segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ipu... Saudades
Lainha Pereira.

Ipu cidade encanto
Cascata jorrando num pranto
Do teu passado, a saudade.

Das praças, resta a lembrança.
De quando eu era criança
Hoje tudo é saudade...

Do coreto só uma fotografia
Antes eu sempre via
Agora tudo é saudade...

Da bandinha musical
Com seu ritmo divinal
Também me deixa saudade

Do cenáculo em festa,
De do Yraciara o que resta
Se hoje tudo é saudade...


PARA OS AMANTES DO TANGO  . . . .

Trata - se  de um tango uruguaio, um dos mais lindos da história, não produzido por um argentino.
É intrigante a história desse tango. 

Quando se pensa em tango, fala-se da Argentina!   Quando se fala em tango, pensa-se em “La Cumparsita”, que é o mais difundido e conhecido em todo o mundo!   Mas, “La Cumparsita” encerra muitos mistérios, pois tudo (origem, título, cantor mais famoso, etc.) que envolve “La Cumparsita” tem algo de misterioso e de incerto.    Vamos tentar desvendar alguns deles?
“La Cumparsita” é um tango uruguaio!   Foi composto e escrito no Uruguai, pelo compositor uruguaio Gerardo Hernán Matos Rodríguez.   Acredita-se que ele tenha começado a compô-la em fins de 1915 e a tenha terminado no começo de 1916, pois foi estreada em 1916 no café “La Giralda”, de Montevidéu (Uruguai).   Em suma, “La Cumparsita” é um “tango” (de verdade) e é “uruguaio”.

A composição foi feita especialmente para uma “comparsa” de carnaval formada pela Federación de los Estudiantes del Uruguay.   “Comparsa” era uma espécie de “bloco carnavalesco”, formado por um grupo de pessoas que usavam roupas iguais (geralmente usando máscaras), e que desfilavam pelas ruas, dançando e cantando.

A Federación de los Estudiantes del Uruguay formou um bloco carnavalesco e precisava duma música.   Veja abaixo, uma impressão da partitura, com indicação da autoria atribuída ao uruguaio Matos Rodríguez, e com a dedicatória do autor aos vários "estudiantes" que formava a "comparsa" (ou "cumparsa", como Rodríguez escreveu), bem como a capa caricaturizando uma "cumparsa" ("comparsa") da Federación de los Estudiantes del Uruguay:
O estranho — e aqui o segundo “mistério” — é que a palavra “cumparsita” (com “u”) não existe no idioma espanhol, nem mesmo como “regionalismo” do Uruguai ou da Argentina.  Se existisse, seria um diminutivo de “cumparsa”.  Não se sabe por que o autor batizou a música de “La Cumparsita”.   Talvez por uma brincadeira com a Federación de los Estudiantes del Uruguay, para quem ela foi composta para uso numa “comparsa” (“bloco carnavalesco”), alterando “comparsa” para “cumparsa”.

Como a música foi feita para uma “comparsa” e considerando que na capa da primeira edição há a ilustração duma espécie de bloco carnavalesco, é de se acreditar que, pensando em “La Comparsa”, ele a tenha jocosamente batizado de “La Cumparsita” (“O Pequeno Bloco Carnavalesco”), da mesma forma que como nós poderíamos dizer, chistosamente, “dixfile carnavalesco” ou “isto está uma dilixa!”.   É interessante que a letra de Matos Rodríguez começa com “cumparsa” (e não com “comparsa”).    Bem, pode até ser que o jovem compositor (de uns 18 anos) não soubesse soletrar a palavra, e a forma errada da grafia usada acabou “pegando” de tal modo que uma alteração posterior retiraria a identidade da música (Lembra do “Engole ele, paletó”?).
Mais tarde, letristas argentinos criaram uma outra letra para a música, que chegou a ser chamada de “Si Supieras” (“Se Soubesses”), mas, ante a fama que já existia, o título voltou a ser, na Argentina, “La Cumparsita”.   Todavia, a palavra “comparsa” não aparece na letra argentina e o tema nada tem a ver com uma “Cumparsita”.   Mas, é esta letra que é usada na versão argentina.
“La Cumparsita”, galgou fama mundial (com a letra argentina, que nada tem a ver com uma “comparsa”, repita-se), uns 20 anos depois, na voz de outro uruguaio, da cidade de Tacuarembó (mas, alguns dizem que era francês, da cidade de Toulouse) — Carlos Gardel, que acabou se naturalizando argentino, e que simplesmente “adorava” a cidade de Buenos Aires.

A nacionalidade real de Carlos Gardel é o terceiro “mistério” — ninguém sabe, não há documentos, por mais incrível que possa parecer.  Seu nome original era Charles Gardes ou Gardés (até nisso há incerteza), mas não era bom nome artístico, de modo que o “s” for trocado por um “l”, pois ficava mais apelativo e mais demorado na língua espanhola (algo como “Carlos Gardêlllllllllllllllll” — Não diga “Gardél”, mas sempre “Gardêl”, pois o “e” não tem som aberto em espanhol).

Através de decreto legislativo, “La Cumparsita” foi declarado “Himno Cultural y Popular de la República Oriental del Uruguay” em 02/01/1998.   Por isso, quando os atletas da Argentina entraram no estádio de Sidnei, nas Olimpíadas de 2000, ao som de “La Cumparsita”, houve um protesto formal do Governo Uruguaio.

