quarta-feira, 30 de abril de 2014

  Biografia e vida de Juan XXIII

(Sotto il Monte, 1881 - Roma, 1963) Pontfice romana, chamado Angelo Giuseppe Roncalli.Era o terceiro filho de onze anos que tinha Giambattista Roncalli e Marianna Mazzola, camponeses católicos de corridas de idade, e sua infância foi passada em uma pobreza austera e honrada.Parece que uma vez foi uma feliz nioa taciturno, dado à solidão e à leitura.Quando revelou seu desejo de se tornar um padre, o pai pensou muito justamente têm de bronze primeiro estudo com o velho padre da vila de colo do útero e mandou todos.

João XXIII
A verdade é que, mais tarde, o bronze do Papa Roncalli nunca foi muito bom, é dito que em uma ocasião, enquanto recomendando o estudo de bronze falando a mesma língua, ela parou Ele continuou o seu discurso em italiano, com uma candura e sorriso irônico que o distinguia de seus olhos marejados
Finalmente, às onze anos entrou no seminário de Brgamo, conhecida então pela misericórdia dos sacerdotes que era mais do que seu brilho.Em que pouca coisa vai começar a escrever seu Diário de uma alma, que continuou praticamente sem interrupção durante toda a sua vida e agora é um registro único e apropriada dos seus anseios, seus pensamentos e sentimentos.
Em 1901, Roncalli pas do Seminário Maior de São Apolinário reafirmou na corrida continuar OBJETIVO eclesiástica.No entanto, nesse mesmo ano teve de deixar tudo para fazer o serviço militar, uma experiência que, a julgar por seus escritos, não era do seu agrado, mas ensinou-lhe a viver com homens muito diferentes das que eu conheci ay foi o ponto de partida para alguns dos seus pensamentos mais profundos
O futuro João XXIII celebrou sua primeira missa na basílica de São Pedro em 11 de agosto de 1904, dia seguinte ao da sua ordenação.Um ano depois, após graduar-se como um doutor em teologia, foi para conhecer alguém que deixou uma marca profunda em l: monseor Radini Tedeschi.Este sacerdote era, aparentemente, uma maravilha de contenção e equilíbrio, um dos homens justos e ponderados capaz de deslumbrar com o seu julgamento e sua sabedoria tudo ser jovem e tenro, e Roncalli foi tanto.Tedeschi também se interessava por isso e não dud presbtero entusiasmado em nomear seu secretário, quando foi nomeado bispo pelo Papa Brgamo X Po.Assim, Roncalli obter o seu primeiro post importante.
Então começou uma década de uma estreita colaboração entre os dois materiais e espirituais, de no máximo de entrega total identificaciny comum.Ao longo desses anos, Roncalli ensinar história da Igreja, ensinou e Patrstica Apologtica, escreveu vários opsculos e viajou por vários passes europeus, além de dispensar diligência de questões relacionadas com o seu segredo.Tudo sob a sombra protetora de inspiração e Tedeschi, que sempre consideramos um pai espiritual real
Em 1914, dois fatos infeliz veio perturbar a sua felicidade.Primeiro, a morte repentina de monseor Tedeschi, que chorava sentindo Roncalli que ele não só perdeu um amigo e um guia, mas no momento o mundo perdeu um homem extraordinário e todos, mas insubstituíveis.Além disso, a eclosão da Primeira Guerra Mundial foi um duro golpe para as esperanças e retro todos os seus projectos ea sua formação, teve que ser redigido imediatamente.No entanto, Roncalli resignaciny aceitou o seu destino com alegria, prontos para servir à causa da paz e da igreja onde ele era tudo.Saúde era um sargento eo tenente capelão do hospital Brgamo militar, onde ele viu com seus próprios olhos a dor eo sofrimento que a guerra causou terríveis homens, mulheres e crianças inocentes
Após a guerra, foi eleito para chefiar a Pontifícia Obra da Propagação da Fé e foi capaz de retomar suas viagens e seus estudos.Ms depois, sua missão como visitante apóstolo na Bulgária, Grécia Turquay tornou-se uma espécie de embaixador do Evangelho no Oriente, entre em contato permitindole, e como bispo, com o credo ortodoxo e formas de religiosidade que, sem dúvida, enriqueceu e deu-lhe uma amplitude de visão que a Igreja Católica não ia levar a beneficiar.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Roncalli foi firme em sua posição como apóstolos delegado, fazendo inúmeras viagens a partir de Atenas e Istambul, trazendo palavras de conforto às vítimas do conflito e assegurar que ela estragos foram m mous.Poucos sabem que, se Atenas não foi bombardeada e todos os seus maravilhosa herança artística e cultural destruído, isto é devido a esse sacerdote, aparentemente insignificante, amigável e aberto, que parecem desinteressadas em tais coisas, principalmente.
Após a conclusão das hostilidades, foi nomeado núncio em Paris, pelo Papa Po XII.Era uma missão delicada, era necessário para enfrentar tais problemas espinhosos como resultante de uma colaboração entre a hierarquia católica francesa e da pró-nazista durante a guerra regmenes.Usando um toque como armas e prova admirável conciliatória de desânimo, Roncalli foi capaz de superar dificuldades e construir fortes laços de amizade com uma classe política desconfiada e esquiva.
Em 1952, Po XII nomeou-o Patriarca de Veneza.No ano seguinte, o presidente da República Francesa, Vincent Auriol, entregou-lhe o barrete cardeal.Roncalli já brilhou própria luz entre os grandes líderes da Igreja.No entanto, sua escolha como papa depois da morte de Po XII surpreendeu tanto os amigos e estranhos.Não só isso: desde o início de seu pontificado, começou a comportar-se como ninguém esperava, muito abaixo da rigidez ea atitude solene, que caracteriza a sua feijão antecessores.
Para começar, ele adotou o nome de João XXIII, que para além da vulgar mente Len Bento ou Po, foi um famoso anti-papa de triste memória.Então, a abordagem de seu trabalho como se fosse um padre da aldeia da paróquia, sem deixar que as suas qualidades humanas rgid enterrado sob o protocolo, o que muitos pais foram vítimas Haban.Mesmo escondendo que ele era um homem que gostava da vida, amante da boa mesa, a discussões intermináveis, a amizade e as pessoas comuns.
Como pontfice deu uma nova abordagem católica ao ecumenismo com a Secretaria para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em Roma e na recepção dos líderes supremos de quatro igrejas protestantes.Seu reinado abriu novas perspectivas para a vida da Igreja e, embora houvesse mudanças radicais na estrutura eclesiástica, promoveu uma profunda renovação de idéias e atitudes.
Sua OBJETIVO logo ficou claro para todos: para a Igreja oferece, para levar sua mensagem até os tempos modernos, alterando os erros do passado e os problemas enfrentados pelos novos humanos, econômicos e sociais.Para isso, João XXIII, ponto para a comunidade cristã de duas ferramentas extraordinárias: o encclicas e Mater et Magistra "Pacem in Terris.No primeiro explícita as bases da ordem econômica centrada nos valores humanos e as necessidades da atenção, falando claramente o conceito de "socialização" dos católicos e abrindo as portas da intervenção estruturas socioeconmicas n que deve ser cada vez mais justo.
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Conteúdo traduzido automaticamente, consulte a versão original (em espanhol)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008


