segunda-feira, 7 de abril de 2014




Ipu em Jornal - 1962

Guindado por mero acaso, á administração prefeitural de Ipu em 30 de outubro de 1930, venho hoje, após cinqüenta e três meses e 24 dias, passá-la ás mãos de meu sucessor legal.
Dos meus atos prestei contas inteiras aos meus superiores hierárquicos por intermédio do Departamento dos Negócios Municipais, e todos eles foram aprovados sem discrepância. Entendo porem, que o publico, e sobre tudo o povo que administrei, tem razão de exigir contas do que fiz da aplicação dos dinheiros do município, e, daí, o motivo de tomar a resolução de enfeixar neste pequeno volume a historia administrativa da Prefeitura de Ipu no período revolucionário, no qual foi por mim gerida em toda a sua decorrência.
Ao publico, e em particular aos ipuenses, entrego o resumo de minha atuação e a analise dos meus atos, para sobre eles formarem o juízo que considerarem justo e razoável. De antemão proclamo que não me tenho em conta de invulnerável, portanto sou o primeiro a reconhecer que erros devo ter cometido vários, muito embora, em contradita, a voz da consciência reclame que as minhas intenções jamais se alentaram de desejos outros, que o de velar e trabalhar pela moralidade e boa marcha dos negócios sob minha guarda.
Campo difícil de cultivar qual seja regerem-se os destinos de um município do interior, principalmente quando se tem em mente implantar o regime da ordem e da igualdade na aplicação da lei, por certo não foram pequenos os tropeços que encontrei a vencer, tendo-se em vista, acima de tudo, a luta contra os costumes inveterados, deixados pelas administrações viciadas do passado.
Da situação como me foi entregue o Município de Ipu e como o deixo, se verá adiante detalhadamente, e, pela conclusão da leitura, saberá o apreciador qualificar si o regime revolucionário trouxe ou não, algum beneficio ao bem coletivo de minha terra.
Nutro, como filho da gleba de Iracema, a satisfação de haver trabalhado e apesar de terem se me deparado no percurso de minha administração as urzes da injustiça, por vezes a quererem me ferir e macular a pureza de minhas intenções. Que neste particular falem os inimigos que adquiri na distribuição da lei; que o confirmem os que tiveram pretensões contrariadas; que o comprovem os meus próprios e íntimos amigos, que jamais obtiveram favores, e muitas vezes se melindraram de minhas atitudes severas e sem exceção.
Desses, bem sei, alguns já reconheceram os meus bons intentos; outros, eu confio, futuramente haverão de justificar a razão de minhas resoluções, sempre tomadas em prol do bem comum.

 

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