quarta-feira, 29 de junho de 2016

AS FOGUEIRAS DE SÃO PEDRO 

Alguns elementos quase que desapareceram completamente dos festivos juninos, outros rarearam de tal modo que com muita dificuldade os vemos em nossos dias. Por motivos de segurança, desapareceram os belíssimos balões que enchiam de leveza e sedução os céus de minha infância; as residências com pequenas bandeirolas decorando-as e as ruas transformadas em arraiais dos folguedos matutos são praticamente impossíveis de ver com a naturalidade com a que eram encontradas anos atrás; as fogueiras que na década de 70 estavam presentes na frente de cada residência, hoje são encontradas apenas nas fachadas dos mais tradicionais, até porque muitos de nós moramos em apartamentos que ou inviabilizam ou esvaziam de sentido tudo isso.
Para os saudosistas como eu, já não existe a Festa de São João, pois já não há quadrilhas que não sejam dedicadas exclusivamente para dançarinos profissionais, não se encontram mais espaços onde seres “desuingados” como o autor deste texto, possa se alegrar e sorrir com seus pares na levada dos balancês e alavantus. Lembro como muitas vezes eu chegava em casa, depois de ir de arraial em arraial durante toda madrugada, por volta das 5h da manhã e passava pelos restos das fogueiras que tinham ardido durante toda a noite. Elas haviam passado pelas várias fases, a beleza da incandescência inicial, com labaredas altas e violentas, depois aquele ardor contínuo e leve, até chegar aos estertores, às cinzas ainda reluzentes, o melhor momento para assar um milho verde. Mas há fogueiras que não se apagam nunca. Que foram acesas há dois mil anos e continuam como na primeira noite.
Nos Evangelhos existem duas e apenas duas fogueiras, ambas relacionadas à pessoa de São Pedro. A primeira foi acesa no pátio exterior da casa de Anás, sogro do sumo-sacerdote Caifás, para onde Jesus foi levado depois de ter sido preso no jardim do Getsêmani (Lc. 22:55). Ali, assentou-se Pedro, tentando passar desapercebido no meio dos curiosos que se aglomeravam naquele local para saber qual seria o destino do Rabino Galileu. Foi nesta geografia que se realizou a tríplice negativa do apóstolo, afirmando em meio a juras e impropérios que não conhecia o Encarcerado. Esta é a fogueira da queda, da vergonha, da negação, do desrespeito. Nela os ideais e os compromissos de amor foram queimados, lançados ao fogo pela covardia associada à fraqueza. O resultado desta combustão terrível é a amargura de alma, foi assim que o pescador deixou aquele local e assim deve ter permanecido muitos dias, mormente porque em seguida Jesus foi julgado, crucificado e morto… e Pedro não estava lá.
Graças a Deus há outra fogueira. Esta não foi acesa pela curiosidade, pela necessidade ou pelo medo, mas por amor. Refiro-me àquela que foi acesa por Jesus, já ressurreto na praia do Mar da Galiléia (Jo. 21:9), lugar onde três anos antes ele havia travado os primeiros contatos tanto com Pedro, quanto com André e João. Os discípulos tinham voltado à antiga prática da pescaria, eles costumavam fazer isso durante a madrugada com o objetivo de atrair os peixes com a claridade de suas lamparinas, mas naquela noite, mais uma vez, eles não tinham tido sucesso, estavam terminando o trabalho daquela noite sem terem colhido nenhum resultado. Quando se aproximaram da margem, ouviram uma voz de homem que lhes perguntava se tinham apanhado alguma coisa e eles responderam que não. Foi então que este homem lhes disse: “joguem do lado direito suas redes!”. Fizeram isso e pescaram muitíssimos peixes. Aquela frase e aquele resultado levaram a João a recordar, a ter uma sensação de deja vu, e se deu conta que este homem era Jesus.