JOÃO PAULO I, MORTE E MISTÉRIO NO VATICANO


Vaticano, 26 de agosto de 1978, vinte dias após a morte do papa Paulo VI, os cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, votam o nome de um novo papa. Os votos são contados e queimados, formando uma fumaça branca. “Habemus Papam!” (Temos Papa), anunciava o deão. Na varanda principal aparecia Albino Luciani, já feito sumo sacerdote, com o seu sorriso peculiar no rosto, dando a sua benção ao mundo católico.
Com uma simplicidade secular, Albino Luciani recusou a cerimônia formal da coroação, abdicando da tiara (coroa pontifical) e da entronização papal, fato inusitado desde Clemente V, papa do início do século XIV. Em homenagem aos seus antecessores, os papas João XXIII e Paulo VI, Luciani adoto o nome de João Paulo I, sendo o primeiro papa a ter nome duplo. Conta-se que o patriarca de Veneza, ao ser eleito papa, mostrou-se incrédulo diante do inusitado, tendo declinado à missão, mas que teria sido convencido pelo cardeal Johan Wildebrands, que lhe teria dito: “Coragem! O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo.” O novo papa declararia, logo após os resultados do conclave: “Quando cheguei ontem de manhã, fui à Capela Sistina para votar tranqüilamente. Eu nunca teria imaginado o que estava prestes a acontecer."
João Paulo I, com o seu jeito carismático, ficou conhecido como o “Papa Sorriso” ou “Papa Sorridente”. Veio disposto a fazer mudanças dentro das estruturas de uma das instituições mais poderosas da humanidade. João Paulo I teria dito aos secretários mais próximos as suas intenções peremptórias: rever a estrutura da Cúria, com a publicação de várias cartas pastorais sobre a colegialidade dos bispos, rever as condições das mulheres na Igreja, a pobreza no mundo e a unidade da Igreja; além de acabar com o negócio da IOR (Instituto para Obras Religiosas), em especial o seu casamento com Banco Ambrosiano, exigindo transparência, mesmo em frente aos maçons e à máfia.
29 de setembro de 1978. 33 dias após João Paulo I ter sido eleito o sumo sacerdote da igreja católica, subitamente o Vaticano declarava ao mundo: o papa estava morto, por causa de um enfarte agudo do miocárdio. O sorriso do rosto de João Paulo I esvaiu-se, assim como a sua vida. Uma morte envolta em mistérios e circunstâncias jamais explicadas, o que levou à suspeita de assassínio. 30 anos passados, a pergunta continua a ser feita, João Paulo I, o Papa Sorriso, teria morrido naturalmente ou teria sido assassinado?

Máfia e Maçonaria nos Negócios do Banco do Vaticano

Esta manhã, 29 de setembro de 1978, pelas 05h30, o secretário particular do Papa, não tendo encontrado o Santo Padre na capela, como de costume, procurou-o no seu quarto e encontrou-o morto na cama, com a luz acesa, como se ainda estivesse a ler. O médico, Dr. Renato Buzzonetti, que acudiu imediatamente, constatou a sua morte, ocorrida provavelmente pelas 23h00 de 28 de setembro, devido a um enfarte agudo do miocárdio. "
O anúncio oficial da morte de João Paulo I foi feito em cima de mentiras e ocultações de fatos que por si só eram bastante para que se abrissem suspeitas de assassínio, falta de transparência e um terrível mal-estar diante do sucedido. Aos poucos, algumas verdades foram reveladas, transformando o óbito do papa em um poço de contradições até hoje não esclarecidas.
Mas o que levaria um papa a ser assassinado 33 dias após a sua eleição? O que realmente estava envolvido no futuro pontificado de João Paulo I que pudesse causar tanta preocupação e medo? O fato que mais pesa sobre um suposto assassínio do sumo pontífice seria a sua determinação em limpar a corrupção que se abatera sobre o Banco do Vaticano, o IOR. Sobre os negócios ilícitos da instituição financeira e a posição da igreja em relação a ela, teria dito:
Aquela que se chama sede de Pedro e que se diz também santa, não pode degradar-se até a ponto de misturar as suas atividades financeiras com as dos banqueiros, para os quais a única lei é o lucro e onde se exerce a usura, permitida e aceita, mas ao fim e ao cabo usura. Perdemos o sentido da pobreza evangélica; fizemos nossas as regras do mundo.
Para limpar a corrupção do IOR, João Paulo I tinha como objetivo destituir o seu poderoso presidente, Paul Marcinkus, conhecido como o “banqueiro de Deus”. A participação da máfia e da loja maçônica italiana Propaganda Due (P-2) nas finanças do IOR geraram vários inquéritos e assassínios dos envolvidos no decorrer dos anos, sem jamais ficar esclarecida. João Paulo I estava disposto a tomar uma posição diante de todos perante a maçonaria e a máfia. A esta oposição, teria dito ao secretário de Estado do Vaticano, Jean Villot, o qual desejava substituir por Johan Wildebrands: “São duas (máfia e P-2) potências do mal. Devemos enfrentar com coragem as suas ações perversas.” Com esta atitude, estaria selado o destino de João Paulo I, ou seja, o seu assassínio.
As suspeitas aumentaram, quando foi vazada a informação de que no quarto de João Paulo I, sobre a sua mesa de trabalho, teria sido encontrada uma lista com nomes de supostos maçons do Vaticano. Esta lista teria sido elaborada pelo jornalista Mino Pecorelli, membro arrependido da P-2, que seria assassinado em 1979. Nesta lista constariam os nomes de Jean Villot e Paul Marcinkus. A corrupção levaria à falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, em 1982, do qual o IOR era o principal acionista.