É uma das músicas em que se praticou o maior índice de licenciosidade quanto à velocidade.  “La Cumparsita” é executada desde um ritmo extremamente lento até uma cadência alucinantemente veloz.

Abaixo, seguem a letra original do compositor uruguaio Gerardo Hernán Matos Rodríguez (veja como ela se refere a uma “comparsa”) e a letra feita na Argentina (note que nada tem a ver com o título), e que era cantada por Carlos Gardel.


 Anexo, uma bela representação uruguaia do tango ( video) e, no final, a declamação dos primeiros versos da canção original.


LETRA ORIGINAL



LA CUMPARSITA



La cumparsa de miserias sin fin desfila,

en torno de aquel ser enfermo,

que pronto ha de morir de pena.

Por eso es que en su lecho

solloza acongojado, recordando el pasado

que lo hace padecer..



Abandonó a su viejita.

Que quedó desamparada.

Y loco de pasión, ciego de amor,

corrió tras de su amada,

que era linda, era hechicera,

de lujuria era una flor,

que burló su querer

hasta que se cansó

y por otro lo dejó..



Largo tiempo después,

cayó al hogar materno.

Para poder curar su enfermo

y herido corazón.

Y supo que su viejita santa,

la que él había dejado,

el invierno pasado

de frío se murió.



Hoy ya solo abandonado,

a lo triste de su suerte,

ansioso espera la muerte,

que bien pronto ha de llegar.

Y entre la triste frialdad

que lenta invade el corazón

sintió la cruda sensación de su maldad.



Entre sombras se le oye respirar sufriente,

al que antes de morir sonríe,

porque una dulce paz le llega.

Sintió que desde el cielo la madrecita buena

mitigando sus penas sus culpas perdonó..



LETRA ARGENTINA



SI SUPIERAS



Si supieras que aún dentro de mi alma

Conservo aquel cariño que tuve para ti

Quien sabe si supieras

Que nunca te he olvidado

Volviendo a tu pasado

Te acordarás de mí.



Los amigos ya no vienen

Ni siquiera a visitarme

Nadie quiere consolarme

En mi aflicción.

Desde el da que te fuiste

Siento angustias en mi pecho,

Decí percanta: ¿Qué has hecho

De mi pobre corazón?

Al cuartito abandonado.



Ya ni el sol de la mañana

Asoma por la ventana,

Como cuando estabas vos

Y aquel perrito compaero.

Que por tu ausencia no comía

Al verme solo, el otro día

También me dejó.

Si supieras... ... ... ...
















sábado, 28 de novembro de 2015


O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma humana se nutre do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará se nivelar com ele, destruindo a sua fortuna.
As pessoas que são curiosas e indiscretas são geralmente invejosas; porque conhecer muito a respeito da vida alheia não pode resultar do que concernem os próprios negócios. Isso deve provir, portanto, de tomar uma espécie de prazer teatral a admirar a fortuna dos outros. Aliás, quem não se ocupa senão dos próprios negócios não encontra matéria para invejas. Porque a inveja é uma paixão calaceira, isto é, passeia pelas ruas e não fica em casa.
Conte seu jardim só por suas flores e nunca pelas folhas caídas no chão. E a vida pelas horas mais felizes e não pela escuridão. Conte suas noites pelas estrelas...

Resumo


O livro Iracema de José de Alencar publicado em 1865, considerado romântico da fase indianista aborda a história de amor entre Martim que se perdeu na mata e a índia pitiguara Iracema, também denominada no romance como a virgem dos lábios de mel. O guerreiro branco é acolhido pela tribo de Iracema que se apaixona pelo rapaz, no entanto, por ser filha do pajé e guardar o segredo da jurema ela não poderia se entregar a nenhum homem. Enquanto Iracema toma conta do seu hóspede, os índios da tribo tabajara se preparam para a guerra contra os pitiguaras, assim Poti, índio que se unira aos brancos e amigo de Martim, aparece para levá-lo para evitar uma luta entre os índios de tribos rivais. Eles combinam que Martim sairá na mudança da lua, ocasião em que os tabajaras estariam em festa e ficaria mais fácil os dois evitarem o encontro com o guerreiro Irapuã, que é apaixonado por Iracema. Enquanto esperava o momento de partir, Martim provou o licor da jurema e, durante o sono, chamou por ela que atendeu ao pedido dele. Quando Martim acordou, achou que tudo tinha sido um sonho, quando na verdade tudo foi real. Chega o dia dele partir, Iracema o acompanha até os limites de sua tribo, quando ele manda que ela fique, a índia diz que não pode ficar, pois já é sua esposa. Os tabajaras os perseguiram e houve o confronto entre as duas tribos. Iracema chorou pela morte de seus irmãos, mas passou a viver feliz com Martim. Depois de certo tempo muito felizes, Martim deixa Iracema para ajudar os pitiguaras na luta contra a tribo dela, deixando Iracema grávida, sendo consumida pela tristeza e a saudade de seu marido. Após um longo período de lutas, Martim e Poti bolam uma estratégia de defesa, escondem os guerreiros e atacam de surpresa, vencendo o inimigo. Durante este combate, Iracema dá a luz a seu filho, que se chama de Moacir - filho da dor. Pela tristeza, ela perde o apetite e as forças. Quando volta do combate, Martim a encontra fraca, à beira da morte. Ela apenas apresenta o filho ao marido e morre, pedindo que a enterre aos pés do coqueiro que ela tanto gostava. Após enterrá-la, Martim pega o filho e parte para a Europa.