Eles puxaram os barcos para a praia e encontraram Jesus assentado em um canto, com a fogueira acesa e com alguns peixes assando, bem como pão para uma refeição matinal que teriam ali. Esta é a fogueira da restauração, ela não é apenas acesa por Jesus, os pães e peixes também são dele, ele tudo provê. Foi ali bem perto que o Salvador perguntou a Pedro: “tu me amas?” E ouviu por três vezes a mesma resposta do pescador: “Eu te amo”, ao que lhe disse Jesus: “apascenta as minhas ovelhas”. Sobre cada negação Cristo sobrepôs uma oportunidade de reafirmação da fé e do compromisso. Para cada ato de renovação, Jesus ofereceu uma corroboração da mesma antiga vocação de amor e serviço ao próximo.
Amigo, irmã… pode ser que você esteja vivendo a tristeza e a amargura da queda, ao redor da fogueira do desencontro, mas fique sabendo que seja lá o que você tenha feito, dito ou deixado de fazer, há uma outra fogueira para onde você pode ir. É lá que Jesus está lhe esperando para comer com você um sanduíche de peixe e te oferecer perdão e verdadeira paz, por falar nisso… Paz e Bem!
São Pedro
Apóstolo de Cristo
Biografia de São Pedro:
São Pedro (1a.C-67) foi apóstolo de Cristo. É tido como o fundador da Igreja Cristã em Roma. É considerado pela Igreja Católica como seu primeiro papa. As principais fontes que relatam a vida de São Pedro são os quatro Evangelhos Canônicos, pertencentes ao novo testamento. Escritos originalmente em grego, em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, João e Lucas, Pedro aparece com destaque em todas as narrativas evangélicas.
São Pedro (1a.C-67) nasceu na Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas e irmão do apóstolo André, seu nome de nascimento era Simão. Pescador, trabalhava com o irmão e o pai. Por indicação de João Batista, foi levado por seu irmão André, para conhecer Jesus Cristo. No primeiro encontro Jesus o chamou de Kepha, que em aramaico significava pedra, e traduzido para o grego Petros, determinando ser ele o apóstolo escolhido para liderar os primeiros pregadores da fé cristã pelo mundo. Nessa época de seu encontro com Cristo, Pedro morava em Cafarnaum, com a família de sua mulher.
Pedro foi escolhido como o chefe da cristandade aqui na terra: "E eu te digo: Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus". Convertido, despontou como líder dos doze apóstolos, foi o primeiro a perceber em Jesus o filho de Deus.
Junto com seu irmão e os irmãos Tiago e João Evangelista, Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus entre os doze apóstolos. Participou dos mais importante milagres do Mestre sobre a terra. Foi o primeiro apóstolo a ver Cristo após a Ascensão. Presidiu a assembléia dos apóstolos que escolheu Matias para substituir Judas Iscariotes. Fez seu primeiro sermão no dia de Pentecostes e peregrinou por várias cidades.
Encontrou-se com São Paulo em Jerusalém, e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica. Após esse encontro foi preso por ordem do rei Agripa I. Foi encaminhado à Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver. Ali fundou e presidiu a comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana, e por isso segundo a tradição, foi executado por ordem de Nero. Conta-se também que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo.
Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores. É festejado no dia 29 de junho, um dia de importantes manifestações folclóricas, principalmente no Nordeste brasileiro.