Morte pela Ingestão em Excesso de um Vasodilatador

Deixando os suspeitos, se mergulharmos nas contradições oficiais sobre a morte de João Paulo I e as revelações que se fizeram através dos anos, vamos encontrar a sensação explícita de que um grande mistério foi mantido em preterimento à memória do papa.
A verdadeira causa da morte do Papa Sorriso, enfarte do miocárdio ou assassínio, teria sido facilmente esclarecida com uma simples autópsia ao corpo. Oficialmente o Vaticano negou-se a fazê-la, mantendo a versão da inviolabilidade do corpo. Em 1987, o jornalista Giovanni Gennari, amigo pessoal de Albino Luciani, declararia em um artigo publicado, que teria sido feita uma autópsia secreta ao cadáver do papa, que se teria revelado a ingestão de uma fortíssima dose de um vasodilatador a verdadeira causa da morte. A droga teria sido receitada por telefone, pelo médico pessoal do papa em Veneza, o Dr. Antonio Da Ros. Após o telefonema do médico, o papa teria feito abrir a farmácia do Vaticano às 22h30. Daqui nascia a teoria de que o sumo pontífice enganara-se e tomado uma dose excessiva do remédio. 15 anos depois da morte de João Paulo I, em 1993, Antonio Da Ros, declarou à revista “30 Giorni”, que o seu telefonema ao papa teria sido de rotina, não lhe receitando remédio algum, pois o tinha visto cinco dias antes e a sua saúde era excelente.
Ao contrário do que declarou Antonio Da Ros sobre a excelente saúde do papa, na ocasião o Vaticano tentou passar para a opinião pública que ele tinha uma saúde debilitada e muito frágil. Diego Lorenzi, secretário do papa e quem revelou que uma autópsia secreta teria sido feita com um pedaço retirado do corpo, provavelmente as vísceras; também rebateu a teoria da fragilidade da saúde do papa, confirmando de que durante os 26 meses que esteve com ele, jamais ficou doente ou apresentou qualquer problema de saúde, a não ser que tinha uma pressão arterial um pouco baixa. Também funcionários da farmácia do Vaticano declarariam que remédio algum tinha saído dali para João Paulo I durante o curto tempo do seu pontificado.
Se a morte de João Paulo I se deu por ingestão de um vasodilatador e não por um enfarte do miocárdio, e se não foi receitado remédio algum por seu médico, tão pouco ele saiu da farmácia do Vaticano, mais uma vez surge a sombra da dúvida de quem e em que circunstâncias teria administrado a droga a ele.

Contradições e Mentiras Oficiais
Mais algumas contradições surgiram quanto ao relato oficial: quem encontrou o corpo do papa? Em que posição foi encontrado e a que horas morreu de fato? Estas três perguntas foram respondidas mais tarde, pelo testemunho revelador da irmã Vicenza Taffarel, freira que cuidava de João Paulo I.
Na versão oficial do Vaticano, o bispo John Magee teria sido quem encontrara o papa morto em seus aposentos, e que na ocasião trazia entre os dedos “A Imitação de Cristo” e outras coisas, apontamentos, homilias e discursos; teria morrido por volta das 23h00 do dia 28 de setembro.
Em 1988, a verdade quanto ao descobrimento do cadáver veio à tona. John Magee reconheceu não ter sido ele, mas a irmã Vicenza Taffarel, quem encontrara o papa morto. A irmã Vicenza teria sido proibida pela secretaria do Estado do Vaticano a não revelar a verdade. Teria vivido atormentada o resto dos seus dias por manter esta mentira. Em 1983, no momento da sua morte, a freira sentiu-se libertada da imposição, revelando a verdade a familiares. Irmã Vicenza revelou que encontrara o papa sentado na cama, com os óculos postos e alguns papéis na mão. Trazia a cabeça tombada para a direita e uma das pernas estendia sobre a cama. Trazia ainda, um leve sorriso no rosto e a testa morna. Foi a irmã Vicenza, ajudada por outra freira, quem lavou o cadáver, elas constataram que as costas estavam ainda mornas. Este fato leva à dedução de que a morte teria acontecido de madrugada, entre às 2h00 e às 4h00 do dia 29 de setembro. O fato de estar com uma perna sobre a cama, sem vestígios de luta contra a morte, demonstra que não é um quadro típico de enfarte do miocárdio.
Outras contradições viriam, como o que estaria a ler o papa na hora da sua morte. Dom Germano Pattaro, conselheiro em Roma de João Paulo I, afirmou que não era “A Imitação de Cristo” ou homilias, mas anotações sobre uma conversa que o papa teria tido com o secretário de Estado Jean Villot, na última tarde da sua vida. Teria sido nesta conversa que o papa revelara a Villot as mudanças imediatas e revolucionárias que pretendia fazer, mudanças essas que o secretário teria refutado, demonstrando ser contrário a elas.

