Indendentes, Interventores e Prefeitos de Ipu.
Francisco de Assis Martins.
(Prof. Mello)
“Decretada a Intervenção Federal para o Estado do Ceará, pelo então Presidente da Republica, Marechal Hermes da Fonseca por Decreto de 14 de Março de 1914, foi em seguida, nomeando interventor o Coronel Fernando Setembrino de Carvalho, que nesse tempo, e para dito fim, já se achava no Ceará”.
Assumindo o Coronel Setembrino as funções do alto cargo para o qual fora nomeado, fez em seguida criminosamente, a deposição recomendada, do Presidente do Estado, Coronel Doutor Marcos Franco Rabelo, de ordem do então Presidente da Republica, deposição por este aderida e previamente preparada e afinal levada a efeito!
Em seguida a deposição de Franco Rabelo, Setembrino entregou-se de corpo e alma, como se costuma dizer, aos caprichos descomedidos e sem limites dos mandões daquela desgraçada época, tornando-se politiqueiro e fazendo politicalhia, torpe, baixa e soez demitia acintosamente todos os amigos de Franco Rabelo, fazendo verdadeira derrubada política, removendo juizes inamovíveis e mandando arrastar ás prisões pessoas gradas e em destaque social, praticando enfim, toda sorte de arbitrariedades!
Podendo fazer valer o direito, de manter a autoridade legalmente constituída de Franco Rabelo, de garantir e manter a ordem no Estado, de cingir-se enfim, ás funções do cargo para o qual fora nomeado transformou-se num governo despótico e tirano, depondo o Presidente Franco Rabelo, e trazendo o Estado anarquizado e sem garantia.
Um horror!
Mas, Setembrino, o único oficial do brioso Exército brasileiro, que sujeitou-se as baixezas tais, precisava cumprir, como cumpriu, as ordens de seus amos – Marechal Hermes e Pinheiro Machado, de quem tinha promessas de ser promovido a General, caso fizesse a deposição recomendada, e bem assim desejava receber uma espada de ouro, prometida pelos revoltosos do Ceará, como recompensa da mesma deposição! E, por isso, a tudo se submeteu e tudo fez, embora manchando e desonrando a sua farda; sendo finalmente, em seguida, promovido a General e recebendo mais a referida espada de ouro prometida.
Exonerando o intendente deste município de Ipu, Ten-Coronel Aprígio Quixadá, e nomeou o Bacharel Abílio Martins que, assumindo as funções do cargo, sem prestar o compromisso legal, em 3 de abril, do mesmo ano de 1914, chamou a si arbitrariamente, logo em seguida o arquivo da Câmara Municipal, esbulhando e dissolvendo a Câmara eleita e empossada legalmente, pela antiga Câmara Aciolina, em maio de 1912, para o quatriênio de 1912 a 1916! E, sem nenhuma formalidade, proclamou á mão armada uma esdrúxula Câmara, nomeando ao mesmo tempo os seus improvisados Vereadores e,fazendo-se Presidente da mesma! Tudo isto se passou nesta cidade na tarde do referido dia 3 de abril de 1914.
Dias depois, o mesmo Bacharel Abílio Martins, Intendente e ao mesmo tempo Presidente da espeluncada e intrusa Câmara por ele improvisada, pedira exoneração do cargo de intendente (hoje Prefeito), sendo nomeado para substitui-lo o Tenente-Coronel José Raimundo de Aragão Filho, Secretário aposentado da mesma Câmara Municipal de Ipu, que, como seu antecessor assumiu o exercício e exerceu as funções do cargo sem que tenha prestado o compromisso da lei.
Esbulhada por essa forma criminosa e arbitraria a Câmara Municipal de Ipu, sem mais poder funcionar, visto a espoliação criminosamente levada a efeito, a pressão e ameaças que faziam os espoliadores, recorreu por isso a Câmara legitima para o Doutor Juiz Secional deste Estado, pedindo uma ordem de “harbeas corpus” em seu favor para poder funcionar, ordem essa que foi concedida e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal em Accordo de 19 de Agosto de 1914.
A interposição deste recurso permitido pela Constituição Federal e a sua concessão pelo mais alto Tribunal do País, exasperarou sobremodo os políticos dominantes de Ipu, de maneira que desrespeitaram totalmente a decisão que reconhecia e mantinha a Câmara esbulhada, servindo antes essa decisão de pilheria e galhofas dos exagerados políticos, e dando lugar mais tarde a desenrolar-se nesta cidade e seu termo as cenas de canibalismo que adiante mencionaremos; uma serie indescritível de desordens e selvagerias nunca vistas, praticadas pela soldadesca desenfreada para aqui enviada, composta, em sua maioria, de cangaceiros e criminosos do Cariri – afilhados do celebre Padre Cícero de Juazeiro.
