sábado, 28 de fevereiro de 2015

 Paulo Aragão Meu caro Mestre, não se preocupe com os invejosos! O Senhor é o pilar de ferro da cultura de Ipu. O guardião de nossa história! O semeador de boas ideias.
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Paulo Aragão Precisamos é ter compaixão com nossos irmãos que sofrem tanto com o sucesso dos outros. E digo mais, se inveja matasse faltaria cemitério
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Paulo Aragão O poeta italiano Dante Alighieri, na sua obra o Purgatório, o segundo dos três cantos da Divina Comédia, define a inveja como “amor pelos próprios bens pervertido ao desejo de privar a outros dos seus”. O castigo para os invejosos era ter seus olhos fechados e costurados com arame, para que eles não vissem a luz (porque haviam tido prazer em ver os outros sofrerem

Professor Francisco Melo protagonizou no dia 15 de janeiro próximo passado, o mais relevante encontro cultural de Ipu dos últimos tempos. Não foi apenas uma noite de autógrafos de sua mais nova obra, bem como o lançamento do livro da Professora Eunice Aragão.
Foi uma Convenção de Ipuenses. Um encontro de gerações para a discussão dos mais variados temas culturais, ambientais, econômicos, sociais, comportamentais e até políticos. Foi muito rico o encontro, comparado ou até maior, acredito, do que o momento em que nossa cidade comemorou seu sesquicentenário, tamanha relevância para a memória dos filhos desta terra.
Avante Mestre! Siga surpreendendo a todos
NOVA RUSSAS – 90 ANOS DE HISTÓRIA
            ARTE – AGOSTO em minhas mãos, impacto dentro de mim! Senti o perfume de suas mergulhadas nas lembranças de um passado já bem distante. Revista que embalou meu coração envolto numa saudade… E as imagens foram passando… ruas, praças, vultos, amigos que um dia fizeram o nosso mundo. Final da década de 50. Residi nesta maravilhosa cidade durante três anos, numa casa ao lado da Igreja Matriz, noutra próxima à casa do Sr. Temóteo Chaves, depois numa de esquina, grande e arejada e por último papai comprou a nossa casa quase em frente à do Senhor Zeca Gildo. Estávamos finalmente estabelecidos em Nova Russas. Ainda hoje este pedaço de chão nos pertence e está alugado à Prefeitura Municipal. Lecionei no Bairro do Progresso, no Grupo Escolar de Nova Russas, sob a direção de Dona Oscarina uma verdadeira DAMA. Lembranças da Valquíria, da Jovandira e de outras colegas. Ensinei também Ginásio Mons. Tabosa e Patronato AUXILIUM. Parabéns ao meu ex-aluno Francisco Gomes de Moura, hoje Desembargador. Destaque também para Stênio, Luciano, Netinho, Leitãozinho, Abelardo, Nelim, Raimundo (DOCA) e tantos outros. Com lágrimas de saudade li o documentário do grande Juarez Leitão. Padre Leitão foi realmente o “Velho Cura da Ribeira do Curtume”. Quantas reminiscências… Lembranças do café à noite, servido na calçada pela abnegada D. Nelsa. Emocionei-me até as lágrimas ao ler as lembranças da “LEGIÃO DE MARIA”. Eram legionárias: Ivonete Sampaio, Zilmar Vitorino, Francy Xavier, Margarida Castro, Teresinha Veras, Maria Veras, (Mocinha) (Astrogilda) Do Carmo Assis Socorro Tavares Margarida Maria Zélia e eu. Desculpas se esqueci alguém. Maior recordação: meu casamento, na manhã de 25 de maio de 1960, com José Raimundo. Aragão. A missa, foi solenizada e a Igreja lindamente ornamentada pelas Legionárias. Saudades eternas de minha mãe e da Sulamita. Hoje resido na decantada IPU, com meu marido, minha filha Ana e neta Meline. Obrigada meu Deus e minha gente de Nova Russas, terra onde deixei tantos amigos e que representa para mim um escrínio de recordações. Obrigada, Maria Luiza e Amanda pela REVISTA ARTE AGOSTO! VALEU!


