sábado, 31 de julho de 2010

Biografia de Abilio Martins

Dr. Abílio Martins.

Bacharel, Jornalista, Pecuarista, Político e Poeta.
Filho de Ipu, Ceará, casado com Celina de Carvalho.
Substituiu seu genitor Antonio Manoel Martins na firma “Lourenço Martins & Cia” em Belém do Pará.
Residindo em Ipu, escrevia para jornais da Capital: “Correio do Ceará” e “Gazeta de Noticias”.
“Fundou o Gabinete de Ipuense de Leitura”, quando na época residia em Ipu diversos intelectuais.
Redator do hebdomadário “Correio do Norte” em Ipu. Autor de diversas comedias reapresentadas pela elite ipuense. Como Deputado Estadual representante da Zona Norte, conseguiu a ligação do Ipu com a serra da Ibiapaba, com elo de difícil acesso no Boqueirão, tendo vindo engenheiros do sul. Sendo esta a maior aspiração dos ipuenses.
Conseguiu também a construção do “Açude Bonito” para manter trabalho, matar a sede e fome da pobreza.
No Governo Justiniano de Serpa, em 1920 foi convidado para Secretário de Segurança do Estado.
Mesmo em casa do Padre Cícero, em Juazeiro, ele combateu e derrotou o cangaço do Zé Pereira no sul do Estado. Quando se desencadeou a política no “Forte de Copacabana” e se propalou por todo o País a deposição do Presidente Serpa por forças federais, Dr. Abílio desenvolveu uma extraordinária atividade e deu provas de mais inflexível energia sem perder o seu humor.
Como poeta, ele respondia suas cartas em versos ou sonetos.
Faleceu com 39 anos, repentinamente, quando Secretário, examinava obras do Estado em Caucaia para reforma da Penitenciaria de Fortaleza em 26 de setembro de 1923.
Depois do seu falecimento sua família publicou “Versos Alegres” com prefácio do Poeta Antonio Sales e este terminou dizendo: “Fica o público sabendo que Abílio Martins não era somente um homem espirituoso, mas também uma forma inteligente que veio aumentar o patrimônio intelectual de nossa terra e que ele serviu com tanta dedicação e lealdade deixando seu nome querido e brilhante na agiologia intelectual do Ceará”
Em Fortaleza, no Bairro da Parquelandia, Abílio Martins tem seu nome registrado numa larga rua e bonita.
No Município de Ipu tem um Distrito com seu nome, é o Distrito de Abílio Martins antigo “Curupati”. Ainda exista uma Praça no Centro da cidade que leva o seu nome.
Dados fornecidos D. Francelina Martins de Araújo.


Histótico da Cidade de Ipueiras. ALMECE.



ACADEMIA MUNICIPAL DE LETRAS DO ESTADO DO CEARÁ
(ALMECE)
A ALMECE é uma Academia que faz em cada cidade de nosso Estado um representante. Fui indicado por um de meus amigos de Ipueiras para representá-la junto a ALMECE o que muito me deixou lisonjeado.

Depois de três anos passei a representar o meu Município de Nascimento – O IPU. Com o desaparecimento da representa que havia morado em Ipu e que era descendente de Alemã, o seu nome não me recordo sei apenas que morava no Rio de Janeiro e faleceu no de 2003.

Assumi no dia 24 de setembro de 2003 a Cadeira de Nº. 04 a sonhada vontade de representar a minha Terra O IPU.


REFERÊNICIAS SOBRE A CIDADE DE IPUEIRAS

A cidade de Ipueiras está localizada na zona norte do Estado do Ceará. Uma das regiões cobertas de carnaubeiras e muitas árvores frondosas com água corrente, muita caça e uma grande lagoa.
Aqui na fazenda chamada Ipueiras morava os seus primitivos Tabajaras que ali residiam bem felizes. Era uma grande floresta, que aos poucos foi sendo destruída.
A água acabou e os índios passaram a chamá-la de Ipueiras.
O nome Ipueiras é de origem indígena, significando “águas retiradas” ou “lagoa pequena e rasa”.
Antes de se formar povoado, Ipueiras era uma grande fazenda de gado, que tinha como proprietário um dos homens mais poderosos do Ceará, o Coronel do Regimento da Cavalaria da Vila Nova Del Rei, hoje Guaraciaba do Norte.
Manoel Martins Chaves, cujo poder se alastrava desde o planalto da Ibiapaba até os sertões dos Inhamuns, era conhecido por suas maldades, onde mandava matar os que lhe desobedeciam ou desagradava, numa prensa localizada próxima à localidade “América”.
Em março de 1805, o Governador João Carlos de Oeynhousen, efetuou pessoalmente a prisão do coronel Martins Chaves e comparsas; foram enviados para os cárceres de Limoeiro, em Portugal, vindos a falecer em 27 de maio de 1808. Suas terras foram confiscadas por ordem direta de Portugal, provinda da Rainha D. Maria Louca, em 1806, as quais foram adquiridas por sua irmã, D. Maria do Prado e Vasconcelos.
A Fazenda Ipueiras foi retalhada e um dos seus adquirentes, Joaquim Alves Linhares, anos depois ao se retirar para o Piauí, doou a sua parte para servir de patrimônio a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Cidade.
O município de Ipueiras, localizado no norte do Ceará, numa altitude de 231 metros, em relação ao nível do mar, distante de Fortaleza 326 quilômetros, com 1.204 quilômetros de extensão territorial, com uma população de 35.090, sendo 21.428 na zona rural e 14.271 na zona urbana, a uma temperatura média de 30º centígrados.
Limita-se ao norte com o Ipu, Guaraciaba do Norte, Croatá, Poranga e Ararendá ao Sul, a Leste com Nova Russas e Hidrolândia e a oeste com o Estado do Piauí.
O Município foi criado pela Lei 2.036, de 25 de outubro de 1883, por iniciativa do Padre Angelim, então deputado provincial.
A cidade está localizada em uma posição privilegiada a aproximadamente 09 quilômetros da encosta da Serra da Ibiapaba.
A providência divina foi boa e generosa com a formação geográfica do município que é constituído de cinco regiões e distritos, como: sertão, pé de serra, serra, carrasco e macambira, onde cada uma delas, com clima e vegetação diferentes, criando assim a possibilidade de escolher um local adequado para habitar, plantar, cultivar, realizar remanejamento de pastagens etc.
A capela de Nossa Senhora da Conceição foi inaugurada aos 04 de julho de 1745, pelo padre Da Costa. Nesse dia foi batizado Manoel Martins Chaves, filho de José Araújo Chaves e Luzia de Matos Vasconcelos.
Foi o capitão José de Araújo Chaves que determinou os padroeiros: São Gonçalo, em homenagem ao Conselho de Amarante, vila portuguesa de onde provinham os Martins Chaves, e a padroeira de Portugal, Nossa Senhora da Conceição.
A paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Ipueiras foi criada no tempo do Império, aos 27 de outubro de 1883.
A iniciativa foi do Padre Francisco da Mota Angelim, natural dos Inhamuns, e residente em Ipueiras, exercendo na época, a função de deputado provincial.
A instituição canônica foi feita pelo então bispo do Ceará Dom Joaquim José Viera, por provisão de 21 de abril de 1884.
A instalação da paróquia foi feita solenemente no dia 6 de julho de 1884, quando tomou posse o primeiro vigário João Dantas Ferreira Lima.
Destacamos entre os fatos sociais e políticos que marcaram a cidade de Ipueiras, a criação do Município, em 25 outubro.
de 1883, pela Lei nº 2.036; edificações da Capela e da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, respectivamente, 4 de julho de 1745 e 27 de outubro de 1883, pela abnegado sacerdote Padre Angelim, que numa batalha incansável realizou o sonho de todos que habitavam Ipueiras; outro fato marcante foi às comemorações alusivas ao centenário da cidade, em 1983, pelo então prefeito Manoel Dias Cavalcante.
Toda cidade rejubilou-se num canto perene de glória e agradecimento ao senhor Deus Todo-Poderoso por tão magnânime data. A programação foi muito vasta e rica, constando no seu teor palestras culturais, exposição de livros, missas, desfiles, concursos literários, bailes etc.
Na sua formação educacional, Ipueiras conta com várias instituições educacionais: Colégio Estadual Otacílio Mota, funcionando há mais de três décadas, sendo uma expressão na educação do município e de toda região. O Colégio supracitado funciona com mais de mil alunos nos três turnos, com ensinos:fundamental e médio, como recomenda a Legislação Estadual.
Sua formação administrativa é constituída pelos seguintes distritos: Ipueiras (distrito sede), Engenheiro João Tomé, Gázea, Livramento, Matriz de São Gonçalo, Nova Fátima, América e São José das Lontras.
O atual prefeito de Ipueiras é o senhor Francisco Souto Vasconcelos, que está desempenhando brilhante administração à frente do governo municipal, dando a verdadeira importância ao social, saúde, educação, moradia, segurança e cultura. O prefeito Vasconcelos intensifica o seu trabalho administrativo fortemente na educação e saúde.
O Poder Judiciário está representado pelo Dr. Eduardo Martins, juiz de direito da Comarca de 2ª Entrância, e o Dr. José Arteiro Rodrigues Goiano, que representa o Ministério Público.
O poder legislativo se faz representar pelo presidente da Câmara Municipal, o senhor Egberto Farias Rodrigues.
Em sua formação médico-sanitária, Ipueiras foi uma das primeiras cidades do interior do Ceará a fazer funcionar um Hospital Regional, com plenas atividades cirúrgica, hospitalar e ambulatorial, que recebeu o nome de “Hospital e Maternidade Otacílio Mota”.
Outra unidade sanitária de Ipueiras é a Maternidade Nossa Senhora da Conceição, instituição filantrópica, dirigida pelo médico José Bezerra de Alencar.
Conta ainda à cidade com cinco médicos, com residências fixas, afora outros considerados plantonistas que, vindos de outras cidades, prestam os seus serviços à população de Ipueiras.
A Prefeitura Municipal de Ipueiras mantém através de sua Secretaria de Assistência Social, um trabalho voltado ao proletariado. Oferecendo condições melhores de vida para seus moradores, levando sempre a orientação segura e os procedimentos de como evitar algumas doenças, como: sexualmente transmissíveis (DST), tuberculose, dengue, cólera etc. Os maus hábitos, como higiene pessoal, alimentação, sedentarismo, enfim, indicar tudo que se refere ao setor saúde.
As campanhas de vacinação, uma tônica permanente na administração municipal de Ipueiras, visam também o controle da natalidade, como o uso de anticoncepcionais e outros métodos. A distribuição do preservativo masculino é uma constante no trabalho diário das agentes de saúde.
Atende nesse setor duas assistentes sociais, um médico do Programa Saúde Familiar (PSF) e voluntárias da saúde existentes na cidade.
Na imprensa falada e escrita, destacamos o primeiro veículo de comunicação na cidade, o jornal “O Sertão”, editado em 17 de março 1916, por Hugo Catunda. Outros jornais existiram, como: “Gazeta de Ipueiras”, editado por Valdir Moraes; “Folha do Sertão”; e por último, “O Conterrâneo”, que vem circulando desde 1997.
Possui ainda uma rádio no sistema radiodifusão, a Rádio Macambira, uma expressão da radiofonia do interior do Estado, destacando-se como uma programação versátil, que muito engrandece a cidade e a emissora.
Conta ainda com os serviços telefônicos da Telemar, nos padrões da nova tecnologia, podendo Ipueiras falar com o mundo inteiro.
Na cidade, não existe museu. Nas artes plásticas, destacam-se vários filhos de Ipueiras, como também na música. A única igreja existente é a matriz de Nossa Senhora da Conceição.
O clima é ameno e suave, recebendo a influência das escarpas da serra da Ibiapaba, nunca ultrapassando a 30º graus centígrados na época mais quente.
Como característica do Nordeste, as nossas condições climáticas são determinadas pelas chuvas irregulares e a vegetação que é bastante rasteira.
O comércio é bem desenvolvido, apresentando na sua estrutura casas comerciais de grande porte. De tudo encontramos no meio comercial de Ipueiras. A feira livre, aos sábados, é constituída de uma variedade enorme de produtos. Na indústria, destacamos a fabricação de aguardente, uma das mais gostosas da região. A cerâmica também abrange uma produção variada em “barro-de-louça”, deixa o visitante absorto pela perfeição da confecção dos mesmos.
São inúmeros os nossos profissionais liberais, destacando-se nas ciências, na política, nas letras, na cultura, na medicina, no jornalismo, no direito, na história, no magistério, no ministério público, na engenharia, na arquitetura, no comércio e na indústria.
A pecuária consiste especialmente no gado de corte, revertendo toda produção no consumo da cidade.
A bacia leiteira é de pequeno porte. Servindo apenas à comunidade local.
A nossa vegetação é caracteristicamente nordestina: nesse clima semi-árido que determina a caatinga, uma mata rala e de porte pequeno, assim é constituída; os córregos existentes, vindos das vertentes da serra, encontram ainda a matinha ciliar que conserva os pequenos riachos.
Destacamos aqui o seu pioneiro, a quem pertenceu à imensa “Fazenda Ipueiras”, Manoel Martins Chaves, personalidade marcante dos primórdios de Ipueiras. O seu aviltamento não ofuscou quando da fase inicial da criação do município.
Aquiles Peres Mota, fez sua história. Advogado; promotor de Justiça, criador da Casa do Estudante em Fortaleza; Deputado Estadual por várias legislaturas; e ainda presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará por três vezes, inclusive tendo assumido a chefia do Governo do Estado em várias oportunidades. Aquiles foi um ipueirense totalmente voltado para o progresso e engrandecimento da terra natal que muito lhe deve.
José Costa Matos, outro ilustre filho de Ipueiras, pertence a Academia Cearense de Letras (ACL), com vários livros publicados, entre eles: Pirilampos (Versos), publicado em 1949. A simplicidade do autor não apaga a sua sensibilidade, deixando extravasar todo o seu lirismo e romantismo às coisas do torrão natal, principalmente o sertão.
Gerardo Melo Mourão, com 11 publicações em prosa e verso. Poeta com estilo camoniano, os seus versos constituem um louvor ao espírito daqueles que vagueiam no mundo das invenções.
Hugo Catunda, um autêntico promovente da cultura de Ipueiras. Criou o primeiro jornal da cidade, “O Sertão”, em 1916. Projetou-se nas letras, sempre com acendrado amor a terra berço. Foi membro da Academia Cearense de Letras (ACL), deixando um legado dos mais valiosos para os seus descendentes.
Antonio Frota Neto, outro destaque na cultura de Ipueiras. Foi porta-voz na presidência da República, no governo do presidente José Sarney. Escreveu o livro “Um dia de Sábado em Macambira”, retratando em grande estilo o comércio livre de Ipueiras pela sua autenticidade. O livro ganhou notabilidade em todo Brasil.
O prefeito da cidade, Francisco Souto Vasconcelos, José Costa Matos, Jeremias Catunda, professor Luiz Malaquias Filho, Pedro Martins Aragão, os jornalistas Oscar Pacheco Passos e Edmundo Medeiros aparecem no cenário cultural da cidade.
Jeremias, além de jornalista, reuniu em um livro publicado em 1986 - “Versos Versus Minha Vontade”, de poesia, todas suas, de uma estirpe tão grandiosa que sua verve extravasa o limite de nossa sensibilidade.
Jeremias marca sua história na sua cidade, Ipueiras, através de seu potencial sociocultural.
A cidade de Ipueiras é banhada pelo Rio Jatobá. Passa por uma fase de progresso e desenvolvimento que não podemos esconder, mercê do amor, do trabalho e da dedicação dos seus filhos.
Dispõe bem assim de campo de pouso, há 1,5 quilômetros do centro urbano. Está ligada à capital do Estado por via asfáltica, através da “Rodovia da Confiança”, via BR 222. E a “Rodovia da Fé”, pela Fortaleza Brasília.
A agricultura, pecuária, comércio e indústria são fundamentos básicos da economia do município, que nasce na ribeira do Rio Acaraú e vai aos contrafortes da serra de Pedro II, no vizinho Estado do Piauí.
São atrações turísticas: o Cristo Redentor, a uma altura de 200 metros, que orla Ipueiras e de onde o panorama extasia qualquer visitante, pela beleza que oferece.
O Arco de Nossa Senhora de Fátima, uma arquitetura em estilo gótico, erigido em 1953, para marcar a passagem peregrina da imagem de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal.
Existe ainda outra atração turística, a “Cachoeira da Viúva”, distante 8 quilômetros da sede. É uma linda queda-d’água numa das vertentes da Serra da Ibiapaba, a uma altura de quase 100 metros.
A cidade possui hotéis, churrascarias, aberta dia e noite, conta ainda com um dos modernos e confortáveis clubes sociais da região, o Grêmio Cultural e Diversional Ipueirense (GRI).
Ainda conta na sua estrutura com uma vastíssima biblioteca à disposição de todos, principalmente da juventude, para o enriquecimento dos seus conhecimentos.
Ipueiras é uma cidade que cresce, mas que ainda respira o ar bucólico dos seus verdes canaviais que circunda por suas ruelas centenárias. Cidade onde até hoje é possível ouvir o canto do “canário-da-terra”, aos arrolhos suaves das juritis.
Terra querida na qual encontramos a hospitalidade e amizades benfazejas de todos os ipueirenses.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Poesia

