Francisco Aragão é eleito membro da Academia Brasileira de Ciências
Foto: Claudio Bezerra
Francisco Aragão é o mais novo membro tutular da Academia Brasileira de Ciências (ABC)
O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – uma das
46 unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) – Francisco Aragão (FOTO) foi eleito membro titular da
Academia Brasileira de Ciências (ABC) na área de ciências agrárias. A
eleição foi realizada durante a Assembleia Geral Ordinária da ABC no dia
03 de dezembro de 2014 e, junto com ele nesta categoria, foi
selecionado o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Marcio de Castro Silva
Filho. A cerimônia de posse será em maio de 2015 na sede da Academia no
Rio de Janeiro.
Aragão é o quarto pesquisador da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia a integrar o quadro de membros
titulares da Academia Brasileira de Ciências. O primeiro foi Elibio Rech
(2005), depois Fátima Grossi (2012) e Dario Grattapaglia (2013). Além
do pesquisador Luciano Paulino, que ingressou na ABC como membro
afiliado em 2007. Essa categoria constitui uma modalidade diferente de
vínculo com a ABC, a partir da qual jovens cientistas são selecionados
para assumir um mandato por um período de cinco anos não-renováveis. No
caso de Luciano, o mandato foi até 2012.
Saiba mais sobre o novo acadêmico
Francisco Aragão é doutor em Ciências Biológicas (Biologia Molecular)
pela Universidade de Brasília (UnB). Como pesquisador da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde é responsável pelo Laboratório
de Engenharia Genética aplicada à Agricultura Tropical, é um dos
pioneiros na geração de plantas transgênicas com genes de
características agronômicas no Brasil. É também Comendador da Ordem
Nacional do Mérito Científico e membro do corpo editorial de duas
revistas científicas internacionais: GM Crops & Food e The Plant
Genome. Atua ainda como professor colaborador nas Universidades Católica
de Brasília (UCB) e de Brasília (UnB), nas quais orienta dissertações
de mestrado e doutorado nos cursos de Biologia Molecular, Botânica,
Ciências Genômicas e Biotecnologia.
Ao longo de sua trajetória
como pesquisador recebeu vários prêmios e homenagens, entre os quais se
destacam: Prêmio Fundação Peter Muranyi (2004), Ordem Nacional do Mérito
Científico (2010), Medalha REDBIO (2010) e a Medalha de Honra ao Mérito
em Inovação Agropecuária, outorgada pela Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia em 2011.
Na Unidade, Aragão lidera um grupo de
pesquisas considerado referência nacional e internacional em engenharia
genética de plantas. Desenvolveu diversos processos patenteados
relacionados à geração de plantas transgênicas com características de
interesse agronômico, como: resistência a pragas e doenças, tolerância a
estresses climáticos e melhorias nutricionais. Investe também na
realização de estudos voltados à biossegurança de plantas geneticamente
modificadas visando à sua liberação no meio ambiente.
Feijão transgênico genuinamente brasileiro é um dos destaques na carreira do pesquisador
Um dos resultados que merece destaque na carreira científica do novo
acadêmico é o desenvolvimento do feijão transgênico com resistência ao
vírus do mosaico dourado aprovado para cultivo comercial pela Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2011. Esse produto
representou um marco para a ciência brasileira, já que foi o primeiro
transgênico totalmente desenvolvido por instituições públicas de
pesquisa brasileiras.
Fruto de mais de 10 anos de pesquisa, as
variedades GM (geneticamente modificadas) de feijão foram desenvolvidas
em parceria entre a Embrapa: Recursos Genéticos e Biotecnologia e a
Embrapa Arroz e Feijão (Goiânia, GO). Batizadas de Embrapa 5.1, elas
garantem vantagens econômicas e ambientais, com a diminuição das perdas,
garantia das colheitas e redução da aplicação de produtos químicos no
ambiente.
O mosaico dourado está presente em todas as regiões
produtoras de feijão no Brasil. Estima-se que os danos causados por essa
doença seriam suficientes para alimentar de seis a 10 milhões de
pessoas.
O feijão transgênico representa um exemplo
significativo de impacto social e alimentar do uso da engenharia
genética, já que no Brasil é uma cultura de extrema importância social,
produzida basicamente por pequenos produtores, com cerca de 80% da
produção e da área cultivada em propriedades com menos de 100 hectares.
Além disso, é a principal fonte vegetal de proteínas (o teor das
sementes varia de 20 a 33%), além de ser também fonte de ferro (6-10
mg/100 g). Associado ao arroz dá origem a uma mistura tipicamente
brasileira e ainda mais nutritiva e rica em vitaminas.
Outras conquistas na mira da Embrapa
Outra pesquisa que em fase avançada de desenvolvimento no laboratório
coordenado por Francisco Aragão é uma variedade geneticamente modificada
de alface com maior teor de ácido fólico. A alface já produz essa
vitamina, mas em pequenas quantidades. O que ele e sua equipe fizeram
foi aumentar a produção das moléculas que dão origem ao ácido fólico
através da introdução de genes de Arabidopsis thaliana, que é uma
planta-modelo muito utilizada na biotecnologia vegetal.
As
plantas já passaram pela primeira bateria de testes de campo autorizados
pela CTNBio e mostraram uma quantidade de ácido fólico 15 vezes maior
do que as alfaces convencionais. Uma das vantagens é que essa hortaliça
faz parte da dieta da população brasileira e pode ser ingerida crua, o
que é muito positivo para a absorção da vitamina.
Muitos outros
estudos coordenados pelo pesquisador estão em fase de desenvolvimento na
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e prometem bons resultados
para a população brasileira num futuro próximo. Entre eles, destacam-se
plantas de feijão com tolerância à seca e alface com ômega 3, um ácido
graxo poli-insaturado que auxilia o organismo humano na diminuição dos
níveis de triglicerídeos e colesterol considerado ruim (LDL), ao mesmo
tempo em que favorece o aumento do colesterol bom (HDL).
Fernanda Diniz (DRT/DF 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
fernanda.diniz@embrapa.br
Telefone: (61) 3448-4769 e 3340-3672
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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