quinta-feira, 30 de abril de 2015

Minha Palavra.
Tia Mira, quis deixar neste livreto um pouco de sua vida, sua história tão recheada de realizações enaltecedoras de uma vida extremamente dedicada a Educação Escolar e a Evangelização da gente de nossa terra notadamente a juventude. Sua permanência na terra durante os seus 81 anos de existência foram bem vividos nunca deixando sequer uma pequena mágoa a quem quer que seja.
A dedicação a sua família, aos seus descendentes mais próximos foi extraordinariamente benfazejos deixando com sua partida uma lacuna impreenchível.
Nunca esqueci uma frase colocada no Santinho de celebração da Missa de Sétimo dia da Vovó que diz assim “Vou para Deus, mas não esquecerei daqueles que deixei na terra”, assim Tia Mira é sua memória, jamais será esquecida por nós seus porvindouros. Sabes fiz o seu memorial na Casa de Cultura Professora Valderez Soares sua velha amiga, (Já se encontraram no Céu? Com certeza sim) contendo vários objetos seus, inclusive os seus livros que foram escritos com grande amor para todo povo ipuense. (Mas já foi retirado por vontade de sua Irmã Urânia Coelho.)
Algumas fotografias suas um de seus terços, a Fita Azul das Filhas de Maria, algumas porcelanas, alguns cristais, as suas comendas e certificados, e aquela cristaleira que você mantinha na velha casa guardada com tanto amor e carinho.
E foi assim que quis deixar no escrínio efervescente de minha emoção a sua memória neste pequeno escrito sobre algumas coisas de sua celebridade que foram e continuarão sendo uma história viva de quem viveu devotadamente para os seus e para Cultura de um povo e muito especialmente a juventude.  Saliento aqui a primeira palavra lida por Valdemira – BROMIL, ensinada pelo seu Pai Raimundo Nonato Mello.

O Autor
(Este texto está no livro OBRA E VIDA DE VALDEMIRA COELHO)




1º DE MAIO – MUITO ALÉM DO FERIADO


1_maio
Muito além do feriado
O 1° de maio surgiu como símbolo mundial da luta por direitos trabalhistas. No Brasil, teve significados distintos antes de ser incorporado por Vargas
Bernardo Kocher

