sábado, 9 de maio de 2015

Manhã de Março - 2001.


Sem dizer um adeus demorado, cantado ou em linguagem de doçura partiu Mamãe na manhã de março de 2001, quando a passarada em alado despertava o dia de uma noite de sofrimento, ânsia e angústia, de despedida, de desconforto pelo próprio físico já definhado pela doença em cruel perseverança; despede-se então dos ditosos dias vividos deixando em todos nós, a saudade imensa da ausência, (cruel que nos separa), canção entoada por muitas vezes com sua voz afinadíssima fazendo nos distrair e adormecer ainda pequenos nos embalos dos punhos de nossas redes. Era a canção de “Berceuse” a verdadeira canção de ninar que adormecíamos felizes e acordávamos a cantar.

Foi no Coro da Igreja, que entoou louvores em forma de hinos os mais fervorosos. Foi para os filhos o exemplo da música personificada nas estrofes que cantava para mostrar a beleza da Voz através de uma harmonia quase perfeita.

Foi no catecismo que nos ensinou amar a Deus e fielmente a cumprir os mandamentos e ensinamentos de Jesus Nosso Pai e Criador de Todas as Coisas.

Foi na educação doméstica que transmitiu através de seus exemplos o viver do dia a dia, das alegrias, dos momentos tristonhos, que eram sempre superados, pois até a doença ela superou e suportou por longo tempo.

Esposa dedicada fiel, sempre solícita aos anseios de Papai, que reciprocamente respondia verdadeiramente o seu intento. Nunca deixou extravasar as dificuldades do cotidiano procurando sempre resolvê-las com dignidade e muita humildade. Estamos diante da “Eterna Saudade”, daquela interminável, que o tempo não consegue evadi-la e nem esmaecer no infinito celestial.Na saudade de tudo e por todos que sentem a sua partida rumo ao Pai, na graça de tê-la ao seu lado rogando por nós. Está no trono dos justos, naquele que Deus reservou em perene canto de Glória recebendo-a em harmonia dos hinos entoados pelas trombetas tocadas pelos anjos em magistral execução, numa orquestração que se torna triunfal pelos merecimentos passados na terra. Soaram os prelúdios, as sonatas e os acordes dissonantes se mesclaram com os consoantes e disseram: “Bem Vinda ao Reino do Senhor nosso Pai”.

Já não basta a sua confortadora vida no Céu, precisamos do seu perene olhar para cada um de nós.

As lágrimas que orvalham os nossos olhos é o orvalho da saudade do sentimento de quem tem daqueles que choram o coração, que choram a partida, que chora a falta à ausência e desconforto do lugar que “está faltando não ele, e sim ela”, estão nos respingos de nossos prantos salpicando o imenso universo de nossa Grande Saudade.
Foi-se mamãe! Nos seus instantes derradeiros ainda balbuciava o nome dos seus filhos esposo, netos e bisnetos, sempre expressando o amor infinito à criança às crianças, demonstrando o amor incontido a todos que lhe pertenciam. Alguém já dissera: “A Criança é o Sorriso de Deus para o Mundo”, e esse sorriso jamais deixou de rondar o espírito de mamãe.
Fica no ramalhete de flores, nas folhas que enverdecem a vida e que cria tudo, o resto de nossas lágrimas que será como o bálsamo de encantador viver que tivemos com Você Mamãe.
Ipu, 04 de abril de 2001.













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