Olívio Martins de Souza Torres



Como sabemos, o poema em prosa Iracema é um das obras-primas da
literatura brasileira. Mas existe alguma distorção quanto à sua
história, Ouve-se, amiúde, que Iracema tomava banho de mar no litoral
de Fortaleza e ia tirar o sal na Bica do Ipu. Nada mais inverídico. O
autor não diz isto. Seria impossível percorrer a distância do litoral
até a cascata de Ipu, a pé,  para tomar banho. Aliás, segundo o livro,
Iracema não voltou mais ao Ipu.
No capítulo 23 do livro, Alencar relata que quatro luas tinham
alumiado o céu depois que Iracema fugiu de Ipu com o guerreiro branco
Martin e seu amigo Poti, fugindo da perseguição dos tabajaras, até
chegarem ao litoral cearense.
Seria bom que todo aluno ipuense pudesse ler o livro Iracema que eleva
o nome de nossa terra. A Secretaria de Educação do Município poderia
disponibilizar o livro aos alunos do segundo grau. Graças ao trabalho
criativo, inovador e eficiente da confreira da Academia Ipuense de
Letras, Ciências e Artes (AILCA), professora Francisca Ferreira do
Nascimento, com seu livro Iracema Curumim, bela e ricamente ilustrado
pela artista plástica, confreira da AILCA, Klaudiana Viana Torres, a
Secretaria de Educação do Estado está a adotar referido livro na sexta
série do ensino fundamental.
É mais uma vitória da inteligência ipuense em prol da cultura.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Fim de Tradição.


À medida que o progresso avança como um rolo compressor, erguendo prédios por todos os lados, asfaltando ruas e avenidas, torna-se cada dia mais difícil manter as tradições de muitas de nossas festas populares. Como as juninas. A magia dos fogos de artifício, dos coloridos balões iluminando os céus, as fogueiras, as quadrilhas e as cantigas, vão fazendo parte do passado. Um passado não muito distante, quando ainda não havia chegado à febre de morar em apartamentos e as casas possuíam amplos quintais e jardins propiciando as comemorações juninas, quando não era proibido soltar balões e os fogos de artifício de tão ingênuos faziam a alegria da criançada, não representando maiores perigos. Os terreiros transformados em “arraiá”, enfeitados de bandeirinhas coloridas, serviam de palco para as adivinhações ao pé da fogueira, a dança da quadrilha e o famoso casamento matuto. Sem falar nas fartas mesas de comidas típicas regadas a muito aluá. Tinha bolo de milho, de mandioca; de abobara, de macaxeira batata-doce, grude, bolo de carimã e pé de moleque. Além das canjicas, do cuscuz, das pamonhas e do mugunzá, tudo feito em casa com o milho mesmo da safra.
E as cantigas de roda, de São João, enchiam de encanto e magia as belas noites de junho de outros tempos. Hoje elas foram trocadas pela chamada “música sertaneja” feita de encomenda para faturar; completamente destituídas da ingenuidade e pureza que cauteriza o nosso homem do campo. O povo da roça como se costumava dizer. E as moças de lá, como as de cá, não mais fazem trancinhas nos cabelos e nem usam recatados vestidos de chita nas festas juninas. Também não acreditam que os nomes de seus eleitos poderão ser decifrados sob o clarão das fogueiras. Hoje elas só querem saber de “rock”, do “as músicas” e forró moderninho, usar jeans, minissaia e tênis e “ficar” com algum gato que pinte no pedaço, que não esteja de camisa xadrez, calça remendada e chapéu de palha. E não tenha a infeliz ideia de convidá-las para dançar uma quadrilha. Umas danças cafonas e sem graça, dos tempos da onça, como definem alguns. E como contrastante a nossa tradicional Quadrilha criaram uma “tal de quadrilha country”, que não tem nada mesmo com as nossas raízes folclóricas, juninas, coisas dos nossos costumes e tradições dos nossos, São João na Roça.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

José Artur Alves Pereira (Tutu). Folclorista de nossa cidade gostava de contar histórias mirabolantes sem que tivéssemos que relacioná-las seriam inúmeras. Dentre as muitas histórias selecionamos duas.
Certa vez discutiam, os dois irmãos Mestre Ângelo e Artur comentavam e até apostavam quem atirava melhor; e no auge da discussão resolveram marcar uma um duelo, cada um com um revolver nas mãos, foram para um lugar a esmo e preparam o duelo. Ficaram de costas e contaram dez passos, ao sinal se viraram e olhos fechados atiraram uma no outro. Depois do disparo, ficaram abrindo lentamente os olhos e o observaram que nenhum tinha sido atingindo por uma bala, de repente viram no ar as duas balas detonadas se encontrando e fazendo força para passar uma pela outra. Eram dois bons atiradores acredite se quiser. O tiro foi tão certeiro que fizeram com que as balas se encontrassem.