No Dia do Trabalho não se trabalha. Esta homenagem às avessas vigora em boa parte do mundo capitalista. O 1º de maio hoje é vivido por muitos apenas como mais um feriado no calendário, mas sua criação foi fruto de uma história de lutos e lutas da classe operária.
As referências simbólicas desse período do ano vêm de longe. Os romanos festejavam entre 30 de abril e 3 de maio as “floralias”, festa dos cereais e das flores. A Idade Média manteve viva a tradição, em comemorações pela “expansão da primavera” ou o “signo da alegria”. Ainda no século XVI, surgiu a primeira associação da estação com o mundo do trabalho, quando legislações corporativas instituíram a jornada de trabalho de oito horas. Foi o caso da legislação de Felipe II, da Espanha, que estabeleceu este direito para os mineiros em 1573 e para os demais trabalhadores em 1593.
No século XIX, esta simbologia foi retomada pelo proletariado moderno, que começava a se organizar. Antes mesmo da consagração da data, reivindicações trabalhistas se inspiravam naquele período do ano. O movimento de padeiros irlandeses contra o trabalho noturno e o dominical no século XIX resultou nos “comícios de maio”, como os descreveu Karl Marx (1818-1883).
Mas foi nos Estados Unidos que se consolidou o moderno significado do 1º de maio, numa série de manifestações que culminaram em tragédia. Em 1832, a jornada de oito horas foi a principal reivindicação das greves que estouraram em Boston, na Filadélfia e em Nova York. Três décadas depois, os operários ainda lutavam pela mesma causa, tanto é que em 1869 criaram a “Liga pelas Oito Horas”. Apesar da crescente organização da classe, as condições de vida dos trabalhadores ficaram ainda piores com a depressão econômica que assolou os Estados Unidos entre 1884 e 1885. A situação se tornou tão calamitosa que em 1886 foi convocada uma greve geral para 1° de maio, usualmente o dia nacional da renovação dos contratos de trabalho. No dia 3, cerca de seis mil operários que permaneciam em greve se reuniram em frente à fábrica McCormick Harvest Works, em Chicago. A manifestação, a princípio, era pacífica, mas a polícia resolveu intervir com violência. Graves incidentes deixaram um saldo de seis mortos e 50 feridos. No dia seguinte, operários anarquistas convocaram, com autorização oficial, um ato de protesto contra a ação da polícia. No meio do comício, uma bomba foi arremessada na direção de policiais que tentavam dispersar a multidão.
O episódio desencadeou uma perseguição a líderes do movimento operário. Depois de um processo suspeito, com caráter marcadamente político, sete deles foram condenados à morte por enforcamento e outro, a quinze anos de prisão.
A luta pela comprovação da inocência dos acusados transformou os “oito mártires de Chicago” em símbolo mundial da injustiça do Estado capitalista contra uma classe trabalhadora oprimida. Ainda mais depois que cinco deles foram, de fato, executados. O incidente americano teve influência crucial nos rumos da 2ª Internacional dos Trabalhadores, organização criada em Paris, em 1889, reunindo representantes operários de vários países sob orientação marxista. Neste congresso, a entidade decretou o 1° de maio como Dia Internacional do Trabalho. A data nasce sob o signo da revolta e da luta.
Em torno dela, os operários passaram a promover um grande número de atividades políticas, sociais e culturais — comícios, greves, passeatas, poesias, peças de teatro, bailes, caricaturas etc. — canalizando a pressão pela melhoria de suas condições de vida. O ponto de partida era, ainda, a necessidade de uma jornada de trabalho de oito horas, que lhes permitiria oito horas de lazer e outras oito de descanso.
As manifestações chegaram ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, justamente no período de transição do Império para a República. O novo regime criou a expectativa de que vários direitos de cidadania seriam adotados, e as manifestações que o movimento operário local promoveu entre 1890 e 1906 refletiram esta esperança. Os trabalhadores braçais foram os que mais se interessaram pela proposta, já que não tinham qualquer proteção social nas suas relações com o patronato.
Pouco numerosa e ainda fortemente vinculada ao passado escravista, a classe trabalhadora carioca adotava uma atitude respeitosa na forma de fazer suas demandas. Nas primeiras comemorações do 1º de maio no Brasil, os manifestantes começavam o dia com uma salva de tiros ou de fogos de artifício. Em seguida, uma comissão de operários ia ao cemitério para visitar túmulos de líderes e de antigos companheiros mortos. O sacrifício dos “oito de Chicago” era lembrado em clima de luto.
Outra parte expressiva das manifestações ficava por conta dos “préstitos”, desfiles em que cada categoria profissional carregava seu estandarte pelas ruas do centro da cidade, acompanhadas por bandas que tocavam músicas oficiais. Para a ocasião, os operários vestiam roupas de qualidade, muito diferentes dos trapos usados no ambiente de trabalho. Queriam ser reconhecidos não só pela sua profissão, mas como cidadãos comuns e civilizados, iguais aos demais. Mais do que buscar melhores condições de vida, tratava-se da reivindicação de um novo status social numa sociedade elitista e excludente.
Neste mesmo sentido, eram feitas visitas às redações dos jornais para divulgar a boa conduta da classe, e depois, geralmente havia um comício. À noite, as manifestações continuavam nas sedes sociais das entidades de classe, intercalando comícios e sessões solenes com atividades de lazer.
Mas as reformas políticas e sociais esperadas do novo regime não vieram. Por conta disso, as manifestações do 1º de maio sofreram profundas mudanças. Com o 1º Congresso Operário Brasileiro, entre 15 e 20 de abril de 1906, uma nova orientação torna-se predominante nas formas de se celebrar a data. A tendência do período anterior é invertida: o luto se transforma em luta.
Um jornal editado por trabalhadores do setor gráfico, publicado em 1916, traduz essa mudança de tom no discurso operário brasileiro, ao tentar convencer seus leitores do novo significado do 1° de maio: “Companheiros, hoje não é dia de festas, foguetórios, bailes, etc… mas sim um dia de protesto, de irmos pedir aos senhores conta do sangue de nossos irmãos derramado por nossa redenção a estes senhores desta sociedade sem igualdade e sem liberdade”. Esta era a ótica dos anarcossindicalistas, para quem a greve deveria ser a forma preferencial de manifestação dos trabalhadores. Esta corrente política foi responsável pela mudança, duradoura, do eixo no qual as manifestações de 1º de maio passaram a se inspirar: era um dia de LUTO, não de LUTA, como até então vinha sendo defendido por setores do operariado.
Embora hegemônica, a interpretação dos anarcossindicalistas para o 1º de maio não era a única. “O Congresso aconselha aos operários e respectivos sindicatos que, no caso em que essa data seja decretada dia feriado, iniciem uma forte propaganda no sentido de patentear a incompatibilidade da adesão do Estado a tal manifestação, que é revolucionária e de luta de classes, apontando o seu trágico epílogo a 11 de novembro de 1887”.
Ao longo dos anos 1910 e 1920, a disputa pelo significado da data ocorreu em ambiente de conflito aberto: as áreas não-operárias não buscavam mais conciliação com o discurso dos trabalhadores, e elaboravam outras interpretações. Nesta direção atuaram a imprensa, o Estado e até a Igreja.