Depois

Encontrei-te após missas e novenas
De braços dados, aos beijos e ais
Ao suave entardecer linda morena
Ao largo de alvinitente Praça.

No tosco banco, ao lado da liberdade
A tarde ia esmaecendo lânguida e triste.
E aos clarões da lua que iniciava
Contigo fazia uma noite de caricias.

Afagos apertos de mãos, abraços
Fôlego curto desejo de querer-te
O corpo a corpo é a razão-o fato
Que ao longo deste enleio foi amar-te.

Foi-se aquele pedaço de noite
Que ainda perdura em mim
A vontade louca de voltar de novo
Todo passado.
Bernardino Frota - 1959. Ipu em Jornal

Trechos da História do Ipu

Trechos da História do Ipu

A História de nossa terra tem um cunho verdadeiramente elástico em suas tradições. Alguns ipuenses ilustres, como Eusébio de Sousa, Tomás Corrêa, Abílio Martins e muitos outros que escreveram alguma cousa Sôbre a nossa terra, deixaram á margem grandes vultos que prestaram vultuosa cooperação no soerguimento da terra de Iracema. A ê se respeito achamos que os historiadores não fizeram mensão a essa ilustre personalidade, porque certamente não fazia parte de seus filhos, entretanto, aproveitamos o ensejo para aqui citarmos alguns trechos da vida de Frei José de São Lourenço, baseado em informações dando de pessoas fidedignas.
Nas eras de 1700, quando o nosso Ipu se levantava do nada, procedentes do vizinho Estado de Pernambuco, desembarcaram no porto de Acaraú, três frades de nomes, José, Ambrósio e Aniceto, da ordem Franciscana. Naquela época, não existia Estrada de ferro e nem outro meio de locomoção. Da cidade de Acaraú até a nossa terra,era completamente deserto e aqueles três servos de Deus se viram na contingência de fazer a cobrtura dessa longa caminhada a pé, em procura do Ipu Grande, pertencente á freguesia de São Gonçalo da Serra dos Côcos, lugar provincialmente conhecido. Um sofrimento foi imposto aos três caminhantes. Durante a trajetória, dois deles faleceram em conseqüência de Doença, no lugar “Juré” nas proximidades da cidade de Santa Cruz, hoje Reriutaba. Frei José de São Lourenço foi o escolhido por Deus para palmilhar a terra ipuense. Aqui chegando são e salvo dessa jornada penosa, Frei José, de nacionalidade italiana, veio trazer aos nossos maiores os primeiros confortos espirituais de nossa religião. Dona Ana Maria Amélia de Andrade Pessoa, uma, das principais damas do lugar, a qual teve a honra de Hospedar o humilde Servo de São Francisco, em terras ipuenses.
Dentro de pouco, o Servo de Deus iniciou seu apostolado nesta terra batizando e ensinando adolescentes e adultos num verdadeiro amor a Deus. Tratou logo de melhorar a situação da capelinha de São Sebastião do Ipu Grande, que pertencia á freguesia de São Gonçalo da serra dos Côcos. Frei José vivia modestamente, procurando seguir fielmente, a trilha do bem e ministrar, no Espírito de cada ipuense, os frutos salutares de uma vida melhor nos dias de amanhã.
Cansado e já sentindo o peso dos anos, o monge secular passou a residir na fazenda “Lagoa do Mato” neste município, onde tempos depois, entregou a alma ao criador.
Frei José de São Lourenço, deixou disposições testamentárias em favor de pessoas pobres, escravos e da freguesia do Ipu Grande; conforme consta no primeiro cartório dessa comarca.
Os restos mortais do venerando frade se encontram enterrados na sacristia da Igreja de Nossa Senhora do Desterro, nesta cidade, local onde cada Ipuense de mãos postas, deveria prestar um tributo de gratidão áquele que tanto batalhou pela formação moral e religiosa de nossa gente. Frei José de São Lourenço deve ser, um marco inesquecível, na história do Ipu.

Ipu em Jornal 1960.



Jornal - 1919


quarta-feira, 28 de julho de 2010

Discurso de Abdoral Timbó -Na Inauguração da Praça Thomaz de Aquino Corrêa

Abdoral Timbó.