Numa outra investida de Artur, quando de uma de suas namoradas que residia na cidade de Ipueiras. Estava muito doente. Moribunda mesmo. Quando por volta de seis horas da tarde recebeu pelo telégrafo da Estação uma mensagem que a sua bela amada estava prestes a partir. De imediato procurou um transporte encontrando somente um bom cavalo que lhe foi cedido pelo Sr. Cajão. Preparou o animal, montou-se e partiu em direção as Ipueiras para o derradeiro Adeus, Ipueiras dos Mourões ou simplesmente Ipueiras.
Em determinado local de uma passagem de nível vinha um trem cargueiro e que demoraria muito a passagem do comboio, não hesitou fez uma oração a São Cipriano e o trem abriu-se meio a meio permitindo assim ao nosso bom amigo Artur uma rápida passagem para que conseguisse a tempo chegar aos últimos suspiros de sua bem amada.
Ao chegar à beira do seu leito exclamou STELA, e ela MEU AURTUR e num gesto lânguido triste e de profunda saudade partiu para eternidade. Ainda disse: ADEUS ATUR NUNCA TI ESQUECEREI.

sábado, 25 de junho de 2016



Amigo Pedro Fortuna!
 Estamos com um projeto pronto para criação do MUSEU DA IMAGEM. Poderia muito bem inserirmos o MUSEU DO SOM, porém não temos ainda, uma boa discoteca dos sons de antigamente.
Em seu NOME comunico aos demais saudosistas do Ipu, para repartir comigo esse novo empreendimento.
Temos mais de 5.000 imagens nunca vistas por muitos de nossos conterrâneos.
Um abraço forte aos que compartilharem com mais essa criação CULTURAL na nossa IPU.

Mello.




 Orientado por edital público, o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Sarau Brasil 2016,
 recebeu no período de 20 de fevereiro a 05 de junho de 2016, o total de 2.703 inscrições de todo o Brasil.
A Vivara Editora informa que recebeu da comissão julgadora, no dia 21 de junho,
a lista protocolada dos 250 candidatos classificados no processo seletivo.
 

Parabéns! O seu poema foi classificado e fará parte do livro, Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil 2016.
 

É um orgulho fazer parte desta grande comunidade literária. Novos Poetas.
 

Seu Editor,
Isaac Almeida
 
   

Lista dos Classificados publicada em 23 de junho de 2016.
   
www.concursonovospoetas.com.br


Inutilidade.
Primavera sem flores
Plantação sem colheita
Rico sem coração
Estrada sem horizonte
Cântaro sem água
Abastança sem prodigalidade
Vida sem utilidade...
Lâmpadas sem fios
Barco sem motor, ou sem remo
Despertador sem alarme
Sino sem badalo
Flor sem perfume
Açúcar sem doçura
Outono sem frutos
Criança sem candura.
Forno sem pão
Casa sem telhado
Amargura sem paciência
Rio sem margens
Riqueza sem caridade
Sofrimento sem compreensão
Amor sem correspondência
Cruz sem resignação

AS SUPERSTIÇÕES

A superstição nasceu com a antiguidade e vive em todo lugar, alimentada pela falta de conhecimento ou até mesmo por pura ignorância.
O Povo Brasileiro é cheio de mistificações muitas das vezes curiosas como algumas que se seguem:

v Quando o ano é bissexto o homem não pode construir prédios, sob pena de vê-los em ruínas dentro de pouco tempo.

v No dia treze de qualquer mês, se alguém efetuar um negócio, será mal sucedido.

v O Beija-flor, penetrando em qualquer casa, os moradores ficam logo sobressaltados, temendo uma nova má.

v Se uma rola pousar no telhado de uma casa onde estiver uma mulher grávida é sinal que o parto será muito penoso, causando muitas vezes a morte.

v Que no dia de São João quem for tomar banho e não enxergar a sombra do seu corpo dentro da água, é morte certa.

v Se a criança quando nasce, tem a mão fechada, será um grande sovina.

v Que passar por debaixo de escadas sofrerá atraso em seus negócios por muito tempo.

v Que ao passar por cima de cordas feitos cabrestos ficarás encabrestado por muito tempo aos caprichos dos outros. 