Pouco tempo depois, dando-se a cisão do “Partido Marreta” com o “Partido Unionista” que antes havia feito junção, para o auxílio do marechal Hermes da Fonseca, então Presidente da República, fazer guerra ao governo honesto do Cel. Franco Rabelo, Abílio Martins, que antes de tudo isso fora partidário exaltado do Presidente Franco Rabelo, e que sem motivo algum havia passado para as fileiras dos Partidos Unionistas Marreta, isso exclusivamente porque conheceu, em vistas das hostilidades que fazia então o Presidente da Republica, que Franco Rabelo seria deposto, e por isso, abandonado os “Marretas”, ficou sem o “Partido Unionista”, com todos os seus amigos políticos”.
Dr. Leonardo Mota e seu primo Manoel Victor de Mesquita, que então exerciam aquele o cargo de Promotor de Justiça desta Comarca e este último de Delegado de policia deste termo, pelo que foram em seguida exonerados.
Em vista dessa nova atitude do referido Bacharel, a Câmara por ele próprio improvisada, o destituiu da Presidente e elegeu para substitui-lo, o cidadão Carlos Ribeiro Melo.
A Câmara Rabelista, eleita legalmente em Maio de 1912, compunha-se dos seguintes Vereadores: Tenentes - Coronéis José Liberato de Carvalho – Presidente – Odulfo Alves de Carvalho – Vice Presidente – Felix de Sousa Martins, Aprígio Quixadá, Antonio Mont’alverne Filho, Sebastião Carlos de Lima, Major Doroteu Pereira de Paiva e Francisco Soares Sampaio e fora legalmente empossada pela antiga Câmara Aciolina, e, a esdrúxula e improvisada Câmara Marreta ficou composta dos seguintes cidadãos: Bacharel Abílio Martins, Cel. João Bessa Guimarães, Tenente-Coronel Antonio Mont’alverne Filho, Carlos Ribeiro Melo, Francisco Soares Sampaio, Luiz Jácome de Melo, Felix de Souza Barros e Antonio de Souza Aragão”.
(Notas extraídas do livro Para a História-O Caso de Ipu em 1914-Augusto Passos).
O Intendente da época (nos últimos meses de 1910) foi o Cel. João Bessa Guimarães. - (Nota extraída do livro Ipu do Meu Xodó).
Francisco de Assis Martins.
(Prof. Mello)
“Decretada a Intervenção Federal para o Estado do Ceará, pelo então Presidente da Republica, Marechal Hermes da Fonseca por Decreto de 14 de Março de 1914, foi em seguida, nomeando interventor o Coronel Fernando Setembrino de Carvalho, que nesse tempo, e para dito fim, já se achava no Ceará”.
Assumindo o Coronel Setembrino as funções do alto cargo para o qual fora nomeado, fez em seguida criminosamente, a deposição recomendada, do Presidente do Estado, Coronel Doutor Marcos Franco Rabelo, de ordem do então Presidente da Republica, deposição por este aderida e previamente preparada e afinal levada a efeito!
Em seguida a deposição de Franco Rabelo, Setembrino entregou-se de corpo e alma, como se costuma dizer, aos caprichos descomedidos e sem limites dos mandões daquela desgraçada época, tornando-se politiqueiro e fazendo politicalhia, torpe, baixa e soez demitia acintosamente todos os amigos de Franco Rabelo, fazendo verdadeira derrubada política, removendo juizes inamovíveis e mandando arrastar ás prisões pessoas gradas e em destaque social, praticando enfim, toda sorte de arbitrariedades!
Podendo fazer valer o direito, de manter a autoridade legalmente constituída de Franco Rabelo, de garantir e manter a ordem no Estado, de cingir-se enfim, ás funções do cargo para o qual fora nomeado transformou-se num governo despótico e tirano, depondo o Presidente Franco Rabelo, e trazendo o Estado anarquizado e sem garantia.
Um horror!
Mas, Setembrino, o único oficial do brioso Exército brasileiro, que sujeitou-se as baixezas tais, precisava cumprir, como cumpriu, as ordens de seus amos – Marechal Hermes e Pinheiro Machado, de quem tinha promessas de ser promovido a General, caso fizesse a deposição recomendada, e bem assim desejava receber uma espada de ouro, prometida pelos revoltosos do Ceará, como recompensa da mesma deposição! E, por isso, a tudo se submeteu e tudo fez, embora manchando e desonrando a sua farda; sendo finalmente, em seguida, promovido a General e recebendo mais a referida espada de ouro prometida.