Transcrevemos, na íntegra, o discurso pronunciado pelo DEPUTADO ABDORAL TIMBO’ no momento da inauguração do “Jardim Thomaz Corrêa”.
Meus Senhores.
Houve por bem, a Prefeitura Municipal do Ipu, prestar justa homenagem a um dos vultos mais eminentes Na vida político-social da nossa terra, Thomaz de Aquino Corrêa e Sá, erigindo-lhe na praça onde residiu por longos anos, um monumento, ao centro de uma avenida que evocará sua memória entre nós nos dias porvindouros.
Falo, neste instante, por delegação do gestor dos negócios municipais, á esperança e radiante mocidade conterrânea, a esses jovens que serão os guaradas das tradições históricas da terra que lhe serviu de berço, da terra enriquecida pelos feitos dos seus antepassados, grandes que eles foram ao conceito dos seus contemporâneos.
Para a geração que viveu sob o influxo da bondade, da grandeza, da magnanimidade de coração de Thomaz Corrêa, a geração a que pertenço para essa nada terei que dizer por que Thomaz Corrêa é redivivo na memória dos que privaram da sua honrosa amizade, da sua confiança, do seu posso dizer, paternal carinho.
“A gente só morre depois que desaparece da memória dos vivos”, eis um conceito que subscrevo integralmente em relação a Thomaz Corrêa.
Naquêles recuados tempos da plenitude da vida de Thomaz Corrêa seu nome era pronunciado com desvelado carinho e enternecedora gratidão por quantos, nesta região, recorriam aos seus notáveis conhecimentos, para a salvação de um filho, de uma esposa, de um pai, recebendo, sempre, a assistência amiga e dedicada de Thomaz Corrêa.
A farmácia ficava-lhe ao lado da residência. A pecúnia jamais entrou nas cogitações daquele nobre espírito. Jamais quem quer fosse, pobre ou rico, deixou de obter o remédio Salvador porque lhe faltasse no momento os recursos necessários para o adquirir.
Nunca Thomaz Corrêa lembrava ao cliente sua conta anterior, nunca restringiu crédito, nunca procurou sofisticar o tratamento com medicação barata por que o cliente fosse pobre ou estivesse em atrazo na sua farmácia.
Não tinha por outro lado, a humana vaidade de se considerar único de se julgar infalível no exército da nobre e humanitária profissão que abraçara. Era do seu feito ser bom, praticar o bem.
Moldava-se nos versos magistrais do poeta:
“Que eu faça o bem, de tal modo o faça
Que ninguém saiba o quanto me custou. Mãe, concede-me por Deus mais esta graça De eu ser bom Sem parecer que o sou”
Nos casos que julgava mais graves e dedicados, aconselhava a presença do Dr. Frota, grande facultativo sobralense que as mais das vezes subscrevia a medicação prescrita.
E Thomaz Corrêa ia, aos poucos, crescendo no coração dos habitantes desta região grangeando um conceito tão elevado que ainda hoje perdura na memória de todos.
De santa Quitéria, Crateús, Ipueiras, Guaraciaba, São Benedito, dos mais distantes recantos região provinham, constantemente, consulentes em busca de lenitivos para as mais variadas moléstias.
E o nosso conterrâneo os atendia com rara felicidade.
Estudioso, tinha no seu gabinete, alentada biblioteca.
Era ali que cultivava diariamente sue privilegiado espírito.
Metódo, de uma metodicidade que irritava seus mais íntimos amigos pela inauterabilidade dos hábitos, Thomaz Corrêa jamais deixou de emprestar seu valioso concurso para tudo aquilo que se ligasse ao progresso de Ipu.
Frequentador assíduo de diversões teatrais, festas, reuniões sociais Thomaz Corrêa construía dêssse modo o pedestal da admiração que edificou nos corações de todos nós.
Sua casa era o centro literário da terra quando aqui pontificavam Abílio Martins, Eusébio de Sousa, Leonard Martin e tantos outros cifados pela morte que a memória já não me ajuda recordar.
Era uma plêiade de intelectuais que elevava o nível mental da nossa terra colocando-a em posição destacada nos meios literários do Estado.
Dessa forja saíram “ Gazeta do Sertão” e “ Correio do Norte” semanários que marcaram época nos atuais da imprensa cearense. Tudo isso se foi, tudo isso desapareceu.
Falta o crebro, falta o guia, falta o Abílio Martins visionários da grandeza da gleba querida.
Enquanto Ipu reverenciar esses nomes, enquanro IPU trouxer para a praça pública perpetuando-a para as gerações porvindouras, a memória dos seus filhos, êsses não terão morrido porque a “gente só morre depois que desaparece da memória dos vivos”
Ai está, ipuenses, redivivo nêste busto e nesta avenida, o retrata, a mão aflita, o filho em lágrimas que vêem a sua procura em busca e lenitivo para as dores físicas da pessoa amada.
Thomaz Corrêa, “Seu” Thomaz de todos nós, espira de coração pleno essa aura e gratidão dos teus conterrâneos, dos teus amigos, da grande, nobre e generosa família Ipuense.


Ipu em Jornal - 1962

As De Coisas Imposíveis de Acontcer no IPU

Dez Coisas impossíveis de acontecer no Ipu

1) O Antonio Martins (o bodão) assistir missas aos domingos sem conversar.
2) O José Itamar Mourão deixar de usar aquela espalhafatosa boina encarnada com aquela marmota na cabeça fica um verdadeiro Galo de Campina.
3) O Frutuoso Aguiar Ximenes falar compassadamente, com calma e sem gesticular.
4) O Antonio Cícero e Parnaibano possuírem cabeleiras.
5) O José Otávio Aragão (mais conhecido por Zé pacotinho) deixar de usar aquele bonê azul de menino chorão.
6) O José Falcão, em suas palestras interresadas, consentir a palavra aos outros. É só um: DÁ LICENÇA....DÁ LICENÇA...
7) O Valter Bezerra saber e aprender a explicar porque não gosta das cousas de sua terra.
8) O Jovem estudante José Castro deixar aquela pôse de imperador quando a passear nas avenidas de mãos para trás.
9) O Jovem José Aragão (mais conhecido por Beleco Teco-Teco) deixar de se parecer mesmo com um TECO-TECO. Para voar faltam apenas as assas.
10) O Mãozinho e Luiz Alberto Sabóia encontrarem um mais teimoso do que êles.


(Ipu em Jornal 1959)
Dez coisas impossíveis de acontecer no Ipu
I. O cajão deixar de andar com o prateado na cabeça. (Não deixa nunca É capaz de, nos últimos momentos de vida, pedir para, no caixão. Botarem o BICHO na sua cabeça.)
II. O Gerardo Aires detestar as cousas passados e admirar as cousas hodiernas. (Jovem de espírito de cuia.)
III. O Sr. Matos usar paletó curto e lascado atraz. (Taí uma coisa que duvido).
IV. O Dr. Felix deixar de dar cavaco.
V. O Dr. Plinio fazer uma ligeireza. (Não terei o prazer de ver).
VI. O Oscar Coêlho tomar altura de homem. (Forma e jeito já tomou).
VII. O Grilo ficar do corpo do Chiquinho Pereira e Chiquinho Pereira ficar do corpo do Grilo.
VIII. O Luis Alberto e Raimundo Salú discutirem com serenidade e em voz baixa. (Só se botarem uma mordaça).
IX. O Pontes e João Alberto ( a dupla mais famosa do Ipu) deixarem de freqüentar o “Yracyara” e “O cruzeiro” para bebericarem(Isso acontecesse os dois bares quebrariam).
X. O Chico Corrêa deixar de indagar horários de trem e deixar, também, a PEITICA de estação: (Talvêz o seu último desejo nêste mundo, antes de morrer, seja o de ir á estação e ver um trem partir, arrastado por uma MARIA FUMAÇA, esta ...apitando... apitando...saudosamente...)


Ipu em Jornal - Ipu, em 1959

terça-feira, 27 de julho de 2010

Travessa Cel. Manoel Dias Martins

Travessa Cel. Manel Dias



Travessa Manoel Dias Martins.
Cel. Manoel Dias Martins, era filho de Ipu, e residiu por toda sua existência na Rua da Goela hoje rua Cel. Pedro Aragão no sobrado que ainda ostenta a sua estrutura, fica na entrada da Rua bem na esquina.
Viajando certa vez para o Norte do País trouxe várias sementes de Munguba, que foram as primeiras plantadas em Ipu; são aquelas que se encontram na Rua da Goela e mais outras que se espalharam por toda cidade inclusive no Quadro da Igrejinha todas por ele plantado e cuidado por seus filhos. Citamos Joaquim Dias Martins e José Dias Martins nos anos de 1907. Coronel Manoel Dias é um vulto de inconfundível prestigio, há muito falecido cujo nome jamais será esquecido nesta terra. Em sua residência foram realizados os Bailes de comemoração quando da Inauguração de Luz vinda do nosso Pé de Serra.
Em sua homenagem foi denominada uma Rua com seu nome. Fica no Bairro do Reino de França.

Escola Cel. José Lolurenço de Azraújo

Escola de Ensino Fundamental e Médio Cel. José Lourenço de Araújo.

Escola fundada em 20 de junho de 1972 e teve como primeira Diretora à professora Maria Eunice Martins Mello Aragão. A Escola com um excelente quadro de professores com um bom desenvolvimento nas docências da Escola.
A Escola em apreço conta com um expressivo número de alunos e as suas atividades curriculares completam as atitudes docentes e discentes como um todo.
A Escola tem a Bandeira tem as cores: Azul e ranço.
Funciona nos três turnos.
Suas primeiras diretoras foram:
Maria Eunice Martins Melo Aragão
Zélia Peres Mota Martins
Maria Frota Oliveira Magalhães
Maria de Lourdes Oliveira Monte
Maria das Graças Carneiro
A sua atual diretora é professora Deuselina Farias Andrade.
O seu hino foi composto pelas pessoas que se seguem:

Hino da Escola de Ensino Fundamental e Médio Cel. José Lourenço de Araújo.

Letra: Antonio Ramos Pontes e Francisca Irene Pontes Soares.
Música: Lázaro Freire Silva.

Onde nada existia este brilho verás
Onde era silencio um suspiro ouvirás
Andarás no jardim que aqui floresceu
Do árido solo, bons frutos se deus
É um canto de pétalas de rochas nasceu.

Refrão.
Escola mãe
Universo de amor
Escola mãe
Teu afã é perdoar.

Quando Hélio no céu azul se projeta
Primeiro te banha com raios de luz. É teu
Sente capaz ao discente traduz
Das paginas dos livros a estrada seleta
Do saber o futuro, ó musa dileta.

As trevas singrando, escola intrépida.
De nomes ilustres tua história se escreve
A procela vencida as vitórias de amor
Tua saga se faz de crepúsculo e ardor
Os troféus e dragonas do esporte, o fulgor.

Sou José do Ipu, que Nazaré eu não fui.
Eis a minha missão: laurejar os teus sonhos
Arauto de gloria, portal sem enganos.
Sou caçula e tão bela
Das Marias de pérola
O eco perene da nossa oração.


Biografia de João Cordeiro



BIOGRAFIA DE JOÃO CORDEIRO, PATRONO DA CADEIRA DE N° 32, DA ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS DO ESTADO DO CEARÁ. (AMLEC).

ATUALMENTE OCUPADA PELO ACADÊMICO
FRANCISCO DE ASSIS MARTINS.


João Cordeiro nasceu em Santana do Acaraú, no dia 31 de agosto de 1932, falecendo em Fortaleza, a 12 de maio de 1931 aos 88 anos.
Foi Senador da República, amigo íntimo de Floriano Peixoto. Figura máxima do abolicionismo no Ceará. Político de corajosas atitudes e de enorme prestigio junto aos poderes constituídos.
Era filho de João Cordeiro da Costa e Floriana Angélica da Vera Cruz, foi considerado nas notas de Eusébio de Sousa deixadas e publicadas na Revista do Instituto do Ceará do ano de 1945 o seguinte: “invicto General da Companhia da Abolição”, foi centro gravitacional redentora do Ceará.

Considerado temperamental quando necessariamente teria que agir, não medindo esforços e nem contava o que era preciso fazer.
Tinha uma linha de conduta que até hoje não conseguimos definir, devido o seu direcionamento a tudo e a todos.
Foram vários os conceitos a sua pessoa inclusive considerando o seu Cérebro como daqueles que não raciocinava dificuldade. Vencia tudo e muito rapidamente.

Nas suas diferentes funções exercidas ao longo de sua existência, ora estava alto, mas dominantemente decidido e decidindo, superando sempre as dificuldades com o seu altruísmo.

João Cordeiro o Abolicionista, não podemos eximir das páginas de qualquer obra que venha falar de abolição, o nome de João Cordeiro; como também o republicanismo do Ceará pois deverá constar em qualquer compendio histórico. Era o Cearense inquieto e integral nos atos como também no caráter.

João Cordeiro, nas memórias que escreveu, ao correr do lápis, esclarece que foi convidado por alguns sócios da Perseverança e Porvir para fundarem uma sociedade que se ocupasse da propaganda e da abolição dos escravizados. Aceitou o convite com grande entusiasmo e com os rapazes da perseverança convocou para Palacete da Assembléia da Província,uma reunião dos abolicionistas para a fundação de uma associação, que instalou com o nome de Cearense Libertadora. Compareceu grande número de abolicionista e ele, João Cordeiro, foi aclamado Presidente e, tomando posse do cargo, deu por instalada a sociedade e nomeou uma comissão para organizar os estatutos.

Dias depois, reuniram-se os associados para ouvir a leitura destes e aprova-los mas, houve longa discussão e, para corta-la, Cordeiro declarou os estatutos que acabara de ser lido como inconveniente, não se relacionando com o pensamento do abolicionismo, nós queremos uma sociedade carbonaria,sem ligações com o governo que se ocupe da libertação dos escravos por todos os meios ao alcance dos nossos recursos pecuniários que nos convém devem ser simplesmente estes: -
· “Art 1° - Libertar escravos seja por que meio for”.
· Art. 2° - “Todos por um e um por todos.”
Dissolveu-se a reunião, ficando apenas duas dúzias de abolicionistas dispostos à luta que em resultado se deu à Libertação dos Escravos no Ceará.

A idéia triunfou e se formou um grupo de resistência que prosseguiu na luta, sendo de justiça destacar nomes de um punhado desse núcleo: João Cordeiro, Antonio Bezerra, Padre Frota, Justiniano de Serpa e outros. “E adianta: “Eram estes os tais libertadores, frase de mofa para traduzir a insignificância da força que pretendia demolir a torre” Malakoff do escravismo.”

Não parece certo que os nomes indicados por Isac do Amaral sejam os que ficaram na hora decisiva do juramento pedido por João Cordeiro, mas a verdade é que todos eles não saem do agitado palco em que se encena o complicado drama do extermínio da escravatura.

O grupo arrojado da Libertadora não mais sossegou nem parou. Sem demora fundaram um jornal comandado por João Cordeiro “destinado à propaganda e interesse dos abolicionistas” e cujo primeiro número circulou no dia 1°de janeiro seguinte ao da fundação da sociedade.Chamaram o Jornal de, “O Libertador” e adotaram o lema de Jesus – “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.

No seu apostolado, “O Libertador” não restringe as duas esferas de ação. Levanta o escravo e coloca o homem ao lado do homem. Sopeia o algoz e liberta a vitima. Tritura o orgulho do enfatuado e eleva o mérito real do filho do povo. E no vasto domínio da mentalidade humana, todo assunto lhe é próprio. Marcha com seu século, tem o mesmo movimento, e a luta faz a sua profissão de fé. Ou vencer ou morrer.

Foi assim a participação que chamamos de efetiva de João Cordeiro, que culminou a libertação dos escravos no Ceará com grandes pompas, com uma programação que constou de números literários, musicais e artísticos de um modo geral.


Ipu, CE, 03 de setembro 2001

Francisco de Assis Martins

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Improvisos

IPUTINHA - Um Relógio na Igreja

IMPROVISOS


Dizer tudo sobre Ipu seria impossível, contudo nestes improvisos estão contidas partes de nossa história, contada de uma maneira bem diferente, das costumeiras citações de fatos e outros mais.
O que foi o que era, com certeza marcou indelevelmente os fatos históricos oriundos do dia a dia de uma cidade que continua crescendo no seu âmbito geral, marcando de forma coruscante aos feitos dos seus filhos daqueles que ilustram a nossa página memorial de uma grandeza espiritual, moral e política a toda prova.
É característica do ipuense ser saudosista, gostar de relembrar as coisas de sua terra, portanto não estranhem aqui este espírito do autor puramente melancólico, mas sempre voltado para os fatos que marcaram a nossa história.


Era o Ipu, de D. Maria Assis – da Escola São Gerardo que funcionava sob sua direção; da Escola Milton Carvalho dirigida por D. Anisia Aragão, do externato São Luiz, do ilustre professor Luiz Jácome Filho, do Colégio Sete de Setembro, da Casa D’Aula, tudo isso deixou grandes lembranças.

Era o Ipu, do Bar HI-FI, do nosso amigo “Reizinho”, um ponto de encontro muito chic nos anos 60.Presença ali da juventude daquela época, ouvindo o som de Poli e seu Conjunto, do Trio Irakitan, Nat King Cole e outros tantos, acompanhado do bom papo do seu proprietário.

Era o Ipu, da Novena da Graça, na Capela de Nossa Senhora das Graças, no Patronato Sousa Carvalho realizada aos sábados.
Era o Ipu da Casa: A LOURENÇO MARTINS, “ALOMAR”, de Antonio Carvalho Martins, pioneiro na venda de eletrodomésticos e especialmente das famosas Máquinas Vigorelli.

Era o Ipu, do Bar Alvorada de Gessy Torquato.Teuzio Lima era o Gerente, ali a concentração completa da turma dos anos 60.Não faltavam: Tarcisio Bentivi, Dião Tavares, Belford, Roque, Erivaldo, Tadeu Quixadá, Evander Lopes, Egberto Lopes, O Opinião, Irã, Helder, José César Tavares, Atico, Francisco Aragão, Hermeto, Luciano Paiva, Antonio Tavares Boris, Domingos Sá, Irapuan Feitosa, Marcos Lima, Moacir Bispo, todos assinantes do famoso e inesquecível livro “CAPA PRETA” que registrava o penhor dos seus mais assíduos freqüentadores.

Era o Ipu, da Maria Fumaça. O Velho Trem do Caranguejo, comboio vindo de Camocim às quintas-feiras.O velho Trem trazia em sua carruagem além de passageiros o bom Peixe da Praia, o Murici e o Caranguejo propriamente dito.

Era o Ipu, das manhãs de domingo, quando após a missa das nove horas, os jovens se reuniam nas Pracinhas da cidade, para ouvir às músicas tocadas nas amplificadoras locais. Músicas bem ao estilo romântico da época.

Era o Ipu, da primeira siderúrgica de Mirandolino Farias, vindo depois outros proprietários como José Leopoldo, Raimundo de Castro e por último Valdemar Ferreira de Carvalho, empreendedores que merecem à nossa admiração e reconhecimento.

Era o Ipu da Hora da Saudade, na Amplificadora São Sebastião, com Valderez Soares, Janjão Campos, Maúde, Raimundo Augusto e Antonio Gomes, para deleite dos ouvintes que ficavam no patamar de Igreja Matriz, escutando os acordes da instrumentação em alado aos reflexos da luz pálida da Lua.

Era o Ipu, do Relógio da Igreja Matriz, que nas caladas da noite marcava compassadamente às horas. Sumiu! O pobre relógio que de acordo com a história era do tempo do lero-lero fez história e os seus responsáveis não respeitaram o seu valor cultural e histórico.

Era o Ipu do BANCO DOS VELHOS, o ferro e a madeira mudo e indiferente a tudo, inerte indiscreto a todos ouvia silenciosamente. Era o palco onde era recebida a peça “Vocês Sabiam? e estão dizendo por aí”. O elenco formado por Xavier Timbó, Parnaibano, José Bessa Belém, Vicente Belém Rocha, Antonio Carvalho Martins, Antonio José de Vasconcelos, José Dias Martins, Joaquim Dias Martins e outros.
O cenário se apresentava quase sempre colorido pelo mesclado variado da vida e o comportamento da juventude; e esta por sua vez alcunhou o pobre banco que ficava no Jardim de Iracema que somente ouvia de: “O Banco dos Velhos”.
A marcha do progresso acabou destruiu o célebre BANCO tão querido e apreciado. O que não só se viu e muito mais ouviu ficou soterrado no esquecimento. Arrancaram-no e com ele os seus companheiros, o gradil do Jardim foi desfeito e as rosas bonitas e perfumadas nada mais restou.E hoje revivendo o passado, te perguntamos, onde te levou o progresso? E os que te acolheram para os seus encontros? “Banco dos Velhos”, na recordação dos que te queriam bem continuas vivo, intacto e intocável, na saudade que ainda guardam em te os que te apreciavam, na recordação indelével e a tristeza porque já não mais existe.

Era o Ipu, da “PIRATININGA”, beneficiadora de algodão, de propriedade de Abdoral Timbó. Foi uma usina que fez crescer o comércio local e de toda região. Um beneficio incalculável para nossa cidade, não deixando faltar nestes escritos a figura marcante do Sr. Afonso Chagas, homem íntegro que trabalhou a vida inteira junto a Piratininga de Abdoral Timbó.

Recordação da Mina Velha do Cel. Marinho, situada às margens da estrada de acesso a Serra da Ibiapaba, casarão secular dos senhores coronéis, do Marinho que estava sempre procurando “y” (ipicilone) da velha máquina de escrever, marca “Remigton”.
.
Saudades, mil saudades do famoso conjunto “OS COMETAS” de Walter Bezerra, o conjunto que marcou época em nossa cidade, embalou muitos sonhos aos acordes maravilhosos cheios de harmonia se completava com a voz do inesquecível Carlos Soares, e com as modulações chorosas da Guitarra de Frasquinho Jorge, - O ESCOTEIRINHO. Da Sanfona do Gonçalo do Dão, do Píton do Chico Hermeto, do Peba na Bateria, do Tomás Soares no Contra-baixo, do Gilberto Otaviano no Ritmo, e tudo se foi, ficando apenas a história.

Era o Ipu, da Palmeira da Chuva no vasto quintal de Cecília Pombo. Bem interessante vertia uma certa quantidade de liquido anunciando que teríamos um bom inverno, e quando assim não acontecia o ano era de seca, portanto um ano de estiagem que costumeiramente temos em nossa Região.

