faz uma só pessoa, não podendo ser mais bem demonstrada pelo símbolo da “Cadeia de União”.


VIOLÕES QUE CHORAM

Ah! Plangentes violões dormentes, mornos.
Soluços ao luar, choros ao vento.
Tristes perfis, os mais vagos contornos·.
Bocas murmurejante de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo
Noites de solidão, noites remotas.
Que nos azuis da fantasia bordo
Vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações à luz da lua
Anseio dos momentos mais saudosos
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando
Quando os sons dos violões nas cordas gemem
E vão dilacerando e deliciando
Rasgando as almas que nas sombras tremem

Harmonia que pungem que laceram
Dedos nervos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de delicias geram
Gemidos prantos que no espaço morrem.

E sons noturnos e suspiradas mágoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas
Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs,vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar convulso
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso

Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo
Para onde vão, fatigados no sonho
Almas que se abismaram no mistério.

Cruz Sousa (Poeta Negro)

Chico do Umbelino

Chico do Umbelino.

Francisco Melo Mourão, popularmente conhecido como Chico do Umbelino é um dos últimos moradores do Bairro do Antigo Reino de França. Chico do Umbelino nos seus 69 anos de vida conta históricas fantásticas do referido Bairro.Tem uma memória inavejável lembra de quase todos que ali residiram.Foi um excelente profissional no ramo da eletricidade. Foi bombeiro por muito tempo. Hoje na sua provectudide vive feliz com sua aposentadoria.


































sexta-feira, 23 de setembro de 2011




Palavras do Autor.

Na esperança de ver perpetuada a História de nossa terra o Ipu, foi o motivo principal deste livro que diz algumas passagens da vida cotidiana de nosso povo. Contada de forma simples, porém sincera. Sempre com o intuito precípuo de conservar a memória de nossa gente do Ipu.
Sabemos todos, que Ipu é um celeiro de pessoas cultas, sendo, portanto ponto de referência cultural em todo Estado do Ceará.
Muitos de seus filhos ilustram a nossa história. A própria cidade na sua toponímia condiciona a inspiração de Poetas, Escritores, Cronistas e tantos outros que amam a terra onde nasceu Iracema.
O seu “véu de noiva” que se desprende do alto das serranias é a nossa expressão maior nas belezas naturais. Nas suas matas mesmo atingidas pela cruel devastação, ainda escutamos o canto do Urutau, o trinado do Canário da Terra o grito agudíssimo da Graúna.
Com uma linguagem simples, como somos, deixo aqui um pouco das nossas coisas, das nossas raízes. Histórias, às vezes jocosas, às vezes tristes, folclóricas, exóticas, mas sempre com uma tonificação verdadeira visando o desenvolvimento Cultural, Educacional e Econômico de nossa Ipu.
Continuaremos firmes no propósito de não deixar que a “queda livre dos corpos”, venha esmaecer uma cultura tão vasta e tão rica, não deixando postergar a sua ascendência no vasto mundo dos conhecimentos.
Meus conterrâneos: fica aqui o registro “não do que passou, mas o que ficou do que passou”.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

José Carlos Sobrinho - Zezé Carlos







O Cenáculo.

Esta Esquina era onde funciova o Cenáculo.

Cenáculo.
Inicio dos anos 60. A associação Santa Luiza de Marillac, encabeçada pelas distintas jovens da época: Maria Francisca Frota, Suzana Ximenes, Terezita Felizola e a nobre ipuense Dilma Timbó; resolveram criar o Cenáculo.
O que era o Cenáculo?
Um recanto agradabilíssimo que reunia todas as noites a juventude da época para curtirem ao som de uma Radiola HI feita pelo Reizinho as músicas do Trio Irakitan, jogos de Gamão, Dama, Firo, Dominó, Ping-pong e outros tantos. Tornou-se rapidamente o ponto de encontro dos jovtens daquele tempo. Ficava onde é hoje o Estação Bar ou a antiga residência de seu Antônio Ramos. Rememoramos com muita saudade daquele lugarzinho tão bom e suave onde as nossas noites eram menos compridas, e tardes também, pois aos sábados e domingo era aberto pela manhã e a tarde, incluindo sem duvidas na noite boemia. Um perfume agridoce tomava conta do ambiente com a presença indispensável de nossas garotas do Ipu, sempre com aquele charme de mulher BONITA. Era ali que encontrávamos com as nossas namoradas. Pegávamos as nossas enamoradas e saiamos a dar voltas na Avenida Major Quixadá onde o som da amplificadora a Voz Ipuense se confundia comas melodiosas musicas da Eletrola do Cenáculo.
E tome romance, juras d amor, beijos abraços e parava por aí a pureza das meninas daquele tempo era muito grande. Vivi aquela época e sem duvidas era bom ser do Ipu, de noites nostálgicas e leves inebriadas com as músicas de Adilson Ramos, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, e outros, e mais outros.
A lua como sempre nos acompanhava espalhando a sua a luz argêntea para gravar no disco de prata as partituras tocadas pelos anjos em magistral orquestração. “Por isso é que dizemos que a Lua é um disco em que o criador gravou uma canção”.
E vamos que vamos de noite adentro a voz ao som do PINHO era carta marcada. E lá íamos de casa em casa cantar e tocar para as nossas belas adormecidas. No dia seguinte os comentários eram o suficiente para nos deixar lisonjeados. Diziam: eu ouvi a serenata, que bom cantaram a minha música, e por ai seguiam-se as conversas das belezas que ouviram na noite as modinhas de corações apaixonados.
Era o vigor da juventude, sensibilidade a flor da pele, sangue fervendo evoluindo e o sentimento mais profundo.
Não tenho medo das criticas que fazem dos românticos, sou e serei até enquanto o divino poder e quiser, serei um ROMANTICO INVETERADO, graças a Deus.
Francisco Mello.
Ipu, 07 de setembro de 2011. As 22h14min.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Último Choro do Mestre Alencar Sete Cordas.

O Úchoro do Mestre Alencar Sete Cordas.



O ÙO choro de Alencar Sete Cordas
Da Agência Senado
O último choro do mestre Alencar


Músico de formação popular, Alencar Sete Cordas começou a tocar em bailes aos 12 anos em Ipu (CE), sua cidade natal, ainda na década de 60. Ao se mudar para Brasília, em 1971, integrou-se à comunidade musical, especialmente aos grupos de choro.Em 1977, ajudou a fundar o Clube do Choro, casa na qual tocou de forma constante por 25 anos.
Durante sua carreira, apresentou-se com grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Paulo Moura, Sílvio Caldas, Hermeto Paschoal, Sivuca, Dominguinhos, Odette Ernest Dias, Pernambuco do Pandeiro, Zé da Velha e Silvério Pontes.
Especializou-se no violão de sete cordas, instrumento que lhe rendeu o nome artístico. Além da notável habilidade como instrumentista e arranjador, Alencar destacou-se na atividade de professor, tendo formado diversas gerações de violonistas de seis e sete cordas.
Entre 1998 e 2003, o músico foi ainda um dos professores pioneiros da Escola Brasileira de Choro Rafael Rabello, vinculada ao Clube do Choro, juntamente com Hamilton de Holanda, Jorge Cardoso e Evandro Barcelos. Ali trabalhou pelo período de cinco anos, até abrir sua escola.
Nas aulas particulares e participações em cursos da Escola de Música de Brasília, utilizou método próprio, que batizou de árvores harmônicas. Essa solução mostrou-se bastante engenhosa na escolha dos acordes necessários ao acompanhamento das melodias instrumentais e canções.
Além de músico de shows e professor, Alencar foi presença constante na vida boêmia da cidade, tocando por divertimento em festas e bares. Era também um grande contador de histórias e ultimamente vinha ampliando sua atividade nas redes sociais da internet. Sua festa de 60 anos, realizada em junho, reuniu dezenas de amigos em restaurante da Asa Sul de Brasília. Naquela ocasião, o adjetivo que mais ouviu foi o de "mestre".
Convidado pelo pianista Antonio Carlos Bigonha para o lançamento de um CD, na quarta-feira (14), só pode executar Carta a Niemeyer, do próprio Bigonha. Estava prevista, entre outras o choro Naquela Mesa, que Sérgio Bittencourt compôs especialmente para o pai, Jacob do Bandolim, cujos versos não deixam de rimar com a partida de Alencar: "Naquela mesa 'tá faltando ele/E a saudade dele 'tá doendo em mim".
Nelson Oliveira / Agência Senado


"Mãos que servem são mais santas que lábios que oram"


Na Orelha do Livro Meu Pé de Serra o IPU



Orelha.

Francisco de Assis Martins (Prof. Melo) é incontestavelmente um apaixonado pela nossa querida terra: “Ipu”; Musa dos nossos sonhos, acalanto das nossas almas.
O escritor, poeta e amante, propõem-se sempre a decantar em prosa e verso, a nossa terrinha, num contexto de inspirações que tão bem revela o seu sentimentalismo, o seu romantismo e a profundidade do seu amor, da sua paixão pela terra berço.
“Meu pé de Serra” – O IPU, mais uma obra aonde a saudade vai de encontro a versatilidade das suas crônicas, das suas poesias, das histórias pitorescas contadas por aqueles que fizeram história, que marcaram o IPU de outrora... e, por aqueles que se transformaram em figura exóticas e que também fizeram história.
A obra no seu contexto poético literário nos transporta ao passado e nos deleita no embalo suave da saudade...
Era o tempo em que as máquinas agressivas do progresso ainda não agravavam tanto a exuberante beleza natural da nossa encantadora terra e nem desmistificava as nossas raízes culturais, a nossa sensibilidade, enfim, a pureza daqueles que verdadeiramente amava este mavioso pedaço de chão, encravado ao sopé da Serra da Ibiapaba, de cenário belo, aconchegante. Repousante, dando-nos aquela sensação gostosa de bem estar, que se transforma em paz, encantando-nos com o sussurrar harmonioso das águas da Bica, com o trinar da passarada que voa sobre as arvores que enfeitam o verdejante e bucólico Pé de Serra.
Prof. Melo, introduz na sua obra, uma visão literária para todas as gerações, enfocando não só os fatos interessantes que marcaram época, mas também, curiosidades, improvisos e homenagens, além das fotografias, relíquias de um passado que vai de encontro ao presente fazendo a nossa história.
É, portanto uma obra que leva o leitor (principalmente que ama a sua terra) a reviver ou conhecer um passado histórico romântico, político social, que serviu de alicerce para um presente que nos faz correr em busca de um futuro que não desmistifique as nossas tradições, mas que retrata os nossos valores e os nossos anseios de crescimento.
Parabéns, Prof. Melo, por mais esta obra que tão bem traduz o seu espírito critico literário romântico-social e o seu nobre sentimento de amor a terra.
Parabéns!
Maria das Graças Aires Martins
Ipu, 25 de março de 2005.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um pouco de nossa história - IPU



...o terreno urbano divide-se em quatro bairros com uma população nunca inferior a cinco mil almas; o do centro, o do Reino de França, o do Alto dos Quatorze e a Lagôa, todos arruados, geralmente de pessima edificação.
O bairro principal do Ipú, se não deixa aos olhos do observador um aspecto encantador, pelo menos é agradavel na sua primeira impressão.
Localisado, como é natural, na melhor artéria da cidade, o panorama que elle descortina, simples no seu todo, dá a idéa da operosidade de seus habitantes aproveitando-se da uberdade de seu solo, na formação de regulares sitios que o circumdam, «malhados de cannaviaes verde-pallidos e de barrancas vermelhas».
Como toda cidade sertaneja, onde parece que as mais

...Constitue elle, por excellencia, o élo principal para onde, em regra, convergem todos os negocios, concentra-se toda a sua energia vital, reside a sua melhor sociedade, emfim, desenvolve-se, em soffrivel escala, o commercio do municipio.
Em materia de edificação, como ficou dito, muito deixa ainda a desejar o Ipú, destacando-se, entretanto, o elegante predio em que ora funcciona o Gremio Ipuense, ponto de reunião da elite local; o que serve de edificio da cadeia publica e paço da municipalidade; o da estação da estrada de ferro; o do mercado publico, alem de mais algumas propriedades particulares.
O pequenino templo que serve de igreja-matriz a freguezia do seu orago, o Martyr S. Sebastião não está, relativo ao desenvolvimento do meio,

Hodiernamente, porém, o louvabilissima inciativa renasce. O actual vigario da parochia, padre dr. Aureliano Motta, n'um rasgo de verdadeira abnegação e grande devotamento pelo seu crédo, prevendo embóra mil óbices que, certo, antepôr-se-ão á sua decidida vontade, mas sem duvida desapparecerão dada a sua mascula energia de sacerdote operoso, projecta, emfim, recuperar a falta, tratando da construcção desse templo, já tendo iniciado os serviços.
O plano da nova matriz é magnifico e terá sua localização em optimo terreno da cidade. De estylo simples, mas elegante, a nova igreja, uma vez prompta, a se julgar pela planta que lhe serve de modelo, nas obras actuaes, constituirá um grande orgulho para o seu povo.
Para alcançar o termino da poderosa obra, torna-se necessario regular somma de dinheiro, difficuldade essa que desapparecerá dada a bôa vontade dos habitantes do Ipú, prestando seu indispensavel concurso.
O reverendissimo vigario luctará bastante para chegar ao fim da sua maior e mais justa ambição. E conseguirá.
E nenhum ipuense que idolatre a sua terra, que deseje vel-a querida, feliz, abençoada e admirada por todos, deve negar o obulo reclamado, aliás pequenino, ao alcance geral.

