quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

GRÊMIO IPUENSE E O RÁDIO
O Grêmio Ipuense ainda não tinha sede própria. Funcionava em casa alugada, no caso a antiga residência do Cel. José Lourenço, na praça da antiga Matriz de São Sebastião. Era a época em que começaram a aparecer os primeiros rádios a corrente elétrica.

Na Segunda Guerra Mundial, que atraiu as atenções de todos os habitantes do globo terrestre, o Grêmio Ipuense comprou um rádio que, não exagerando, tinha aproximadamente um metro de altura. Era uma miniatura do caixão onde os sertanejos de outrora armazenavam farinha de mandioca. Montado sobre uma banca necessitava de um operador. Para tão difícil tarefa, o presidente do Grêmio escolheu um associado de alta competência e que fizesse um estágio antes. Foi ele Edgard Correia, meu compadre, de saudosa memória.

O salão não era pequeno. A multidão, impaciente, aguardava a chegada daquele homem gordo, especializado em “abertura de rádio”. Outro qualquer não ousava mexer nos botões do “bichão” para fazê-lo funcionar, embora houvesse muita gente interessada em aprender. Mas outros, querendo a vitória dos aliados, interessava-se por geografia e pelo manuseio de cartas geográficas.

Terminado o noticiário, seguiam-se os comentários com as mais diversas opiniões. Todos eram “entendidos”, a seu modo. Gonçalo Soares Sobrinho, bom amigo, boa praça, estabelecido no mercado da cidade, pela manhã ia para o estabelecimento conduzindo mapa e calmante. Ali analisava o desenrolar da luta, fazendo comentários a seus poucos, mas atentos ouvintes.

O rádio comprado pelo Grêmio Ipuense teve sua estreia num domingo, às sete e meia da noite, dia 26 de janeiro de 1926, que foi solenemente festejada na cidade. O aparelho foi instalado no prédio onde funcionou a antiga fábrica de beneficiamento de algodão, de Abdoral Timbó, na esquina com a praça, próximo da Igreja de São Sebastião.


(Fonte Ipu em Jornal, ano de 1960)

Nenhum comentário:

Postar um comentário