Folhinha (6): Quarta-Feira de Trevas
Segundo os evangelhos de Mateus e Marcos*, na véspera da última ceia Jesus foi à casa de Simão, o leproso, onde uma mulher lavou seus pés com bálsamo de nardo, enxugando-os com seus cabelos — para desespero de Judas Iscariotes, que reclamou do desperdício. Jesus, porém, disse que a mulher estava já preparando seu corpo para a sepultura.
Cristãs alitorianas recordavam a data perfumando seus cabelos com as essências mais caras que tivessem em suas casas, preferencialmente nardo. Muitas guardavam dinheiro o ano inteiro para comprar o melhor perfume que pudessem no dia santo.
Na Turquia e Armênia sassânidas, onde a seita se refugiou após a condenação pelo concílio de Nicéia, o hábito se fundiu com antigos ritos de prostituição sagrada. As alitorianas iam às ruas nesta noite e usavam o que obtivessem pelos seus serviços para comprar o nardo.
O costume deu origem à crença, não sustentada pelos evangelhos, de que a mulher que lavou os cabelos de Jesus era Madalena, a pecadora.
* João situa o relato alguns dias antes, na casa de Lázaro, e diz que a mulher era Maria, irmã do morto ressuscitado.
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