O segundo bairro da cidade denomina-se Reino de França. Está situado ao occidente do principal.
O seu casario é nullo, na mór parte composto de verdadeira tapéras. Talvez que a falta de melhor edificação, nesse bairro, seja motivada pela sua situação, acostado ao tôpo da serra, onde recebe maior grão de calor, intenso, que se reverbéra d'alli ao centro da cidade.
Sobre a origem do nome que elle tomou corre uma versão narrada pelos antigos.
Dizem que nasceu essa designação por ser esse bairro o de reunião, em priscas eras, de alguns desordeiros, homens affeitos a toda sorte de orgias, os quaes obedeciam ao mando de um pardo de nome Luiz de França.
Suas tropelias foram muitas, celebrisando o lugarejo, que passou a ser chefiado pelo tal mestiço, formando, no dizer de alguém, um reino.
Isto passou-se em remotos tempos. Com a successão das épocas o pequeno povoado foi soffrendo transformação no seu estado de cousas, constituindo hoje um dos suburbios da cidade.
Só a sua designação perdura e difficilmente desapparecerá.
A seguir vemos um terceiro bairro, denominado Alto dos Quatorze, situado ao sudoéste da cidade.
Como seu congenere Reino de França, é tambem formado por um casario insignificante, habitado, na sua totalidade, por pessôs da classe baixa.
Destaca-se, entretanto, do outro, pela sua localisação no terreno de maior elevação da cidade, dando aos seus moradores a suprema ventura de descortinarem o bello panorama que ella encerra.
Sua designação nasceu de uma familia composta de quatorze pessôas que, em tempos idos, ahi residio, affeita tambem ás desordens, dizendo-se perseguida pelos Mourões.
Formando essa familia um pequeno nucleo de habitação, pouco a pouco foi o suburbio povoando se, de maneira que constitúe hoje o bairro de mais densa população.
Segue-se o ultimo, chamado Alagoa, situado a oéste da cidade.
A sua edificação é melhor, destacando se nelle vasto lençol d'agua constituindo optimo açude, que lhe empresta um certo encanto.
Está localisada nesse suburbio a melhor fabrica de assucar do municipio, movida a vapor e dispondo de machinismos apropriados ao fabrico desse genero.

Nota do autor: Sobre esse assumpto, subordinado ao titulo - Um novo templo ipuense, publicou O Rebate, de Sobral, em seu n.o 18, edição de 24 de outubro de 1914.






Obs: Texto de Eusébio de Sousa.



Ortografia da época de 1915.

domingo, 18 de setembro de 2011



Palavras do autor

Talvez nem precisasse de palavras iniciais, ou as costumeiras palavras do autor, contudo os nossos amigos, os que admiram o nosso trabalham disseram: Melo é bom você dizer algo no inicio desta memória do Jardim de Iracema.E assim estou fazendo, deixando em poucas páginas o que foi o que representou e atualmente o que é o Jardim de Iracema do Ipu.
Vários pensamentos se passam neste momento na nossa memória, mas prefiro não usa-los totalmente a sua potencialidade, desejo apenas dizer que sou um curioso devotado às coisas do Ipu, mesmo porque se assim não fizermos deixaremos que os menos conhecedores de nossa história venham traí-la com fatos que nunca existiram ou que deixaram de existir.
Fica, pois, neste ensaio algumas coisas verdadeiramente contadas para posteridade, acredito, que servirá para auxiliar pesquisas e outros trabalhos que, com certeza advirão ao longo dos tempos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Meu colégio - Patronato.






MEU COLÉGIO
Num dia de luz encantado de luz e riso
Surgiste!...
Como o Sol espargindo luz,
Em profusão!...
Esperança acalentada de teu povo.
Sentiste!...
Acolhimento de brava gente e a tua gloria,
Se fez canção.

O dom da ciência tu repartes,
Com amor!...
Para a criança, és doce maternal
Abrigo.
Para o jovem, segurança, força e vida.
És valor vigor,
Templo de saber e de exemplo, és civismo.

Quisera saber plasmar teu nome
Em letras de ouro
Pois em ti está o progresso
Deste rincão.
A tua atuação brilhante, da vitória,
Dos loiros,
Cantamos em doce harmonia,
Com emoção.

Na tua abnegação e altruísmo
Incomparáveis
Quem não se ufana de ti!
Pelo teu valor.
Os teus salutares ensinamentos
Imensuráveis
Imprimem na alma muita paz e fervor.

Na beleza inconfundível de tua missão,
Fostes valorosa dádiva a Ipu
Presente régio
Cantando as glorias perene,
Doação,
Comemoras.

Esta poesia foi feita para as comemorações dos 25 do Patronato.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Histórias do Meu Pai. João Anastácio Martins. (João Chiquinha).



Histórias do Meu Pai.

Palavras do autor
Certa vez em conversa bastante descontraída com a Professora Maria das Graças Aires, uma das expressões fortes da nossa cultura, a MAGAÇA como chamamos carinhosamente em família, pois é minha prima bem próxima e com um relacionamento muito bom entre nós, à mesma me sugere que eu escrevesse alguma coisa sobre o Papai e até me alvitrou o titulo e ficaria muito bom se fosse HISTÓRIAS DO MEU PAI, pois “Seu João tem uma bagagem de conhecimentos sobre a nossa cidade muito grande e nós precisamos ficar com essas memórias, pois sabemos que a nossa história é feita por nós, filhos da terra”. E assim eu procurei fazer deixando para os nossos parentes e amigos mais próximos os que admiravam Papai, as suas conversas traduzidas hoje em histórias escritas por nós.
Papai na plenitude de sua lucidez o que manteve até os seus instantes finais sempre falava e contava verdadeiramente muitas histórias, pois a sua longevidade proporcionou a vivencia de muitas e muitas histórias bonitas, tristes e alegres que aqui retratamos.
E assim vamos deixando para pósteros desta leiva um pouco do seu “João Chiquinha”, que levou uma vida toda dedicada a sua família, e, no seu conhecimento de autodidata dedicou-se com o incentivo do historiador Joaquim de Oliveira Lima as pesquisas sobre o Ipu desde a sua chegada a Terra dos Tabajaras até os seus derradeiros momentos, registrando e anotando todos acontecimentos verificados nesta cidade que não era sua mais muito amou, pois aqui plantou e colheu todos os seus frutos que foram seus filhos suas noras, netos, e bisnetos, amava todos de coração com uma dedicação das mais fascinantes de pai, amigo e avô extremoso.
Fica, portanto o legado do Seu João, no acervo deixado por ele é muito grande e cheio de tudo sobre Ipu. Aqui retratamos apenas algumas facetas, aquelas costumeiramente relatadas por ele nas suas conversas informais e cheias de descontração.
Está, pois aceita a sugestão de nossa querida amiga e prima Graça Aires para deixar nos anais da história do Ipu, aquelas histórias contadas e vividas por Papai.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011



DESPEDIDA

Encantada colméia
Eternamente luminosa – e cheia
Do alvo mel da virtude e da instrução,
Recebe o adeus dorido,
O adeus sincero e tremulo – partido
Dos recessos de nosso coração.

Nesta oficina de ouro
Conquistamos um mágico tesouro
Que jamais poderemos esgotar
E que glória suprema!
Por toda a linda terra de Iracema
Prodigamente vamos derramar!