O Silêncio da Verdade nos Ecos da História

Três décadas depois da sua morte, quem foi este papa que se sentou na cadeira de Pedro por apenas 33 dias? Que mistérios envolveram esta morte? Numa imagem deturpada pelo Vaticano, a de homem fisicamente debilitado e de saúde frágil, aos poucos, através dos anos e de investigações de homens como o jornalista britânico David Yallop, que escreveu “Em Nome de Deus” (1982), e do sacerdote Jesús López Sáez, autor de “Se Pedirá Cuenta” e muitos escritos sobre a morte do papa, considerando-a um assassínio; surge-nos a imagem de um papa decidido, afável e de caráter revolucionário dentro das estruturas de uma igreja constantemente questionava pela evolução das civilizações cristãs.
Albino Luciani nasceu em 17 de outubro de 1912, cinco anos antes da revolução Bolchevique. Nasceu em Belluno, região de Veneto, na Itália. Oriundo de uma família humilde, assistiu às dificuldades do pai, que diante da miséria causada pela Primeira Guerra Mundial, foi obrigado a migrar para diversos países vizinhos para trazer o sustento da família. Aos 11 anos de idade entrou para o seminário, vindo a ordenar-se sacerdote a 7 de julho de 1935. Em 1954 foi nomeado vigário geral de diocese e, quatro anos depois, bispo de Vittorio Veneto. Em 15 de dezembro de 1969, Paulo VI nomeou-o Patriarca de Veneza, e três anos mais tarde, cardeal. Assim permaneceu até a sua eleição para papa, em agosto de 1978, poucos dias antes de completar 65 anos. Não viveria suficientemente para mostrar a verdadeira face do seu pontificado. Dele ficou para o mundo a grandiosidade do seu sorriso, que lhe valeu a alcunha de Papa Sorriso e um grande mistério sobre a sua morte, que urge em ser desvendado. A história e o Vaticano devem a João Paulo I este esclarecimento, seja qual for a verdade. A este respeito o cardeal brasileiro Aloísio Lorscheider teve a coragem de falar há uma década atrás: “As suspeitas continuam no nosso coração como uma sombra amarga, como uma pergunta à qual não foi dada resposta.”Mesmo depois de três décadas da morte suspeita de João Paulo I, o assunto, apesar das especulações e das várias investigações por conta de tantas pessoas, o silêncio ainda é absoluto dentro do Vaticano. E a história continua a dever a reparação da verdade ao Papa Sorriso e ao que lhe sucedeu de fato, naquela tumultuada madrugada de 28 para 29 de setembro. Só o tempo fará os acertos com a história e com este silêncio aparentemente perpétuo.

