A CASA
DO SENHOR JOÃO CAMELO
Como era linda e animada aquela casa da esquina, que
ficava logo atrás do Grêmio Ipuense.
Era habitada por lindas moças, pelo Pai e pelo único
filho homem, o Antônio Camelo, que fazia parte do time de futebol da cidade
naquela época. Mirian e Hosana já eram casadas. Zulene ocupava o lugar de Mãe,
já falecida e pertencia a Pia União das filhas de Maria, cuidava com muito
carinho, da formação moral e religiosa das irmãs mais nova. Alba era
professora, tocava violão, cantava e encantava. As outras eram estudantes:
Glaís. Tisinha, e Tesinha. A mais nova era a Maria Leís,, conhecida por Leleis.
Era minha colega de classe e muito amiga. Bonita simpática e animada. Talvez
tenhamos dado muito trabalho as Irmãs de Caridade quando estudantes do
Patronato Sousa Carvalho. A sorte era que a superiora Irmã Nogueira, filha de
São Vicente, sempre perdoava as nossas brincadeiras. O orfeon da Escola era o
que existia de melhor na cidade sob a direção da eximia professora Valderez
Soares. Lembro-me da animação de todas as filhas do Sr. Joao Camelo no momento
em que iam sair para assistir a benção do Santíssimo Sacramento, ato religioso
do qual todas participavam. Naquele tempo não era permitido entrar na Igreja
com vestidos de mangas curtas, tinha que ser de mangas compridas. E para os
costumes da época a gente usava um casaco de magas por cima dos vestidos.
Terminada a missa ou a novena a gente jogava o casaco nos cabides. Quando os
casacos se perdiam as filhas do Sr. João Camelo apelidaram: “A HORA DA
PERDIÇÃO”. Isto foi motivo de risos para nós que conhecíamos a historia dos
casacos. Ainda hoje quando nos encontramos, lembramos entre risos e saudades a
“HORA DA PERDIÇÃO” que na realidade era apenas a perdição dos casacos de
mangas.
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