Era o Ipu, do Reisado de João Paiva Dias “DÃO”, a dança folclórica levada a efeito no dia de Santos Reis.

Era o Ipu, do Bar Central, localizado no Quadro da Igrejinha, com o tradicional bilhar jogo muito em gosto nos anos 40.

Era o Ipu, da Missa do Galo nas Noites de Natal, quando a população se reunia em torno do mercado para saborear o gostoso peru natalino e em seguida ir assistir à Missa da meia noite ou MISSA DO GALO que não tem mais.

Era o Ipu, dos tradicionais Bailes no Grêmio Ipuense, o principal era do dia 20 de Janeiro para culminar com as novenas do Padroeiro. E o mais importante se realizava no dia 21. A sociedade se revestia de gala para o famoso “Baile de Partido”, somente freqüentavam este Baile os sócios e convidados especiais. Hoje mudou tudo, nem Grêmio temos mais.

Era o Ipu, das Broas de D. Pitilia, que às tardinhas montava o seu tabuleiro ao lado da Avenida de Iracema, deliciando a garotada com seus apetitosos Esquecidos, Palmas, Roscas, Pão-de-ló. Era o Ipu dos anos 50.

Era o Ipu do Coro Santa Cecília, na regência de Thomaz de Aquino Corrêa, depois Joaquim Lima. As cantoras da época eram: Joaquina Lima, Cecília Pombo, Heraclides Coelho, Terezinha Aires, Maria do Carmo Soares, Cesarina Cavalcante, Beatriz Gomes e outras.
Era uma harmonia perfeita, as vozes entoavam hinos e elevavam aos céus a música, em forma de oração. Era o Domine, O Paster Noster, a Missa do Maestro Ciarlindo com o Laudamus cantado por Joaquim Lima.
As Novenas de São Sebastião se realizavam em clima de muita fé, e a missa do dia 20 de janeiro, culminava os festejos numa orquestração das mais belas e perfeitas.
Um hino de amor, o “Coro Santa Cecília”, fazendo a festa do Glorioso São Sebastião.

Manhã de Março -2001

Heraclides Mello Martins.

MANHÃ de MARÇO, -2001

Sem dizer um adeus demorado, cantado ou em linguagem de doçura partiu Mamãe na manhã de março de 2001,quando a passarada em alado despertava o dia de uma noite de sofrimento, ânsia e angústia, de despedida, de desconforto pelo próprio físico já definhado pela doença em cruel perseverança; despede-se então dos ditosos dias vividos deixando em todos nós,a saudade imensa da ausência, (cruel que nos separa), canção entoada por muitas vezes com sua voz afinadíssima fazendo nos distrair e adormecer ainda pequenos nos embalos dos punhos de nossas redes.Era a canção de “Berceuse” a verdadeira canção de ninar que adormecíamos felizes e acordávamos a cantar.

Foi no Coro da Igreja, que entoou louvores em forma de hinos os mais fervorosos.Foi para os filhos o exemplo da música personificada nas estrofes que cantava para mostrar a beleza da Voz através de uma harmonia quase perfeita.

Foi no catecismo que nos ensinou amar a Deus e fielmente a cumprir os mandamentos e ensinamentos de Jesus Nosso Pai e Criador de Todas as Coisas.

Foi na educação doméstica que transmitiu através de seus exemplos o viver do dia a dia, das alegrias, dos momentos tristonhos, que eram sempre superados, pois até a doença ela superou e suportou por longo tempo.

Esposa dedicada fiel, sempre solícita aos anseios de Papai,que reciprocamente respondia verdadeiramente o seu intento.Nunca deixou extravasar as dificuldades do cotidiano procurando sempre resolvê-las com dignidade e muita humildade.Estamos diante da “Eterna Saudade”,daquela interminável, que o tempo não consegue evadi-la e nem esmaecer no infinito celestial.Na saudade de tudo e por todos que sentem a sua partida rumo ao Pai, na Graça de tê-la ao seu lado rogando por nós. Está no trono dos justos, naquele que Deus reservou em perene canto de Glória recebendo-a em harmonia dos hinos entoados pelas trombetas tocadas pelos anjos em magistral execução,numa orquestração que se torna triunfal pelos merecimentos passados na terra.Soaram os prelúdios,as sonatas e os acordes dissonantes se mesclaram com os consoantes e disseram: “Bem Vinda ao Reino do Senhor nosso Pai”.

Já não basta a sua confortadora vida no Céu, precisamos do seu perene olhar para cada um de nós.

As lágrimas que orvalham os nossos olhos é o orvalho da saudade do sentimento de quem tem daqueles que choram o coração, que choram a partida, que chora a falta à ausência e desconforto do lugar que “está faltando não ele, e sim ela”, está nos respingos de nossos prantos salpicando o imenso universo de nossa Grande Saudade.
Foi-se mamãe! Nos teus instantes derradeiros ainda balbuciavas o nome dos teus filhos esposo, netos e bisnetos, sempre expressando o amor infinito à criança às crianças, demonstrando o amor incontido a todos que te pertenciam. Alguém já dissera: “A Criança é o Sorriso de Deus para o Mundo”, e esse sorriso jamais deixou de rondar o espírito de mamãe.
Fica no ramalhete de flores, nas folhas que enverdecem a vida e que cria tudo, o resto de nossas lágrimas será como o bálsamo de encantador viver que tivemos com VOCÊ MAMMÃE.

Ipu, 30 de março de 2001

domingo, 25 de julho de 2010

IPU - Poesia.


IPU
Francisco das Chagas Soares.

Como é bonita a minha Terra!
-Jardins entre alcantis,
plantada ao pé da serra,
Longe, o anguloso e sólido rochedo
Jorra um longo fio d’água;
a Bica,-voz agreste declamando,
em tom de encanto e mágoa,
o romântico poema,
de belíssima memória
cristalizada na história
lendária e sublime de Iracema.

Recebe o meu afeto,amada Ipu!
Gentil berço de paz – flor deslumbrante,
Que,sorrindo,ao cantar meigo das aves,
Acordas na alvorada radiante,
E cismas intensamente
Quando o sol,declinando no talhado,
Ergue seu leque dourado
Os fúlgidos castelos do ocidente.

Ante os olhos etéreos da saudade,
Revejo, com emoção,
A Várzea – o capinzal, o brando rio,
O estreito pontilhão
O histórico largo secular;
- o gigantesco pé-de-tamarindo
as copadas mungubeiras,
a reverenda capela,
no oblongo pedestal,a cruz singela
erigida no extenso patamar.

Cidade bela e poética
Tranqüila moradia
De estreitas e amplas residências
Avoengos solares,ruas,praças,
Que exalam lirismo e nostalgia,
A Igreja,lá no monte,
Alcançando a torre esguia,
O “Alto dos Catorze”,
E a serra escarpada,
- balizas da minha terra amada,
que recortam os cimos do horizonte.



História do Ipu.02

Nas histórias relatadas por Papai, ele enfatizava muito, alguns Prefeitos com quem trabalhou. Dentre os Prefeitos citados por ele relatamos nestas memórias o Abdias Martins que entre muitas obras por ele realizadas citamos as mais importantes:

Rebaixou todas as calçadas da cidade que eram altas oriundas da Civilização Portuguesa,
Fez o paralelepípedo da Rua Cel. Felix.
Anualmente limpava o Riacho Ipuçaba da nascente a desembocadura.
Dispensou o Imposto Predial por 05 anos para que todos pudessem fazer as suas construções mais livremente,
Auxiliou satisfatoriamente a Santa Casa de Misericórdia de Sobral,
Instalou o abastecimento d’água da cidade e inaugurou. (Caso Inédito), na época.
Conseguiu terrenos para a construção de Grupos Escolares nas localidades de: Pires Ferreira, Várzea do Jiló, Flores e Abílio Martins,
Comprou o terreno para a construção dos Correios e Telégrafos,
Comprou 05 quartos na Rua Teodoreto Souto (Beco do Progresso) para depósito de pertences da Prefeitura.
Lançou meio-fio nas ruas ainda pouco povoadas para estimular construções.



História do Ipu.

Papai não gostava de conversas que envolvessem pessoas especialmente aquelas do seu relacionamento, e para ser mais claro falar da vida alheia, ele sempre dizia quando queria acabar com as conversas: “Vamos falar da história do Bom Jesus”, é bem melhor, não acham?
A criação do Bom Jesus se deu quando foi instituída a procissão do Bom Jesus dos Passos pelo Vigário da época Padre Aureliano Mota no ano de 1914, quando residia também em Ipu o Escultor Leo Martins, era um Francês que aqui se radicou. Foi solicitado pelo Vigário para esculpir uma imagem que representasse o sofrimento de Jesus nas 14 Estações da Via Sacra, e assim foi feito, e no dia 05 de março de 1914 a imagem foi benta em plena nave da Igrejinha que era a Matriz de Ipu.

A Via Sacra era feita em 14 residências da cidade das seguintes famílias:

Thomaz de Aquino Corrêa *
Odulfo Alves de Carvalho
Cel. Felix Aragão
Joaquim Medeiros
Francisco Romão
Joaquim Rocha
Rodolfo Rodrigues Leite
Antonio Quixadá
Adelaide Martins
José de Holanda Cavalcante
Luis Jácome de Melo
D.Madeirinha
Cel. José Aragão
Gonçalo Soares de Oliveira.

Eram Cruciferários: Francisco Cordeiro Coelho, Raimundo Heitor de Vasconcelos, e João de Andrade Cajão (O Cajão).

* Thomaz de Aquino Corrêa faleceu numa sexta-feira de Passos em 26 de março de 1942 aos 82 anos de idade.


Poesia de José Osmar



REVIVENDO O PASSADO

Sítio Ipueirinha, dia quatro
De fevereiro noventão
Vou escrever uma cartinha
A um ilustre cidadão.

Prezado Francisco Melo
Não te conheço pessoalmente
Entretanto sou sabedor
De que é boa gente.

Pela tua voz macia
No “Revivendo o Passado”
Mostras que és um artista
Gentil e muito educado.

Quando tu falas do Ipu
Numa descrição tão bela
Meu coração pulsa forte
Com emoção beijo Stela

São onze horas da noite
Estou muito emocionado
Pois escuto com atenção
O “Revivendo o Passado”,

Vou falar sobre fatores
Que já vi nesta cidade
Que me fizeram feliz
Que me deixaram saudade.

O Cine Teatro Moderno
Que se foi não volta mais
Por muitas vezes foi palco
De belas peças teatrais.


O Gradil de nossa avenida
E o majestoso paredão
Foram vítimas do progresso
Que nunca teve coração

Não podemos esquecer
O Bar Cruzeiro do Ipu
Com muitas bebidas finas
E gostoso doce de caju.

Fui companheiro de serestas
De Wilson Lopes, Pretinho,
Antonio Pinho, Antonio Victor
João Mozart e Manezinho.

Pela veredinha sinuosa
Caminhavam até a bica
Osmar, Stela, Valquiria,
Thomaz, Margarida, Mundica.

A locomotiva Maria Fumaça
Quando da Estação Partia
Levava chorando Ricardo
Deixava chorando Sófia.