Paulo VI e a suposta "renúncia" de 1977

Em 1977, quando completava seus 80 anos, Paulo VI, cansado e já muito provado, havia pensado seriamente em apresentar a sua renúncia. E já havia pensado no mosteiro beneditino deEinsiedeln como o lugar, ou um dos possíveis lugares, para onde ir para passar a última temporada da sua vida.
A análise é do jornalista e teólogo Gianni Gennari, articulista do jornal Avvenire, dos bispos da Itália, em artigo publicado no sítioVatican Insider, 07-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Escrevo hoje, dia 6 de agosto de 2011, como que "provocado" pelo L`Osservatore Romano, que, na primeira página, recorda amplamente que, há 33 anos, justamente na Festa da TransfiguraçãoGiovanni Battista Montini – desde o dia 21 de junho de 1963, Paulo VI – concluiu a sua aventura terrena.
De fato, ele morreu em Castel Gandolfo, e isso indica que foi um imprevisto, e não como consequência de uma doença grave que significaria o retorno a Roma e/ou, mesmo antes, o adiamento da transferência para a residência de verão de Castel Gandolfo.
Deve-se lembrar que Pio XII também havia morrido no descanso de verão, no dia 8 de outubro de 1958, mas, naquele momento, algumas circunstâncias dessa morte não eram muito favoráveis àqueles do seu entorno, particularmente da equipe médica...
Coisas conhecidas, mas uma "provocação" posterior – para mim, de algum modo também pessoal – veio também e sobretudo de um belo artigo de comemoração que o próprio L’Osservatore publica na página 5, quase inteira, assinado por Eliana Versace. O título é longo: Um lema para o arcebispo. Giovanni Battista Montini e a espiritualidade beneditina.
Nele se lê este testemunho de Mons. Antonio Travia, um dos seus amigos mais próximos: no momento de se tornar bispo, Montini queria escolher como lema episcopal "Cum Ipso in monte" (Com ele no monte), que é não só uma clara alusão à própria cena da Transfiguração, mas também um motivo específico da espiritualidade beneditina.
O artigo também menciona os lugares beneditinos queridos e frequentados pelo futuro Paulo VI, entre estes tambémEinsiedeln, mosteiro suíço visitado também como papa, e lembra que foi justamente ele, em 1964, que proclamouSão Bento padroeiro da Europa...
Renúncia
Onde está a provocação? No fato de que eu tive testemunhos pessoais, até mesmo por carta, seja em sentido afirmativo quanto negativo – entre eles uma carta pessoal de Mons. Pasquale Macchi, secretário do Papa Paulo VI –, de que, em 1977, exatamente em setembro, quando ele completava seus 80 anos, Paulo VI, cansado e já muito provado, havia pensado seriamente em apresentar a sua renúncia e que já havia pensado justamente no mosteiro beneditino de Einsiedeln como o lugar, ou um dos possíveis lugares, para onde ir para passar a última temporada da sua vida.
Entre parênteses: sobre Paulo VI e o seu aniversário, posso aqui recordar um outro detalhe: ele havia sido batizado em Concesio, sua terra natal, na igreja dedicada ao Batista, na tarde do dia 30 de setembro de 1897, nas mesmas horas em que, em LisieuxThérèse Martin morria, a Teresa do Menino Jesus, hoje santa e doutora da Igreja, que declarou à irmã Madre Agnes que queria oferecer seus últimos momentos "a todas as crianças batizadas neste mesmo dia". Entre elas, estava o pequeno Giovanni Battista Montini, evidentemente predileto entre os tantos batizados naquele dia.
Voltemos a Paulo VI e a 1977: além da razão da saúde e do cansaço, ele também tinha um motivo totalmente pessoal para pensar, naquele momento, nessa "renúncia". Foi ele que, em novembro de 1970, havia estabelecido com a suaIngravescentem Aetatem que os cardeais, aos 80 anos, deviam sair dos cargos efetivos e do grupo dos cardeais chamados a eleger um novo papa no conclave. Com procedimentos semelhantes, se chegará depois a fixar aos 75 anos a idade da renúncia dos bispos.
Muitos, no Vaticano, naquele 1970, também tinham lido na decisão papal uma espécie de revanche totalmente humana de Montini contra alguns cardeais da Cúria, mais idosos do que ele, entre os quais seguramente Ottaviani,PizzardoCanali e outros, que sempre tiveram problemas com ele e que talvez haviam sido os autores ou haviam sugerido a decisão de Pio XII, em 1954, de afastar Montini do seu cargo na Cúria, substituto da Secretaria de Estado, e de "promovê-lo" à sede de Milão, sem nomeá-lo cardeal, porém, por quase cinco anos. E, de fato, foi João XXIII que, recém-eleito papa, preencheu esse vazio prático que pareceu ser punitivo a muitos.
Portanto, em 1970, a decisão da Ingravescentem Aetatem pareceu ser a muitos quase como uma "vingança" sutil, com a exclusão do Conclave e das funções reais na Cúria daqueles idosos cardeais que, nas vozes correntes, estiveram na origem da "promoção-remoção" de Montini não criado cardeal senão depois de cinco anos e que, depois de nove anos, se tornou Paulo VI. O procedimento certamente não agradou os excluídos, pertencentes em geral ao número daqueles cardeais que não haviam sido entusiastas tanto de João XXIII quanto do Concílio e do seu desenvolvimento...
Aposentadoria
Ao longo desses 33 anos, alguns também falaram mais ou menos abertamente, em um sentido ou outro, sobre a aposentadoria dos bispos e dos cardeais. Sobre o tema, haveria muito a pensar e a discutir hoje. O fato de que, aos 75 anos, os bispos devem se aposentar, como que por rotina, mesmo que estejam muito bem, mesmo que sejam queridos e que, finalmente, possam ter conhecido a fundo as suas dioceses e em particular os seus padres, não tem só aspectos positivos por causa da troca e por causa do evidente poder "soberano" de aceitar ou não a sua renúncia, mas também tem o resultado de um crescimento do número de bispos, às vezes supérfluo, e uma constatação singular: entre nós [na Itália], temos um presidente da República de 84 anos e, como bispo de Roma, um teólogo e pastor muito lúcido e magistral quase coetâneo; mas um grande número de bispos muito mais jovens já são agora "eméritos", sem cargos na Igreja. Talvez isso também seja um inconveniente, pelo menos em muitos aspectos...
Portanto: voltando àquele verão de 1977, talvez a profundidade da consciência de Montini, conhecido por todos como delicado e escrupuloso, lhe sugeria que, no momento de completar os seus 80 anos, isto é, em setembro de 1977, era bom que ele também desse um exemplo de adequação ao seu decreto que lhe rendera tantas críticas até naCúria... Foi assim, pois, que, se aproximando dessa data, Paulo VI manifestou aos seus íntimos essa intenção que para ele também tinha – testemunha disso, como escreve agora o L`Osservatore, foi o amigo Mons. Anthony Travia– o tom de um retorno ao ideal beneditino. Naquele "cum ipso in monte" também estava contida uma alusão – perceptível só post factum à solenidade da Transfiguração, a festa do dia 6 de agosto, que também seria o dia do seu retorno à casa do Pai...
Nessa perspectiva, aconteceu que ele havia comunicado a sua decisão também a Mons. Giovanni Benelli, substituto da Secretaria de Estado, e seu fidelíssimo, o verdadeiro homem das decisões importantes para todo o pontificado montiniano, e havia respondido às objeções de Benelli assegurando-lhe a "liberação" da sua pesada tarefa já desenvolvida há mais de 10 anos, e a nomeação a arcebispo de Florença, sede cardinalícia. Por isso, no final de junho de 1977, os jornais tinham relatado, quase de repente, a notícia das "renúncias aceitas", pelo papa, do cardealFlorit de Florença e a nomeação de Benelli como seu sucessor, depois criado cardeal na festa de São Pedro, no dia 29 de junho. Era como que o primeiro passo para o anúncio, destinado para setembro, da decisão da  renúncia do papa.
"Vozes malignas"
E por que não ocorreu desse modo? Por uma razão complexa, totalmente imbuída de humanidade e de cálculos também puramente humanos, ou seja, o fato de que, nesse ponto, quando já estava certo que Benelli, o homem forte, o verdadeiro executor de todas as ordens papais, aquele que tinha em mãos toda a Cúria Pontifícia, iria embora, justamente ao lado de Paulo VI, alguém – e, de modo específico, os mais próximos, em particular o Mons. Pasquale Macchi, secretário particular, o cardeal Jean Villot, secretário de Estado, e o Pe. Virgilio Levi, vice-diretor doL`Osservatore Romano, pensaram que, com a saída de Benelli, arcebispo de Florença e quase cardeal, teria finalmente chegado o tempo em que se teria mais espaço nas escolhas de governo do próprio papa e fizeram com que a decisão da renúncia fosse retirada.
Aconteceu, portanto, que, friamente, em pleno verão de 1977 – exatamente como nestes dias –, na primeira página doL`Osservatore, apareceu um artigo do Pe. Levi, que afirmava sem fundamento as "vozes" malignas que falavam de "renúncia" papal. Não era verdade: à Cruz de Cristo e à paternidade universal do Sucessor de Pedro não se renuncia...
Foi como uma palavra de ordem, e de todo o mundo chegaram ao papa rumores que incitavam a continuar carregando o peso dessa Cruz, a exercer essa paternidade... Assim, Paulo VI renunciou à ideia da "renúncia", segundo várias fontes já concretizadas também nos acordos pessoais com Benelli e em alguns preparativos logísticos entre Einsiedeln e Montecassino, mosteiros beneditinos "Cum Ipso in Monte" – como agora recorda o testemunho de Mons. Travia no L`Osservatore Romano.
À provocação, portanto, uma resposta de cronista, também com base em vários testemunhos e nos comportamentos do cardeal Benelli, que, depois daquele verão, quase não quis mais ir a Roma, nos momentos imediatamente seguintes, porque havia se sentido enganado. Eu tivera com ele, antes, relações de colaboração estrita, em 1967 e nos anos seguintes: lembro que, quando eu era chamado por ele, os seus secretários me acolhiam, entre eles o então Pe. Sergio Sebastiani, depois bispo e cardeal e, agora, desde o dia 11 de abril passado, também ele "emérito", no sentido de não ser mais cardeal eleitor. Ocorreu, porém, depois, que, na ocasião do episódio sobre a lei do divórcio (1974), houve com Benelli uma divergência não de doutrina, mas de pura disciplina, que rompeu as nossas relações...
Pois bem: no momento da sua nomeação a Florença, tendo ele entrado na diocese dizendo aos fiéis que se apresentava a eles "com as mãos vazias", eu lhe escrevi uma carta de felicitações, lembrando que aquelas palavras haviam sido usadas justamente por Teresa de Lisieux nos seus manuscritos... Guardo uma resposta sua, dialeticamente polêmica, do dia 20 de agosto de 1977...
Também devo registrar que o Mons. Pasquale Macchi sempre desmentiu qualquer rumor de renúncia de Paulo VI, e, no dia 30 de maio de 2002, tendo eu falado sobre o caso justamente no jornal La Stampa, ele me enviou uma carta manuscrita em que define toda a história da renúncia de Paulo VI como "fruto de fantasia e de fofocas".
O que eu posso dizer? Que, por muitas e convergentes razões, tendo falado com muitas pessoas envolvidas também no caso, penso que não seja totalmente assim, e a recordação de 33 anos atrás, daquele 6 de agosto, Festa da Transfiguração de Jesus e dia da morte de Paulo VI, foi uma "provocação" também para o Vatican Insider. Daí o motivo deste texto.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