Bendito o 1º de Maio, que nos trazes contigo a alegria das flores, o consolo da prece e o descanso festivo dos que trabalham.
(Correio da Manhã, 1/5/1911).


É que ela – a data de 1º de Maio – deixou de ser uma simples comemoração dos mártires de Chicago, sacrificados em holocausto aos interesses vitais das classes trabalhadoras, para se transformar numa homenagem da própria Civilização aos seus maiores obreiros, quer mourejem no interior das fábricas e oficinas, quer laborem na liberdade dos campos e dos mares. Pode-se dizer, portanto, que o socialismo a instituiu como a marca inicial de suas reivindicações, e a sociedade aceitou como a festa simbólica de sua gratidão.
(A Razão 1/5/1918)

A luta para se definir o significado do 1° de maio se tornaria ainda mais intensa a partir dos anos 1920, quando o comunismo substituiu o anarcossindicalismo na preferência dos operários. Com a ascensão do regime comunista na Rússia em 1917 – e mais tarde no restante da Europa Oriental, após a Segunda Guerra Mundial –, a data ganhou fortes contornos políticos. Enquanto a classe operária conclamava seus companheiros à luta, setores mais conservadores davam outro tratamento à efeméride. Em maio de 1929, o jornal Correio da Manhã publicava uma visão religiosa do feriado, em resposta à influência comunista: “Ontem, os trabalhadores que ainda não se deixaram seduzir pelas utopias comunistas foram à tarde à matriz de Sant’Anna (…). Que ensinamentos lhes terá comunicado o Filho do Carpinteiro?”
Somente na Era Vargas seria elaborado um discurso unificado sobre o 1° de maio no Brasil. O curioso é que esse discurso foi modelado pelo Estado, e não pela sociedade civil. Levantando a bandeira trabalhista, o governo instaurado em 1930 se apropriou da data e a utilizou para fins políticos – para não dizer propagandísticos. Paralelamente às políticas concretas — jornada de oito horas, férias, carteira de trabalho e criação do Ministério do Trabalho —, Vargas investiu em um novo caráter subjetivo para o 1º de maio, afastando-se do significado inicial dado pelos operários à data. O protagonista não é mais o operariado, e sim o Estado, o desenvolvimento econômico, a Nação e o seu dirigente máximo.
Foi uma década de repressão ao movimento operário livre e de instituição de sindicatos atrelados ao Estado. Para regular as atividades do movimento operário, e o mercado de trabalho de forma mais ampla, os sindicatos passaram a ser controlados por normas oficiais, criou-se a carteira de trabalho e foi instituída a Consolidação das Leis do Trabalho. A partir de 1939, o Dia do Trabalho consolidou-se como festividade oficial, conduzida pelo governo. As manifestações passaram a contar com pomposos discursos do presidente no recém-construído estádio do Vasco da Gama. Após a execução do Hino Nacional, postados em torno de um círculo que a todos igualava simbolicamente, Getulio Vargas assim se dirigia ao povo:

Todo trabalhador, qualquer que seja a sua profissão, é (…) um patriota que conjuga o seu esforço individual à ação coletiva em prol da independência econômica da nacionalidade. O nosso progresso não pode ser obra exclusiva do governo, e sim de toda a Nação, de todas as classes, de todos os homens e mulheres que se enobrecem pelo trabalho, valorizando a terra em que nasceram.
(…)
A sociedade brasileira felizmente repele, por índole, as soluções extremistas. Corrigidos os abusos e imprevidências do passado, poderemos encarar o futuro com serenidade, certos de que as utopias ideológicas, na prática verdadeiras calamidades sociais, não conseguirão afastar-nos das normas de equilíbrio e bom senso em que se processa a evolução da nacionalidade.
(Correio da Manhã, 3/5/1940).

Nem luto, nem luta. O 1º de maio nunca mais seria o mesmo no Brasil. E no mundo, também não. As décadas recentes nos afastaram do significado político que lhe deu origem. Isto se deve, por um lado, à derrocada da União Soviética e dos regimes comunistas do Leste europeu, e, por outro, às novas formas de produção: flexível e volátil, o capitalismo globalizado disseminou fábricas por vastas regiões do planeta, articuladas pela informática e pelos meios de comunicação. Este processo desconstruiu o proletariado industrial típico dos séculos XIX e XX, disseminando a produção industrial por vários continentes do planeta, alcançando a Ásia.
Foi-se o proletariado. Sobrou o feriado.
BERNARDO KOCHER é professor de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor da dissertação “Luto-Luta: O Primeiro de Maio no Rio de Janeiro (1890-1940)” (UFF, 1987).
Saiba Mais – Livros:

ABENDROTH, Wolfgang. A História Social do Movimento Trabalhista Europeu. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
DEL ROIO, José Luiz. O 1º de Maio. Cem Anos de Luta. 1886-1986. São Paulo: Global, 1986.
DOMANGET, Maurice. Historia del Primero de Mayo. Buenos Aires: Editorial América, 1956.
ELEY, Geoff. Forjando a democracia. A história da esquerda na Europa, 1850-2000. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005

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1 de maio é o Dia do Trabalhador, data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886. Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial. São os factos históricos que transformaram 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir seus direitos, apenas trabalhavam.