Análise

A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto o colonizador Martim representa a cultura europeia. Da junção dos dois surgirá a nação brasileira, representada alegoricamente, pelo filho do casal, Moacir ("filho da dor").

O espaço

A valorização da cor local, do típico, do exótico inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo. 



Resgatando a época dos alto-falantes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de janeiro de 1988
A feliz ideia de implantar rádios populares na periferia de Curitiba, num trabalho de integração comunitária, é uma espécie de sofisticação dos antigos serviços de alto-falantes, que durante décadas se constituíam em válida forma de comunicação nos bairros e cidades do Interior. Especialmente nos fins de semana, em festas paroquiais, junto aos circos e parques de diversões - que praticamente desapareceram a partir dos anos 70 - os serviços de alto-falante, com sua linguagem própria, rodando antigos sucessos em frágeis 78 rpm (quando ainda não existia o elepê), levavam a alegria e a comunicação a muitas comunidades. xxx Até hoje, nunca houve preocupação de se estudar a função social-cultural que os serviços de alto-falante representam em todo o Brasil (e que ainda subsistem em algumas comunidades menores). Muitos profissionais do rádio começaram dentro de serviços de alto-falante, como locutores e técnicos. Bonitas vozes se revelaram e a improvisação que os "animadores" faziam especialmente nas "dedicatórias" das músicas - "o rapaz de terno de linho branco oferece a guarânia "Índia" para a moça de blusa vermelha e saia azul que está na roda gigante" - marcava uma época. xxx Em Curitiba chegaram a existir mais de dez serviços de alto-falante, alguns dos quais representaram, por anos, a sobrevivência profissional de algumas famílias. Hoje, praticamente inexistem em termos autônomos - e através da rádio popular, a Fundação Cultural estará oferecendo aos bairros um veículo que fala de assuntos locais, transmitindo inclusive partidas de futebol (o fim do chamado "futebol de várzea" é outro aspecto a ser estudado na transformação urbana), substituindo, felizmente, a linguagem pasteurizada, cansativa e imposta com o pior da música - tanto nacional como internacional - que as AMs e, especialmente, as FMs, trouxeram nestes últimos anos. Uma reação popular, humilde - mas profundamente honesta e coerente, com gosto de povo, à falsa elite e a linguagem pernóstica, falsamente acariocada, que os jovens "comunicadores" das rádios particulares insistem em impor junto aos ouvintes.



 Novembro

Nossa Senhora das Dores de Kibeho
Nossa Senhora das Dores apareceu a três jovens, Afonsina Mumureke, Natália Mukamazimpaka e Maria Clara Mukangango entre 1981 e 1982, em Kibeho, Ruanda, centro da África. Foi a primeira aparição da Virgem Maria no continente africano reconhecida por autoridades da Igreja Católica.

No final de 1981, Kibeho era apenas uma das pequenas aldeias pertencentes à diocese de Gikongoro. Nela havia um colégio fundado e dirigido por três Irmãs católicas, onde jovens ruandesas estudavam para serem secretárias ou professoras primárias. Como não se tratava de colégio para formação de religiosas, alí não se vivia um clima particular de devoção, pois sequer possuía uma capela. Podemos entender aí o fundamento das aparições de Maria.

No almoço do dia 28 de novembro deste ano, Afonsina, de dezesseis anos, estava servindo suas colegas no refeitório quando ouviu nitidamente uma voz que a chamava: "Minha filha, venha até aqui". A voz procedia do corredor, no fundo da sala de refeições. Afonsina foi até lá e viu, pela primeira vez, a Senhora.

Assustada, Afonsina, pediu à desconhecida que fosse embora. A Santíssima Virgem então se apresentou no dialeto ruandês: "Ndi Nyina Wa Jambo", isto é "Eu sou a Mãe do Verbo". A estudante contou todo o ocorrido às religiosas e às colegas, mas ninguém lhe deu crédito. Como as aparições continuaram, Afonsina acabou passando por histérica. Sofrendo com essa situação, numa das visões ela pediu à Mãe que aparecesse ao menos às suas amigas, Natália e Maria Clara.

Assim no dia 12 de janeiro de 1982, a Virgem apareceu para Natália que tinha dezessete anos. Depois para a Maria Clara, esta com vinte e um anos e a mais descrente. Só então as mensagens foram aceitas. Elas pediam a verdadeira conversão dos cristãos, através de muita oração, penitência e jejum.

Mas foi a descrição da última aparição, em 15 de agosto de 1982, que possibilitou verificar sua autenticidade, pois depois se confirmou como terrível realidade. Nesta, Maria apareceu para as três videntes juntas e lhes mostrou cenas impressionantes que enchiam de dor seu imaculado coração. Era um verdadeiro mar de sangue, pessoas que se matavam entre si, cadáveres abandonados sem sepultura... As imagens eram a antecipação da guerra civil deflagrada entre abril e julho de 1994, quando Ruanda viveu seu próprio genocídio.