 Um Bairro Chamado Brasil

Quero aqui falar de alguns personagens que habitam e constituem meu bairro. Moro em um local periférico, um pouco afastado do centro da cidade, o que não nos impede da convivência charmosa e harmoniosa de pessoas da mais alta singularidade. Destacarei alguns desses seres ímpares.

O primeiro deles, Seu Saúde, é um simpático senhor que durante toda sua vida esforçou-se ao máximo para que seus feitos chegassem ao conhecimento e ao usufruto de todos. Gosta ele de ser chamado por seu pomposo nome acrescido de seu sobrenome: Seu Saúde Pública.

Esqueci de mencionar o mais importante: Seu Saúde é músico, um verdadeiro artista! Durante todo seu pernoitar neste mundo tentou, quase sempre em vão, que suas partituras, suas letras, seus arranjos e suas melodias fossem do conhecimento do grande público. Hoje, com sua saúde já debilitada, torce para que seus versos sejam mais lidos, mais compreendidos e mais executados também.

Apesar de ter sido assessorado por grandes intelectuais, ilustres nomes do pensar, Seu Saúde nunca passou de um augusto desconhecido das grandes massas. Aliás, seu nome até ecoa dos barracos favelizados às mansões imperiais. Porém é apenas seu nome, e não a pessoa Saúde Pública e suas benesses artístico-culturais que faz voz nas pessoas.

Não são suas melodias faustosas e seus promissores efeitos que o público conhece, é apenas seu nome, como uma promessa de uma utopia ainda distante.

Não obstante sua simpatia e mesmo sua tímida aproximação com seu público em potencial, Seu Saúde não conseguiu conquistar o grande amor da sua vida: uma senhora às vezes rabugenta demais, às vezes sensível demais. Mas o que mais a identifica é seu estranho e desdenhoso hábito de fazer promessas as quais não consegue cumprir. Atende pelo promíscuo nome de Constituição Cidadã.

Ao falarmos da vida desta quase caducante senhora que por toda sua vida passou por incontáveis quedas e posteriores modificações – algumas radicais outras nem tanto – até apodar-se de Constituição Cidadã, logo nos fazemos lembrar os políticos de nosso país: tudo nos prometem, tudo nos garantem e nunca nos dizem um "não". Apesar desta comparação, sei que D. Constituição vive repetindo pelo bairro que não gosta de política, dizendo-se apartidária e neutra.

Porém um algo a mais tem em seus dizeres que a difere de um mero discurso panfletário. Sua voz serena mas firme parece-nos ter a força de leis escritas. Se é ela quem fala, logo nos tranquilizamos. Um dos argumentos mais convincentes do bairro, quase um chavão, usado nas mesas de bar ou mesmo nas brigas entre vizinhos por um pedaço a mais de varal é: "Foi D. Constituição que garantiu".

Agora vou apresentar outro cidadão que também é um ícone do bairro onde moro. É daqueles sujeitos que se conhece e nunca se esquece. Ou se gosta muito dele ou o deixamos a falar a sós, com suas promessas mirabolantes e pouco modestas. Ele é um dos cidadãos mais fanfarrões que se tem notícia. Com um discurso recheado de palavras bonitas - a maioria retóricas e prolixas – apresenta-se aos outros quase como uma panaceia dos problemas alheios. Diz ser capaz de resolver todos os dilemas dos outros. Mais: se diz o caminho para a autonomia dos processos subjetivos. Seu nome, Educação Brasileira.

Seu Educação muitas vezes é tomado no bairro como uma pessoa arrogante. Sobretudo porque, ao aqui chegar, também prometera, assim como D. Constituição, coisas que não pôde cumprir. A diferença é que fizera juras de mudanças a longo prazo, pediu tempo, o que lhe foi dado, mas não deu o devido retorno à comunidade, já que prometeu liberdade e auto-suficiência ao fim de um processo. Tal processo, como já foi dito, mostrou-se falho.

Já falei de sua coincidência com D. Constituição. Agora vou lhes dizer de sua semelhança com Seu Saúde. Os dois amam e nunca conquistaram a mesma mulher. Isso mesmo, D. Constituição é também dona do coração de Seu Educação.

Seria uma grande falha minha se não vos dissesse que esta senhora que a tudo promete é casada com Seu Brasil Lesado Pelos Outros.