No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e um anos depois a Rússia fez o mesmo.
No Brasil é costume os governos anunciarem o aumento anual do salário mínimo no dia 1 de maio.
No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário por tratar-se do santo padroeiro dos trabalhadores.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas. Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62. Mais de 200 mil operários agrícolas que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.

O Dia do Trabalhador também tem sido tubulento na Turquia, muitas vezes violento e mortal. Este ano fica marcado por uma originalidade : o regime não quis proibir diretamente a manifestação tradicional na PraçaTaksim. Mas começou uma renovação completamente desproporcionada para impedir a chegada a concentração de trabalhadores e intelectuais no local histórico.
No Japão, o 1° de maio é comemorado a… 23 de novembro, desde 1948. É chamado de Kinrou Kansha no Hi ( きんろうかんしゃのひ / 勤労感謝 の日), que traduzindo seria “Dia da Ação de Graças ao Trabalho“.
Muito antes de ser considerado o Dia do Trabalhador, 1 de maio foi dia de outros factos históricos.
  • Em 1500, Pedro Álvares Cabral tomou posse da Ilha de Vera Cruz (atual Brasil), em nome do Rei de Portugal.
  • Já em 1707, passou a vigorar o Tratado de União, que transformou os reinos da Inglaterra e da Escócia em Reino Unido. A ópera ‘As Bodas de Fígaro’, de Mozart, estreou em Viena, Áustria, neste dia, em 1786. E em 1834 foi abolida a escravatura nas colónias inglesas.
  • No primeiro dia de maio de 1960, iniciou-se uma crise diplomática entre antiga União Soviética e os EUA, com o abate do U-2, um avião espião norte-americano, pilotado por Francis Gary Powers.
  • O automobilismo sofre uma grande perda num 1° de maio: em 1994, no Grande Prémio de San Marino, o brasileiro Ayrton Senna sofreu um acidente grave e morreu no mesmo dia.
  • A 1 de maio de 2004, a União Europeia cresceu, com a entrada de mais dez países: República Checa, Hungria, Chipre, Eslováquia, Polónia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia e Malta.
  • E em 2011, 1 de maio foi dia da beatificação do Papa João Paulo II, exatamente no dia em que Barack Obama disse “We got him”, referindo-se ao terrorista Osama Bin Laden, capturado e morto numa operação norte-americana, no Paquistão.
  • Nasceram neste dia Jean de Joinville, escritor francês (1225), Aleksey Khomyakov, poeta russo (1804), e Sidónio Pais, presidente da República de Portugal (1872

História do Dia do Trabalho

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Manifestações e conflitos em Chicago (1886): origem da data
Manifestações e conflitos em Chicago (1886): origem da data

História do Dia do Trabalho

O Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios. 

A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.

Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.

Aqui no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes.

Fatos importantes relacionados ao 1º de maio no Brasil:

- Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer)

- Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.





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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Coisas que irão desaparecer no tempo de nossas vidas
Interessante notar e muito verdadeiro também...  Se essas mudanças são boas ou más depende em parte de como nós nos adaptamos a elas.  Mas, estejamos prontos ou não, aqui elas vêm ou vão...

1. O Correio
Prepare-se para imaginar um mundo sem Correios. Eles estão afundando tanto em problemas financeiros que provavelmente não há maneira de sustentá-los em longo prazo. E-mail, FedEx, DHL e UPS têm praticamente dizimado a receita mínima necessária para manter os Correios vivos. A maioria do que você recebe pelo correio todos os dias é ”lixo” e contas.

2. O cheque
A Grã-Bretanha já está preparando o terreno para acabar com o cheque até 2018. O processamento de cheques custa  bilhões de dólares por ano ao sistema financeiro. Cartões plásticos e transações on-line vão levar à eventual extinção do cheque. Isto joga direto para a morte dos Correios. Se você nunca pagar suas contas pelo correio e nunca receber os boletos pelo correio, os Correios absolutamente estarão fora do negócio.

3. The Newspaper (o jornal)
A geração mais jovem simplesmente não lê jornal. Eles certamente não assinam um jornal impresso que lhes seja entregue. Isso pode acontecer como foi com o leiteiro e o tintureiro. Quanto a ler o jornal on-line, prepare-se para pagar por isso. O aumento dos dispositivos móveis de Internet e e-readers tem motivado todos os jornais e editoras de revistas para formar alianças. Eles reuniram-se com a Apple, Amazon, e as grandes empresas de telefonia celular para desenvolver um modelo de serviços de assinatura paga.

