domingo, 21 de abril de 2013


Bailes no Grêmio.
O grêmio do Ipu sempre despontou com na sua parte inicial por prover bailes somente em algumas datas comemorativas do seu calendário.
Os bales abriam ao ano com A CONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSAL, o réveillon todos vestidos a critério para o brinde com champanha na hora da passagem do ano, logo depois o carnaval "zuava" até o amanhecer, “Zé Ribeiro e seu Conjunto” comandava a animação.  
Depois dessa, começava a preparação para as festas de 20 e 21 de janeiro, boa orquestra era contratada para animar os grandes bailes. Lembrei-me de uma particularidade, era como se faziam as vendas das mesas, logo na tarde do dia 17,18 ou 19 se formava um fila enorme para adquirir suas mesas. O grêmio garantia e com sobra o pagamento de todas as despesas dos dois bailes. No salão nobre do Grêmio era mais caro as que ficavam no caramanchão eram mais baratas, que caramanchão!  Ao ar livre e tudo mais.
20 de janeiro era a festa popular todos que comprassem ingresso e que tivesse bons antecedentes e não tivesse cor escura e que não fosse moça falada e nem namorasse no paredão ou na ponte seca e se vestisse tudo muito bem, saia godê e por aí vai. A meia noite Wilson Lopes cantava com a orquestra um samba-canção de sua autoria chamado de Fim de Festa e que começava mais ou menos assim............”já se foram todos sertanejos e serranos”era apoteoticamente aplaudido.
No dia 21 o Baile era somente para os sócios todos rigorosamente de Paletó, Calça Preta, camisa branca a gravata borbolete.
Uma festa mais calma mesmo porque era fraquentada somente pelos sócios, as músicas faziam os casais dançantes deslizarem no assoalho vindo da França do saudoso Grêmio Ipuense.
Ficava a saudade e a preparação para os festejos momino. Era o Carnaval. Nos anos 50/60 a animação nas ruas era quase inexistente, rompiam vez por outro um bloco do Clube Artista onde varias cabeças pensantes ali frequentavam e procuravam trazer algo de novo para as ruas. Lembro-me bem do Bloco dos Sujos, homens do Clube Artista vestidos dentro de um saco e cara pitada de alvaiade misturado com tisna de panela. Outros se apresentavam sozinhos trajados de URSO, DO SATANÁS  DE CONDE, VESTIDO COMO MULHERES E ETC. Itamar Ribeiro e Clóvis Brunet, raspavam a cabeça, fato inédito para todos nós do IPU.
Outro Bloco que continua na história do Carnaval do Ipu foram os Corrupiões sem Maldade, criação imortal de Mestre Chico Sobral, José Artur, Jerônimo Azevedo Sá, Mestre Zé Mosaico, Pedro e Sebastião Corrêa. Foi homenageado este ano pelo Bloco “o Barbudim”. (2011)
Os bares ficavam lotados, a Bica não era explorada enfim i miolo da cidade tomava conta dos carnavalescos.
Fim da folia, 40 dias de Quaresma. Somente os bate-papos pelas calçadas avenidas, nas rodas dos bares, no quadro da Igrejinha ouvindo a vitrola portátil do Jerônimo tocando músicas do Nelson e especialmente TANGOS (me lembro do tango MANO A MANO) alguns namoricos, serenatas e tudo mais.
Aproxima-se a Semana Santa, no Domingo da Ressurreição a esperada festa de Aleluia, pouco frequentada, mas, muito boa.
Maio! Mês de Maria. D. Maria Corrêa já se preparava para fazer acontecer à tradicional “Festa das Margaridas”. Era uma festa beneficente que movimentava toda cidade. Era em beneficio da Associação dos Lázaros com quem Dona Maria Corrêa mantinha uma devoção. As mulheres se vestiam ao rigor da festa vestidos brancos enfeitados com margaridas verdes no seu todo.
Os homens de camisa branca com uma margarida no bolso chamavam na época de “Chupete”, não sei...
Existia uma música parodiada com outra em que os casais “puxando cordão” (é o novo?) entravam cantando “entrai, entrai oh formosas Margaridas, do amor, do amor” etc e etc. era o inicio da festa que se prolongava até tocar o “Zé Pereira” já ao raiar do dia. Era formidável muito bom mesmo.
Interessante o Chitão do Grêmio não era em Junho, tornou-se tradicional por serem em julho, com a finalidade de ter uma assiduidade maior devido os estudantes que se encontram de férias inclusive universitários. Grande parte de estudantes eram estudantes em Fortaleza. Boa orquestra, roupa apropriada que se compunham de vestidos estampados para mulheres e para os homens somente camisa estampada e um chapéu de palha, tudo muito original.
Depois de julho era a da festa do dia 26 de agosto, parceria do Grêmio e Prefeitura.
Dia 12 de outubro Baile da posse da nova Diretoria. Uma elegante festa boa orquestra e bem selecionada, traje a rigor.
Nos intervalos entre os Bailes o Grêmio realizava Tertúlias, ao som uma Radiola confeccionada pelo Mirandolino e depois por outra trabalhada pelo nosso saudoso amigo Reizinho.
E assim meus caros leitores, tínhamos uma vida de muita paz e tranquilidade  Ventos fortes sopravam ao nosso favor, éramos ainda estudantes precisávamos sair estudar na Capital, pois aqui na Terra da Índia passávamos apenas alguns dias de nossas férias, pois, tínhamos que trabalhar para a sobrevivência de um estudante pobre e que precisava vencer.       
Francisco Mello
Ipu, 18 de outubro de 2011.

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