.........distinguimos aqui a passagem luminosa do filho de Ipu o Reverendíssimo
Mons. Gonçalo de Oliveira Lima que
durante o seu paroquiato foi um exemplo de Fé dignidade e amor à família de sua
terra. Considerado pela Diocese da Sobral em que pertencia como a “Flor do
Clero”. Porque Flor do Clero representava esta indicação pelos seus méritos de
conceito, dignidade, respeito e convivo de extrema honradez com os seus
paroquianos.
Durante
o seu Paroquiato em Ipu, realizou grandes reformas na Igrejinha que mais tarde
se tornara Igrejinha de Nossa Senhora do Desterro. As Festas em louvor a S.
Sebastião tinham uma conotação altamente religiosa e espiritual, fazendo com
que todo Povo do Município participasse das homenagens ao Santo Padroeiro. As
novenas recebiam um fluxo de cristãos de todas as paragens e os filhos da terra
que residiam fora prestigiavam aos movimentos relacionados com a Festa.
Resignou-se
em 1948, quando chegava à idade provecta sendo substituído pelo no Padre
Francisco Ferreira de Moraes em 09 de janeiro de 1949, que dissonantemente
acabou com os festejos do Padroeiro, uma nota triste para os ipuenses e
marcante para todos até os dias atuais e bastante comentada e escrita pelo Dr.
Augusto Passos em um de seus livros.
Mons.,
Gonçalo celebrava diariamente na Igrejinha após a sua resignação às 06 horas da
manhã e aos domingos mantinha o mesmo horário. Muito frequentada as missas do
Monsenhor Gonçalo.
Sistematicamente
tomava o seu Café Matinal num local reservado na Sacristia, que servia também
para suas orações confissões e outros afazeres da Igreja. O café era levado
pelo seu auxiliar Joaquim que carinhosamente era chamado por ele mesmo de
MANSO.
Costumeiramente
mandava tocar a Hora do Ângelus exatamente às seis horas da tarde. O seu
Sacristão Francisco Alves d Sousa (Chico do Padre) alias essa alcunha devia-se
ao Chico ser um dos ajudantes do Monsenhor Gonçalo que lhe trouxe do Recoló
para aqui trabalhar.
Todos
que ouviam o sino da Igrejinha tocando naquele momento rezavam as Nove Ave
Marias que eram rigorosamente tocadas naquele momento. Alguns até se
ajoelhavam. Cena bucólica inserida de uma religiosidade palpitante nos corações
dos paroquianos, evidentemente católicos.
Na
Poliantéia em homenagem a Emídio Barbosa que havia falecido tragicamente,
quando uma parede da sua casa de comercio desabou matando-o imediatamente. fez
brilhante discurso enaltecendo o homenageado de forma precípua e verdadeira e
condizente com sua indubitável vida de cidadão honrado e digno.
Na política
partidária do IPU. Era Udenista de tradição, mas sem esbanjar publicamente a
sua preferência partidária. Fazia uma política de pé de ouvido com os seus
amigos e compadres como ele gostava de chamar.
Mons.
Gonçalo uma vez se portando ao relógio da matriz que comumente batia
desorganizadamente assim falou: “este é como do tempo do lero - lero”, O que
era o Lero-lero? Uma Música carnavalesca que falava de coisas
Esbodegadas,
desalinhadas, etc. e etc.
Um Ipuense
fervoroso e bairrista com a sua terra não gostava quando desaprecia do cenário
comercial ou qualquer coisa assim dizia logo: “O Ipu é a Terra do bom
principio”.
Quando
da chegada da Coluna Preste aqui no Ipu, na madrugada do dia 13 de janeiro de
1926, estava o Monsenhor a celebrar a missa costumeira, das seis horas da
manha. A polução ao tomar conhecimento da chegada dos “Revoltosos”,
compareceram a missa pouquíssimas pessoas, ficando a Igreja quase vazia. O seu
sacristão era o senhor Manoel do Céu e ao terminar a missa um soldado da Coluna
vai até a sacristia e pergunta ao seu Manoel do Céu – me informe onde fica a
Delegacia e onde se encontra o Delegado? O velho sacristão responde
incontinentemente quem sabe é o compadre vigário, e não deu outro o soldadadão
foi de encontro ao Monsenhor e fez a mesma pergunta e calmamente Monsenhor
responde: “não sei não, mas o sei sacristão disse Mons.”. Mais calmo ainda
“olhe o meu compadre sacristão é um homem muito bom e não gosta de dar repostas
negativas”. Enquanto isso seu Manoel do Céu tremia de medo apagando as velas do
Altar. (Antônio Marrocos – Coluna Prestes
no Ipu).