4. O livro
Você diz que nunca vai desistir do livro físico que você segura em sua mão e vira as páginas. Eu disse a mesma coisa sobre o download de música do iTunes. Eu queria que meu CD tivesse cópia impressa. Mas eu rapidamente mudei de ideia quando eu descobri que eu poderia obter álbuns pela metade do preço sem sair de casa para conseguir a última música. A mesma coisa vai acontecer com os livros. Você pode navegar em uma livraria on-line e até mesmo ler um capítulo pré-visualizado antes de comprar. E o preço é menos da metade de um livro real. E pensar na conveniência! Uma vez que você começar movendo os dedos na tela em vez do livro, você vai se achar perdido na história, e não pode esperar para ver o que acontece a seguir, e você se esquece de que está segurando um gadget em vez de um livro.

5. O telefone fixo
A menos que você tenha uma família grande e faz muitas chamadas locais, você não precisa mais do telefone fixo. A maioria das pessoas o mantém simplesmente porque sempre o tiveram. Mas você está pagando encargos duplos para este serviço. Todas as empresas de telefonia celular permitem chamar os clientes do mesmo provedor de celular sem nenhum custo adicional.

6. Music (música)
Esta é uma das partes mais tristes da história da mudança. A indústria da música está morrendo uma morte lenta. Não apenas por causa de downloads ilegais. É a falta de oportunidade para a nova música inovadora chegar às pessoas que gostariam de ouvi-la. A ganância e a corrupção é o problema. As gravadoras e os conglomerados de rádio estão simplesmente se autodestruindo. Mais de 40% das músicas compradas hoje são "Itens de Catálogos", o que significa a música tradicional com a qual o público está familiarizado. Os mais antigos artistas consagrados. Isto também é verdade no circuito de concertos ao vivo. Para explorar este tema fascinante e perturbador ainda, confira o livro, "Appetite for Self-Destruction", de Steve Knopper, e o documentário em vídeo, "Antes que a música morra."

7. Televisão
As rendas das redes tem caído drasticamente. Não apenas por causa da economia. As pessoas estão assistindo TV e filmes transmitidos a partir de seus computadores. E elas estão jogando e fazendo muitas outras coisas que ocupam o tempo que costumava ser gasto assistindo TV. Shows de horário nobre degeneraram abaixo do menor denominador comum. Taxas de TV a cabo estão subindo rapidamente e os comerciais rodam a cada 4 minutos e 30 segundos. Eu digo boa viagem para a maior parte de tudo isso. É hora das companhias de cabo serem postas para fora de nossa miséria. Deixem as pessoas escolher o que querem assistir on-line e através de Netflix.
  
8. As coisas que você possui
Muitos dos bens que usamos e possuímos nós não poderemos realmente possui-los no futuro . Eles podem simplesmente residir na "nuvem ". Hoje o seu computador tem um disco rígido e armazena suas fotos, músicas, filmes e documentos. O software está em um CD ou DVD, e você sempre pode reinstalá-lo se for necessário. Mas tudo isso está mudando. Apple, Microsoft e Google estão terminando seus últimos "serviços em nuvem". Isso significa que quando você ligar o computador, a Internet vai ser incorporada ao sistema operacional. Assim, o Windows, o Google, e o Mac OS serão vinculados diretamente para a Internet. Se você clicar em um ícone, ele vai abrir algo na nuvem Internet. Se você salvar alguma coisa, ela será salva para a nuvem. E você pode pagar uma taxa de assinatura mensal para o provedor de nuvem. Neste mundo virtual, você pode acessar a sua música ou os seus livros, ou qualquer coisa do gênero a partir de qualquer computador portátil ou dispositivo portátil. Essa é a boa notícia. Mas, se você realmente possui alguma dessas "coisas" tudo será capaz de desaparecer a qualquer momento em um grande "Prof ". Será que a maioria das coisas em nossas vidas é descartável e caprichosa? Isso faz você querer correr para o armário e retirar o álbum de fotos, pegar um livro da prateleira, ou abrir uma caixa de CD e apertar a inserção.
9. Privacidade
Se já houve um conceito que podemos olhar para trás com nostalgia, seria privacidade. Isso acabou. Ele se foi há muito tempo de qualquer maneira. Há câmeras na rua, na maior parte dos edifícios, e até mesmo  em seu computador e celular. Mas você pode ter certeza que 24 horas por dia, 7 dias na semana, "Eles" sabem quem você é e onde você está, até as coordenadas GPS, e o Google Street View. Se você comprar alguma coisa, o seu hábito é colocado em um zilhão de perfis e os seus anúncios serão alterados para refletirem os hábitos. "Eles" vão tentar levá-lo a comprar algo mais. Uma e outra vez.

Tudo o que tivermos perdido e que não pode ser alterado são "Memórias”....