Dado a imponência e a variedade de seus sobrenomes, Seu Brasil sabe que é a figura de maior poder aquisitivo do bairro. O que não sabe é que sua fortuna poderia multiplicar-se por infinitas vezes se se desse conta de sua riqueza em potencial.

Seu Brasil teve muitos filhos em sua espessa, lânguida e, por assim dizer, fértil vida. Em sua imensa maioria canalhas, calhordas e cafajestes. Isso só pra não sair da letra 'c'.

Cabe dizer que, apesar de seu casamento longínquo e duradouro com D. Constituição, muitos de seus filhos são frutos de outras "transações" maliciosas, resultados de sua solteirice. Lascívias voláteis. O que não posso negar é sua rara habilidade em dar nomes criativos para seus muitos filhos. Alguns nomes: "Dívida Externa", "Subdesenvolvimento", "Censura", "Povo Sem Educação", "Povo Sem Saúde", "País do Futebol", "País do Futuro", "Seu Zé", "D. Maria"...

Ao longo de sua vida Seu Brasil teve um sem número de empregados que lhe passaram a perna. Apesar de seu filho "Jeitinho Brasileiro" tentar ajudar-lhe, o marido de D. Constituição sempre teve suas receitas – como diria um filho do casal, Chico Buarque de Hollanda –, "subtraídas em tenebrosas transações".

Em sua vida já vendeu de tudo para sobreviver: madeira, açúcar, escravos, ouro, café. Hoje se vende em cada esquina, a cada passo inseguro e vacilante. Vende-se a preços tabelados. Porém orgulha-se de vender a si mesmo e aos filhos ao sabor do preço do petróleo. Além do mais, vende-se em dólar. Orgulha-se também de ter amigos no exterior que lhe emprestam, sempre que precisa, dinheiro a juros irreais e desumanos.

D. Constituição tem-lhe um grande carinho e, apesar das tantas quebras e rinhas, acha-se muito feliz em seu matrimônio. O que mais admira em seu marido são os filhos dele e a capacidade que estes têm, contra todas as expectativas, de amá-lo. Porém, reza que preferiria que a riqueza de Seu Brasil fosse melhor repartida entre seus descendentes.

Seu enlace amoroso deu-se nos primeiros anos da década de 1820. Em 1824 deu-se o casório, com toda pompa e circunstância, tal como num matrimônio imperial. Apesar do posterior rompimento dos dois com a Igreja Católica foi esta quem abençoou, em nome de um Deus onipotente e onipresente, a união do nascente casal.

Seu Brasil nunca traiu o matrimônio, apesar de quase nunca conseguir cumprir o que prometera a D. Constituição. Esta, se não teve amantes fixos, teve pelo menos duas puladas de cerca.

A primeira delas foi com Seu Educação, na qual firmaram um tênue relacionamento que prometia ser benéfico para todo o bairro. Como se sabe, tal relacionamento não deixou outro fruto a não ser a desmoralização e o descrédito de Seu Brasil perante sua comunidade.

A segunda vez foi com Seu Saúde Pública, na qual viveram um intenso, porém finito grande amor. Quiseram eles unirem-se mas D. Constituição o achava muito longe do povo, destoando daquelas lindas palavras que ele lhe falava ao ouvido.

D. Constituição até que gostou dos dois, mas sabia que não podia se desvincular de seus laços afetivos e constitutivos de seu esposo. Preferiu, então, mais uma vez, jogar toda a carga daquilo que não conseguia resolver pra cima de outrem, que também, sabia ela, fugia-lhe à alçada de resolução.

Sobre o espinhaço dilacerado de mágoas e descaminhos de Seu Brasil, D. Constituição jogou-lhe as cargas de algo que ela só pode garantir através de palavras: que o ideário utópico de Seu Saúde Pública chegue, de fato, às camadas mais populares e que Seu Educação Brasileira consiga transformar em eventos práticos e teorias prenhes suas falas retóricas e, por vezes, ingenuamente ufânicas.

Fez, pois, o que sempre fizera: prometera; aliás, garantira! Sob as costas magras, ossudas e velhacas de quem lhe desposara; sob um discurso pós-moderno de um Estado neo-liberal transformou seu marido em um paternalista já fora de moda (que ainda reclama um absolutismo setecentista), esquecendo-se dos modelos em voga, contradizendo-se e vitimando-se a si mesma, fadando Seu Brasil ao insucesso, quiçá ao aniquilamento.

20.jun.2009


sábado, 26 de abril de 2014


Boy, Francisco Melo. Anos sessenta (60), era costume nosso tomar umas e outras e sair curtindo alguns movimentos sociais de Fortaleza, morávamos lá. E íamos especialmente os movimentos dançantes. Estudava eu no Centro de Cultura Hispânica e quando de uma comemoração de uma noitada junina e eis que de repente o nosso Luiz, o grande Boy convida-me para irmos ao banheiro. Ao chegarmos lá encontramos em nossa frente à chave geral do prédio onde corria a festa com muita música e comedoria. Não deu outro Boy, lançou mão da chave e desligou tudo, criando um verdadeiro caos. De imediato nos retiramos do recinto e na nossa saída já vinham alguns de nossos promoventes no nosso encalço, neste ínterim ia passando um Táxi do Posto Vitória e nós entramos no carro sem nenhum centavo no bolso. Ao chegarmos antes da Praça do Ferreira pedimos para parar e agradecemos o motorista, o mesmo criou um caso dos quinto a quatorze e a única coisa que dizíamos era que íamos pagar no dia seguinte e ele não aceitava de forma alguma e aí conversa vai, converso vem e quando de súbito o guiador do carro arrastou um cassete e nós agilmente tomamos a arma do chofer e fizemos fiapo em direção a Rua Edgar Borges indo nos esconder no 7º Céu onde estava havendo uma festinha onde brincamos até o dia amanhecer. É verdade pode acreditar.
O Boy ainda aprontava outras façanhas das jocosas que podemos admitir. Admitiu quando tomava umas bebericadas baixava uma sessão Espírita invocando, segundo ele a entidade “sibamba”, espírito bebedor de cachaça, fazia uma tremenda zoada e nada acontecia coisa de ébrio. É bom à gente contar, faz bem a alma e ao coração.