Pesquisa realizada pelo

Prof. Francisco Melo





sexta-feira, 24 de junho de 2016

São João Batista.
Representação de São João Batista
Considerado como aquele que preparou o caminho para o Messias, João foi um filho muito desejado por Isabel e Zacarias, ambos já com idade avançada. Segundo a tradição, o anjo Gabriel foi quem deu a notícia a Zacarias dizendo que Isabel haveria de dar à luz um menino, o qual deveria receber o nome de João, que significa "Deus é propício".
Isabel era prima de Maria, que viria ser a mãe de Jesus. Conta-se que, durante uma visita da prima, ao ouvir a saudação de Maria, Isabel sentiu o filho mexer-se no seu ventre, bem como ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu, Maria, entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!". Na despedida, as primas combinaram que o nascimento de João seria anunciado com uma fogueira, para que Maria pudesse vir em auxílio de Isabel.
Ainda jovem, João perdeu seu pai e passou a cuidar de sua mãe. Quando Isabel morreu, ele doou os seus pertences e foi pregar no deserto, usando roupas de peles de animais, alimentando-se de gafanhotos e fazendo discursos públicos com palavras firmes, incentivando a conversão e o batismo.
Anunciava a vinda do Messias esclarecendo com humildade: "Eu não sou o Cristo" (Jo 3,28) e "Não sou digno de desatar a correia de sua sandália" (Jo 1,27).
O apelido de Batista veio do costume de batizar com água no rio Jordão. Ele batizou o próprio Jesus e o apresentou ao povo com dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" (Jo 1, 29). Sobre João Batista Jesus declarou: "Jamais surgiu entre os nascidos de mulher alguém maior do que João Batista".
João Batista repreendeu o rei Herodes Antipas por haver tomado por esposa Herodíades, mulher separada de seu meio-irmão, o que lhe custou a prisão e a morte por decapitação, por intervenção da própria Herodíades. Esta, sabendo que o rei satisfaria um pedido de sua filha Salomé, que dançaria para a corte, fez a filha pedir-lhe a cabeça de João Batista.
O martírio de João é celebrado em 29 de agosto. Nas imagens ele aparece como um menino segurando um cordeiro (anunciando a vinda de Jesus), ou como um jovem pregando no deserto ou ainda batizando Jesus. Nas festas juninas é costume fazer uma fogueira, lembrando aquela feita por seus pais para comunicar o seu nascimento.


Origens

Os feriados europeus relacionados às tradições e celebrações do midsommar têm origens pré-cristãs. Eles são particularmente importantes no Norte da Europa - SuéciaDinamarcaNoruegaFinlândiaEstônia,Letônia e Lituânia -, mas também é muito fortemente observado na PolôniaRússiaBielorrússiaAlemanhaPaíses BaixosIrlanda, partes do Reino Unido (especialmente Cornualha), FrançaItáliaMaltaPortugal,EspanhaUcrânia, outras partes da Europa e em outros lugares - como CanadáEstados UnidosPorto Rico e também no Hemisfério Sul (principalmente BrasilArgentina e Austrália).
O festival é também por vezes referido por alguns neopagãos como "Litha", decorrente do De temporum ratione de Beda, que fornece os nomes anglo-saxões Ærra Liþa e Æfterra Liþa para os meses que correspondem aproximadamente a junho e julho, com um mês intercalar de Liþa aparecendo depois de Æfterra Liþa em anos bissextos.[2]
De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa árvore de natal, a fogueira a volta do 25 de junho tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França).
As celebrações do solstício ainda são centradas no dia do solstício do verão astronômico. Alguns optam por realizar o rito em 21 de junho, mesmo quando este não é o dia mais longo do ano, alguns comemoram em 24 de junho, o dia do solstício no tempo dos romanos. Os antigos romanos também realizavam um festival em honra do deus Summanus em 20 de junho. Na Wicca, os praticantes celebram no dia mais longo e a noite mais curta do ano, que não têm uma data definida, a partir do calendário celta de 13 meses.