            Ipu – CE., 12 – 10 – 2012.
A MENINA DO RIACHO VERDE – Pag. 72-73

            Ela corria ligeira pelas matas de Ipu colhendo flores silvestres para enfeitar os cabelos. Era de uma beleza exuberante e agressiva. Alta, queimada do sol, olhos verdes e luminosos, cabelos ondulados, corpo delgado e seios enormes saindo pelo decote da blusa ajustada. Andava de pés descalços e usava saias curtas e provocantes. Parecia um demônio, solta pelas caatingas com uma espingarda sobre os ombros e a cartucheira em volta da cintura. A arma poderia disparar a qualquer momento caso alguém tentasse se aproximar. Adorava provocar a curiosidade dos homens e o ciúme das mulheres do Riacho Verde. Lá para os lados do rochedo havia um olho d'água que alcançava o riacho perto do canavial. Era um lugar tranquilo e bonito onde a menina gostava de tomar o seu banho matinal. Quando ela pressentia alguém por perto começava a tirar a roupa bem devagarinho e fazia o seu strip-tease à luz do sol e ao sopro da brisa. O corpo da moça era uma verdadeira escultura embalando-se num ritmo discreto e sensual como se fosse uma ninfa na cascata. Quando ela saía do esconderijo de pedras os pingos d'água brilhavam como ouro no corpo nu que tremia de frio. A rapaziada curiosa e enlouquecida assistia de longe aquela cena alucinante mas ninguém se atrevia a chegar às rochas pois a espingarda estava lá e qualquer passo em falso poderia ser fatal. Ela sabia como enlouquecer aquela gente com o poder da sua sedução. Ela chegou ao Riacho Verde ainda bem pequena quando fora abandonada pela mãe na cidade do Rio de Janeiro. O pai, cearense, trouxe a garota para ser criada pelos avós. Nunca porém ela conseguia se adaptar  e era uma estranha naquelas paragens agrestes tão distantes da civilização, tão diferentes da realidade onde havia nascido. Tornou-se rebelde a alimentar um ódio secreto por tudo aquilo que constituía o seu novo mundo. Ninguém conseguia acalmá-la. As crianças nativas foram despertadas pelas suas estórias fantásticas, pelo seu sotaque carioca e pelo atrevimento de seus gestos. Seu nome era Steffany e soava sofisticado demais no meio das Marias, das Franciscas e das Rosinhas. Aqueles olhos verdes e profundos falavam de um mundo completamente desconhecido para as meninas morenas, pálidas e magrinhas. Steffany era o contraste das vidas marcadas pelo descaso dos governantes, pela discriminação regional, pelo desnível social, e pelo abandono de homem que lida com a terra. Steffany pouco a pouco foi armando a sua vingança contra aquela gente que nunca suportou a sua presença. Tornou-se uma verdadeira índia perdida pelas matas. Aprendeu a carregar os cartuchos da espingarda e se embrenhar no sopé da serra da Ibiapaba. Era uma nova Iracema, a virgem dos lábios de mel, personagem de José de Alencar que imortalizou o Ipu no cenário da literatura nacional. E a sua vingança foi provocar o amor dos homens através de suas aparições matinais no rochedo silencioso. Era um momento de glória e de êxtase. Um dia porém a bela carioca decidiu abandonar aquela vida tão sofrida que se tornou monótona. Pegou carona com uma família que viajava para o Rio de Janeiro.
            E nunca mais o Riacho Verde foi o mesmo. Tudo ficou mais pobre e mais triste sem a presença marcante da moça que brincava com a fantasia dos rapazes e com os sentimentos das mocinhas tão puras do lugar. O olho d'água parecia chorar e as suas lágrimas se perdiam no leito sem vida.
            Os rapazes sempre voltavam ao rochedo mas só encontravam a frieza das pedras, a saudade dos tempos ditosos e a lembrança de Steffany que mudou a paisagem e a cabeça de muita gente. Nunca mais se ouviu falar da menina de olhos tristes que enfeitiçava os homens do Riacho Verde.
Organizada por Reis de Sousa)
Contos do Brasil Contemporâneo – vol. XXV – 1998.
(Selecionados pela Revista Brasília – D.F.)


 “Palavras de Amor”.    

Publicado na Antologia Literária – Casa do Novo Autor Editora. São Paulo – 2000 – Pag. 202, 203 e 204.
A Moça da Montanha – (Páginas 21 a 25)
    Maria Eunice M. M. Aragão

         A moça viveu e conviveu na cidade. Conheceu a sociedade humana, mas não a entendeu. Foi submersa no mundo, mas dele não emergiu. Envolveu-se num emaranhado de ilusões e descobriu a amargura do nada. E o círculo de dissabores foi se fechando e ela morrendo pouco a pouco. A angústia sufocava sua vontade de viver. Debatia-se qual pássaro na gaiola, sem esperança de poder voar. Gritava por liberdade, mas não sabia como encontrá-la. Bateu em todas as portas em busca de uma palavra amiga e só encontrou o silêncio das pedras... Era preciso fugir para bem longe, esquecer a vida que já fora vivida e começar tudo de novo. Mas assaltou-lhe o pensamento de Gandhi: “De que adianta fugir se a minha amargura vai dentro de mim?” Indecisão. Vai… Não vai… A moça estava desencantada e já não podia chorar. Não sabia como vazar a própria alma. A vida estava para explodir, a situação era insustentável. Havia um desencontro dentro de si mesmo. Uma noite a moça olhou para o céu e viu uma estrela. Lembrou-se de Franklin de Oliveira que um dia dissera que também” tinha vontade de abandonar tudo e partir para um lugar perdido no oco do mundo. A ele bastava um pouco de mar, a solidão e um pouco de céu, ainda que, em alguns dias mal humorado e triste. A moça arrumou os seus apetrechos e rumou para as montanhas. Abandonou o mundo que ela mesma criara e que já não suportava. O vento soprava do sul quando ela chegou e um lugar muito bonito, situado entre as montanhas. O céu mergulhava na policromia da tarde e, ao longe, surgia uma lua opaca, triste e fria como a consciência dos homens. A moça sorveu a poesia da tarde, respirou fundo e adormeceu para sonhar… Despertou no meio da noite e escutou o vento da chuva que batia forte no telhado da casa. E consigo pensou: Oh! Chuva bendita! Lava a minh' alma das tristezas que em mim se aninharam. Varre as lembranças fincadas nas dobras do tempo. Afasta esta saudade que eu já não gosto de sentir. Eu quero ver aquilo que o mundo já não pode enxergar. Olha, o mundo  está cego e eu não quero perder a visão do que é belo. Não quero que a minha vida seja uma busca inútil rumo ao desconhecido. Devemos ser felizes, sabendo que o somos. Eu quero fazer um ninho de amor no cume desta montanha. É preciso lutar…
         Quando o dia amanheceu, a moça correu e foi olhar a enxurrada que descia. Águas barrentas, folhas amarrotadas, tronco enegrecido, pedras lodosas, tudo descendo rio abaixo. A moça sentiu uma vontade louca de descer também. Seria tão fácil acabar tudo de uma só vez… Mil vezes morrer do que enfrentar a crueldade do mundo. Hesitou…
         E no silêncio da montanha ela ouviu a voz de GIBRAN: “Cantaste para mim na minha solidão e eu, com vossas aspirações construí uma torre no céu”. E as nuvens passaram lá em cima, formando torres branquinhas, como brinquedos de menina. Vieram as lembranças antigas de uma infância feliz: barquinhos de papel soltos na grota que corriam velozes rentes à calçada. Vieram ainda os sonhos fofos, a ternura de um olhar, a magia de um beijo e o mistério das coisas simples. Ela começou a sua caminhada em busca da simplicidade da rosa nascida no monte. A moça andou, andou muito e começou a sonhar. Ela seria igual a heroína de Anton Ichecov. Sonhar era muito mais gratificante do que aturar a realidade de um mundo sem alma, onde só conta a matéria. Sim, só vale o ter, o ser já não vale nada… Os homens esqueceram-se de que a riqueza interior é muito mais importante que o luxo do carro do ano, a média da conta bancária ou posição social. Todos se acotovelam para alcançar maior “status”. O negócio é subir embora pisando a miséria dos outros. A moça gritou bem alto: “VOCÊS SÃO UNS TOLOS”! VOCÊS SÃO VAZIOS! COVARDES! EU OS ODEIO!
         Quando a moça acordou já era dia alto e o sol dourado aquecia à natureza e a alma do povo. Pela primeira vez a moça sentiu vontade de chorar. Foi um pranto solto, livre, vazando um pouco o seu coração oprimido. Olhou as cumeadas das montanhas e se sentiu gente. Era preciso escalar e chegar àquelas alturas. A moça recebeu mais uma injustiça, mais uma humilhação, mais um desamor. Recebeu tudo com serenidade e foi capaz de sorrir. E na mesma taça que lhe deram fel ela colocou uma rosa e um beijo de amor. Uma noite ela sentiu vontade imensa de andar. O seu espírito aventureiro e a sua alma boêmia anunciavam que era tempo de partir. E ela saiu ladeira abaixo. Não  dera tempo para calçar os chinelos e ela desceu de pés descalços. Andou, andou, andou e quando tomou consciência já pisava as largas calçadas da cidade que um dia ela abandonara. A chuva molhava seus cabelos e as roupas se agarravam em seu corpo, mas a alma estava livre. A cidade estava quieta e parecia dormir. As luzes refletiam-se nas águas com estranha languidez.
         … E a moça fitou a montanha que se perdia na distancia do tempo e transportou-se para além das nuvens, embora sentindo os pés no chão. Quando a madrugada chegou, a moça das montanhas bateu à porta de alguém e com voz serena e ansiosa perguntou: - “Posso entrar?” A porta abriu-se de mansinho e dois braços protetores enlaçaram seu corpo cansado, enquanto os lábios sequiosos celebraram o ritual do perdão.   