Depois de vários anos de estudos, por parte da comissão médica e teológica, no final de junho de 2001, as aparições foram reconhecidas oficialmente pela autoridade eclesiástica local. No dia 31 de maio de 2003, às dez horas da manhã, estava o Prefeito da Congregação para a evangelização dos povos, enviado do Papa, formalizando a consagração do Santuário à Nossa Senhora das Dores de Kibeho, através da missa solene realizada com a presença de todos os Bispos ruandeses, quando diante de todos os fiéis se repetiu o fenômeno da dança do sol, como em Fátima, no dia 13 de outubro de 1913. Ele durou oito minutos e foi filmado e fotografado por repórteres profissionais e amadores.

Informado e depois de ver todos os documentos, o Papa João Paulo II declarou: "Nossa Senhora das Dores de Kibeho é a Fátima do coração da África".


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

QUE DEUS ME LIVRE

Que DEUS me livre da hipocrisia, falsidade, mentira e maldade. A vida é muito curta pra eu perder tempo fingindo ou mentindo para mim ou as pessoas. Quero ser verdadeiro no que sou e faço. Sorrir, chorar, abraçar, beijar... ser eu.Tudo isso no maior grau de intensidade possível. Se for pra viver que seja da melhor forma e se a forma que julgo não for acarreta, pelo menos tentei. A certeza de que fiz de coração e fui honesto comigo mesmo, serão sempre superior!


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O município do Ipu ganha locomotiva para seu acervo cultural

Do Blog - netcina.com.br

O Prefeito de Ipu, Sérgio Rufino (PCdoB) participou durante a semana de uma reunião na sede da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA).
Sérgio Rufino na companhia do amigo ecologista ipuense Olívio Martins foram recebidos pelo diretor Dr. José Hamilton Pereira, e o diretor da R&B manutenção e reparos, Sr. Regis Bezerra.
Após a reunião, Sérgio Rufino disse em rede social: “Temos a grata satisfação de informar aos Ipuenses que conseguimos junto ao DNIT a doação de uma locomotiva [com dois vagões], e já autorizada pela Transnordestina, através de seu presidente Ciro Gomes, para compor o acervo cultural, patrimonial e histórico do município de Ipu. Equipamento esse que por muito tempo fez parte do dia a dia de nossa cidade, substituindo a Maria Fumaça e sendo umas das primeiras locomotivas movida a Diesel no Brasil. Vamos agora tomar as providências necessárias para sua recuperação”, informou o prefeito.
A locomotiva, será recuperada para depois ser fixada na Estação Ferroviária de Ipu onde será utilizada como monumento histórico. O objetivo é adaptar a locomotiva para receber visitações e servir de ponto de encontro para um café. Segundo o ecologista Olívio Martins, “a Estação Ferroviária de Ipu reviverá seu passado glorioso. Os mais velhos matarão saudades daqueles belos tempos. E os mais jovens terão a noção do que o transporte ferroviário representava para Ipu. O conjunto de uma locomotiva e de dois vagões vai configurar o quanto a Estrada Ferroviária foi importante para o município nos aspectos arquitetônico, econômico, urbanístico, social, artístico e cultural”, disse.
Em várias cidades brasileiras e pelo mundo, os vagões antigos de trens são transformados em um ambiente agradável onde os moradores da cidade e turistas tomam um café ou vazem leituras.
Em fortaleza existe um vagão de trem na praça Luíza Távora, no bairro Aldeota, que funciona como um café e biblioteca.



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A falsidade

A falsidade é um sentimento humano, quase instintivo, irmão da hipocrisia e pai da mentira. Quando a percebemos em um amigo e, pior ainda, na pessoa amada, mais do que a confiança, esvai-se o desejo de acreditar na bondade humana, uma triste e perniciosa ilusão, com a qual nos defendemos da realidade, nessa eterna busca de proteção contra o desamparo.

Para encontrar respostas, tempere as ilusões com um pouco de realidade, sem negar os conflitos e sem esconder de ti mesma a infinita maldade dos homens.

Enfim, não esperes por um ser humano perfeito, que nunca vá te desamparar, alguém que haverá de embelezar a tua vida com pílulas de felicidade, porque, vivendo na ilusão, podes até encontrar proteção contra o desamparo e a solidão, mas deixarás de exercer a tua potencialidade criativa, experiência multifacetada e rica, que revela a singularidade da vida humana.

A felicidade está em ti, e não nos falsos amigos e amantes de coração vazio! Cresce e deixa a carapaça da tua infantilidade! Não atribua aos amigos traiçoeiros a culpa dos teus males, porque cada um dá apenas o que tem! De um coração pérfido, só podes esperar a perfídia!

 A culpa é tua, porque abdicaste da própria felicidade, entregando o teu destino nas mãos de outra pessoa, mesmo sabendo que o maior interessado eras tu, e ninguém mais..

Aprende com os falsos amigos, porque de mentira em mentira, descobres a verdade. . .