E então, provavelmente, o Alzheimer vai tirar isso de você também!

Medite e reflita! Este livre pensar ainda lhe pertence e, por enquanto, não deve ser substituído...




Nos anos 60 e 70 existiam times de futebol de salão representativos das três fábricas de guaraná que rivalizam entre si - Wolga, Brasil e Céu Azul. Certo domingo pela manhã Wolga e Brasil se degladiavam... A quadra estava lotada, papai sentado ao lado do seu Xavier Timbó, gerente da Piratininga, uma firma de seu irmão Abdoral que lidava com algodão. Por causa disso, o seu Xavier trabalhava com algumas carroças e seus respectivos "burros", dentre eles a famosa "Burra preta". Voltemos ao jogo! Bola vem, bola vai... o Tadeu - beque parado, tipo Tintim, jogava pelo Brasil. O jogo já estava nos seus últimos momentos, seu Xavier agoniado com o placar e torcendo pelo sucesso futebolístico do filho, aproveitando aquele momento de um silêncio tenso do jogo, levanta o seu corpo de quase 2 metros de altura e dispara: "TADEU, MEU FILHO, SE VOCÊ FIZER UM GOL, EU LHE DOU A BURRA PRETA!". A quadra toda desaba numa gargalhada que contagiou até os jogadores. Nesse jogo, foi a BURRA PRETA quem ganhou... É isso aí... gostaram? - Tontim


domingo, 26 de abril de 2015

“UMA RUA CHAMADA SAUDADE”

         O jogo sempre foi a paixão, a ruína ou simplesmente a alegria do povo. O jogo do bicho era motivo de grandes discussões numa ruazinha animada no centro da cidade. Ela começa por trás da Igreja Matriz e termina na Praça da Estação. Ela sempre foi habitada por pessoas felizes e honestas. Lá moravam funcionários do Posto de Saúde DNERU, aposentados da Estrada de Ferro e inúmeros fazendeiros abastados. Lembro-me da casa da Deolina, uma costureira afamada que morava com as irmãs, a bela Nenzinha, Totonia e Anita Peres que casou com o meu tio Pretinho. A casa do Chico Lão era um barato, com seus nove filhos bonitos e saudáveis. A rua era uma festa. Como eram divertidas as rodas nas calçadas esperando a passagem do trem ou na hora das novenas. Belos coqueiros enfeitavam o horizonte nas manhãs fagueiras e à noite a lua passeava pelo céu com a sua nudez poética e misteriosa. Havia violões e serestas pelas ruas. Era o Boulevard Pedro II, depois Avenida da Municipalidade e hoje Vereador Francisco das Chagas Farias. No Boulevard morava uma pessoa muito especial, o Sr. Joaquim Dias Martins. Era uma figura inteligente, fina e de família tradicional da cidade. A sua ironia era incomparavelmente cheia de inovações. Era responsável pelos leilões, quermesses e tudo o mais que se passo imaginar em termos de festa e de criatividade. Era prestativo e amigo verdadeiro. Gostava de criar situações interessantes e era um grande contador de “causos” e anedotas. Ele chamava o Boulevard de “Rua do Papoco” porque algumas vezes surgia uma confusão lá pras bandas das casinhas de taipa. Lá moravam a Dulça, a Luça, a Domitila, a Capota, mãe do Peixe, ainda pequenina, o Feitosa e tanta gente boa que ainda mora na minha saudade. Numa coisa os moradores de rua se afinavam. Quase todos alimentavam o sonho de ganhar fortuna jogando no “bicho”. Pela manhã era fácil encontrar rodinhas destrinchando os sonhos de noite para arriscar um palpite. À tardinha era um corre-corre medonho à espera do resultado do jogo. Um emissário fazia plantão no Bar do Zé Procópio para verificar qual o número do bicho que figurava na tabuleta pendurada na parede. Numa bela tarde de maio o jogo estava bastante carregado, mas o resultado estava demorando demais a chegar. Já era quase hora da Procissão e nada. Todos já se dirigiam para a Igreja Matriz e a banda de música já executava os dobrados saudosos no patamar. As filhas de Maria já formavam a ala principal levando o andor da Virgem Maria. No meio da fila estavam a Mundoca, a Bastiana e a Cecília. As três quase não rezavam na ânsia de saber qual o bicho do dia, mas a tábua continuava sem novidades. A procissão prosseguia pelas ruas da cidade e ouvia-se o canto forte de Nossa Senhora que emocionava o mundo inteiro: Ave, ave, ave, Maria…
Quando o cortejo passou bem em frente ao Bar do jogo do bicho houve um movimento fora do comum. Finalmente já era conhecido o número em questão. Como as religiosas eram baixinhas  só havia um meio de saber o resultado do jogo. Era preciso pedir a ajuda da Mundoca por ser ela a mais alta da turma. E Bastiana plagiou:
         Mundoca Farias
         Que és mais alta que eu
         Olha a tábua do Zé Procópio
         E diz o bicho que deu.
Neste momento a Mundoca cantava contrita. Não perdeu a pose. Esticou o pescoço, olhou de rabo de olho e continuou no embalo do hino:
         Ave, ave, ave, AVESTRUZ!
         Ave, ave, ave, AVESTRUZ!          