A avenida da Prefeitura
Em comício muito agitado
Ganhou o triste apelido
De Praça do Pau cortado

A Maria Ruiva Parteira
Recepcionava com amor
As criancinhas que chegavam
A este Mundo Encantador.

O nosso Grêmio Ipuense
É para mim um sacrário
Durante seis belos anos
Fui seu primeiro secretário

Em uma festa dançante
De nossa terra querida
Encontro sorrindo Stela
Que me faz feliz da vida

Ali ao lado da Igrejinha
A nossa Escola Normal Rural
Cumpria seu belo destino
Com ternura divinal.

Amplificadora São Sebastião
Com Pedro Teles Locutor
Levava para os namorados
Belas mensagens de amor.

Vou terminar minha cartinha
Com expressão muito singela
José Osmar Ribeiro Dias
O BONITÃO DE DONA STELA.

Sítio Ipueirinha – Pires Ferreira –Ceará – Brasil,
04 –02 – 90 – Domingo – 24h00

Obs.

(O título abaixo se refere ao enforcamento de João Tavares - Escravo)

Poesia de José Odmaf

A segunda execução de pena de morte levada a effeito no Ipú recaio na pessoa de João Francisco Tavares, autor do homicidio praticado em Francisco Antunes da Fonsêca.
Esse processo revestio-se de certas formalidades. Na sua marcha suscitaram-se alguns incidentes, protelando, de certo modo, o seu julgamento final, o que attesta o largo periodo de sua conclusão, pois, commettido o crime no anno de 1843, somente teve o seu termo, com a execução da pena de morte imposta ao réo João Francisco, em 1855.
Estudemos as peças desse antigo processo.
Primeiramente, vejamos a petição de queixa que deu logar a sua formação:

«A Vossa Senhoria Illustrissimo Senhor Delegado de Policia deste termo, queixa-se Luiza Maria do Livramento, moradora no termo da cidade de Sobral, ora nesta villa, de José Miranda, branco, solteiro, morador neste termo e de João Francisco Jordio, preso na cadeia desta mesma villa, e o motivo de sua queixa passa a responder com toda a verdade.
No dia 2 de novembro de 1841, pelas sete horas da noite, estando o infeliz Francisco Antunes da Fonsêca, marido da queixosa, manso e pacifico em sua casa, batem-lhe na porta de traz, dizendo que queriam comprar uma garrafa de aguardente; e abrindo a porta o marido da queixosa, lhe disparam um tiro com o qual caindo, lhe deram mais três facadas; e no mesmo instante espirou!!... Não contentes os malvados com este assassinio, entraram na casa da queixosa e roubaram uma porção de fazendas no valor de 150$000, pouco mais ou menos. Passados alguns dias espalhou-se uma voz geral de ter sido autor de tão atroz delicto o primeiro querelado José de Miranda com outro malvado, o que então se ignorava o nome, porém a queixosa não tendo naquelle tempo certeza disso não procedeu contra elles assassinos, criminalmente. Agora, porém, que se tem descoberto, com verdade, que de facto foram os dois querelados referidos que perpetraram tal delicto, a queixosa na qualidade de mulher do assassinado Francisco Antunes da Fonsêca, firmada no disposto do art. 270 do regulamento n.o 120 de 31 de janeiro de 1842, vem perante Vossa Senhoria queixar-se dos mencionados assassinos José de Miranda e João Francisco, para o que sejam punidos com as penas do art. 192 do Codigo Penal com as circumstancias aggravantes do art. 16 §§ 4. 5. 9, 11, 12, 14, 15, 16 e 17 do mesmo codigo e art. 271, quanto ao roubo: para exemplo desses malvados e de outros semelhantes protesta a queixosa ser-lhes parte accusante. Portanto, pede a Vossa Senhoria admitta a presente queixa e provada esta, sejam os réos obrigados á prisão e livramento, consevando-se na prisão o que se acha preso, passando-se as ordens necessarias para ser preso o que se acha ausente».

Assignava esta petição, a rôgo da queixosa, João de Andrade Pessoa Anta, naturalmente filho ou qualquer cousa que o valha do coronel João de Andrade Pessôa Anta, victima, na capital, da Comissão Militar e executado em 1823, accusado de ter sido commandante geral das forças revolucionarias na cidade Granja, por occasião do movimento republicano que ficou conhecido na historia com o nome de Confederação do Equador.
Recebida a queixa, instaurou-se o processo, sendo inqueridas cinco testemunhas.
Serviram no mesmo como promotor interino Domingos Carlos de Saboya e escrivão Manuel Xavier Macambira.
Foi esta a sentença do jury que condemnou o réo João Francisco a pena de morte:

«A vista da decisão do jury que achou o réo João Francisco Tavares incurso no crime de morte contra Francisco Antunes da Fonsêca, com as circumstancias aggravantes dos §§ 1, 5, 8 e 14 do art. 16 do Codigo Penal, condemno ao mesmo réo na pena de morte correspondente ao maximo do art. 192 do mesmo Codigo Penal. O escrivão o recommende na prisão em que se acha, pague o réo as custas em que o condemno. - Sala das Sessões do jury em Villa Nova do Ipú, 15 de setembro de 1845. FRANCISCO PAULINO GALVÃO».

Fôra o mesmo juiz que lavrára, annos antes, a sentença de morte contra o escravo Estevão.
O réo intimado desta sentença protestou por novo julgamento, sendo submettido ao mesmo no anno seguinte, com este resultado:

«Conformando me com a resposta do jury aos quesitos propostos, condemno ao réo João Francisco Tavares na pena de morte correspondente o gráo maximo do art. 192 do Codigo Criminal e pague o réo as custas em que o condemno. Appello. Sala das Sessões do Jury da Villa Nova do Ipú, 28 de setembro de 1846. FÉLIX JOSÉ DE SOUZA».

Era também juiz leigo.
Nesse segundo julgamento occupou a cadeira da accusação o promotor publico da comarca dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe, tendo o réo como defensor o cidadão Domingos José Pinto Braga Junior.
Em gráo de appellação o processo dormia em cartorio, quando, em resposta a uma consulta feita pelo juiz de direito da comarca, o poder competente assim se expressou:

«Terceira secção - Rio de Janeiro - Ministerio dos Negocios da Justiça, em 4 de maio de 1850. Illmo. Exmo. Senhor. - Accuso a recepção do officio n.o 30 de 8 do mez proximo findo, que V. Exc. me dirigio, acompanhado da copia do que recebeu do juiz de direito da comarca do Ipú, expondo a duvida em que se acha sobre o procedimento que deve ter a respeito do processo de um réo, que existe em cartorio do escrivão do jury, visto que sendo o réo condemnado a pena ultima, e confirmada aquella sentença em 28 de setembro de 1846, em novo julgamento, para que protestára, não se havia tirado traslado dos autos e expedido appellação ex-officio na conformidade da lei; e Sua Magestade o Imperador, a quem foi presente este negocio, manda declarar a V. Exc. que faça constar ao sobredito juiz de direito que deve immediatamente expedir a appellação para a Relação do districto, porque a esta compete decidir se a expiração dos fataes prejudica ao conhecimento da appellações officiaes, mandando V. Exc., outro sim, proceder a responsabilidade de quantos teem culpa desse escandalo; e dando conta especial a esta Secretaria de Estado desse processo. Deus guarde a V. Exc. - Eusebio de Queiroz Coutinho Mattoso Camara - Senhor Presidente da Provincia do Ceara».

O então presidente Aguiar poz nesse officio o respectivo cumpra-se.
O processo em traslado seguio para a Relação do disctricto, que era, a esse tempo, no Recife, e esta, pela maioria absoluta de seus pares, julgou procedente a appellação para mandar o réo a novo jury.
Nesse terceiro julgamento, que veio a ter logar em 1852, o réo foi condemnado ainda à pena ultima, como se póde verificar da seguinte setença:

«Á vista da decisão do jury com que me conformo, condemno o réo João Francisco Tavares nas penas do art. 192, gráo maximo e o condemno tambem nas custas e appello. - Sala das Sessões do Jury no Ipú, em 13 de dezembro de 1852 - JOÃO QUIRINO RODRIGUES DA SILVA».

Subio (...)
[1] em gráo de recurso e a Relação do Recife confirmou a sentença.
Desta vez a acusação do réo foi feita pelo dr. Paulino da (...), promotor publico da comarca.
Em (...) agosto de 1854, o juiz de direito dr. João Quirino, o mesmo que proferira a terceira sentença condemnatoria, (...) o seu cumpra-se.
Não foi interposto pelo réo o recurso de graça.
Afinal, a 27 de fevereiro de 1855, pelas dez horas da manhã, cahia, no Ipú, a segunda e ultima victima da pena de morte, imposta pelo respectivo tribunal do jury.
Como foi executada essa sentença são falhos os dados officiaes, é apenas confirmada, por certidão nos respectivos autos, pelo escrivão que nella funccionou, o cidadão Joaquim Dias Martins.
Uma testemunha ocular, porém, dessa execução, e que ainda hoje vive na cidade, assim nol-a narrou:
Dias antes da execução que, como ficou dito, foi a 27 de fevereiro de 1855, o réo que havia seguido para a capital afim de aguardar a decisão do recurso interposto ex-officio, chegava a então villa, escoltado por uma tropa de linha ao mando do official Negreiros, victima, annos depois, de horrivel desastre em Itamaraty, do Estado do Piauhy, morrendo queimado.
O réo foi conduzido para o Oratorio levantado no edificio que servia de cadeia, pequena casa situada no largo da igreja-matriz, tendo como confessor (...) o padre Francisco Correia de Carvalho e Silva, que desempenhou, posteriormente, papel saliente nos destinos do Ipú e de quem nos occuparemos mais adiante.
No dia da execução, pela 8 horas da manhã, o réo sahio acompanhado do juiz, escrivão e tropa, em passeio pelas ruas da villa, dirigindo-se em seguida para o local onde fôra levantada a fôrca, precisamente em meio da praça da matriz, mas collocada de maneira que podesse ser divisada pelos demais angulos.
Esta fôrca - diz o informante - foi preparada pelo carpina Antonio Pereira de Souza.
O réo, ao chegar ao patibulo, mostrando-se corajoso, proferio algumas palavras protestando sua innocencia, dizendo mais ou menos o seguinte:
- Ahi fica quem fez a morte... Morro mas não declaro o nome do seu autor... Um cão (...) todos a elle...
João Tavares - o condemnado - (...) baixo, cheio do corpo e typo mal encarado.
Assistio aos seus ultimos momentos o padre Correia proferindo as palavras do Credo - Vida Eterna.
O nosso informante não sabe quem foi o carrasco executor da sentença de morte do réo João Tavares, affirmando, entretanto, ter o mesmo vindo com a tropa de linha que o conduzia da capital, parecendo tratar-se do celebre Francisco Correia Pareça, o mesmo de que nos fala o dr. Paulino Nogueira em seu importante trabalho citado, e que se tornou respeitado no seu desgraçado officio, indo morrer depois no presidio de Fernando de Noronha. Isto é méra supposição do narrador pois o proprio dr. Paulino Nogueira, autoridade para nós venerada na historia do Ceará, diz que Pareça, embora emulo de Cavaco, outro carrasco celebre, fez onze execuções de pena de morte, sendo dez na capital e uma no Aracaty, não incluindo-o nas duas do Ipú.
Era de praxe nas execuções de pena de morte requisitar-se um cirurgião para assistir ao acto e fazer no cadaver do executado o exame do costume. Nas duas execuções do Ipú não se sabe pela deficiencia de dados em quem recaio esse encargo, parecendo-o na pessoa do cidadão Antonio Bezerra de Hollanda, professor aposentado residente na villa. Segundo testemunho daquelles tempos esse senhor exercia o officio de curandeiro e era homem affeito a rabulice, tanto que no processo do escravo Estevão - o primeiro executado - figurou como curador ad litem.
A execução de João Francisco Tavares, como era natural, impressionou, sobremodo, a população local. Os vexames foram maiores porque o réo negava peremptoriamente a sua co-autoria no crime pelo qual fôra condemnado a pena ultima, máo grado as provas do processo.
Contam que no dia da execução a respeitavel senhora do juiz de direito da comarca prolator da sentença, dr. João Quirino Rodrigues da Silva, e que assistira o acto, após a sua consummação, como que allucinada, corrêra a casa do vigário Correia, indagando:
- Padre, diga-me, padre, o homem, - referia-se ao réo - na sua confissão affirmou a sua autoria no crime?...
O padre Correia, num silencio immutavel, apenas abrio os labios, pallidamente, sem articular, entretanto, uma só palavra.
Esse gesto era muito significativo...

sábado, 24 de julho de 2010

Janjão Campos.