Mas lembra-te: só é forte quem resiste aos fracos!


terça-feira, 24 de novembro de 2015

De um Alguém para Outro Alguém - Descartes Gadelha 
26 de fevereiro de 1991
(TRANSCRITO DO CONVITE)
" De um alguém para outro alguém"
Memórias que são imaginação e devaneios que são inspiração fazem a surpresa na pintura de Descartes Gadelha, e essa surpresa impõe às telas parte de sua força. Assim, o uso da surpresa como poder e como recurso do pensamento, cristalizado em pinceladas, é a estratégia utilizada pelo artista para construir o inesperado.
A obra de Descartes é tão humana que deixa o observador inquieto, pensativo e alarmado. E isso é bom. Sacode o mundo de hoje das pragas tecnicistas, das pinturas, computadorizadas e das inteligências artificializadas. E assim o profissional Descartes Gadelha se inscreve no social e no científico ao representar a história e a estória da prostituição de Fortaleza- que é a do Brasil na mesma dimensão cultural proibida, marginalizada. Note-se que "a hipocrisia da sociedade cristã-ocidental tenta minar a condição de cidadã que toda prostituta deve possuir" (Rudnicki, D., 1990:21).
Sem esgotar psicologicamente o tema, o artista num laborioso percurso, misto de reminiscências de infância, de curiosidades juvenís e de interpretações de adulto, desfila e desafia a "urbis". Imprime, portanto, um embasamento sócio-antropológico ao seu trabalho.
Com isso Fortaleza, a cidade, acaba de contrair uma dívida com Descartes porque ele traz a tona e revive o mundo oculto do "Curral" (o "Curral das Éguas") dos Anos 30; do Arraial Moura Brasil dos Anos 40; do " Cinzas" dos Anos 50; do "Pirambú" dos Anos 60; do "Farol" dos Anos 60 e 70; do "Centro" de todas as décadas das do 1900's. Descartes consegue captar, com coerência e representatividade, a mudança social de cenário do tráfego metropolitano dos anos 70, condensar os efeitos da "mídia" doso anos 80 e, assim, absolver as inovações do jogo de sexo na Fortaleza atual.
O portentoso resultado dessa experiência etnográfica de campo, completada com a do estúdio, é a exposição bem abrangente do núcleo temático descartiano, " De um Alguém para outro Alguém".
No seu conjunto, a exposição é forte nos amarelos fauvistas e vermelhos flamejantes, e apresenta, em crua nudez, uma visão quase fantasmagórica na imagem de mulheres exalando e expulsando libido da maneira a mais orgíaca. Será possível retratar e decompôr o libido sem ser um Freud?
Na mulher decodificada por Descartes Gadelha, e de contornos expressionistas; ou de cócoras, a velha ou a moça, é sentido de alerta e expressão de força e altivez. E se mulher, "da vida" ou "do lar", está em pé e traz o braço acotovelado para uma mão na cintura ou no quadril, então esta mulher é forjada pelo aço da vida dura, amarga, mas aí está a desfiar o mundo.
Descartes se inspira na natureza, sim; natureza aberta e em contínua gestação. Mas ele também assola, invade essa natureza (esse mar, esse céu, essa parede, esse tapume, esse corredor-tabique, esse pardieiro) com o indivíduo, o pária, o homem marcado, a trama e o trauma sociais, os conflitos; as descontinuidades e marginalidades no social.. Se gritantes ou sutis, depende do seu humor, da sua "verve" momentânea, ou da inspiração que decidiu captar na sua "construção da realidade" (Berger, P. e Luckmann, T. 1983).
Nesse esforço de delimitação temática "De Alguém para outro Alguém", Descartes Gadelha descortina o mundo inteiro do mistério, da dor, da paixão, da decadência, do amor. Na modéstia-brejeirice do tema proposto, investigado e dissecado, Descartes teoriza, na tela, a Arte, o Discurso, e o Dilema da sexualidade humana. Ou, noutras palavras, as artes da feminilidade, os discursos da libido, os dilemas da identidade social.
Trecho do artigo: Descartes, " De um alguém para outro alguém"
Zélia Sá V. Camurça
Segundo Descartes: O termo "DE UM ALGUÉM PARA OUTRO ALGUÉM", foi colhido na década de 60 na Amplificadora Brasil, popularmente chamada de irradiadora, localizada no Arraial Moura Brasil e que prestava importante serviço de comunicação à comunidade.
Era comum ouvir-se mensagens sonoras como estas:
"ESTA LINDA PÁGINA MUSICAL VAI DE UM ALGUÉM PARA OUTRO ALGUÉM QUE ESTÁ MUITO ARREPENDIDO" ou "ESTA MIMOSA JÓIA MUSICAL É UMA SOLICITAÇÃO DE UM ALGUÉM PARA OUTRO ALGUÉM QUE OFERECE AO SEU PRÓPRIO CORAÇÃO FERIDO E QUE OUTRO ALGUÉM SABE QUEM É".