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A dor de uma saudade…

É louco esse sentimento, difícil de explicar, de definir. A gente só consegue sentir. E quando sente, quando a saudade bate pra valer, o peito dói.  A saudade é tão única que nem tradução para outras línguas tem. Não existe dia, hora ou momento certo para sentir saudade. Ela bate de repente, aliás, na maioria das vezes, quando menos esperamos. Vem como uma onda, às vezes boa e divertida, às vezes ruim, devastadora como um tsunami.
Basta um cheiro, uma música, uma lembrança, um filme, uma comida, um livro, para sentirmos falta de um tempo que não volta, falta de uma pessoa, falta de uma viagem, falta até do que ainda não conhecemos ou nunca tivemos. Mas só o “sentir falta” não define a saudade: ela é muito mais complexa, é uma mistura de sentimentos bons e ruins, como a perda, o amor, a solidão, o carinho. Difícil! Difícil controlar a saudade. Ás vezes parece que ela não cabe no coração, e vai ver não cabe mesmo. Aí, a gente chora.
Estes dias vi uma foto minha em Londres e senti na hora  a temperatura gélida da foto. Senti o cheiro da rua, o vento batendo no rosto, senti meus 16 anos, senti alegria… e ao mesmo tempo, tristeza. Senti saudade!
A saudade sem solução, da ausência eterna, do tempo que não cura, aquela que temos que aceitar, que temos que entubar goela abaixo, é cruel, é o sentimento mais duro do mundo. Nos destrói. Já a saudade com solução, aquela  que uma hora ou outra vai passar, é boa, branda, tranquila, até saudável, necessária em alguns momentos.
Que tenhamos todos mais saudades boas do que ruins. E quando a ruim insistir em chegar, que tenhamos  força e serenidade para encará-la e, dentro do possível, aceitá-la.

Para finalizar, como diria nosso brasileiro Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré: “Há dor que mata a pessoa sem dó nem piedade. Porém, não há dor que doa, como a dor de uma saudade.”

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

POR QUE NÃO LANCEI “HISTÓRIAS CONTADAS NO ALPENDRE” EM IPU?


         Esta pergunta me foi feita várias vezes. Os convites impressos, os convidados cientes e a festa pronta para sua realização. Mesmo assim, a resposta foi sempre a mesma: porque três dias antes havia falecido a acadêmica fundadora da Academia Ipuense de Letras (AILCA) Conceição Viana.
         O evento seria parte da solenidade da AILCA, dia 16 de janeiro, sexta-feira. Assim sendo, como ipuense que sou e em homenagem a outra ipuense, acadêmica, ex-professora e primeira vereadora mulher de Ipu, achei que não cairia bem realizar um evento festivo logo após seu falecimento, dia 13. Não seria uma atitude sensata.
Ademais, o sentimento de perda estava muito latente; o ambiente fúnebre aflorado ainda e a sensação de falta de consideração e de solidariedade cristã não me permitiram realizar um evento festivo com sabor fúnebre.
Outra oportunidade de lançar este e outros livros terei, mas não terei outra oportunidade para expressar, a seus familiares e aos ipuenses, meu sentimento afetivo por ela na ocasião de sua viagem eterna.
Respeito quem pensa diferente, mas pretendo continuar a pensar assim.

Sebastião Valdemir Mourão


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Intendentes, Invertores e Prefeitos de Ipu.

Desde o ano de 1914, foi intendente por 11 anos o Cel. José Raimundo de Aragão Filho, embora antes de 1910, tenha governado o município de Ipu, 4 anos, juntando, daria um período de 14 anos de administração. Em 1910 foi Intendente de Ipu o Cel. João Bessa Guimarães. Em 1914 o Intendente era o Ten. Cel. Aprígio Quixadá, sendo em seguida substituído por Dr. Abílio Martins e mais tarde pelo Cel. José Raimundo de Aragão Filho. - O 1º Prefeito eleito de Ipu, foi o Cel. Félix de Sousa Martins, em 1926. Governou até 1928. Primeira eleição pelo voto direto. 2º Prefeito - Manuel Victor de Mesquita governou dois anos; de 1929 a 1930.
3º Prefeito – Eleito prefeito de Ipu o Cel. João Martins Sobrinho, disputou a eleição com o Dr. Osvaldo Araújo. O Cel. João Martins Sobrinho não assumiu a prefeitura por causa da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder como governo provisório do Brasil. Esta revolução fez com que Getúlio assumisse, sendo o mesmo o candidato à presidência foi derrotado. O seu partido era a Aliança Liberal. Getúlio nomeou Interventores de todos os estados brasileiros. Eram nomeados governadores não eleitos pelo povo, e sim por Getúlio Vargas. Para o Ceará foi nomeado Manoel Fernandes Távora, isso em 1930. Manoel Fernandes Távora nomeou Joaquim de Oliveira Lima, Interventor Municipal, empossado no dia 30 de outubro de 1930 a 24 de abril de 1935, administrando a cidade de Ipu, durante um período de 53 meses e 24 dias, chegando ao término de sua administração, passou todos os poderes ao seu sucessor Dr. Luís Gonzaga da Silveira, nomeado no dia 24-04-1935, governando o resto desse ano.


INAUGURAÇÕES.

Foi inaugurado festivamente no dia 07 de setembro de 1927 pelo primeiro Prefeito eleito de Ipu Cel. Felix de Sousa Martins, que ao cortar a fita simbólica disse: ESTÁ INAUGURADO O JARDIM DE IRACEMA, neste momento a banda de música tocou, fogos estalaram no ar, aplausos aos mais diversos, estava, pois inaugurado o Jardim de flores belas que veio depois sofrer várias modificações. A primeira foi na gestão do Prefeito Antônio Pereira de Farias, foram demolidos o bonito Jardim e o Coreto e colocado no mesmo lugar a estatua de Iracema, a Tapuia, à Virgem dos Lábios de Mel, substituída depois por outro sistema de Praça dos mais ridículos já existentes, mais parecendo esconderijo para ataques a bala e assaltos à mão armada.

Outro fato marcante na vida social do nosso povo foi à inauguração da Hidroelétrica, energia vinda de uma turbina instalada no pé da serra movida por um motor de fabricação Alemã de marca BATACLAN, iluminação que serviu por muito tempo a nossa cidade.

Foi na gestão do Prefeito Joaquim de Oliveira Lima a realização de tão deslumbrante obra.

A inauguração aconteceu no dia 20 de setembro de 1931, a cidade se revestiu de júbilo, toda ornamentada, estava preparada para o grande momento. O baile comemorativo aconteceu na casa do Sr. Manoel Dias Martins. Oscar Coelho proferiu o discurso e acionou a chave geral dizendo “EIS A LUZ”, neste momento as máquinas que estavam na estação apitaram, os sinos repicaram, fogos de artifício estalaram no ar e a banda de música entoou Dobrada e Valsas.

 Outro fato marcante foi em 1940, ano da comemoração dos 100 Anos de Emancipação Política do Município de Ipu. Todas providencias foram tomadas no sentido de realizar uma grande festa.
O Prefeito era o Dr. Chagas Pinto da Silveira, sendo Presidente de República Dr. Getúlio Dorneles Vargas e Interventor estadual Dr. Francisco de Meneses Pimentel.
Era 26 de agosto de 1940 a cidade amanhecera radiantes e em festa, para comemorar os 100 Anos de Emancipação. Logo ao alvorecer Salva de 21 Tiros em seguida Missa na Igreja Matriz celebrada pelo Ipuense Padre Antonino Soares Cordeiro, logo após a Missa desfiles pelo Tiro de Guerra e Escolas Locais, pelas principais ruas da cidade e concentração em frente ao Paço Municipal para solenemente hastear a Bandeira do Brasil, como também proceder à inauguração do Jardim 26 de Agosto construído para marcar tão significante data. Presentes aos acontecimentos, autoridades civis, militares e eclesiásticas, o Tiro de Guerra nº 208 e as Escolas existentes no Ipu.
Às 14 horas Sessão Solene no prédio da Prefeitura Municipal onde foram ouvidos vários oradores como Osvaldo Araújo, Dr. Francisco das Chagas Pinto, Manoel Bessa Guimarães, e Dr. Eusébio de Sousa. Foi executado pelo Canto Orfeônico um número musical e por fim cantado pela primeira vez a Valsa de Zezé do Vale “Passado do Meu Ipu” por Wilson Lopes, voz orgulho da nossa cidade que se fez representar muito bem sempre levando o nome de Ipu através da música aos mais longínquos rincões deste País.
Esta valsa até hoje é cantada e conhecida por todos ipuenses. È um Hino de louvor a Terra Berço.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lançamento dos livros: Ipuenses e Nos Respingos da Madrugada - dia 15 de janeiro de 2015.
APRESENTAÇÃO