Pára – choques

 1.    “Deus salve as mulheres bonitas e as feias se tiver tempo”

  1. “Amor e sarna ninguém esconde”

  1. De grão em grão, o vendedor enche o saco.

  1. “Seja paciente na estrada para não ser paciente no hospital”

  1. Nem tudo que reluz é falso brilhante.

  1. Franguinha: eis aqui o seu poleiro.

  1. Amor sem beijo é como macarrão sem queijo.

  1. Se amar é crime, me processe.

  1. Com as lágrimas dos teus olhos eu banho o meu coração.

  1. Quem nasce para ser tatu, vive cavando.

  1. Casamento é como submarino. Até bóia, mas foi feito para afundar.

  1. Filho é igual a pum: você só agüenta o seu.

  1. As mulheres perdidas são as mais procuradas.

  1. Pela cidade se conhece o Prefeito.

  1. “Se correr o guarda multa, se parar o banco toma”

  1. “Não jogue espinhos na estrada, na volta você pode estar de pés descalços”.

  1. “Existo, porque insisto”.

  1. “A lei é dura para quem não é rei”.

  1. “Experiência”: “Um farol acesso do passado”.

  1. “Não sou dono do mundo, mas sou filho do mundo”.

  1. “Café e mulher só quente”

  1. “Artigo nacional, o melhor é a mulher”

  1. O pior casamento é o que dura para sempre.

  1. Defenda natureza: não coma veado.

  1. Não odeio os invejosos porque eles são infelizes.

  1. “Marido de mulher feia é que sustenta botequim”.

  1. “Se você quer elogio, morra; se quiser crítica, case”.

  1. Rico saka, pobre sakeia, o político sakaneia.

  1. Não sou sapo, mas gosto de perereca.

  1. “A lua-de-mel termina quando o casal pára de suspirar e começa bocejar”.

  1. A vida só é dura para quem é mole.

  1. Mulher e fotografia só se revelam no escuro.

  1. Na calada da noite a população se multiplica

  1. Ladrão em casa de pobre só leva susto.

  1. Mulher conheceu mais de uma, em duas não fica.

  1. A alegria do pobre vem da tripa.

  1. Muita farofa é sinal de pouca carne.

  1. quem vive do passado é museu.

  1. Não confio em freio de carro nem em carinho de mulher.

  1. Mulher feia e mercadoria, só na carroceria.

  1. A inveja é arama dos incompetentes.

  1. Nasci careca, pelado e sem dente. O que vier é lucro.

  1. “O pior cego é aquele que, de repente, perde o tato”.

  1. “O voto é um fragmento de tempo; mas suas conseqüências, quatro anos”.

  1. “Pato e parente só servem para sujar o carro da gente”.

  1. Perdoe seus inimigos, mas não esqueça nunca os seus nomes.

  1. Detestado pelos homens, querido pelas mulheres.

  1. A medicina não cura a dor da separação.

  1. Decepção não mata ensina a viver

Não sou detetive, ma

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CAPÍTULO 2: A OCUPAÇÃO DO IPU (CONTINUAÇÃO)
A Formação da Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos

A Igreja da Matriz
O distrito de Matriz de São Gonçalo situa-se a oeste do município de Ipueiras, sobre a serra da Ibiapaba, distante cerca de 20 quilômetros da sede.
O núcleo de povoamento inicial foi organizado em torno da Igreja, erguida em 1733.

A construção da Igreja da Matriz
A construção da Igreja, em 1733, é resultado das desavenças, disputas por poder e jurisdição entre os Jesuítas, que desde o século XVII exerciam atividades de catequese na serra da Ibiapaba e subordinados à casa Provincial do Maranhão, e os padres seculares, subordinados aos administradores do Curato da Ribeira do Acaraú, criado pela junta das missões da diocese de Pernambuco.
Segundo o Padre Sadoc, “desde 1656, com algumas interrupções, os jesuítas missionavam entre os índios tabajaras. Com a criação do Curato do Acaraú, começaram a surgir problemas de jurisdição” (ARAÚJO, Francisco Sadoc. História Religiosa de Guaraciaba do Norte. Fortaleza-CE. Imprensa Oficial do Ceará, 1988, p. 33).
Para não permitir que os jesuítas atravessassem o rio Inhuçu para catequizar os índios abaixo deste curso d’água, o cura, com o auxílio do Frei José da Madre de Deus, carmelita que se encontrava na Ribeira do Acaraú, resolveu que se construísse uma igreja sobre a Serra dos Cocos, a fim de que os jesuítas não pudessem estender sua jurisdição até aquela parte da Ibiapaba.

A Capela
Com ordem de escolher o local para o novo templo, Frei José foi conversar com o Capitão José de Araújo Chaves, sesmeiro da Boa Vista, na Serra dos Cocos, e das Ipueiras Grande, no sertão. O encontro do carmelita com o Capitão foi, segundo o Sadoc, dos mais amistosos e a ideia de construção foi muito bem recebida. O capitão propôs não a construção de uma, mas de duas capelas: uma sobre a serra e outra abaixo, no sertão. Para isso, doou os terrenos necessários às obras e ele mesmo escolheu os oragos (padroeiros): São Gonçalo e Nossa Senhora da Conceição. O primeiro santo escolhido seria uma homenagem ao Conselho de Amarante, vila portuguesa de onde são provenientes os Martins Chaves, e Nossa Senhora da Conceição, em homenagem a Portugal, da qual é padroeira.

Em 1757, com a divisão do Curato da Ribeira do Acaraú em quatro freguesias, pelo bispado de Pernambuco, nascia, portanto, a Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Coco, sendo destinada como matriz provisória a capela de São Gonçalo do Amarante, construída e inaugurada, ainda inacabada, em 1733, pelo Frei José da Madre de Deus, na região chamada de Serra dos Cocos. A serra dos Cocos compreendia “as vertentes do Acaraú, da barra do Macaco para cima, o sertão e a Chapada correspondente da Serra da Ibiapaba” (Sadoc. Idem.). 

Continua...
Postado por Antonio Vitorino às 14:42