Mestras maravilhosas
Fostes vós as rainhas generosas
Que encheram nosso cérebro ainda em flor
De luzes de idéias
Ao resplendor de humanas epopéias
Pregando a ciência pela voz do Amor!

Trabalhamos contentes
Ao vosso lado, firme, diligentes,
Preparando bem farta provisão
Ao sol áureas centelhas
Vamos agora – místicas abelhas
Espalhar nosso mel pelo sertão.

Levaremos saudade
De nossa vida de cordialidade
Colegas que ficais brando gentil!
Mas vamos satisfeitas,
Cultuar gerações de almas perfeitas
Que encham de luz o nome do Brasil!


Valdemira Coelho.
Ipu, 17 de dezembro de 1983.

As Moagens.

Fornalha.
Rapadura.

As Moagens.

Ipu é cortada pelo riacho Ipuçaba, águas que se desprendem do alto da Serra e que percorre todo município.
A fertilidade de suas terras é de uma prosperidade sem igual.
As margens do murmurante Riacho se formam canaviais e outros plantios, dando a paisagem um colorido verde pálido deixando o ambiente cada vez mais bucólico.
Os canaviais formados nos beirais do sussurrante córrego pertenciam a vários donos e cada um fazia a sua moagem ao seu modo.
Começava no Cafute, no sítio do Sr.Oscar Coelho, o primeiro na ordem dos proprietários.
Ao amanhecer já se ouvia o canto do aboio suave, do boiadeiro que tocava a canga de bois mansos, que trabalhavam na trituração da cana-de-açúcar para fabricação da nossa gostosa rapadura etc.
Para delicia nossa saboreávamos a rapadura quente (no bagaço), o alfenim, o mel, a garapa ou caldo de cana, a cana mole era separada para a noitinha, entre colegas e amigos nos deliciarmos com seu inconfundível sabor.E aquele cheiro era por demais convidativo, pois ainda hoje temos na lembrança tudo aquilo que vivemos e que passou.
E seguia, mais embaixo era o engenho do Sr. Plácido Passos, a casa dos meus pais ficava entre uma e outra Moagem, do Plácido e do Oscar.
Ainda a margem do Ipuçaba, outro engenho de propriedade de Ciro Joca, e de Edgard Corrêa, mais adiante o do Sr. Anastácio de Melo, do Sr. Frasquinho Soares, que produziu a melhor aguardente ou mesmo a melhor cachaça da cidade e da região.
Na Lagoa mais um engenho outro do Sr Edgard Corrêa, o do Sr. Leocádio. No Escondido era da família de João de Araújo, do Sr. Pinho, Zé Pereira, do Sr. Pedro Felix e outros.
Para marcar o tempo que o próprio tempo não conseguiu destruir, registramos aqui as moagens que quase não existem mais, o seu encantamento natural foi substituído pelas máquinas deixando para trás todo aquele ar puro de cheiro de mel que ferviam nas caldeiras em fornalhas ardentes alimentada pelo bagaço seco da própria cana.
As juntas de boi já não existem. De chicote na mão o Tangerino desapareceu do quadro vivo de nossas inesquecíveis moagens. As propriedades mudaram de donos, o canavial foi substituído pelo plantio de capim com a finalidade de alimentar os nossos rebanhos bovinos, assim não temos mais aquela e nem outra mesma Moagem.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011



MINHA PALAVRA

Tia Mira! Quis deixar neste livreto um pouco de sua vida, sua história tão recheada de realizações enaltecedoras de uma vida extremamente dedicada a Educação Escolar e a Evangelização da gente de nossa terra notadamente a juventude. Sua permanência na terra durante os seus 81 anos de existência foram bem vividos nunca deixando sequer uma pequena mágoa a quem quer que seja.
A dedicação a sua família, aos seus descendentes mais próximos foi extraordinariamente benfazejos deixando com sua partida uma lacuna impreenchível.
Nunca esqueci uma frase colocada no Santinho de celebração da Missa de Sétimo dia da Vovó que diz assim “Vou para Deus, mas não esquecerei daqueles que deixei na terra”, assim Tia Mira é sua memória, jamais será esquecida por nós seus porvindouros. Sabes fiz o seu memorial na Casa de Cultura Professora Valderez Soares sua velha amiga, (Já se encontraram no Céu? Com certeza sim) contendo vários objetos seus, inclusive os seus livros que foram escritos com grande amor para todo povo ipuense. (Mas já foi retirado por vontade de sua Irmã Urânia Coelho.)
Algumas fotografias suas, um de seus terços, a Fita Azul das Filhas de Maria, algumas porcelanas, alguns cristais, as suas comendas e certificados, e aquela cristaleira que você mantinha na velha casa guardada com tanto amor e carinho.
E foi assim que quis deixar no escrínio efervescente de minha emoção a sua memória neste pequeno escrito sobre algumas coisas de sua celebridade que foram e continuarão sendo uma história viva de quem viveu devotadamente para os seus e para Cultura de um povo e muito especialmente a juventude. Saliento aqui a primeira palavra lida por Valdemira – BROMIL, ensinada pelo seu Pai Raimundo Nonato Mello.

A Casa de Farinha.


CASA DE FARINHA
É o lugar onde se transtorna a mandioca em "farinha". A casa de farinha vem das nossas origens indígenas e até hoje tem um papel muito importante na vida dos povos.No período Colonial, a farinha de mandioca não era apenas usada para o sustento dos escravos, criados das fazendas e engenhos, era também utilizada pelos Portugueses que não tinham roças e principalmente como suprimento de viagem.Para maior durabilidade do alimento, a farinha de mandioca era misturada a farinha de peixe bem seco (piracuí), socada em pilão. Isso durava meses e era o farnel dos viajantes.Em destaque, a Casa de Farinha mostra um pouco da história da mandioca domesticada no Brasil, com grandes possibilidades de ser pioneira na Região dos Lagos, pois Tauá está especificamente em Cabo Frio, inserida apresenta evidências da domesticação vegetal. Para alguns cientistas e pesquisadores, a região foi uma das primeiras a realizar o cultivo da mandioca no Brasil.Telheiro ou abrigo destinado ao preparo da farinha de mandioca, foi assim chamado de Casa de Farinha, rusticamente montada na Reserva de Tauá. Porém, na fase pré-colonial uma casa de farinha, nada mais era que um abrigo de sapê, às vezes com apenas um lado fechado (como em alguns lugares ainda no Nordeste) coberto de palha e chão de terra batida tendo, um tacho; uma roda de madeira com veio de ferro; corda para girar a roda; banco de madeira, com caititu (triturador): coxo de madeira, aparador da massa; prensa; peneira onde passa a massa triturada e prensada para não passar pedaços grandes da mandioca; coxo para aparar a manipueira, que dá a goma; coxo de peneirar; fomo feito com uma enorme pedra de quartzo, apoiada sobre um tripé de madeira contrário ao fogo, rodos de pau que são utilizados para revolver a massa e cuias repartidas ao meio, como utensílios para as nossas ancestrais mexerem e jogarem para o alto a farinha, até o produto encontrar-se no "ponto certo", ou seja, torrado o suficiente para não estragar.O uso da pedra de quartzo foi paulatinamente substituído pelo enorme disco de argila com um ligeiro rebordo até quando a civilização introduziu os tachos de cobre.A matéria prima para se fazer a farinha, é a mandioca. A mandioca é um tubérculo (vegetal que cresce dentro do solo como a batata inglesa, batata doce, cenoura, beterraba, rabanete, e outros).O processo de produção da farinha de mandioca, inicia-se no plantio das nativas (pedaços de mandioca). ((A colheita - a mandioca sai da roça, diretamente para a Casa de Farinha; descasca-se, é raspada, sevada (triturada ou amassada) em um pilão) ou com as mãos); põe-se na água para pubar (significa maduro, podre, amolecer) em uma gamela, espremer em um coxo sobre o moinho com prensa ou num tipiti (instrumento tecido com talas de arumã - espécie de palmácia - usado para espremer a massa pubada) também conhecido como rabo de porco; torrar em forno de pedra e é só comer. A água que sobra da pubagem, é usada como bebida, tem um teor alcoólico alto e a farinha que decanta, é usada como goma (para engomar roupa) ou na fabricação de alimento (mingau, papas, sequilhos, bolos, tapioca, etc). Da farinha, é possível se fazer vários pratos, farofa, beiju, bolos, pão, etc