Cristianização

Embora o midsommar seja originalmente um feriado pagão, no cristianismo ele é associado ao nascimento de João Batista, que é associado ao mesmo dia, 24 de junho, nas igrejas católicaortodoxa e em algumas igrejas protestantes. Ocorre seis meses antes do Natal porque o Evangelho de Lucas (Lucas 01:26 e Lucas 1.36) implica que João Batista nasceu seis meses antes de Jesus, embora a Bíblia não diga em que época do ano isso aconteceu.[3]
No século VII, Santo Elígio (falecido em 659/60) avisou aos recém-convertidos habitantes de Flandres contra as antigas celebrações pagãs do solstício, ao dizer: "Nenhum cristão deve participar da festa de São João ou da solenidade de qualquer outro santo e realizar solestitia [ritos do solstício de verão] ou dançar, pular ou entoar cantos diabólicos".
Conforme o cristianismo se propagou por regiões de tradição pagã, as celebrações do midsommar foram transformadas em novos feriados cristãos, muitas vezes resultando em celebrações que misturavam tradições cristãs com tradições derivadas de festividades pagãs.[4]

Por país

Alemanha

Fogueira em Freiburg im Breisgau
No dia do solstício de verão é chamado Sommersonnenwende em alemão. Em 20 de junho de 1653 o conselho da cidade de Nuremberga emitiu a seguinte ordem: "No dia de São João em cada ano no país, bem como em cidades e vilas, jovens pegam dinheiro e madeira para criar o chamado sonnenwendt ou fogo zimmet e dançam sobre o referido fogo, saltando sobre o mesmo, com a queima de ervas diversas e flores... Portanto, o Conselho da Cidade de Nuremberga não pode nem deve deixar de acabar com toda esse paganismosuperstição imprópria e perigo de incêndio no próximo dia de São João."[5]

Brasil

Ver artigo principal: Festa junina no Brasil
Fogueira de São João em Goiânia,Goiás.
As festas juninas são, em sua essência, multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha se originado nas festas dos santos populares em Portugal: a Festa de Santo Antônio, a Festa de São João e a Festa de São Pedro e São Pauloprincipalmente. A música e os instrumentos usados (cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos ao Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão.[1]
As roupas caipiras ou saloias são uma clara referência ao povo campestre que povoou principalmente o nordeste do Brasil e pode-se encontrar muitíssimas semelhanças no modo de vestir caipira no Brasil e em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais iniciaram-se em Portugal, junto com as novidades que, na época dos descobrimentos, os portugueses trouxeram da Ásia, tais como enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite. A dança de fitas típica das festas juninas no Brasil origina-se provavelmente da Península Ibérica.[1]

Dinamarca

Dinamarqueses celebrando o midsummer bcom uma figueria na praia
Na Dinamarca, a celebração solsticial é chamada de sankthans ou sankthansaften ("véspera de São João"). Foi um feriado oficial até 1770 e, de acordo com a tradição dinamarquesa de comemorar um feriado na noite anterior do dia real, é celebrado na noite de 23 de Junho. É o dia em que os homens e mulheres sábias medievais (osmédicos da época) reuniam ervas especiais que precisavam durante o resto do ano para curar as pessoas.
A data é comemorada desde os tempos dos Vikings, quando eles faziam grandes fogueiras para afastar os maus espíritos. Hoje, fogueiras na praia, piqueniques e músicas são tradicionais, embora fogueiras sejam construídas em muitos outros lugares. Na década de 1920, uma tradição de colocar uma bruxa feita de palha e tecido sobre a fogueira surgiu como uma lembrança da caça às bruxas entre 1540 a 1693. Essa queima enviaria a "bruxa" para Bloksbjerg, a montanha Brocken na região de Harz daAlemanha. Alguns dinamarqueses consideram a relativamente nova queima simbólica da bruxa como imprópria.[6] [7]

