Ipu: perfil urbano VII
Jardim de Iracema. Fotografia do acervo do prof.
Mello
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Seguindo
pelas ruas pavimentadas por paralelepípedos, ainda no início do século, e
símbolos do progresso para parte da população local, o viajante pode perceber
que a velha Estação Ferroviária é ligada ao centro da cidade por duas vias
largas, retilíneas e regulares, as atuais ruas Cel. Felix de Sousa Martins e
Cel. Liberalino. Seguindo por qualquer uma delas, poderia avistar à sua
esquerda o antigo prédio, inaugurado em 1927, construído para ser a sede do Grêmio
Ipuense (1912) e do Gabinete de Leitura (1916), duas associações
erguidas com o objetivo de fundar novas sociabilidades antenadas com os ideais
do progresso e da modernidade, desejo de homens e mulheres seduzidos por tais
valores. O antigo Palacete Iracema, símbolo de novos valores buscados,
vendido à iniciativa privada, modificado e “modernizado”, é hoje a sede da
Caixa Econômica Federal. A memória das Soirées, dos bailes, partidas
literárias e saraus, realizados em seu interior, permanece apenas na
mente dos mais velhos de seus frequentadores. A sua antiga sede já não lembra
suas noites de “gala”.
Da calçada
do antigo Palacete Iracema, na rua Cel. Liberalino, o viajante vê, a
poucos metros de distância, a atual Praça de Iracema, bem no coração
pulsante da cidade, onde, em 1927 foi inaugurado o Jardim de Iracema,
por iniciativas de homens desejosos de espaços de sociabilidades modernas. No
centro do Jardim foi erguido um coreto onde, aos domingos, as bandas de
música do Centro Artístico Ipuense[1] e da Euterpe Ipuense[2] realizavam retretas para o deleite de pessoas abastadas e que se
reuniam para sociabilizar-se e respirar os ares de um mundo novo buscado, sem
ser incomodados pelo “populacho”, mantidos a distância pela força policial. O
viajante se decepcionaria, também, ao saber que aquele logradouro foi destruído
e reconstruído quatro sucessivas vezes e que a Praça de Iracema[3], atual, foi inaugurada apenas nos primeiros anos do século XX. É
escusado dizer que a atual praça nada lembra a antiga ali erguida.
Seguindo ainda por uma das duas vias que ligam a
Estação Ferroviária ao centro, o viajante chega a uma das duas esquinas do
Mercado Público. Talvez se impressione com a robusteza do comércio, apesar de
seu crescimento lento atual: para qualquer lado que olhe avista um mar de
estabelecimentos comerciais e um burburinho constante, em alguns dias
ensurdecedor, de veículos e pessoas circulando, algo pouco característico das
pequenas cidades do interior do Ceará.
Continua...
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