         A região de Semiárido Brasileiro, onde vivemos se caracteriza pela expressiva disponibilidade de energia solar, que é responsável pelo processo evaporativo.
Aqui temos informações distintas de aplicação de água ao solo com tecnologias direcionadas á otimização do uso da água, tanto na produção agrícola sob regime de chuvas e estiagens ou sob forma de irrigação tradicional.
         Embora ambas estejam fundamentadas em princípios que regem a aplicação de água ao solo e uso pela plantas, cada uma possui estratégias próprias, estudadas e analisadas com suporte de pesquisas á nível de laboratório e de campo.
         Deve-se esclarecer que em todo o mundo existem preocupações generalizadas sobre o uso excessivo de água relativo às disponibilidades atuais existentes, e fazem parte as perdas provenientes dos desperdícios em seu manuseio. Como exemplo, merece citar que projetos de irrigação em geral, apresentam baixos índices de eficiência na aplicação de água ao solo, onde a água toma duas direções distintas. Uma, pela força da gravidade, alcança as camadas mais profundas do solo e na sua maioria, é consequência das baixas eficiências de irrigação. Nos projetos de irrigação estas perdas são apresentadas por grandezas demais expressivas. O outro componente de perdas é a evaporação da água na superfície do solo. Entretanto, já no processo de evapotranspiração a água é responsável pelo crescimento das plantas e a respectiva produção agrícola, que é processada pela fotossíntese, através da abertura dos estômatos na presença de luz. Dados de pesquisa mostram uma correlação entre a utilização da água no processo de evapotranspiração com a produção vegetal.
         Como apoio aos treinamentos e cursos oferecidos pela FAO/ SUDENE, IICA/OEA em Petrolina- Pe, foi elaborados, através de bibliografia e resultados de pesquisa obtidos localmente, uma obra denominada “ Climatologia Aplicada a Irrigação” (*).
(*) ARAGÃO. O. P. 1974.  75p                                              
Biblioteca(s) Embrapa Semiárido.
         Das bibliografias listadas em anexo, encontram-se duas que, embora envolvam os mesmos princípios que regem o uso de água pela culturas, encontram-se sob diferentes técnicas de aplicação de água ao cultivo.
ÁREA DE SEQUEIRO
         Apresentamos informações técnico-científicas destinadas à otimização do uso dos excessos de água de chuva armazenadas em pequenos barreiro aplicados sob forma de irrigação de “salvação”, proporcionado um incremento na produção de alimentos, para atenuar as condições de subnutrição, que atinge pequenos produtores rurais, em períodos de estiagem, que é consequência da distribuição irregular de chuvas, frequentes nas regiões do Trópico Semiárido.
         Preocupados com a irregularidade das chuvas nas regiões semiáridas do mundo, o Centro de Pesquisas Internacional “Crops Research Institure for de Semiárido Tropics ( ICRISAT)” , em Hyderabad-India, desenvolve estudos em agricultura de sequeiro onde é considerado o máximo aproveitamento integrado dos componentes agro hidrológicos, para obtenção de uma produção estável.
         Pesquisas bibliográficas e inúmeros trabalhos de campo, realizado em pequenos agricultores, pelo CPATSA/EMBRAPA, levaram à apresentar informações e recomendações que podem ser utilizadas, em forma de testes no campo, denominadas ALTERNATIVA PARA ESTABILIZAÇÃO DA AGRICULTURA DE SEQUEIRO (*).

         A metodologia visa o aproveitamento do escoamento superficial dos excessos de água de chuva, armazenada em pequenos barreiros e envolve técnicas agrícolas e hidrológicas, como:
- Reconhecimento da área agrícola, observando o tipo de solo e declividades, destinados a posicionar o sistema de sucos largos e pouco profundos, com camalhões de topo plano. Conforme as informações sobre o solo, a declinidade pode variar entre 0,4 a 0,8%.
- A área agrícola explorada sobre aspecto agro hidrológico envolve práticas culturais sobre um sistema que viabilize a coleta de água provenientes do escoamento superficial (run-off), em 2 a 3 pequenos barreiros com capacidade de armazenamento entre 1.000 a 1.200m3 de água, cada, alocados em pontos estratégicos na própria área cultivada ou provenientes de áreas vizinhas imprestáveis, sem condições para cultivos.
         - Os sucos representam um sistema coletor de água e, também, são usados para aplicação de água em forma de “irrigação de salvação” provenientes dos barreiros. Outros alternativas podem ser adequadas à este sistema, conforme a condição agro hidrológicas da área agrícola em questão.
ÁREA COM IRRIGAÇÃO TRADICIONAL

         Numa área onde há disponibilidade expressiva de água, proveniente de poços, de armazenamento superficial, de rios, ou de outra fonte hídrica, requer estudos de engenharia, do social, e conhecimento sobre o complexo solo-água-planta, e climas. É imprescindível o acompanhamento da evolução da área irrigada através dos anos, com fins de serem feitas quando necessárias, as devidas correções destinadas à conservação e/ou incremento da capacidade produtiva da área agrícola.
         Estudos sociais,, conhecimento da produção/ comercialização, e estudo da economicidade como um todo, integrado, junto com a disponibilidade de recursos, viabilizará ou não sua implantação.
         Todas as condições relatadas devem comungar com informações oriundas de pesquisas bibliográficas de região que apresentem situações análogas, de informações locais de conhecimento da estrutura de apoio, e o principal, que o aspecto social, que poderá direcionar a forma de exploração em pequenos lotes para colonos, ou grande áreas destinadas a agroindústria, ou ambas.
         Ainda, a pesquisa agrícola no campo da área irrigada, deve testar e desenvolver novos cultivares que fiquem disponíveis como opção futura.
         No acompanhamento da evolução do complexo solo-agua-planta e sua interligação com as condições climáticas, deverá definir, para diferentes épocas do ano uma tecnologia mais racional e econômica possível.
         Durante anos dedicados à pesquisa em agricultura irrigada, podem surgir informações uma comprovando técnicas relatadas em fontes bibliográficas e outra detectadas em estudos específicos da área, que podem fugir das informações já existentes.
         Há uma região do Submédio São Francisco uma área de verti solos com aproximadamente 70 mil há. Encontra-se, no momento pequena parte desta área sob irrigação.
         Estes solos são argilosos com propriedades de expansão quando úmidos e significativa contração quando secos, com apresentação de fendas. A penetração de água nestes solos está condicionada ao seu estado hídrico no momento. Quando a superfície encontra-se sob estado de saturação, as partes profundas, praticamente deixam de receber umidade, pois esta está condicionada à expansividade do solo da camada superior.
         Merece salientar que conseguimos detectar através de medições diárias e constantes, as variações de distribuição de umidade em todo perfil do solo, inclusive, observando e fazendo associação com o crescimento das plantas, datas das irrigações, diferentes épocas do ano com chuva, e ou sem chuva.