Seu Janjão e Dona Alice.
Em brave maiores detalhes de sua vida.

Biografia de Antonio Carvalho Martins

BIOGRAFIA DE:
ANTONIO CARVALHO MARTINS

Patrono da Cadeira de Nº 22, da Academia de Letras e Artes do Ceará-ALACE.
Ocupante da Cadeira: ACADÊMICO FRANCISCO DE ASSIS MARTINS

Antonio Carvalho Martins nasceu em Ipu, aos 06 de outubro de 1915. Filho de Abílio Martins e Celina Carvalho Martins. Foi criado como dizemos popularmente por sua avó D. Adelaide Martins.
Teve uma juventude cheia de aventuras e peripécias na cidade de Ipu e na “Fazenda Carão”, de propriedade de sua mãe que chamamos aqui de: “Mãe de Criação”.

Iniciou seus estudos nas Escolas Particulares de Ipu, muito especialmente na Casa D’Aula que ficava localizado no Quadro da Igrejinha, local onde nasceu a cidade de Ipu.Passou ainda por outras Escolas Particulares onde pode aprimorar melhorar os seus conhecimentos, tornando-se em seguida uma autodidata dos mais arrojados da cidade, pois Escolas para formação Acadêmica eram difíceis e raras naqueles tempos, existindo somente em Fortaleza Capital do Estado ou em outros Estados do Brasil, o que exigia inegavelmente um deslocamento e despesas que muitas das vezes fugia das possibilidades do pretendente.

Casou-se em 1946 com Auri Lourenço. Do rebento nasceram os filhos: Abílio, Fantinha, Celininha, Dadazinha, João Tomás, Regina Elisabeth, e Martins Filho.

Iniciou suas atividades profissionais no antigo e extinto Posto de Endemias Rurais, cuja sigla era: DENRU. Foi chamado em seguida de SUCAM, depois F.N.S. e atualmente, FUNASA.

Além de funcionário Público Federal, fundou a Firma “A Lourenço Martins”, casa de móveis e eletrodomésticos. Foi a primeira do Ipu no neste ramo.

Foi membro fundador da folha mensal de Ipu intitulada “Ipu em Jornal” que circulou por muito tempo; teve um período de 1957 a 1962 e depois de 1989 a 1992, escrevia no jornal com o pseudônimo de “Golias”, foi autor também da coluna “Bola Fora”, entre outros escritos do jornal.

Fez várias campanhas em favor de melhoramentos e criações de Praças e Pólos Esportivos.
Nas campanhas fez um grande movimento para reconstrução da Maternidade de Ipu; fez campanha para construção do “Jardim Thomaz Corrêa” existente no Quadro da Igrejinha, onde fica localizado Busto do protagonista da Praça.

Foi Presidente do Grêmio Recreativo Ipuense e realizou umas das mais marcantes administrações junto ao melhor clube diversional de nossa cidade. Fez uma reforma ampla nas suas dependências e estimulou o quadro social que cresceu muito mostrando assim que uma sociedade se desenvolve de acordo com o número de associados. Instalou jogos de uma diversificação bem expressiva, proporcionando deste modo todo o quadro de participantes momentos de lazer e prazer.

Realizou muitas “Tertúlias” ao som de uma discoteca que criara durante o seu mandato.
Aos domingos não faltava o Futebol de Salão e em seguida as Manhãs de Sol com as saborosas Feijoadas ao som do melhor conjunto Musical da cidade “Os Cometas”.

Promoveu ainda as famosas “Manhãs Esportivas”, com uma diversidade de modalidades esportivas bem variadas; como também muitas brincadeiras que como exemplo citamos “A CORRIDA DO SACO” e outras e mais outras.

Incentivou o esporte em todas suas modalidades o que para tanto encetou uma campanha e construiu ao lado do Grêmio Ipuense uma quadra de Esportes que muito proporcionou a juventude ipuense momentos de disputas e diversões. A Quadra de Esportes do Grêmio Ipuense se chamou - Quadra Esportiva Deputado José Dias de Macedo.

Escritor, crítico, satírico e muito versátil escreveu para posteridade de todos nós ipuense e cearenses os livros:

Páginas Alegres, que conta de maneira jocosa o seu viver com os companheiros de trabalho e também com algumas personalidades de nossa terra o Ipu.

Histórias Pitorescas foi o seu segundo livro também repleto de uma narração bem ao natural, versando e contando sempre coisas com os amigos de trabalho e filhos de Ipu.

Ficaram intermináveis as obras: “O Mundo Hilariante” e “Vultos Populares de IPU”.

Antonio Martins ainda foi colunista do Jornal Diário do Nordeste por muitos anos.

Faleceu em 16 de janeiro de 1992, deixando um legado histórico dos mais legítimos de nossa terra, Jardim florido onde nasceu Iracema.


Ipu, 12 de novembro de 2002.
_________________________________
Francisco de Assis Martins

(Dados fornecidos pelo Boris e Celininha em 1995)




Av. Ten. José Araújo.

Av. Ten. José Araújo. Nascido em 25 de abril de 1921 e falecido a 26 de agosto de 1970. Secretário, Professor e Instrutor do Ginásio Ipuense. 2º tenente da reserva do glorioso Exército Nacional, atleta, seresteiro (cantava e ticava violão), foi casado com D. Zenaide Martins que lhe deu oito filhos: Marcos, Ceci, Lis, Norma, Fátima, Antonio, Fernanda e Araújo Filho.
Ten. Zé Araújo é hoje nome de uma extensa avenida na nossa cidade que começa depois do velho açude da lagoa até o alto da Coruja; hoje toda asfaltada.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Imprensa

IMPRENSA DE IPU – IDOS DE 1924.
HISTÓRICO.

A cidade de Ipu não madrugou na publicação de Jornais em relação ao interior do Ceará.Esta honra coube a cidade de Aracati que fez circular no ano de 1831 o seu jornal pioneiro – Clarim da Liberdade. Foi, entretanto Ipu a 12ª localidade do interland cearense a editar um periódico impresso, no caso O IPUENSE, fundado e dirigido por Julio Cícero Monteiro, em 24 de outubro de 1890. Foram tiradas 20 edições. Este foi o primeiro jornal em letras de forma da terra de Iracema.

Desde 1886, a até 1892, a elite intelectual da cidade mostrou particular interesse pelo jornalismo sertanejo. E assim que vemos naquela fase tal empenho expresso no feitio e circulação de jornais manuscritos, naturalmente de reduzida tiragem. Assim eram enfrentadas as dificuldades de então para se conseguir um prelo para podermos imprimi-los. Como ensaios circularam naquela época: A Lira, em 1886, O Porvir, O Sol, A Brisa, O Espelho, Beija Flor e O Paladino. Tinham orientação literária, social e humorística dos redatores, José Cândido de Sousa, Thomas de Aquino Corrêa, Francisco Ximenes Aragão, Julio Cícero Monteiro, Felix Cândido e outros.

Em 1900, Herculano José Rodrigues organizou e fez imprimir na tradicional Tipografia Minerva o Almanaque Ipuense, anuário que teve nova e ultima edição em 1901. Era um empreendimento arrojado, dado as significâncias do meio e da época. Contudo o Almanaque Ipuense saiu com boa aparência gráfica e bastante apreciável pelo seu conteúdo informativo literário, charadistíco e etc.

A 18 de fevereiro de 1904, os irmãos Teles e Jovelino de Sousa, que dirigiram no Ipu o Colégio José de Alencar o mais importante educandário da região, fizeram circular na Cidade do Ipu, um jornal bem feito com excelente parte editorial. Além de seus diretores nele colaboraram Dr. Feliz Cândido de Sousa Carvalho, Juiz de Direito da Comarca, o poeta Liberato Filho, Manoel Ribeiro de Miranda, Alba Valdez, Julio Cícero Monteiro, Dr. José Mendes de Vasconcelos, Luis Porfírio, Prof João da Mata Cavalcante e outros intelectuais. Nesse jornal, Jovelino de Sousa decantou em magníficos versos a terra cearense enumerando todas as cidades e vilas, bem como todos os Rios do Meu Ceará libérrimo e querido,
Enternecido berço de Alencar.
Após duas estrofes de introdução todas com rimas intercaladas encontramos exatas:
E dou começo – Fortaleza, Ipu.
Acarau, Baturité, Sobral.
Crato, Barbalha, Tamboril, Tauá,
Caracará, Crateús, Tamboril, Chaval...

E assim prosseguiu. Em outra poesia, no mesmo estilo enumerou rios do Ceará. A cidade do Ipu, como jornal que lhe antecedeu, o Ipuense teve apenas 20 edições, sendo a ultima em 15 de outubro de 1904.
Este apanhado é de importância para perseguir ainda em jornais de Ipu.

Quase uma década decorreu para que aparecesse o terceiro Jornal do Ipu, Gazeta do Sertão, cujo primeiro número circulou em 06 de janeiro de 1913.

Fundou-o, o Acadêmico de Direito o beletrista Leonardo Mota, com Teles de Sousa também fundara no Ipu um Educandário com o nome INSTITUTO JOSÉ DE ALENCAR, Gazeta do Sertão marcou uma brilhante fase jornalística no interior do Estado pelo prestigio e fascínio de sua orientação.