(RECORTES DE JORNAIS DA ÉPOCA)
Jornal Diário do Nordeste - 26 de fevereiro de 1991
De um alguém para outro alguém
Cenas da prostituição em Fortaleza em 80 quadros de Descartes Gadelha
'Esta linda página musical vai de um alguém para outro alguém'. A frase ouvida há 30 anos pelo artista plástico Descartes Gadelha, 47 anos, na amplificadora Brasil, instalada na região do baixo meretrício chamada "Curral das Éguas", no bairro do Arraial Moura Brasil, inspirou a exposição intitulada "De Um Alguém Para Outro Alguém" que estará em mostra simultânea, a partir de hoje, na Galeria Domini e no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, sendo que o vernissage do MAUC só acontece dia 27.
"De Um Alguém Para Outro Alguém" são as impressões de Gadelha sobre o meio ambiente de prostituição do qual tem referência desde pequeno, quando morava na Castro e Silva, rua circundante da zona considerada promíscua. A visão de Descartes, que salta aos olhos dos espectadores em 80 telas, em óleo sobre tela, em diversos tamanhos, entretanto é contrária à sociedade da época.
Distoando da opinião geral, Gadelha sempre observou os habitantes do curral pelo lado filosófico - como ensina seu pai - um místico que via naquele lugar um estágio da condição humana ou da evolução de algumas pessoas. Ultrapassada a barreira do preconceito foi mais fácil conviver sem remorsos ou cobranças com as mulheres que sobreviviam das casas de recursos e com a nostalgia de ruas, vielas e casas bem pintadas rodeadas pelo mar, luar, a estação de trem, a Santa Casa de Misericórdia, o Passeio Público e a antiga cadeia pública.
Do "Curral das Éguas", Descartes captou a alma das prostitutas, dos bêbados, dos gigolôs e dos agenciadores de garotas que formavam uma grande família uma espécie de tribo urbana a abrigar as mulheres imprestáveis às grandes pensões. Descartes relembra a trajetória percorrida pelas meretrizes nos lupanares. "As prostitutas de antigamente, ao contrário de hoje, praticamente não tinham escolha. Depois do defloramento não seguido do casamento as mulheres eram obrigadas a sustentarem-se e a única opção eram as pensões ou casa de recursos".
A via-crucis seguida pelas "meninas" era guiada, inexoravelmente, pela decadência. "Elas começaram nas grandes pensões como a Fascinação, na esquina da Senador Alencar com Castro e Silva que tinha como marca registrada a música Fascinação na voz de Carlos Galhardo. Outra casa considerada "classe A" era a Hollywood, onde se encontrava as novidades que apareciam na praça. Garotas com 18 anos, recém-acolhidas pela dona da pensão. Da Fascinação e Hollywood as mulheres desciam para a América, Los Angeles ou Califórnia. De lá para o Zé Tatá ou o Oitão Preto, quando as mulheres atingiam 25 anos, já estavam no Curral.
"Esse movimento de decadência e de descida era natural e encarado como inevitável", afirma Gadelha. No Curral, elas arranjavam velhos para sustentá-las até mais ou menos uns 35 anos e, depois disso, tornavam-se cafezeiras, boleiras e executavam pequenos serviços. As prostitutas, segundo a pesquisa empírica, com base na vivência de Gadelha, nunca morriam velhas. "Elas não passavam dos 50 anos, talvez pelas condições de vida, alimentação e, principalmente, pela grande quantidade de bebida que consumiam".
Na hora da morte, conta Gadelha, revelava-se o momento mais fraterno e religioso da comunidade. Quando a companheira não tinha dinheiro para ser enterrada, as prostitutas se cootizavam e iam deixar o dinheiro na seda da amplificadora Brasil que passava todo o dia tocando a Ave-Maria, de Shunbert, na voz de Vicente Celestino. O código era tão perfeito que ao se ouvir a música, todos no arraial sabiam da morte da prostituta, a ser velada na capela de Santa Terezinha, construída pelas mulheres-damas, hoje o único marco referencial da extinta comunidade.
A extinção do "Curral das Éguas" e a dispersão de seus moradores foi causada pela expansão da cidade e a construção, na década de 70, da Av. Castelo Branco, a conhecida Leste-Oeste. Segundo Gadelha, não havia necessidade da destruição do Curral. O "Curral era uma tradição da cidade, o lado romântico e ingênuo da prostituição, muito diferente das casas de hoje".
O fim das vilas e das casas de madeira, papelão ou sacos plásticos, que delineavam o quadro surrealista, digno de Hieronymus Bosch e Peter Bruegel, deslocou seus habitantes para outras regiões da cidade também conhecidas zonas de prostituição como o "Farol do Mucuripe", a Barra do Ceará e algumas ruas do centro. Com o deslocamento, frisou o pintor, foi desmantelada toda a organização social da cidade e houve um estágio de decadência generalizada das prostitutas.
A exposição de Gadelha retrata, com predominância em tons artificiais da noite, toda essa trajetória - desde os anos 60, a dispersão e a retomada dos pontos de pregação que estão ressurgindo, na conclusão de Gadelha, com maior perversão e brutalidade. Vários fatores contribuem para a violência: a consciência da desgraça que leva ao desespero e desengano, a Aids a deixar os habitantes da noite apavorados, o comércio sexual e o uso demasiado das drogas. "Há trinta anos não se ouvia falar em cocaína. Usava-se pouca maconha e muito álcool.
Os 80 trabalhos mostram basicamente figuras humanas, algumas documentadas nos anos 60 e outras pintadas nos novos pontos. Além do estudo descompromissado com o rigor científico - este só ganha ares de pesquisa antropológica quando a professora Zélia Sá Camurça cristaliza com palavras as cores expressas nas tintas - há um lado mais irônico e caricato. "É o conteúdo brega muito ligado com as pessoas retratadas", destaca.
Neste lado brega cabem louvores a canções como "A Carta", de Waldick Soriano; "O Teu retrato", de Vicente Celestino; o Delírio de Xuxas e Paquitas, Bichas fazendo Pegação ou uma "Paquera Romântica" e o "Assalto" da prostituta "Durante o Êxtase". "A Exposição, define Gadelha, é uma prestação de contas, um balanço das impressões emocionais e visuais percebidas e sentidas no meio onde vive: Retrata a geléia em que se tornou a condição humana. É uma síntese da vida", só concretizada na volta às origens, ao berço, depois muitas andanças em terras e sentimentos dos outros.