Ainda no que se refere à coluna Preste Mons. Gonçalo teve uma
importantíssima função quando os Revoltosos procuraram saber quem o
representante do Banco do Brasil que era o seu irmão Joaquim de Oliveira Lima.
Pois bem eles fizeram seu Joaquim abrir o sua comercio de lá tiraram vários
produtos inclusive câmara de ar e uma parte em dinheiro mesmo porque o seu Lima
não forneceu o saldo verdadeiro.
Já no Gabinete de Leitura Mons. Esteve presente mandando lhe servir Café
e uma boa água que deixou o Tem. João Alberto satisfeito, deixando ate o mesmo
uma inscrição no livro de visitas do Gabinete. Despediram-se e disseram que iam
dormir na Viração um sitio de propriedade do Mons. Não deu outra tiraram o
leite das de todas as vacas que eram muitas de propriedade do Monsenhor
Gonçalo, quando os Vaqueiros chegaram para fazer a ordenha não existia mais
nada.·.
Piedoso
e caridoso, costumeiramente mandava chamar os seus compadres em sua residência
e agradava com produtos da lavra de suas terras.
Foi o
criador e incentivador da Criação do Patronato. Um Colégio que indubitavelmente
vem ao longo dos seus sessenta e um ano mantém um nível de escolaridade
invejável não deixando nada desejar com as Escolas da Capital.
Fez a
benção juntamente com outros sacerdotes da Pedra Fundamental da Nova Igreja Matriz
e do Patronato Sousa Carvalho com também da Capela de Nossa Senhora das Graças
no Patronato Sousa Carvalho.
Mons.
Gonçalo curou por várias vezes a Paróquia de Campo Grande, hoje Guaraciaba do
Norte. Em Santa Quitéria foi vigário e depois fez por varias vezes o curato
daquela Paróquia. Um prova incontestável de sua capacidade e zelo expressivo
pelo seu Sacerdócio.
Pelo
seu comportamento frente à Diocese com suas prestações de contas escritas
caracterizando assim um sacerdote de zelo ilimitado e exemplar pastor de almas
que sempre foi.
Tenho
um orgulho de felicidade muito grande de ter sido o seu Acolito por mais de 04
anos, e mais, ajudei a sua última Missa.
Mons.
Gonçalo que já vinha sentindo alguns problemas cardíacos não celebrava no altar
- mor e sim no altar do Coração de Jesus que fica quase na nave da igreja.
Sacerdote
de aprimoradas virtudes e de brilhante inteligência faleceu no dia 11 de
outubro de 1955, tendo deixado viva lembrança em todos quantos conheceram.
Mons.
Gonçalo se encontra sepultado na Sacristia de Igrejinha de Nossa Senhora do
Desterro.
Existe
hoje na nossa cidade uma grande Escola funcionando no Alto da Boa Vista que
leva o seu nome.
Foi um exemplo a ser seguido.
O seu sepultamento se deu em meio a uma grande multidão, várias
representações cívicas, eclesiásticas e militares conduziram o seu féretro até
a igreja Matriz de São Sebastião de Ipu onde se iniciaram os funerais, sendo
cantada a antífona pelos Sacerdotes que solenemente conduziam o cerimonial do
saudoso Mons. Gonçalo.
Estiveram presentes, Padres José Palhano que oficiou os solenemente os
funerais do Monsenhor juntamente com outros padres. Padre Antonino Soares
Cordeiro, Pe. Otacílio Carneiro, Pe. Francisco Ferreira de Moraes, Mons. Sabino
(de Sobral) e Padre Jose Aristides Cardoso.
Entoaram o canto Miserere na encomendação do corpo do Monsenhor na
Igreja Matriz. Em seguida o corpo foi levado em meio a uma multidão
incalculável para sua ultima morada. Antes do sepultamento ouviu-se o brilhante
discurso do Sr. Miranda, gerente do Banco do Brasil que eloquentemente
representava naquele momento toda sociedade ipuense que mergulhada em lágrimas
se despediam do seu pastor tão querido e tão amado.
A Banda de Música na parte detrás da Igrejinha onde se encontra
sepultado Mons. Gonçalo, na Regência do Mestre João Louro executava solenemente
a Marcha Fúnebre de autoria do seu irmão Joaquim de Oliveira Lima SAUDADE
ETERNA.
Tudo consumado!
No seu tumulo apenas as flores e as lagrimas dos seus entes queridos e
todo o Povo de Deus ali prestavam a sua homenagem póstuma rezando piedosamente
em memória daquele que fora o ORIENTADOR, CONFESSOR, CONSOLADOR, afinal um
pastor que inegavelmente jamais teremos na nossa IPU>
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