          

sábado, 25 de abril de 2015

Rochas de chapada do Ceará contam lenda de amor proibido


Impressionam pela semelhança com animais e figuras humanas. Novecentos metros acima do nível do mar, formação das rochas é diferente.

A beleza natural das rochas e montanhas da Chapada de Ibiapaba, no Ceará, atrai turistas e moradores da região por seus mistérios e lendas. Em Guaraciaba do Norte (CE), as pedras impressionam pela semelhança com animais e figuras humanas talhadas com o passar dos anos.

Já na cidade de Tianguá (CE), as formações rochosas são encontradas dentro da cidade e, segundo estudiosos, a área representa um pouco da história da região.“Essa região foi muito usada, há algumas décadas, dentro de um corredor onde os caçadores atuavam. Eles usavam o local para se reabastecer com seus animais”, afirma Amaury Pinto, professor de história.

Por estar cerca de 900 metros acima do nível do mar, as rochas do planalto do Ibiapaba são diferentes de outras formações rochosas do Ceará. “A grande maioria das pedras do estado tem formação cristalina e, em Ibiapaba, elas têm formação sedimentar, ou seja, as rochas são formadas em camadas sobrepostas umas às outras”, diz o geólogo Cláudio Souza.

Em Viçosa do Ceará (CE), as pedras do chamado Castelo de Pedras, segundo a lenda local, representam letras que contam a história de um amor proibido. “Segundo a lenda, o local já foi um povoado indígena e, no processo de catequização, quando os jesuítas aqui vieram, um deles teria se apaixonado por uma índia. Eles tiveram um romance proibido e Deus, em forma de castigo, desceu sobre o local e transformou tudo em pedras “, afirma a educadora ambiental Francivan Vieira.



"Iracema" - Resumo e análise do livro de José Alencar
Escrito em prosa poética, esse romance é um dos principais representantes da vertente indianista do movimento romântico e traça uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira
A narrativa de Iracema estrutura-se em torno da história do amor de Martim por Iracema.
Diferentemente do que ocorre em outros romances de José de Alencar, como O Guarani, o enredo de Iracema é aberto a interpretações. A relação entre Martim e Iracema significa a união entre o branco colonizador e o índio, entre a cultura européia, civilizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons. É uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira.

Ainda menino, Alencar fez uma viagem pelo sertão. A experiência dessa viagem de garoto seria constantemente evocada pelo futuro escritor em seus romances, com imagens e impressões da exuberante natureza brasileira. Alguns espaços merecem destaque por ser palco de importantes acontecimentos desse romance: o campo dos tabajaras, onde fica a taba do pajé Araquém, pai deIracema; a taba de Jacaúna, na terra dos potiguaras (ou pitiguaras); a praia em que vivem Martim e Iracema e onde nasce Moacir. 

IMAGENS E METÁFORAS 
Uma das grandes habilidades de Alencar está em representar o pensamento selvagem por meio de uma linguagem cheia de imagens e de metáforas. Sabe-se que as sociedades que não avançaram no terreno da lógica argumentativa (que pressupõe noções científicas básicas) têm em contrapartida grande riqueza no plano mitológico. Elas se valem dos mitos e das histórias para explicar o mundo. 
O pensamento do selvagem é imagético e, por isso, está muito próximo da poesia. Vê-se nesse ponto como o autor soube unir forma e conteúdo. De outro modo seria difícil caracterizar a linguagem do índio sem prejuízo da verossimilhança. 

BASE HISTÓRICA 
A narrativa inicia-se em 1608, quando Martim Soares Moreno é indicado para regularizar a colonização da região que mais tarde seria conhecida como Ceará.


José de Alencar era leitor assíduo de Walter Scott, criador do romance histórico, e foi influenciado por esse escritor. Como em vários romances de Alencar, Iracema mistura ficção e documento, com enredo que toma como base um argumento histórico. Essa junção se deve também ao projeto de criação de uma literaturanacional, no qual Alencar e os demais escritores românticos do seu tempo estavam fortemente empenhados.


Ainda quanto ao aspecto histórico, que o autor levou em conta ao compor a obra, ressalte-se que os índios potiguaras (habitantes do litoral) eram aliados dos portugueses, enquanto os tabajaras (habitantes das serras cearenses) eram aliados dos franceses. 