Jornal O Povo - 05 de março de 1991
Coluna de Ítalo Gurgel
Zona de turbulência
Prostituição: não há meias cores, nem meias palavras, para descrevê-la. Ela está nas ruas e expõe-se nas esquinas, embora a sociedade insista em confiná-la às "zonas" mais sombrias da cidade.
Descartes Gadelha penetrou nessa zona de turbulência e retratou as prostitutas, o seu mundo, suas caras e bocas, seios e nádegas, seus homens, suas (des)ilusões, sua cadência e sua decadência. Usou todas as cores que lhe permitiu o arco-íris da miséria-humana e agora expõe esse conjunto de telas no Museu de Arte da UFC e na Galeria Domini, com a sem-cerimônia de quem levanta a cortina para revelar uma face oculta da metrópole, que muitos desconjuram e preferiam exorcizar da paisagem urbana.
Descartes percorre a noite e flagra seus personagens tal como eles são: patéticos, trágicos, mórbidos.... Felizes, jamais.. Não faz julgamento de valores. Apenas fotografia, com sensibilidade e paixão. Permite-se, aqui e ali, um "clin d'oeil", uma pitada de humor que resguarda, digamos, o lado humano dos personagens. Por vezes, acrescenta simbólicas corujas, gatos e cães, insinuando-os entre as pessoas como elementos cauterizados da solidão.
Há uma senhorial Madame, traços finos, carregada de jóias e dignidade, pontificando num recanto do salão. O clima sereno do quadro destoa da angústia que transborda ao redor. Angústia que enche os olhos e a alma do visitante. Angústia que nasce, talvez, de uma indignação interior: de quem é a culpa?
Ora, direis, a prostituição é fenômeno comum a todas as sociedades. Desde tempos imemoriais. Assim, de antemão, estamos todos redimidos dos currais e faróis que ameaçam com sifilítica pestilência os alicerces morais de nossa civilização ocidental e cristã. Convenhamos, porém, que nós soubemos acrescentar perversos, ingredientes a esse fenômeno social, tornando imoral o que poderia ser apenas amoral.
As telas de Descartes, acredito, despertam a consciência de que a prostituição nasce da hipocrisia de famílias ditas austeras, virtuosas, mas que encorajam a iniciação sexual dos seus filhos com criadinhas trazidas do Interior. Nasce do machismo que ainda condena ao limbo, em certos meios, a mãe solteira. Nasce da pobreza absurda em que vivem milhões de brasileiros, amontoados em completa promiscuidade, sem teto, sem pão, sem lei e sem grei.
Decartes mostra a "zona" e também os frutos do seu ventre: os meninos de rua que se atiram ávidos sobre o carro, onde um casal burguês aguarda apenas o sinal abrir para dar as costas novamente à miséria. O desdém da mulher que lê o horóscopo e do seu acompanhante, escondido atrás de escuras lentes, é o mesmo da nossa sociedade.
Diante dos dramas humanos que nos cercam, preferimos mergulhar na quimera do zodíaco, no mundo do faz-de-conta, onde a solução de todos os problemas está escrita nas estrelas. Confrontados em colocar um par de óculos escuros e pisar fundo no acelerador, deixando para trás a cinza, a esquina, o beco, o farol, o curral, ou qualquer outro lugar onde se diz que a mulher leva vida fácil. Ou vida alegre.

Jornal Diário do Nordeste - 17 de março de 1991
MAUC encerra exposição de Descartes Gadelha com musical
O Museu de Arte da UFC (Av. da Universidade, 2854, Benfica, telefone 281.3144) abre hoje das 16h às 20h com trêsexposições em cartaz e um musical às 19h que marca o encerramento de uma delas. "De um alguém para outro alguém" reúne pinturas de Descartes Gadelha e termina hoje com "apresentação de músicas e conversas do universo brega, numa complementação à exposição", de acordo com o informativo do MAUC.
"No salão encarnado" é o título do musical, que reúne a regente Isaíra Silvino, o músico Didi Morais e alunos do Departamento de Artes da UECE. As outras mostras em cartaz no MAUC reúnem gravuras, pinturas e desenhos de Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Décio Vilares, Jean Pierre Chabloz, Raimundo Cela, Vicente Leite e Vitor Meireles e xilogravuras e gravuras em metal de alunos da Oficina de Gravura e Papel Artesanal do Museu de Arte da UFC.