A Mulher na Maçonária


A participação da mulher na maçonaria é muito pouco conhecida por historiadores de nossa época, tendo em vista as dificuldades interpostas, dentre as quais a destruição de uma grande parte dos documentos que comprovavam tais fatos; os próprios maçons de lojas exclusivamente masculinas, resistiam e ainda resistem a idéia de que as mulheres possam fazer parte da sociedade maçônica.
A bem da verdade, posso afirmar que a relação entre a mulher e a maçonaria, marcada por separações e reconciliações, sempre foi conturbada e polêmica.
Esta pesquisa busca resgatar, dentro do possível, através de registros e depoimentos, a incansável luta de algumas, muito poucas, posso afirmar mulheres que através dos movimentos feministas, desafiaram os preconceitos e conquistaram o direito de igualdade, tanto políticos como sociais.
Vamos pela linha do tempo:
Na Idade Média (final do século XVI), havia restrição quanto ao ingresso da mulher na maçonaria e o motivo, segundo pesquisa, se dava principalmente pela dificuldade de ofícios, já que era uma sociedade caracterizada pela miséria e falta de empregos, e os homens, receando que as mulheres se tornassem operárias e ganhando menor salário, reduzissem desta maneira suas oportunidades. Maria Oliveira Alves, secretária de relações Públicas do Grande Oriente, declara em entrevista a uma conhecida revista, que a proibição de mulheres nos rituais coincidiu com o período de "caça às bruxas", - era o tempo em que as mulheres só podiam desenvolver o INTELECTO nas labaredas da inquisição, - disse ela.
Antes desse período, nas tradições das sociedades secretas antigas, tanto homens como mulheres de qualquer posição social e cultural podiam ser iniciadas na maçonaria e seus mistérios, e a única exigência era a de que deveriam ser puros e de conduta nobre. A perseguição da mulher começou na Inglaterra por influência dos mistérios Judaicos-Mitro-Romanos e algumas agremiações operativas da Idade Média, que viviam na clandestinidade, para escapar das cruéis perseguições eclesiásticas e políticas.
Em nenhuma escola pesquisada anteriormente, foi encontrado algo que proibisse o ingresso da mulher na ordem; pelo contrário, nos antigos mistérios do período operativo, a mulher desempenhava funções em igualdade com o homem, com a diluição desses mistérios pelas religiões, principalmente a Igreja Católica, as mulheres acabaram sendo discriminadas e inferiorizadas, e o clero feminino limitou-se a prestar serviços aos dirigentes eclesiásticos. Alegavam, nas sociedades antigas que a posição de inferioridade da mulher era devido à sua fragilidade física, sendo que até a esterilidade conjugal era indevidamente associada à mulher, pois não poderia comprometer o macho da espécie perante seus congêneres.
Na Magazine Freemason, publicado em 1815, aparece o texto de um pequeno livro chamado Manuscrito "Poema Régio", datado de 1730, descoberto por um antiquário, com 794 versos, nada consta nesse manuscrito que revele que a ordem seja restrita aos homens, pelo contrário, pois em seu art. 10º, versos 203 e 204, diz: "Que nenhum Mestre suplante o outro, sendo que procedam entre si como irmão e irmã". No item 9º, versos 351 e 352, encontra-se: "Amavelmente servimo-nos a todos, como se fôssemos irmão e irmã". Somente no verso 154 existe uma proibição, que é a de admitir servo como aprendiz. Há também uma citação das ordenações da Loja Corporação de Corpus Christi, em York, d 1408, que diz: "Nenhum leigo será admitido na corporação, exceto apenas aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos sejam clérigos ou leigos e de ambos os sexos, serão bem recebidos se forem de boa reputação e de bons costumes". No mesmo manuscrito, se indica que os irmãos e irmãs deverão prestar juramento sobre o livro e várias vezes se faz alusão a dama, particularmente no juramento do aprendiz, onde ele jura obedecer ao Mestre ou a Dama. Acredito que isso seja suficiente para provar que existiam sim, mulheres em seus canteiros de obras.
A exclusão da mulher só aconteceu a partir dos "Landmarks" que contrariavam as tradições e sociedades secretas antigas. Proibições estas, impostas pelo presbítero James Anderson, supostamente maçom, que no art. 18 de sua constituição de 1723, após a mudança da maçonaria operativa para especulativa, em 1717, vetou também a iniciação de escravos e deficientes físicos.
Sobre estas reformas de 1717, o maçom Miguel André Ransey diz: - Muitos dos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores, foram mudados ou suprimidos. Também, segundo alto maçom Charles Sotseran, "As constituições de 1723 e 1738, do suposto maçom James Anderson, foram adaptadas para a então recém formada Primeira Grande Loja de Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra.
Anderson adulterou estas constituições, e para fazê-las atuar legalmente, alegou que quase todos os documentos relativos à maçonaria haviam sido destruídos pelos reformadores, em 1717. Charles admite: "A maçonaria especulativa tem muitas tarefas e uma delas é a de admitir a mulher como colaboradora em suas atuações como fizeram os Húngaros com a condessa Haiderik. Quanto ao presbítero, não provavelmente maçom, seguindo os costumes clericais, e sua própria inclinação, tirou da mulher um direito que foi dela durante centena de anos.
A maçonaria, não se conformando com essa discriminação, em 1730, sete anos depois da constituição de Anderson, criou na França um movimento, a Maçonaria de Adoção, destinada à mulher, sendo então fundada a ordem da Fidelidade, e que tinha apenas quatro graus. Em 1732, surgiu a Ordem dos Cavaleiros e Herínas da Âncora, dos Cavaleiros e Ninfas da Rosa, que não aceitavam mulheres como membros regulares, mas que lhes comunicavam sinais de reconhecimento e aceitavam suas presenças em determinadas cerimônias.
Em 1738, surgiu na Alemanha a Ordem de Moisés, em 1747, a Ordem dos Lenhadores, ordem esta que tomou suas principais cerimônias dos Carbonários, que na época existia na Itália. O lugar de reunião era chamado Corte Florestal, como se diria em tempos atuais "Pedreiros da Floresta", o Mestre tinha o título de Pai-Mestre e seus membros eram tratados por primos e primas. Esta ordem foi muito popular, e as senhoras de França nela foram muito bem acolhidas. Segundo um Historiador, o sucesso desta ordem foi grande, ocasionando a criação de outras; entre as muitas distinguiram-se a Ordem do Machado e a Ordem da Felicidade, as quais aproveitando-se da galanteria com que as senhoras se destacavam, combateram fortemente o exclusivismo da Franco-Maçonaria.
Em 1774, o Grande Oriente da França, percebendo que essas sociedades contavam com inúmeros membros, e que podiam prejudicar de alguma forma moral a que se propunha, criou um novo rito chamado de Adoção, que estabeleceu regras e leis para seu governo, prescrevendo que só os Franco-Maçons pudessem comparecer as suas reuniões, que cada Loja de Adoção estivesse sob o jugo de uma Loja Maçônica regularmente constituída, e que o Venerável desta última, ou seu deputado, fosse o oficial que presidisse acompanhado da presidente da Loja de Adoção.
Em 1775, com as regras acima, foi estabelecida em Paris uma Loja sob o título de Santo Antonio, sob a presidência da Duquesa de Bourbon, a qual foi também nomeada Grã-Mestra do novo rito e meses depois foram fundadas as lojas "Candura" e "Nove Irmãs".
Em 1778, é fundada a Loja Estrela do Oriente, o rito de adoção tinha apenas 4 graus: Aprendiz, Mestra e Perfeita Mestra.
Em 1786, o conde Cagliostro, iniciado em 1760, na antiga maçonaria, pelo conde Saint Germain, fundava a Loja chamada Maçonaria Egípcia, para homens e mulheres; alegavam que se as mulheres haviam sido admitidas nos antigos mistérios, não havia razão para excluí-las das ordens modernas. A ordem de Moisés se espalhou pela Alemanha e o Rei Frederico I querendo proteger as mulheres, pôs a ordem sob sua proteção. A ordem cresceu, transpôs fronteiras e chegou a França, onde entrou sob forma de maçonaria de adoção.
Os argumentos usados pelos homens segundo Luciana Andréia Araújo, não convenceram as mulheres a ficar fora dela, ao contrário, afirma Luciana, acabaram ouvindo rituais atrás de portas, iniciaram-se nos mistérios e criaram suas próprias lojas.
Segundo narrativas de fontes orais, a senhora Beaton, escondeu-se no forro de madeira de uma loja de Norfolk, na Inglaterra, surpreendendo os segredos maçônicos. Foi então iniciada. Esta mulher guardou os segredos até sua morte em 1802.
Madame Xaintrailes (não se tem data precisa), numa festa de adoção, antes da entrada dos membros da loja, entre os visitantes estava um jovem oficial, em uniforme de cavalaria. O maçom encarregado do exame dos visitantes, pediu-lhe o certificado de maçom para ser examinado pela loja. O oficial entregou um papel dobrado que foi encaminhado ao orador da loja, o qual, ao abri-lo descobriu que se tratava de uma patente de ajudante de ordens, outorgada pelo Diretório (1795 - 1799) à esposa do general Xantrailles, uma mulher que, com várias outras naqueles tempos conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando uma graduação militar pela espada.
O historiador H. de Oliveira Marques conta que, em 1764, a arquiduquesa Maria Tereza da Áustria proibiu a ordem maçônica em seus domínios, depois de ter sido impedida de participar dos rituais secretos. O motivo pela qual a Rainha Elizabeth I teria perseguido a ordem na Inglaterra seria o mesmo.
Depois da revolução Francesa os aventais femininos novamente foram excluídos. No final do século passado Marie Deraisme, feminista de primeira grandeza, fundou a primeira escola de obediência oficial, com o nome de a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista "O Direito Humano". A potência estendeu suas raízes pela Suécia, Inglaterra, Holanda, Itália e Argentina, sendo também fundada no Brasil em 1919, registrada como Isis, em homenagem a deusa do sol. Não há muitos registros sobre sua difusão.
A Grande Loja Feminina da França, tornou-se a primeira potência legítima para administrar a maçonaria feminina Francesa.
A maçonaria era antigamente regida pelos Old Charges (antigas obrigações ou deveres), Old Charges, nome em Inglês dado a mais de cem manuscritos existentes atualmente, que contém a história legendária da maçonaria operativa antes de 1717.




