sexta-feira, 29 de maio de 2015

A Oração de São Francisco (ligue o som)

Cláudio César Magalhães Martins
             A belíssima oração de São Francisco, uma das mais famosas e expressivas do mundo, na verdade não foi composta pelo santo de Assis.
            Pesquisadores atribuem sua autoria ao sacerdote e jornalista francês Esiher Suquerel, que a publicou na revista "La Clochette", em dezembro de 1912.
            Em 1913, Louis Boissey a publicou nos "Annales de Notre Dame de Paix". No mesmo ano, outro jornalista, Estanislau de la Rochethoulon Grente, a divulgou em sua revista, de nome "Le Souvenir Normand."
            Em 20 de janeiro de 1916, a citada oração foi publicada pelo jornal "L'Osservatore Romano", órgão oficioso do Vaticano, que a elogiou por sua comovente simplicidade.
            No mesmo ano, o frade capuchinho francês Etienne de Paris a fez imprimir no verso de um folheto em que aparecia a imagem de São Francisco, ressaltando, no rodapé, que aquela oração, retirada  do "Le Souvenir Normand", constituía uma síntese perfeita do ideal franciscano.
            A partir de 1925, a referida oração passou a ser difundida pelo mundo afora, a partir dos Estados Unidos e do Canadá. Somente em 1947 a mídia francesa passou a atribuí-la a São Francisco de Assis.
                Esta prece se tornou quase a oração oficial dos escoteiros e das famílias franciscanas; os anglicanos a consideram como a oração ecumênica por excelência; algumas igrejas e congregações protestantes a adotaram inclusive como texto litúrgico; ela foi pronunciada em uma das sessões da ONU; e, ultimamente, está tendo uma grande acolhida entre as religiões não-cristãs, sobretudo desde que Assis se tornou o centro mundial do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.
            Tinha razão, de qualquer maneira, o Pe. Etienne de Paris quando encontrava nesta oração anônima certa concordância com o espírito e o estilo franciscanos. Para comprovar isso, é suficiente ler, por exemplo, a Admoestação 27 de São Francisco, escrita como uma estrofe:

            "Aonde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância.
            Onde há paciência e humildade, não há ira nem perturbação.
            Onde à pobreza se une a alegria, não há cobiça nem avareza.
            Onde há paz e meditação, não há nervosismo nem dissipação.
            Onde o temor de Deus está guardando a casa (cf. Lc 11,21),
o inimigo não encontra porta para entrar."
Como vemos, mesmo não sendo da autoria de São Francisco, este, com certeza, não relutaria em assiná-la, dada a sua compatibilidade com seus princípios e seu exemplo de vida.
Abaixo, transcrevemos a referida oração, cuja profundidade e fidelidade aos princípios evangélicos são por demais evidentes:
Senhor: Fazei -me um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna!
Amém.
                                               Fortaleza, 27 de fevereiro de 2015.
                                                                

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