APRESENTAÇÃO
A região de
Semiárido Brasileiro, onde vivemos se caracteriza pela expressiva
disponibilidade de energia solar, que é responsável pelo processo evaporativo.
Aqui temos informações
distintas de aplicação de água ao solo com tecnologias direcionadas á
otimização do uso da água, tanto na produção agrícola sob regime de chuvas e
estiagens ou sob forma de irrigação tradicional.
Embora ambas
estejam fundamentadas em princípios que regem a aplicação de água ao solo e uso
pela plantas, cada uma possui estratégias próprias, estudadas e analisadas com
suporte de pesquisas á nível de laboratório e de campo.
Deve-se esclarecer
que em todo o mundo existem preocupações generalizadas sobre o uso excessivo de
água relativo às disponibilidades atuais existentes, e fazem parte as perdas
provenientes dos desperdícios em seu manuseio. Como exemplo, merece citar que projetos
de irrigação em geral, apresentam baixos índices de eficiência na aplicação de
água ao solo, onde a água toma duas direções distintas. Uma, pela força da
gravidade, alcança as camadas mais profundas do solo e na sua maioria, é
consequência das baixas eficiências de irrigação. Nos projetos de irrigação
estas perdas são apresentadas por grandezas demais expressivas. O outro
componente de perdas é a evaporação da água na superfície do solo. Entretanto,
já no processo de evapotranspiração a água é responsável pelo crescimento das
plantas e a respectiva produção agrícola, que é processada pela fotossíntese,
através da abertura dos estômatos na presença de luz. Dados de pesquisa mostram
uma correlação entre a utilização da água no processo de evapotranspiração com
a produção vegetal.
Como apoio aos
treinamentos e cursos oferecidos pela FAO/ SUDENE, IICA/OEA em Petrolina- Pe,
foi elaborados, através de bibliografia e resultados de pesquisa obtidos
localmente, uma obra denominada “ Climatologia Aplicada a Irrigação” (*).
(*) ARAGÃO. O. P.
1974. 75p
Biblioteca(s) Embrapa Semiárido.
Das bibliografias
listadas em anexo, encontram-se duas que, embora envolvam os mesmos princípios
que regem o uso de água pela culturas, encontram-se sob diferentes técnicas de
aplicação de água ao cultivo.
ÁREA DE SEQUEIRO
Apresentamos
informações técnico-científicas destinadas à otimização do uso dos excessos de
água de chuva armazenadas em pequenos barreiro aplicados sob forma de irrigação
de “salvação”, proporcionado um incremento na produção de alimentos, para
atenuar as condições de subnutrição, que atinge pequenos produtores rurais, em
períodos de estiagem, que é consequência da distribuição irregular de chuvas,
frequentes nas regiões do Trópico Semiárido.
Preocupados com a irregularidade
das chuvas nas regiões semiáridas do mundo, o Centro de Pesquisas Internacional
“Crops Research Institure for de Semiárido Tropics ( ICRISAT)” , em
Hyderabad-India, desenvolve estudos em agricultura de sequeiro onde é
considerado o máximo aproveitamento integrado dos componentes agro
hidrológicos, para obtenção de uma produção estável.
Pesquisas
bibliográficas e inúmeros trabalhos de campo, realizado em pequenos
agricultores, pelo CPATSA/EMBRAPA, levaram à apresentar informações e
recomendações que podem ser utilizadas, em forma de testes no campo,
denominadas ALTERNATIVA PARA ESTABILIZAÇÃO DA AGRICULTURA DE SEQUEIRO (*).
A metodologia visa
o aproveitamento do escoamento superficial dos excessos de água de chuva,
armazenada em pequenos barreiros e envolve técnicas agrícolas e hidrológicas,
como:
- Reconhecimento da área agrícola, observando o tipo de solo e
declividades, destinados a posicionar o sistema de sucos largos e pouco
profundos, com camalhões de topo plano. Conforme as informações sobre o solo, a
declinidade pode variar entre 0,4 a 0,8%.
- A área agrícola explorada sobre aspecto agro hidrológico
envolve práticas culturais sobre um sistema que viabilize a coleta de água
provenientes do escoamento superficial (run-off), em 2 a 3 pequenos barreiros
com capacidade de armazenamento entre 1.000 a 1.200m3 de água, cada, alocados
em pontos estratégicos na própria área cultivada ou provenientes de áreas
vizinhas imprestáveis, sem condições para cultivos.
- Os sucos
representam um sistema coletor de água e, também, são usados para aplicação de
água em forma de “irrigação de salvação” provenientes dos barreiros. Outros
alternativas podem ser adequadas à este sistema, conforme a condição agro
hidrológicas da área agrícola em questão.
ÁREA COM IRRIGAÇÃO TRADICIONAL
Numa área onde há
disponibilidade expressiva de água, proveniente de poços, de armazenamento
superficial, de rios, ou de outra fonte hídrica, requer estudos de engenharia,
do social, e conhecimento sobre o complexo solo-água-planta, e climas. É
imprescindível o acompanhamento da evolução da área irrigada através dos anos,
com fins de serem feitas quando necessárias, as devidas correções destinadas à
conservação e/ou incremento da capacidade produtiva da área agrícola.
Estudos sociais,,
conhecimento da produção/ comercialização, e estudo da economicidade como um
todo, integrado, junto com a disponibilidade de recursos, viabilizará ou não
sua implantação.
Todas as condições
relatadas devem comungar com informações oriundas de pesquisas bibliográficas
de região que apresentem situações análogas, de informações locais de
conhecimento da estrutura de apoio, e o principal, que o aspecto social, que
poderá direcionar a forma de exploração em pequenos lotes para colonos, ou
grande áreas destinadas a agroindústria, ou ambas.
Ainda, a pesquisa
agrícola no campo da área irrigada, deve testar e desenvolver novos cultivares
que fiquem disponíveis como opção futura.
No acompanhamento
da evolução do complexo solo-agua-planta e sua interligação com as condições
climáticas, deverá definir, para diferentes épocas do ano uma tecnologia mais
racional e econômica possível.
Durante anos
dedicados à pesquisa em agricultura irrigada, podem surgir informações uma
comprovando técnicas relatadas em fontes bibliográficas e outra detectadas em
estudos específicos da área, que podem fugir das informações já existentes.
Há uma região do
Submédio São Francisco uma área de verti solos com aproximadamente 70 mil há.
Encontra-se, no momento pequena parte desta área sob irrigação.
Estes solos são
argilosos com propriedades de expansão quando úmidos e significativa contração
quando secos, com apresentação de fendas. A penetração de água nestes solos
está condicionada ao seu estado hídrico no momento. Quando a superfície encontra-se
sob estado de saturação, as partes profundas, praticamente deixam de receber
umidade, pois esta está condicionada à expansividade do solo da camada
superior.
Merece salientar
que conseguimos detectar através de medições diárias e constantes, as variações
de distribuição de umidade em todo perfil do solo, inclusive, observando e
fazendo associação com o crescimento das plantas, datas das irrigações,
diferentes épocas do ano com chuva, e ou sem chuva.
(*) DOC: Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Semiárido
/ EMBRAPA
Pesquisador: Octávio Pessoa Aragão