sábado, 10 de setembro de 2011

Palavras do Autor.

Queremos iniciar este trabalho descritivo de nossas Ruas e Praças, de uma cidade que recebe atualmente nomes aleatórios e até mesmo exóticos esquecendo aqueles que sempre identificaram esta urbe condignamente. Sem nenhuma identificação com aqueles ou aquelas que contribuíram na nossa formação sócio cultural, econômica e muito especialmente os que levaram o nome desta Nação Tabajara aos mais longínquos rincões deste País.
Precisamos resgatar as memórias de ipuenses que inegavelmente nortearam suas vidas dedicando com muita estima e deferência a nossa história.

As ruas constituem um relicário de nossas alegrias e tristezas. O sacrário de nossas recordações. O ponto de referência de nossa cidadania. O primeiro beijo, a bodega da esquina, o bêbado, o intelectual, o filosofo de pé de balcão, o catecismo que passam no caleidoscópio da nossa imaginação. A rua é o museu dos nossos sentimentos. Testemunha silenciosa dos nossos sonhos e frustrações. Os seus moradores embalam o saudosismo em tudo que se passou.

Não esquecendo que as ruas inspiram, funcionam como musa junto à árvore plantada e que serviu de abrigo para o primeiro encontro, para o primeiro abraço, para o primeiro afago, para o encontro de seresteiros que varavam as madrugadas em serenatas, tendo somente a lua como companheira.

Estamos cumprindo a vontade do meu Pai João Anastácio Martins que em vida manifestou este grande desejo de ver o nome de nossas Praças e Ruas editadas em livros ou em revistas, considerando de grande importância para os filhos da Terra, tendo o nome de seus parentes e amigos ostentando o nome de nossas artérias.
Uma homenagem a Joaquim de Oliveira Lima que foi o precursor dessas denominações quando ocupou o cargo de interventor em nossa cidade em 1932.



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Antonio Raimundo. O Rey do Frango. IPUCE


Rey do Frango 25-Anos de Atividades.
Antônio Raimundo Pontes.
O Rey do Frango

Há 25 anos Antonio Raimundo Pontes, vem desenvolvendo grandemente as atividades Comerciais no ramo de Frios e Frangos Abatidos.