Exonerando o intendente deste município de Ipu, Ten-Coronel Aprígio Quixadá, e nomeou o Bacharel Abílio Martins que, assumindo as funções do cargo, sem prestar o compromisso legal, em 3 de abril, do mesmo ano de 1914, chamou a si arbitrariamente, logo em seguida o arquivo da Câmara Municipal, esbulhando e dissolvendo a Câmara eleita e empossada legalmente, pela antiga Câmara Aciolina, em maio de 1912, para o quatriênio de 1912 a 1916! E, sem nenhuma formalidade, proclamou á mão armada uma esdrúxula Câmara, nomeando ao mesmo tempo os seus improvisados Vereadores e,fazendo-se Presidente da mesma! Tudo isto se passou nesta cidade na tarde do referido dia 3 de abril de 1914.
Dias depois, o mesmo Bacharel Abílio Martins, Intendente e ao mesmo tempo Presidente da espeluncada e intrusa Câmara por ele improvisada, pedira exoneração do cargo de intendente (hoje Prefeito), sendo nomeado para substitui-lo o Tenente-Coronel José Raimundo de Aragão Filho, Secretário aposentado da mesma Câmara Municipal de Ipu, que, como seu antecessor assumiu o exercício e exerceu as funções do cargo sem que tenha prestado o compromisso da lei.
Esbulhada por essa forma criminosa e arbitraria a Câmara Municipal de Ipu, sem mais poder funcionar, visto a espoliação criminosamente levada a efeito, a pressão e ameaças que faziam os espoliadores, recorreu por isso a Câmara legitima para o Doutor Juiz Secional deste Estado, pedindo uma ordem de “harbeas corpus” em seu favor para poder funcionar, ordem essa que foi concedida e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal em Accordo de 19 de Agosto de 1914.
A interposição deste recurso permitido pela Constituição Federal e a sua concessão pelo mais alto Tribunal do País, exasperarou sobremodo os políticos dominantes de Ipu, de maneira que desrespeitaram totalmente a decisão que reconhecia e mantinha a Câmara esbulhada, servindo antes essa decisão de pilheria e galhofas dos exagerados políticos, e dando lugar mais tarde a desenrolar-se nesta cidade e seu termo as cenas de canibalismo que adiante mencionaremos; uma serie indescritível de desordens e selvagerias nunca vistas, praticadas pela soldadesca desenfreada para aqui enviada, composta, em sua maioria, de cangaceiros e criminosos do Cariri – afilhados do celebre Padre Cícero de Juazeiro.
Pouco tempo depois, dando-se a cisão do “Partido Marreta” com o “Partido Unionista” que antes havia feito junção, para o auxílio do marechal Hermes da Fonseca, então Presidente da República, fazer guerra ao governo honesto do Cel. Franco Rabelo, Abílio Martins, que antes de tudo isso fora partidário exaltado do Presidente Franco Rabelo, e que sem motivo algum havia passado para as fileiras dos Partidos Unionistas Marreta, isso exclusivamente porque conheceu, em vistas das hostilidades que fazia então o Presidente da Republica, que Franco Rabelo seria deposto, e por isso, abandonado os “Marretas”, ficou sem o “Partido Unionista”, com todos os seus amigos políticos”.
Dr. Leonardo Mota e seu primo Manoel Victor de Mesquita, que então exerciam aquele o cargo de Promotor de Justiça desta Comarca e este último de Delegado de policia deste termo, pelo que foram em seguida exonerados.
Em vista dessa nova atitude do referido Bacharel, a Câmara por ele próprio improvisada, o destituiu da Presidente e elegeu para substitui-lo, o cidadão Carlos Ribeiro Melo.
A Câmara Rabelista, eleita legalmente em Maio de 1912, compunha-se dos seguintes Vereadores: Tenentes - Coronéis José Liberato de Carvalho – Presidente – Odulfo Alves de Carvalho – Vice Presidente – Felix de Sousa Martins, Aprígio Quixadá, Antonio Mont’alverne Filho, Sebastião Carlos de Lima, Major Doroteu Pereira de Paiva e Francisco Soares Sampaio e fora legalmente empossada pela antiga Câmara Aciolina, e, a esdrúxula e improvisada Câmara Marreta ficou composta dos seguintes cidadãos: Bacharel Abílio Martins, Cel. João Bessa Guimarães, Tenente-Coronel Antonio Mont’alverne Filho, Carlos Ribeiro Melo, Francisco Soares Sampaio, Luiz Jácome de Melo, Felix de Souza Barros e Antonio de Souza Aragão”.
(Notas extraídas do livro Para a História-O Caso de Ipu em 1914-Augusto Passos).
O Intendente da época (nos últimos meses de 1910) foi o Cel. João Bessa Guimarães. - (Nota extraída do livro Ipu do Meu Xodó).
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