(*) DOC: Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Semiárido / EMBRAPA

Pesquisador: Octávio Pessoa Aragão

domingo, 22 de fevereiro de 2015


domingo, 22 de fevereiro de 2015

correspondentes e aliterados: as prosas e versos do bonfim

[as obras;
Quando converso sobre literatura, as coisas nunca saem como eu pensava. Na verdade, as coisas ganham uma profundidade de espírito. Eu acabo ficando tão hermético que, ainda consigo notar, o único que vai entender as coisas seria só eu mesmo. Quando converso de literatura, ainda me resguardo cabisbaixo, olhando o chão e com a voz trêmulo e, mesmo dominando o conteúdo, ainda sou inseguro em como falar. Como? Como falar, escrever, defender, refutar uma arte tão antiga? Mãe das artes, patrona dos vocábulos, rainha da bateria da liberdade? Eu tenho é na verdade um caso de amor com a literatura e um amor só meu. Reservo-me ao direito de permanecer envolto na imensidão apaixonante que é a literatura, até lá, vou tentar me abrir um pouco em como é essa relação. 
Mais estranho do que falar sobre literatura é falar de um amigo que a faz de maneira magistral. A literatura escolhe bem do seu vasto rebanho quem ela irá abençoar com o conhecimento milenar do 'ver-o-mundo' pelos olhos das eternas musas. Luciano Bonfim é um destes escolhidos do rebanho e professa tal arte de uma maneira bem singular, dentro das (des)continuidades da nossa famigerada época contemporânea. Tanto o seu verso quanto a sua prosa nos surgem de uma maneira livre das formas que os antigos e, sobretudo hoje, confusos papas parnasianos não conseguem compreender - ou não querem, ou não desejam, ou apenas invejam. Ah! Libertária! A arte ainda rima bem, rima muito bem com esse adjetivo. As obras do Bonfim nos transmitem uma simplicidade misturada a uma subjetividade próprias das coisas da arte. A simplicidade acha residência nos meios em como ele nos conta história ou escreve versos: usando uma linguagem bem próxima, inerente ao leitor e que desabrocha o mundo diante das retinas ávidas de novidades. Já o subjetivismo, dito lar da pós-modernidade, é o espírito que move as suas obras. Há em Bonfim uma clara amostra do ser que fala por um código hermético, revisto aos olhos enevoados do cotidiano e que busca a mais pura beleza dentro das feridas vastas do dia-a-dia. A crueza dos seus livros, pequenas obras, mas de grande peso, trazem uma cor derivada do trivial, do estranho e incompreendido mundo das imensidões diárias, das conversas com liquidificadores e das cartas à Van Gogh e Kierkegaard, sempre nunca correspondidas (ainda, no mais tardar, talvez...). Gosto muito de ler os livros do Bonfim naqueles minutos em que ninguém mais consegue alcançar a retina feita de pura luz das auroras. Quero a música da dança dos sapatos, as 'hestórias' e os instantâneos presos aos aliterados versos dos dias que teimam em não passar e só pela lente 20/30 do autor que vemos como eles descontinuam.
Eis aqui uma pequena história/análise de cada um dos livros do Bonfim que o tenho por ali, pela estante..
Naqueles idos dias de inverno de 2009, veio-me às mãos pelo próprio autor o 'Móbiles', seu segundo livro. Eu, ainda um 'enfant terrible' aluno-acalourado da Letras da UVA, saí daquela coordenação agraciado com aquele presente. Sobre o autor? Já o conhecia, e pra pouco dali seria um aluno seu. Bonfim é alguém que se pode conversar sobre tudo sem medo das palavras que sairão dele. Li o 'Móbiles' ali mesmo na Universidade, naquele corredor das placas que faz uma ponte da reitoria para onde ficam os cursos de Biologia e Contábeis. A minha impressão aqui é a mesma daquele tempo: o livro é muito belo, simples, atraente. A prosa me encanta pelo fato de ela ir além da retina e concepções pré-formadas sobre muita coisa. Os 'movimentos' que o livro faz, trazem ao leitor uma ideia da prosa disforme ou pré-forme, contando amiúdes entre desparecimentos, pré-romances e palhaços, este últimos 'riem de dentro da pra fora, somente por entre os dentes, somente através do público. De perto, eles não têm graça nenhuma'. As viagens narrativas nos fazem ver cartas inéditas, escritas além do tempo para Kierkegaard ('em compensação, é imprudente esconder-se atrás de uma porta entreaberta'), Caio ('lembra da moça de óculos?') e Clarice ('vai ser difícil escrever esta história! Pois sempre serei o teu amante'). Outras intermitências poéticas, correspondentes, em versos e prosas quase versadas ganham o espaço do livro. A literatura de Bonfim nos aproxima do imortal desejo de tocar a essência das coisas escondidas no dia-a-dia. O lúdico verso de 'Móbiles', em suas páginas finais, denota o fazer poético de dentro dos moldes livres da nossa era de aquário (ainda? Será?) Eis o poeta de Bonfim: 'procuro fugir do nada original lugar comum e perco-me em lugar nenhum.'. Nesta obra, os lapsos poéticos do autor não se resumem somente a produção, mas a uma análise do fazer literário: 'escrever é igualzinho a comer mel de engenho com farinha'. Logo, 'Móbiles', traz, desde o título essa manifestação da poesia de maneira movedora, criativa, que escapa da realidade para se afundar mais nela. Foi por ali que, nesse caminho do inverso, eu dancei com aqueles sapatos...
[o poeta;
(foto de Hudson Costa, outro poeta, da luz da câmera)
Comprei o primeiro livro do Bonfim das mãos do próprio, num bazar promovido pelo curso de Pedagogia onde ele é professor. Ainda aluno, mas não mais um 'enfant terrible' e sim um iniciante monográfico variando em gregos e românticos. Era nos fins de 2010. O mundo girava, a gente agora falava 'Presidenta' e tínhamos o delicioso hábito de adivinhar as chuvas do caju que nunca mais vieram. 'Dançando com sapatos que incomodam', como todo primeiro livro, é arauto de uma responsabilidade além do nexo. É ali que o autor põe em evidência o seu modus operandi de escrever. Bonfim se mostra bem criativo em delinear, em suas consagradas cartas, vontades de eu lírico atordoado com o redor. Eu digo eu lírico, mas bem que, no elementar delírio das estruturas narrativas, eu poderia inscrever 'nar-ra-dor'. Mas o quê? Ainda poesia, ainda 'narra-a-dor' (alguém já disse isso? Não sei...). Os contos trazem, em uma leitura bem aprofundada, uma noção de 'antologia-da-vida-inteira até aquele momento'. De certo modo, Bonfim estava preparado para aquele primeiro livro, não por que escreveu antes para antologias e tal, mas o verbo já não cabia só a ele: precisava de mim, dela, de nós, os leitores. As ânsias de um escritor a beira do caos interno, escreve, longe das cronologias, à Van Gogh. Pobre J., 'a pior tarefa não será fazê-los acreditar. E sim eu mesmo me convencer, não tenho esta convicção. A única coisa que conseguirei: a distância'. As palavras das narrativas de Bonfim fluem e convergem para uma continuação e vivência do ser, 'muitas vidas, tantas mortes - vermes espreitam'. As palavras vão, espreitam, tal qual os vermes, as janelas do cotidiano. A cor de Bonfim vem na música daqueles sapatos. Sapatos zombeteiros que seguem passos uníssonos entre as cores dos dias. Bonfim nos chama, ora com Debussy, ora com Chopin a dançar. E nós dançamos, dançamos com o amor, onde, eu tenho medo desse sentimento: 'João partiu  Azar o dele  Vera ficará comigo  Entretanto temo represálias'. Dançamos ao som, ao som das coisas que se passam despercebidas, coisas que nunca mais os viajantes olharam, pois estão ocupados procurando entender as formas poéticas do falar bem. Eis um belo Cenário, 'capim santo, grama, sacos de sanduíche, papéis avulsos, flores e garrafas plásticas... Borboletas reclamam olhos viajantes!'... Há ali toda a matéria poética. O primeiro livro do Bonfim já anunciava o que viria depois, os seus 'Móbiles', os seus 'Instantâneos'... Leia 'dançando...'
Alitere, agora.
O dia em que recebi o livro 'Aliterar Versos 20/60 + alguns instantâneos' foi o dia em que embarquei na literatura cearense com meu livrinho de poesia sobre o Ipu, terra de mim. Bonfim se prestou a apresentar o meu livro no lançamento lá na UVA (fiquei honrado duplamente). Folheei os versos do livro num domingo banhado de vinho. Novamente, Bonfim constrói uma poesia livre, leve. Aliterar versos é quase que uma brincadeira que o poeta faz com a arte literária. A sua construção poética é imaginativa em plenos ares de liberdade sem anseio. As temáticas vão para além das coisas quotidianas, um traço evidente nas obras do escritor e tocam a pele da literatura num suspiro cálido de voz e verso, eis a arte: 'lascívia: l'art-pour-l'art / alma alcança ares / fortuita, fugitiva, fugaz?'. O verso desabrocha, esmiuçando os dias em tons cada vez mais melódicos e transcendentes. Descrevem o agora poético que se torna o pra sempre. Sentimentos que perduram: 'Amor, aleatório almanaque / Sublime sensação. Surto. / Errática exímia emoção.'. Aliados aos versos, ganham as páginas amarelas do seu livrinho verde, ó, Bonfim, teus instantes! Retratos dos dias, mais e mais, infintos os teus dias e e mesmo assim, os lapsos instantâneos desde dias cabem nas páginas do livro. Em miúdas narrativas. Salve o escriba dos nossos dias.
As obras, eis o autor pelos corredores do campus Betânia. Mais uma vez, poesia

