A Voz dos Primeiros Microfones
(As Amplificadoras).
O Ipu dos anos 40 era uma cidade com cerca de 20 mil habitantes.
Pacata, tranquila meio preguiçosa, com o trânsito quase inexistente, sem
assaltos, sem drogas etc.
Uma ocorrência policial qualquer era
motiva de comentários em toda a cidade. E as pessoas caminhavam noite adentro
de um bairro a outro como se fossem nos corredores de suas residências.
Além das sessões cinematográficas do Cine Moderno, a distração
era ouvir as amplificadoras nas bocas de noites e as conversas nos cafés da
cidade. Nos bares os bate papos também existiam, o Bar preferido era O
Cruzeiro.
Nos bancos das avenidas os encontros também existiam o que era
bem mais aprazível.
As conversas durante a noite, à luz
da Lua, nos aconchegantes "Fícus
Benjamim", que vez por outra acenavam ao embalo da brisa, saudando o
devaneio dos retardatários que somente depois da meia noite e já mesmo pela
madrugada chegavam em casa. Era uma constante no nosso meio, pois a felicidade
era quase completa.
No Ipu não existia estação de Rádio,
apenas as amplificadoras que traziam para o público de uma cidade bucólica os
truques de um veículo despertando o imaginário do ouvinte ipuense como num
ritual que hoje se repete no Rádio na Televisão. As pessoas se reuniam em
determinados locais para o deleite das músicas nas amplificadoras.
A Pioneira da cidade foi à
amplificadora do Padre Caubí, com os estúdios localizados no Cine Moderno, os
alto-falantes eram espalhados por toda cidade. As transmissões eram feitas ao
vivo e os discos eram de cera, em 78-RPM, e a cada execução a agulha era
trocada, de modo que haja, estoque de agulhas. Eram caixas e mais caixas.
Lembra o operador - locutor “Chico do Padre”.
Os aniversariantes do dia eram
despertados pela madrugada com bonitas músicas na fase áurea de Orlando Silva,
Silvio Caldas, Augusto Calheiros e outros tantos. Seguiram-se várias outras. A
Vos de São Sebastião da Igreja; a Voz da Casa Pontes, que anunciava os produtos
da loja; os produtos eram confecções e tecidos; A Voz da Liberdade, localizada
nos altos da antiga Prefeitura; a Voz Ipuense de Nonato Ferreira; a Voz da
Cidade do Iracema que ainda hoje existe. Não esquecendo as amplificadoras
provisórias dos parques de diversões. Por cada aviso ou mensagens musicais,
eram cobradas uma certa quantia.
O locutor levava ao ar a mensagem de amor, sempre destacando:
"esta música vai para um alguém, que outro alguém que está do lado de cá
da avenida, oferece para seu amor que está do lado de lá da avenida
apaixonadamente”.
Os outros programas seguiam-se com
música do ouvinte para ouvinte. Músicas para sonhar e amar e muitos outros.
Os locutores eram: Pedro Teles, Dadi Marinho, Chico do Padre,
Nonato Ferreira, Sebastiãosinho, Paulo Soares e outros.
Vivemos hoje uma época mais moderna.
São duas Rádios AMS que difundem as suas programações em toda Região.
Existem ainda outras Rádios
Comunitárias que servem para os bons avisos e transmissões dos atos religiosos
da Igreja Católica e outros mais. .
Os locutores são mais aperfeiçoados
com cursos de locução e de comunicação.
As amplificadoras marcaram épocas
inesquecíveis na nossa cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário