A história do carnaval no Brasil iniciou-se no
período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem
portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas
ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas
pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas. O entrudo era considerado ainda
uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas com os
materiais, mas era bastante popular.
Isso pode explicar o fato de as famílias mais
abastadas não comemorarem junto aos escravos, ficando em suas casas. Porém,
nesse espaço havia brincadeiras, e as jovens moças das famílias de reputação
ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes.
Por volta de meados do século XIX, no Rio
de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente
após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa.
Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e
teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital
imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as
sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que
passou a desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta
sociedade imperial tentava tomar as ruas.
Mas as camadas populares não desistiram
de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se
às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros
incluíam a utilização da estética das procissões religiosas com manifestações
populares, como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes
bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de
origem rural.
Desenho de Ângelo Agostini (1843-1910) mostrando o carnaval no Rio de Janeiro, publicado na Revista Ilustrada, em 1884.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, cujo
nome originário mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música O
Abre-alas. O samba somente
surgiria por volta da década de 1910, com a música Pelo Telefone, de
Donga e Mauro de Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo
representante musical do carnaval.
Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século
XIX para o XX, com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os
primeiros afoxés foram a Embaixada Africana e os Pândegos da África. Por volta
do mesmo período, o frevo passou
a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou
as ruas de Olinda.
Ao longo do século XX, o carnaval
popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de
realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. Por
volta da década de 1910, Os corsos surgiram,
com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela avenida Central,
atual avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.
Entre as classes populares, surgiram as escolas de samba na década de
1920. As primeiras escolas teriam sido a Deixa Falar, que daria
origem à escola Estácio de Sá, e a Vai como Pode, futura Portela.
As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos. A primeira
disputa entre as escolas ocorreu em 1929.
As marchinhas conviveram em notoriedade
com o samba a partir da década de 1930. Uma das mais famosas marchinhas foi Os
cabelos da mulata, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença. Essa década seria
conhecida como a era das marchinhas. Os desfiles das escolas de samba
desenvolveram-se e foram obrigados a se enquadrar nas diretrizes do
autoritarismo da Era Vargas. Os alvarás de funcionamento das escolas apareceram
nessa década.
Em 1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e
Osmar utilizarem um antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos
musicais por eles tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas
ruas da cidade. Eles fizeram um enorme sucesso. Mas o nome somente seria
utilizado um ano depois, quando Temístocles Aragão foi convidado pelos dois. Um
novo veículo foi utilizado, com a inscrição “Trio Elétrico” na lateral.
O trio elétrico conheceria transformação em 1979,
quando Morais Moreira adicionou o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso
foi dado aos trios elétricos, que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.
As escolas de samba e o carnaval carioca
passaram a se tornar uma importante
atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo
do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na
tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas
na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo,
também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse
período.
Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob
o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico
realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais
símbolos do carnaval brasileiro.
O carnaval, além de ser uma tradição cultural
brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do
entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização
dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa
mercadoria cultural
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