sábado, 21 de fevereiro de 2015



ALERTA
AVISEM SEUS FILHOS E PARENTES !!!
Dentro dos Shoppings Centers há pessoas próximas às entradas dos cinemas fazendo uma suposta pesquisa com os jovens (algo "interessante", como cinema, TV, um novo filme a ser lançado...).
Pegam então o nome, telefone celular, fixo e residencial, endereço, nome dos pais e discretamente anotam algumas características como as roupas, cor do cabelo, etc. etc. etc.
E em seguida pedem para não esquecer de desligar o telefone celular para não incomodar outras pessoas no interior do cinema durante a exibição do filme.
Depois que as pessoas entram no cinema, eles esperam alguns minutos, ligam para a pessoa que foi "entrevistada" para ver se o celular está mesmo desligado e, se estiver, eles ligam para a casa da pessoa.
O bandido diz o nome completo do seu filho ou parente (o que já assusta), as características
como cabelo, estatura, roupas e diz ainda "Ligue para seu filho, se acha que estou mentindo... o nº dele é 9XXX - XXXX?
Está desligado... "(pronto, se ele sabe até o nº do celular de seu filho ou parente, só pode ser verdade)"..
E como um filme dura em média 2hr, demora muito para você conseguir ligar e ser atendido.
Aí você já está em pânico e pronto para fazer o que o bandido lhe falar.
Isso não é boato e nem uma brincadeira, é fato verídico.
Instruam seus filhos e parentes a não responder nenhuma entrevista ou pesquisa nas ruas
e fornecer informações curriculares a não ser que sejam apenas diretamente para empresas.
Não coloquem Curriculum em sites da internet. Nunca desliguem os celulares. Coloque-os em "silencioso".
Em caso de cinemas, coloque-o para que simplesmente acenda a luz.
Assim saberão se algum parente está ligando... e lhe procurando.
O nível de inteligência dos bandidos está aumentando...
Temos que nos precaver cada vez mais.