Finlândia

Fogueira em Helsinque. Fogueiras são bastantes populares no dia de São João (Juhannus) no campo ao redor das cidades em festejos.
Antes de 1316, o solstício de verão era chamado de Ukon juhla ("celebração de Ukko") na Finlândia, pelo deus finlandês Ukko. Após as celebrações serem cristianizadas, o feriado se tornou conhecido como Juhannus por conta de João Batista (finlandês: Johannes Kastaja).[8]
Na celebração do midsummer finlandês, fogueiras (kokko) são muito comuns e são queimados nas margens de lagos e do mar.[9] Muitas vezes, ramos de árvores de vidoeiro(koivu) são colocados em ambos os lados da porta da frente das casas para receber os visitantes.[10] Os finlandeses muitas vezes celebram erigindo um mastro(midsommarstång).[11]
Na religiosidade popular, o midsummer é uma noite muito potente para muitos pequenos rituais, principalmente para jovens donzelas que procuram pretendentes e fertilidade. Acredita-se que o fogo-fátuo apareça com mais frequência na noite da celebração para indicar um tesouro. Nos velhos tempos, donzelas usavam encantos especiais e curvavam-se em um poço, nuas, para verem o reflexo de seu futuro marido. Em outra tradição que continua ainda hoje, uma mulher solteira recolhe sete flores diferentes e coloca-as sob o seu travesseiro para sonhar com seu futuro marido.[12]
Uma característica importante do solstício de verão na Finlândia é a noite branca e o sol da meia-noite. Como o território do país está localizado em torno do círculo polar ártico, as noites perto do dia da celebração são curtas ou inexistentes. Isto dá um grande contraste com a escuridão do inverno. A temperatura pode variar entre 0 °C e 30 °C, com uma média de cerca de 20 °C no sul. Muitos finlandeses deixam as cidades no feriado e passam o tempo no campo. Hoje em dia muitos passam todas as suas férias em uma casa de campo. Os rituais incluem fogueiras, churrascos, uma sauna e passar o tempo junto de amigos e familiares.[13]

França

Festa de São João, por Jules Breton(1875).
Fête de la Saint-Jean (Festa de São João), tal como no Brasil e em Portugal, é comemorada em 24 de junho e tem, como maior característica, a fogueira. Em certos municípios franceses, uma alta fogueira é erigida pelos habitantes homenageando São João Batista. Trata-se de uma festa católica, embora ainda sejam mantidas certas tradições pagãs que a originaram. Na região de Vosges, a fogueira é chamada chavande.

Noruega

Fogueira em Bergen, Noruega
Como na Dinamarca, o Sankthansaften é comemorado em 23 de junho na Noruega. O dia também é chamado de Jonsok, que significa "despertar de João", importante em tempos católicos romanos com peregrinações a igrejas e fontes sagradas. Por exemplo, até 1840, havia uma peregrinação à Igreja do Stave Røldal em Røldal (sudoeste da Noruega), cujo crucifixo teria poderes curativos. Hoje, no entanto, o Sankthansaften é amplamente considerado como um evento secular ou mesmo pré-cristão. Na maioria dos lugares, o evento principal é a queima de uma grande fogueira. No oeste da Noruega, um costume de arranjar casamentos simulados, tanto entre adultos como entre crianças, ainda é mantido vivo.[14]

Polônia

As tradições juninas da Polônia estão associadas principalmente às regiões da Pomerânia e da Casúbia, e a festa é comemorada em 23 de junho, chamada localmente 'Noc Świętojańska" (Noite de São João). A festa dura o dia todo, começando às 8h da manhã e varando a madrugada. De maneira análoga à festa brasileira, uma das características mais marcantes é o uso de fantasias; no entanto, não de trajes camponeses como no Brasil, mas de vestimentas de piratas. Acendem-se fogueiras para marcar a celebração. Em algumas das grandes cidades polonesas tais como Varsóvia e Cracóvia, essa festa faz parte do calendário oficial da cidade.