Sempre oferecendo a sua enorme clientela um produto de qualidade consumida na mesa de nossas famílias do Ipu.

Antonio Raimundo iniciou o seu trabalho com o Antonio Tavares no Cruzeiro Center Frios onde se manteve por 10 anos. Foi o suficiente para adquirir muita prática para fomentar o seu próprio negócio.

Pioneiro podemos assim dizer O Rey do Frango atende prontamente toda cidade de Ipu, visando sempre à melhoria dos seus produtos e cativando cada vez mais a sua freguesia que cresce a passos gigantescos.

Na sua simplicidade O Rey do Frango Antonio Raimundo comemora com muito entusiasmo e disposição para o trabalho os seus 25 anos de muita dedicação e apreço e desenvolvimento comercial que com certeza chegará a sua plenitude.

Agradece todas, as benesses recebidas. Primeiramente a Deus, em outro aspecto a sua enorme e distinta freguesia, não faltando agradecer as suas Rainha e Princesinha do Frango, Ismênia e Ysa Madalena. Aos seus irmãos e muito especialmente aos seus Pais.

Portanto são 25 anos de glórias e muitas atividades, sacrifícios e o salutar pronunciar do dever cumprido.

Aí está a nossa Loja, no Centro da Cidade, no Quarteirão sucesso de nossa Ipu para atender cada vez mais com eficiência aqueles que lhes prestigiam no dia a dia de suas compras.






LITERATURA Genial de: Leonardo Mota, Leota.

Luiz Câmara Cascudo, ao prefaciar a terceira edição de “Cantadores”, escreveu, quase quarenta anos depois da primeira edição do livro: “ouvi-lo era ver o sertão inteiro, tradicional e eterno, paisagem horizontal dos tabuleiros, candelabros, de mandacarus, vulto imóvel das serras misteriosas, ondulação verde do panasco na babugem das primeiras águas, vozes, cantos, benditos, aboios, feiras, cangaceiros, cantadores, assombrações, chefes políticos, analfabetos imortais, polares, soldados, comboieiros, luares, entardecer”...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011


IPU
Altar florido, ante o qual reverente.
Altiva serra ajoelha e a fronte inclina
Numa atitude ideal de penitente
Humilde, sob um manto de neblina.

Donde auriste esta seiva forte e ardente
Que o sol bebe em teus campos que ilumina?
Oh! Terra que te fez bela e potente
Embora assim modesta e pequenina?

Cenário adusto da legenda amiga
Tens essa Bica esplendida onde essa Iara
Canta a beleza que teu céu abriga.

E na calada d’uma noite clara
Ela repete ao som dessa cantiga
Queixas de amor da virgem tabajara.

domingo, 4 de setembro de 2011

DESFILE DA ESCOLA TERNURINHA

ESCOLA TERNURINHA EM DESFILE.

Escola Ternurinha.Escola Ternurinha com 12 anos de existência vem funcionando plenamente com todas as exigências educacionais. Funcionou inicialmente numa casa alugada de Propriedade do Sr. José Pinto de Oliveira, mudando-se me abril do ano de 2006 para sua sede própria localizada na Rua da Goela, onde foi por muito tempo à residência de D. Maria Corrêa. Possui uma média de 300 alunos e tem como diretoras Ana Francisca Carvalho Martins Farias e Márcia Peres Freitas, que vem desenvolvendo um destacado papel no meio educacional de nossa Cidade e Município. A Escola Ternurinha é um ícone de nossa educação e tem como slogan “Ternurinha, um toque de qualidade em educação”.Faz-se mister relatar o alto nível de suas professoras que desempenham ardorosamente o vidreiro interesse pela aprendizagem, mostrando assim seu profissionalismo como verdadeiras educadoras.
A escola Ternurinha está fazendo um trabalho de resgate de nossas raízes de nossa história.
A folia de Reis já foi resgatada de maneira um tanto simples, mas mesmo assim trouxe para a comunidade Educacional de nossa Terra o folclore dos Caretas com apresentações em nossas Praças.
No dia do Município o resgate ficou por conta da valorização dos ex-alunos e ex-professores que desfilaram garbosamente em mais um 26 de Agosto.
Para o próximo anos virão muitas outras manifestações com um destaque especial na valorização de nossa Cultura.Hino da Escola TernurinhaMúsica: Prof. Francisco MeloLetra: Cleide Lima e Ana Flavia Lima.Hino da Escola Ternurinha.Letra:Ana Flavia Moura M. Lime eMaria Cleide de M.L. Damasceno.Música: Prof. Francisco MeloArranjos: Maestro Jorge Nobre.Antes um sonho audaciosoAgora feito realidadePara um futuro grandioso

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Justificando. O Enforcamento do Escravo João Tavares. 1845.

O Enforcamento do Escravo Estevão. 1845

João Tavares é Enforcado no IPU> 10 de maio de 1845.

O réo foi conduzido para o Oratorio levantado no edificio que servia de cadeia, pequena casa situada no largo da igreja-matriz, tendo como confessor ... o padre Francisco Correia de Carvalho e Silva, que desempenhou, posteriormente, papel saliente nos destinos do Ipú e de quem nos occuparemos mais adiante.
No dia da execução, pela 8 horas da manhã, o réo sahio acompanhado do juiz, escrivão e tropa, em passeio pelas ruas da villa, dirigindo-se em seguida para o local onde fôra levantada a fôrca, precisamente em meio da praça da matriz, mas collocada de maneira que podesse ser divisada pelos demais angulos.
Esta fôrca - diz o informante - foi preparada pelo carpina Antonio Pereira de Souza.
O réo, ao chegar ao patibulo, mostrando-se corajoso, proferio algumas palavras protestando sua innocencia, dizendo mais ou menos o seguinte:
- Ahi fica quem fez a morte... Morro mas não declaro o nome do seu autor... Um cão ... todos a elle...
João Tavares - o condemnado - ... baixo, cheio do corpo e typo mal encarado.
Assistio aos seus ultimos momentos o padre Correia proferindo as palavras do Credo - Vida Eterna.
O nosso informante não sabe quem foi o carrasco executor da sentença de morte do réo João Tavares, affirmando, entretanto, ter o mesmo vindo com a tropa de linha que o conduzia da capital, parecendo tratar-se do celebre Francisco Correia Pareça, o mesmo de que nos fala o dr. Paulino Nogueira em seu importante trabalho citado, e que se tornou respeitado no seu desgraçado officio, indo morrer depois no presidio de Fernando de Noronha. Isto é méra supposição do narrador pois o proprio dr. Paulino Nogueira, autoridade para nós venerada na historia do Ceará, diz que Pareça, embora emulo de Cavaco, outro carrasco celebre, fez onze execuções de pena de morte, sendo dez na capital e uma no Aracaty, não incluindo-o nas duas do Ipú.
Era de praxe nas execuções de pena de morte requisitar-se um cirurgião para assistir ao acto e fazer no cadaver do executado o exame do costume. Nas duas execuções do Ipú não se sabe pela deficiencia de dados em quem recaio esse encargo, parecendo-o na pessoa do cidadão Antonio Bezerra de Hollanda, professor aposentado residente na villa. Segundo testemunho daquelles tempos esse senhor exercia o officio de curandeiro e era homem affeito a rabulice, tanto que no processo do escravo Estevão - o primeiro executado - figurou como curador ad litem.
A execução de João Francisco Tavares, como era natural, impressionou, sobremodo, a população local. Os vexames foram maiores porque o réo negava peremptoriamente a sua co-autoria no crime pelo qual fôra condemnado a pena ultima, máo grado as provas do processo.
Contam que no dia da execução a respeitavel senhora do juiz de direito da comarca prolator da sentença, dr. João Quirino Rodrigues da Silva, e que assistira o acto, após a sua consummação, como que allucinada, corrêra a casa do vigário Correia, indagando:
- Padre, diga-me, padre, o homem, - referia-se ao réo - na sua confissão affirmou a sua autoria no crime?...
O padre Correia, num silencio immutavel, apenas abrio os labios, pallidamente, sem articular, entretanto, uma só palavra.
Esse gesto era muito significativo...