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José Liberato Filho.
A crônica veste-se de pesado crepe rememorando os dias desse pranteado moço José Liberato Filho que, em vida tão curta, deixou traços luminosos de seus desenvolvidos intelectos.
Finalizando este capitulo em que fica descrito no desenvolvimento das letras da terra. Não pode o cronista esquecer o nome querido de um malogrado filho do Ipu, prematuramente roubado do numero dos vivos quando lhe sorriam doces e fagueiras, vinte e duas primaveras, cheias de esperanças e ilusões e da ardência peculiar aos jovens de sua idade.
José Liberato morreu aos 22 anos, como Acadêmico de Direito, deixando regular bagagem de escritos publicados em jornais, principalmente no Jornal do Ceará, do qual era assíduo colaborador, ao tempo da direção do pranteado cearense Waldemiro Cavalcante.
Cultivou a poesia com esmerado gosto, e, já doente, internado no hospício de Parangaba, escreveu o soneto abaixo, talvez seus últimos ensaios nas letras.
Causa-nos dó recordar esses versos sentimentais em que o desventurado ipuense, alterado embora em suas faculdades mentais, implorava á santa e extremosa mãe sua cura, rogava um paliativo para o seu cruel sofrimento, amenizando as suas dores, nas grades do asilo:
Á MINHA MÃE
Ai minha mãe, ai santa criatura,
Consolo que me foste em vida outrora,
Que inda me alenta nesta desventura,
Cuja lembrança a minha dor minora.
Espero que do céu uma luz pura,
Uma benção sagrada que avigora
Venha trazer-me o balsamo da cura,
Venha fortalecer-me a alma que chora.

Desprende das paragens luminosas,
Implorando d'entidades poderosas
Melhora a este teu filho humilde e crente.
Ai, quebra deste quarto as portas duras,
Com lugares mais livres me protejas,
Que aspiro agora mesmo reverente.
***
Quão varia e cruel é a sina!...
«E é isto a vida!...
É assim o destino!».


segunda-feira, 23 de novembro de 2015


Era mais um dia normal de trabalho. O Sol estava quente, o relógio cronometrava o tempo, os passos e as ideias para uma reunião importante na Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres do Gabinete do Governador. As pautas do Conselho Estadual dos Direitos na Mulher já estavam organizadas, a sala já estava refrigerada, mas, por alguns minutos, toda a minha energia foi canalizada para uma imagem, por uma visão que me fez levantar a cabeça e dar aquele sorriso. Era ela: A Bica do Ipu.
Bom, não era “Ela”, mas sua representação que, com certeza, fez a vida pulsar mais forte na “Selva de Pedra” da Rua Silva Paulet, Fortaleza - Ceará. A tagarela aqui, de pronto, começou a perguntar sobre o quadro, onde ele esteve todos esses anos, quando tinha sido alocado naquela parede e, com uma ponta de orgulho, intercalava as indagações com o bom e velho “Minha família é de lá”.
As recordações falaram mais forte. Lembrei que olhar a Bica é uma das primeiras coisas que procuro fazer quando chego ao Ipu ainda na claridade. Se a viagem é noturna, olhar a Bica no outro dia, bem cedo, não pode faltar. “Oi? Cheguei! Como tem passado? Como vai o inverno?”
Bendito quadro. Ali estava ele. Bem como eu tentava fazer nos desenhos da escola com os meus lápis de cor.
Vieram lembranças da água marrom, barrenta após uma forte chuva, do verde da serra, do clima agradável, das pedras molhadas e escorregadias, “das curvas da estrada da Bica”, dos respingos no rosto, das roupas cheirosas secando na Ponte da Beinha, das piabas nas piscinas naturais do Ipuçaba. De tudo, tudo mais que as águas da Bica significam para aquele município.
Nem tudo são flores e, infelizmente, nem chuva mais anda caindo do céu. Nem Bica, hoje, tenho mais pra olhar. Motivos vários. A reunião estava próxima e chegava a hora de discutir a violência contra a mulher no Ceará. Naquele momento, veio, muito nítida, a imagem da pedra seca, quente, cinza, tristonha, mas o compromisso de trabalho chamava. Bem assim: colocar uma angústia no bolso para enfrentar a outra.
No íntimo, pedi a Deus, que olhasse por elas - as mulheres do Ceará e a Bica do Ipu - para que, apesar das dores, possam ressurgir das cinzas, cheias de vida, como a Fênix da mitologia grega.
Lívia Xerez - Ipu-CE


domingo, 22 de novembro de 2015

PASSADOS DO MEU IPU

Letra e música de: Zezé do Vale

Terra cheia de encantamento
E de eterna bondade,
Sempre no meu pensamento
No meu sonho de ansiedade
Quero cantar tua beleza
E o teu o doce passado
Terra do meu coração
E do meu amor
És toda minha adoração.

Terra do meu berço, ó meu poema.

Foste à preferida de Iracema

Que percorreu teus prados
De esmeralda em flor                                            
Num lindo sonho de amor.

Tens o véu de noiva do Ipuçaba,
Num murmurejar, que não se acaba.
Terra querida, Ipu minha eterna saudade,
Quisera adormecer sorrindo
À luz do teu olhar
De prata e de amizade.