Portugal

Em Portugal, estas festividades, genericamente conhecidas pelo nome de "Festas dos Santos Populares", correspondem a diferentes feriados municipais. Nas cidades doPorto e de Braga em Portugal, o São João é festejado com uma intensidade inigualável, sendo que a festa é, à semelhança do que acontece no Nordeste do Brasil, entregue às pessoas que passam o dia e a noite nas ruas das cidades, que são autênticos arraiais urbanos.
Festas de São João são ainda celebradas em alguns países europeus católicosprotestantes e ortodoxos (FrançaIrlanda, os países nórdicos e do Leste europeu). As fogueiras de São João e a celebração de casamentos reais ou encenados (como o casamento fictício no baile da quadrilha nordestina e na tradição portuguesa) são costumes ainda hoje praticados em festas de São João europeias. É ainda costume a realização de fogueiras onde o combustível é o rosmaninho.

Rússia/Ucrânia/Bielorrússia

Noite da Véspera de Ivan Kupala, por Henryk Hector Siemiradzki
A festa de Ivan Kupala (João Batista) é conhecida como a mais importante de todas as festas dos povos eslavos orientais de origem pagã, e vai desde 23 de junho até 6 de julho. Há a lenda de que na noite de Ivan Kupala, aparece a flor da samambaia e quem a encontrar será rico e feliz para sempre (essa flor não existe). É um rito de celebração pelo verão, que foi absorvido pela Igreja Ortodoxa. Muitos dos rituais das festas juninas eslavas estão relacionados com o fogo, a água, a fertilidade e a auto-purificação. As moças, por exemplo, colocam guirlandas de flores na água dos rios para ter sorte. É bastante comum também a brincadeira de saltar por cima das fogueiras. As festas juninas eslavas inspiraram o compositor Modest Mussorgsky a compor sua famosa obra "Noite no Monte Calvo".[15]

Suécia

Celebração do solstício de verãoem Årsnäs, na Suécia
As festas juninas da Suécia (Midsommarafton) são as mais famosas do mundo. São consideradas a festa nacional sueca por excelência, comemorada ainda mais assiduamente do que o Natal. Realizam-se entre 20 e 26 de junho, sendo a sexta-feira o dia mais tradicional. Uma de suas características mais tradicionais é as danças em círculo ao redor do majstången (mastro de maio) , um mastro colocado no centro da aldeia. Quando o mastro é erigido, são atiradas flores e folhas. Tanto o majstången quanto o mastro de São João brasileiro se originaram do "mastro de maio" dos povos germânicos.[16]
Durante a festa, cantam-se vários cânticos tradicionais da época e as pessoas se vestem num estilo rural, tal como no Brasil. Por acontecer no início do verão, são comuns as mesas cheias de alimentos típicos da época, tais como morangos e batatas. Também são tradicionais as simpatias, sendo a mais famosa a das moças que constroem buquês de sete ou nove flores de espécies diferentes e os colocam sob o travesseiro na esperança de sonhar com o futuro marido. No passado, acreditava-se que as ervas colhidas durante esta festa seriam altamente poderosas, e a água das fontes daria boa saúde. Também nessa época, decoram-se as casas com arranjos de folhas e flores, para trazer boa sorte, segundo a superstição.
Durante esse feriado, as grandes cidades suecas tais como Estocolmo e Gotemburgo ficam semi-desertas, pois as pessoas viajam para suas casas de veraneio para realizar as festas. Os acidentes com balões são muito frequentes