Eusébio de Sousa.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um Pouco da Nossa História.


Atente o leitor para o período - final do séc XIX ou início do XX - em que Antônio Bezerra escreveu o citado livro. É este o período em que o Positivismo Histórico está a atingir o seu auge e Antônio Bezerra, como homem do seu tempo, se mostra grandemente influenciado pela teoria da História em voga na época.
Não conheço até o momento desta transcição o livro Fundação do Ipu, de Herculano José Rodrigues, mas a citação que o mesmo faz de Antônio Bezerra é do livro Notas de Viagem.
O sobrenome do proprietário do sítio Ipuzinho é o mesmo do juiz Antônio Barbosa Ribeiro, assassinado em 1795 pelo coronel Manoel Martins Chaves no Campo Grande. De acordo com Nertan Macedo em O Bacamarte dos Mourões, o coronel Martins Chaves era filho do Capitão José de Araújo Chaves, dono da sesmaria das Ipueiras. Segundo o Padre Francisco Sadoc de Araújo, em História Religiosa de Guaraciaba do Norte, o cap José de Araújo Chaves foi o doador do terreno para a construção de duas capelas, na primeira metade do séc XVIII, pelo frei José da Madre de Deus, no território da sua sesmaria. A primeira capela foi construída sobre a serra e recebeu como orago São Gonçalo do Amarante, ficando conhecida como Matriz de São Gonçalo da Serra dos Cocos. Foi essa capela elevada á categora de igreja-matriz da Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, por provisão de 31 de agosto de 1757 passada pelo Bispo de Olinda, D Francisco Xavier Aranha, ao visitador dos sertões do norte, José Pereira de Sá. A segunda foi consagrada a N. S. da Conceição, sendo edificada no sertão, onde hoje se acha a cidade de Ipueiras.
Os dois primeiros parágrafos deste segundo capítulo trazem uma pequena introdução do autor ao tema do capítulo que parece ser as violências cometidas no Ipú e seus autores, os facinorosos membros da família Mourão.
Os originais dessas Memórias foram entregues ao Instituto do Ceará por José de C. Monte e foram publicadas na íntegra pelo Barão de Studart na Revistra Trimestral do Instituto do Ceará, tXLI, ano XLI, (1927), pp(3-54). Após a morte de Alexandre Mourão, os originais haviam ficado em poder de seu filho Antônio Mourão. Este morava na Fazenda Cipó, no município de Tauá.
[1]Creio que temos aqui um erro de impressão. O correto seria ao lado e não ou lado. Contudo, esta transcrição preserva a grafia original.
[1]Provavelmente mais um erro de impressão. O correto seria combinação.
[1]Por algum motivo que não me arrisco a conjecturar, o autor deixou de mencionar o ataque dos Mourões à cadeia do Ipu, ocorrido em 24 de janeiro de 1846. Nertan Macedo indica como fonte para a sua pesquisa sobre este fato o processo-crime instaurado no Ipu para apurar a morte do delegado Manoel Ribeiro Melo. Alexandre Mourão e seu bando atacaram a cadeia justamente para matar o delegado. Diante da ausência deste, trocaram tiros com os praças, tiroteio que resultou na morte de José de Barros Mourão. Alexandre partiu a procura do delegado e encontrou-o no sítio Canabrava, atual cidade de Ararendá, onde o assassinou. Se Euzébio de Sousa pesquisou os autos de processo arquivados no cartorio do Ipu, é de estranhar que não tenha descoberto o processo instaurado por ocasião da invasão da cadeia pelos Mourões.
[1]A folha está rasgada neste ponto. O texto me é impossível resconstituir mas, pelo que podemos perceber, trata da transferência da sede da Villa Nova d'El Rei para o Ipu, citando as leis provinciais que se sucederam neste processo.
O verso da folha rasgada não permite a transcrição do restante da página.
Refere-se o autor ao bairro mais importante da cidade àquela época.
Falta mais de 50% desta folha.
Nota do autor: Sobre esse assumpto, subordinado ao titulo - Um novo templo ipuense, publicou O Rebate, de Sobral, em seu n.o 18, edição de 24 de outubro de 1914.
Nota do autor: O presente estudo do meio litterario ipuense, publicado na brilhantes paginas da Revista da Academia Cearense em seu tomo XIX, 1914, soffreu algumas modificações neste trabalho. - N. A.
[1]Como já citei anteriormente (nota 15), este fato foi brilhantemente narrado por Nertan Macedo no Bacamarte dos Mourões.
Preservei a grafia original.
[1]A imprensa considerada positiva, o oposto dos pasquins.



Revogada, porém, pela lei de n.o 230 de 12 de Janeiro de 1841 no periodo presidencial do padre José Martiniano de Alencar, teve sua restauração pela de n.o 261 de 3 de dezembro de 1842.
O Ceará, ao que parece, atravessava a esse tempo uma crise politica, cuja investigação é inadequada ao thema que prende a attenção do chronista. É o que se pode coligir do art 1.o da citada lei n.o 230 tornando «revogados indistinctamente todos os actos legislativos da assembléa provincial e sanccionados desde 1.o de agosto até 14 de setembro de 1840, e em seu vigor todas as leis por elle revogadas».
Por sua vez esta ultima lei foi derogada pela de n.o 256 de 23 de novembro de 1842, que restaurou a de n.o 198 de 22 de agosto de 1840; assim como a de n.o 200 de 26 de agosto foi restaurada, como ficou dito acima, pela de n.o 261 de 3 de dezembro de 1842, na vigencia presidencial do general José Joaquim Coelho.
Tudo que ahi fica denota enorme complicação de leis revogadas e restauradas, corroborando a crise dos partidos que se degladiavam então.


(Eusébio de Sousa - Crônica de 1915, Revista do Institudo Histórico e Antropológico do Ceará)