Divulgava amplo noticiário de âmbito nacional e era primorosamente redigido e tinha atraente feição literária. Nessa folha colaboraram os finos cronistas Kiamil (Abílio Martins), o Padre Dr. Aureliano Mota, Dr. Ubaldino Souto Maior, Dr. Eusébio de Sousa e o Prof. Leonardo Martins, Thomaz Corrêa, José Osvaldo Araújo e outros. Era impresso em Sobral na Tipografia A Pátria, jornal de Carlos Rocha. Encerrou seu iluminado ciclo com o número 32 de 14 de novembro de 1913.

Em 1914 apareceu um jornalzinho manuscrito A Sciencia, redigido por Vicente Felício e em 1916 um outro datilografado, “Zero 7”, de Joaquim Dias Martins e outros.

A revista “O Campo” órgão do Sindicato Agrícola Ipuense, apareceu em setembro de 1917, com o seguinte corpo redatorial: Dr. Abílio Martins, Eusébio de Sousa, Chagas Pinto, Thomaz Corrêa, Manoel Dias Martins e José Osvaldo Araújo. Teve quatro edições.

Também em 1917, Abílio Martins fez circular um jornalzinho datilografado como uma propaganda humorística do Correio do Norte, projetado jornal que iniciou mais tarde sua publicação que ocorreu em 1° de janeiro de 1918.
Ipu recebeu sua primeira Tipografia para imprimir esse jornal, tendo como tipógrafos: F. Pilgomar Campos, Francisco das Chagas Paz, João Mozart da Silva e José Pombo.

Fundaram e dirigiram o Correio do Norte, Abílio Martins, Eusébio de Sousa, e Thomas Corrêa.
Este era o seu quadro administrativo, quando em 30 de março de 1924 com o n° 310 cessou a sua circulação. Foi o periódico de mais longa duração que teve na terra dos Sousa Carvalho.

A presença de um prelo no Ipu estimulou a publicação do jornalzinho gaiatos que se apresentavam como critico e defensores dos bons costumes. Tinham nomes, assim como; O Binóculo – 1919. O Chicote, O Guarani, A Espora, O Barbicacho, O Besouro todos em 1919. E mais, A Futrica em 1920, O Alfinete e O Abacate em 1922, A Batata, O Buraco em 1923, A Banana, O Careta e o Automóvel em 1924.

Ainda em 1924, Luis Jácome Filho, coadjuvado por Antonio Marrocos de Araújo, editou o Externato São Luiz, órgão do educandário deste mesmo nome do qual eram diretores respectivamente.
Uma tocante homenagem póstuma foi prestada a Emídio Augusto Barbosa, distinto moço que se projetou na vanguarda da vida social e comercial do Ipu onde faleceu, tragicamente. Foi então impressa a Poliantéia distribuída em sessão fúnebre promovida a 29 de outubro de 1926, pelo Grêmio Ipuense saciedade em que era presidente. Na referida folha colaboraram: Luis Jácome Filho, Dr.Leonardo Martins, Antonio Marrocos Araújo, Thomaz Corrêa, Osvaldo Araújo, Lisboa Rodrigues, Antonio Bezerra do Vale e Joaquim de Oliveira Lima.

Em 1930, circulou um jornalzinho manuscrito “A Razão”.
Em 1932 em duas edições apareceu A Luz, jornal de pequeno formato, mas bem escrito, focalizando assuntos sociais e literários. Era dirigido por Francisco Magalhães Martins, que depois se afirmou como beletrista, e publicou por ultimo o interessante livro Delmiro, Pioneiro e Nacionalista, considerada a melhor Biografia até então publicada do conquistador da Cachoeira de Paulo Afonso.

Uma plêiade de jovens inteligentes, constituída por Gerardo Assis, Augusto Passos R. Bessa Belém, Francisco Vale, C. Melo, e J. Campos fez circular em 31 de janeiro de 1933 O PROGRESSO jornal que recebia a colaboração do Dr. Targino Filho. Saíram duas edições.
A Semana foi um outro jornal em que Oseas Martins iniciou suas atividades na imprensa, tendo como companheiros Francisco das Chagas Paz e Alberto Aragão.
Seu 1° número data de 1° de junho de 1934. Traz boa reportagem sobre a primeira linha de Ônibus de Fortaleza a Ipu da EMPRESA FRANKLIN. Suspendeu a publicação com o n° 1°, em 12 de agosto de 1934.

Após um hiato de 08 anos apareceu o Ruralista, folha dos estudantes da Escola Normal Rural de Ipu. Circulou em 1° de abril de 1942, dirigido por Ariston F. Vieira, Roseli Soares Assis, Nilce Sousa e Vitaliano Martins. Nele foi publicado o Hino da Escola de autoria do Professor João Barreto. Somente em novembro de 1954 surgiu no Ipu um novo Jornal, O Semeador órgão do Grêmio Literário Padre Moraes, da Escola Normal Rural de Ipu.

O Ipu em Jornal foi um mensário de grande projeção na terra de Delmiro Gouveia. Iniciou sua circulação a 30 de novembro de 1957, para encerrá-la com no n° 49 em julho de 1962. Após esta parada circulou de 1989 a 1991, finalizando assim a sua trajetória brilhante no Jornalismo ipuense. Foi um Jornal bem acolhido em toda região. Fundado por Antonio Carlos de Martins Mello, tendo como colaboradores Leocádio Aragão Sabino, Gonçalo Pereira de Farias Pe. Francisco Fulton, Pe. Antonio da Silveira Bastos, Alberto Aragão, José Itamar Mourão, Prof. Francisco Melo, João Mozart, João Anastácio Martins, Prof. Antonio Ramos Pontes e Antonio Carvalho Martins, este último de maior sustentáculo.

Em Fortaleza foram editadas duas revistas de assuntos relacionados exclusivamente com o Município de Ipu, sua história, sua vida, sua gente. Foram: A Revista dos Municípios cujo primeiro e único número circulou em 1929, seu fundador e dirigente foi o historiador Dr. Eusébio Néri Alves de Sousa. A dita revista estampava na capa a fotografia do Sr. Manoel Victor de Mesquita Prefeito Municipal de Ipu a aquela época.
Ipuense em Revista Atlética Ipuense, com sede em Fortaleza em maio de 1966, órgão trimestral da Associação. Foi Presidente o jovem Oman Bessa Belém. A revista foi idealizada por João Pereira Mourão que traz na capa a figura de Antonio Pereira Mourão, fundador da associação.

Osvaldo Araújo escreveu sobre a imprensa e Antonio Marrocos transcreveu para os anais da história, desde os idos de 1924.

Em Tempo: não querendo plagiar o Escritor e Poeta Osvaldo Araújo e nem o intelectual Antonio Marrocos Araújo, queremos deixar registrado neste pequeno histórico o mais completo sobre a Imprensa Escrita de Ipu, ressaltar também o Jornal “Cultura Estudantil”, editado e fundado em 1969 pelo Professor Francisco de Assis Martins e Pascal Dias Ribeiro órgão de circulação interna do Colégio Ipuense antigo Ginásio Ipuense. Circularam apenas 06 números.

O “Jornal dos Tabajaras”, fundado em 1995 pelo Professor Francisco de Assis Martins e Paulo Germano Martins Aragão, circulando para toda sociedade ipuense, inclusive para os filhos ausentes. Circularam 26 números.
O Jornal dos Tabajaras foi um mensário de real destaque na terra de Iracema, e incansável no combate a destruição das nossas raízes. Combatendo com muita veemência a construção de um banheiro na secular Igrejinha de N. Senhora do Desterro e outros processos que descaracterizaram a nossa tão querida IGREJINHA. O Jornal dos Tabajaras foi recebido em todas as Academias de Letras do Brasil, inclusive a Academia Brasileira de Letras através do seu editor, o Acadêmico Francisco de Assis Martins. Recebeu ainda a nossa Folha Mensal a Biblioteca Nacional.
Atualmente temos o Jornal Ipu Grande, onde fui o seu Editor na sua primeira Edição em 20 de janeiro de 2007. Hoje apenas colaboro com algumas matérias. (Outubro de 2008).
Nasceram mais dois jornais O Aspas e o Ipu Por Outro Ângulo. São de circulação mensal. (Ano de 2008). Circularam apenas três números.
Convém salientar circulou na nossa cidade um Informativo da Câmara Municipal apenas com duas Edições.



O Retrato.



O Retrato.

Comum ou incomum falamos muitas vezes de retratos de figuras, de paisagens, de pessoas que se representam nas fotografias à saudade da imagem fotográfica, de tudo enfim representará o retrato de alguém.
Retrato empalidecido, em preto e branco ou colorido, retrato feito no antigo lambe-lambe que depois de pouco tempo já esmaecia, pois era de pouca qualidade. O fotografo levava um tempão para revelar aquela imagem que depois de retirada da câmara escura era colocado em água para que todos vissem o processo da revelação e conseqüentemente o aparecimento do rosto feliz, do infeliz que se fotografou.
Mas, nas paredes está em molduras as mais variadas o casal ou o marido e mulher, ele de gravata com um nó frouxo deixando visível a breguisse misturada com a ingenuidade do caipira a mulher às vezes de tranças ou de cocó ou até mesmo, com os cabelos soltos sustentado apenas por um pente modelo vovó deixa vislumbrar sua imagem junto ao marido em pose eterna na parede.
Mas, existem outras, aquelas que deixam à saudade do seu ente querido para que você possa sempre transcender, para que se perpetue na sua imagem cerebral psíquica aquele vulto tão querido que disse: adeus e não voltou mais.
Por isso e por outras coisas que às vezes não queremos dizer vemos a cada instante de nossa vida processar estes momentos que eternizam e deixam em nossa alma o misericordioso feliz de lembranças daquilo que não podemos ver e nem sentir, pois são etéreos voláteis, fluidificando no mundo astral a sua segunda vida assim dizem os espíritas, porque os cientistas dizem apenas que tudo é matéria que se transformará em nada, pois nem mesmo o pó perdurará e as cinzas também que são substancias evaporantes que se desfazem no ar impregnado no mundo das incertezas, visto o paradoxo dos que estudam tais fenômenos.
A parede está vazia, apenas o relógio que marca as horas, e parou a música, a partitura que estava sobre o piano tornou-se empoeirada quando as mãos de luvas brancas disseram adeus. E lá está a parede em branco sem o retrato dizendo apenas que alguém partiu sem dizer nada, numa ausência que os separou para sempre.
O pobre casal da fotografia do lambe - lambe partiu e partiu mesmo levado pelos os efeitos vitalizados de cromossos que outrora fora à célula multiplicativa que procriou aqueles que hoje olham e sentem saudades. Será que a imagem vai satisfazer o seu ímpeto saudoso? Ou será mesmo recompensado pela consolação de que o mundo se acabará e todos os mortos voltarão? Quem afirmaria tal verdade?
A canção não bastou para que entoássemos um louvor pleno de muita recordação daquele retrato que o imaginário de hoje lembra com muito afeto o carinho.
Os momentos advirão, e nós, nos constantes ecoar de vozes, nos lembraremos dos retratos, do meu do seu do que lhe traz infinitas recordações até dos laços de fitas e gravatas entortados com símbolo da soberana vida de apenas fazer o bem sem se preocupar o que estamos vendo.Vale, portanto o retrato a sala que ficou vazia apenas com a figura imaginária da vida de quem você quiser.