ENREDO 
A primeira cena antecipa o fim do livro, o que reforça a unidade da obra: Martim e Moacir deixam a costa do Ceará em uma embarcação, quando o vento lhes traz aos ouvidos o nome deIracema.


No segundo capítulo, a narrativa retrocede no tempo até o nascimento de Iracema. A personagem é então apresentada ao leitor: “Virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira”. A índia é descrita como uma linda e excelente guerreira tabajara, “mais rápida que a ema selvagem”. Por isso mesmo, sua reação ao avistar o explorador Martim é desferir-lhe uma flechada certeira. Essa é também uma referência à flecha de cupido, já que, desde o primeiro olhar trocado pelos personagens, se percebe o amor que floresce entre os dois.


Martim desiste de atacar a índia assim que põe os olhos nela.Iracema, por sua vez, parece atirar a flecha por puro reflexo, pois logo depois se arrepende do gesto e salva o estrangeiro, levando-o até sua aldeia.


Martim é recolhido à aldeia pelo pajé Araquém, pai de Iracema, e apresenta-se a ele como um aliado de seus inimigos potiguaras que se perdera durante uma caçada. O pajé o trata com grande hospitalidade e garante hospedagem, mulheres e a proteção de mil guerreiros.


Iracema oferece mulheres a Martim, que prontamente as recusa e revela sua paixão por ela. O amor de Martim é cristão, idealizado. O de Iracema também, mas por motivo diverso: ela guarda o segredo da jurema, por isso precisa manter se virgem. Esse é o estratagema que Alencar utiliza para transpor o amor romântico europeu às terras americanas. Uma índia, criada fora dos dogmas cristãos, não teria motivos para preservar sua virgindade. 

AMOR PROIBIDO 
As proibições reforçam ainda mais o amor entre a índia e o português. São as primeiras de muitas provações que tal união terá de enfrentar. Em linhas gerais, o romance estrutura-se no embate entre tudo o que une e o que separa os dois amantes.


Irapuã é o chefe guerreiro tabajara e funcionará, no esquema narrativo da obra, como um antagonista de Martim. Na primeira desavença entre os dois, o velho pajé Andira, irmão de Araquém, intervém em favor do estrangeiro. Iracema pergunta ao amado o motivo de sua tristeza e, percebendo que ele tinha saudade de seu povo, pergunta se uma noiva branca espera pelo seu guerreiro. “Ela não é mais doce do que Iracema”, responde Martim. Irapuã nutre amor não correspondido pela virgem e logo reconhece no português um inimigo mortal.


Iracema conduz Martim ao bosque sagrado, onde lhe ministra uma poção alucinógena. O guerreiro branco delira, e a índia adormece entre os seus braços.


Enquanto isso, Itapuã continua alimentando planos para se livrar do estrangeiro. O amor entre os protagonistas parece impossível de se concretizar, por isso Martim é coagido por Iracema a voltar para sua terra. Caubi, irmão de Iracema, acompanha-os. No caminho de volta, porém, são atacados por guerreiros liderados por Irapuã. Martim, Iracema e Caubi refugiam-se na taba do pajé Araquém, que usa de um truque para salvar o português da ira do chefe guerreiro.


Sucede-se o encontro amoroso entre Martim e Iracema, narrado delicadamente pelo autor. Martim está inconsciente por ter ingerido a bebida da jurema e a índia deita-se ao seu lado. A frase “Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras” é a sutil indicação de que a união amorosa se realizara. 
Os acontecimentos que se seguem têm como pano de fundo a guerra entre potiguaras e tabajaras. Martim escapa de seus inimigos tabajaras e une-se aos vencedores potiguaras. Iracema, porém, sente-se profundamente triste pela morte dos entes queridos e não suporta viver na terra de seus inimigos.


O casal muda-se então para uma cabana afastada, localizada numa praia idílica. Com eles vai Poti, o grande amigo de Martim. Lá vivem um tempo de felicidade, culminando com a gravidez de Iracema e o batismo indígena de Martim, que recebe o nome de Coatiabo, ou “gente pintada”. Com o passar do tempo, contudo, o português se entristece por não poder dar vazão a seu espírito guerreiro e por estar com muita saudade de sua gente. A bela índia tabajara também se mostra cada vez mais triste. 
Numa ocasião em que Martim e Poti saem para uma batalha, nasce o filho, Moacir. Quando os dois amigos voltam da guerra, encontramIracema à beira da morte. O corpo da índia é enterrado aos pés de um coqueiro, em cujas folhas se pode ouvir um lamento. Daí vem o nome Ceará, canto de sua jandaia de estimação, uma ave que sempre a acompanhava. 

CONCLUSÃO 
Iracema, por amor a Martim, abandona família, povo, religião e deus. É uma clara referência à submissão do indígena ao colonizador português. Alguns dizem que o nome Iracema é também um anagrama de América.
Nenh