FAVOR, ENCAMINHE PARA SEUS AMIGOS E SUAS FAMÍLIAS !!!
Ipu Antigo V

Correio do Norte. Do meu acervo.
A ferrovia passa a ter papel de destaque para o crescimento econômico da então pequena Ipu. O final do século XIX e as primeiras décadas do século XX representam, para esta cidade, um momento de crescimento sem precedentes. Embora já se verifique que ele tenha sido contínuo, embora com avanços e recuos, desde pelo menos meados do século XIX, quando a região teria passado por um primeiro surto de produção de algodão e dinamizado outros setores, como o açucareiro, é somente após a chegada da ferrovia, em 1894, que se pode verificar um crescimento econômico mais acentuado.
A ferrovia teria contribuído para dinamizar ainda mais a produção de algodão. Em 1921, segundo dados dos “assentamentos da Estrada de Ferro”, apresentados pelo Jornal Correio do Norte, em 1921, Ipu e Serra da Mata eram os dois maiores exportadores de algodão no norte do Ceará. A primeira cidade teria exportado 298 toneladas de algodão beneficiado “não se falando na grande porção de algodão em rama, que a casa J. Lourenço, d’esta cidade enviou para Ipueiras onde possui uma fábrica de descaroçar e que d’áli foi remettida para Camocim”[1].
O Cel. José Lourenço de Araújo[2] possuía duas fábricas de beneficiamento de algodão, uma em Ipu (sede do município), outra na localidade de Ipueiras e pelo menos três estabelecimentos comerciais (armazéns), um em Ipu, outro em Ipueiras, e um terceiro em Crateús, que negociavam produtos locais e efetuava transações de importação e exportação. Os seus armazéns vendiam ainda miudezas, ferragens e materiais de construção. Segundo matéria do Jornal Correio do Norte, citada acima, o Cel. José Lourenço de Araújo era o maior exportador de algodão da região.
É preciso esclarecer que o algodão exportado pela cidade de Ipu, e que aparece nas estatísticas, não era produzido unicamente no município. Os comerciantes locais compravam o algodão bruto dos produtores desta cidade e das regiões circunvizinhas. Em seguida, o produto era beneficiado, descaroçado e ensacado. Só depois era exportado para os mercados consumidores. Data do início do século o surgimento de inúmeros armazéns que comerciavam com artigos de exportação. Além daqueles pertencentes ao Cel. José Lourenço de Araújo, citados acima, outros importantes estabelecimentos foram o Armazém Dias, pertencente aos sócios José Aragão e Manuel Dias, e a Mercearia e Bilhar, de propriedade de Osório Martins e José de Farias, que além do algodão, exportavam couro, peles, mamona e café[3], este último produzido na Serra da Ibiapaba, antes da ferrovia, consumido localmente e vendido para o Piauí[4].




[1] Algodão. Correio do Norte. Ipu, p. 1-2, 3 Ago. 1922.
[2] O cel. José Lourenço de Araújo era natural da Ribeira do Acaraú, da velha cidade de Santana. Veio para o Ipu no início do século XX. Como comerciante, abriu na cidade várias firmas e adquiriu muitas propriedades.
[3] Revista dos Municípios. Op. cit.
[4] BEZERRA, Antônio. Notas de Viagem. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará (UFC), 1965.
Postado por Antonio Vitorino às 15:35

Ipu: perfil urbano VII


Jardim de Iracema. Fotografia do acervo do prof. Mello
Seguindo pelas ruas pavimentadas por paralelepípedos, ainda no início do século, e símbolos do progresso para parte da população local, o viajante pode perceber que a velha Estação Ferroviária é ligada ao centro da cidade por duas vias largas, retilíneas e regulares, as atuais ruas Cel. Felix de Sousa Martins e Cel. Liberalino. Seguindo por qualquer uma delas, poderia avistar à sua esquerda o antigo prédio, inaugurado em 1927, construído para ser a sede do Grêmio Ipuense (1912) e do Gabinete de Leitura (1916), duas associações erguidas com o objetivo de fundar novas sociabilidades antenadas com os ideais do progresso e da modernidade, desejo de homens e mulheres seduzidos por tais valores. O antigo Palacete Iracema, símbolo de novos valores buscados, vendido à iniciativa privada, modificado e “modernizado”, é hoje a sede da Caixa Econômica Federal. A memória das Soirées, dos bailes, partidas literárias e saraus, realizados em seu interior, permanece apenas na mente dos mais velhos de seus frequentadores. A sua antiga sede já não lembra suas noites de “gala”.
Da calçada do antigo Palacete Iracema, na rua Cel. Liberalino, o viajante vê, a poucos metros de distância, a atual Praça de Iracema, bem no coração pulsante da cidade, onde, em 1927 foi inaugurado o Jardim de Iracema, por iniciativas de homens desejosos de espaços de sociabilidades modernas. No centro do Jardim foi erguido um coreto onde, aos domingos, as bandas de música do Centro Artístico Ipuense[1] e da Euterpe Ipuense[2] realizavam retretas para o deleite de pessoas abastadas e que se reuniam para sociabilizar-se e respirar os ares de um mundo novo buscado, sem ser incomodados pelo “populacho”, mantidos a distância pela força policial. O viajante se decepcionaria, também, ao saber que aquele logradouro foi destruído e reconstruído quatro sucessivas vezes e que a Praça de Iracema[3], atual, foi inaugurada apenas nos primeiros anos do século XX. É escusado dizer que a atual praça nada lembra a antiga ali erguida.
Seguindo ainda por uma das duas vias que ligam a Estação Ferroviária ao centro, o viajante chega a uma das duas esquinas do Mercado Público. Talvez se impressione com a robusteza do comércio, apesar de seu crescimento lento atual: para qualquer lado que olhe avista um mar de estabelecimentos comerciais e um burburinho constante, em alguns dias ensurdecedor, de veículos e pessoas circulando, algo pouco característico das pequenas cidades do interior do Ceará.
Continua...