domingo, 8 de dezembro de 2013


A Seca nos sertões do Ipu chega ao limite máximo.
Os cortes profundos no chão de municípios do Médio Jaguaribe, dos Inhamuns e da região de Irauçuba, no Interior do Ceará, são de açoites que o semiárido recebeu dos homens e das secas. A paisagem desertificada, visível nos campos onde passaram a brotar pedras ao invés de vegetação, é o resultado da soma de ações antrópicas e fatores naturais, avaliam estudiosos do tema. 
Os números do problema: 68% do território do Estado (cerca de 98 dos 184 municípios) têm clima tropical quente semiárido e 70% da área do Ceará é formada por rochas cristalinas (impermeáveis). Ou seja: o pouco que chove – mil a 1.200 milímetros é a pluviosidade média em parte do Estado; em todo o sertão nordestino é inferior a 500 milímetros – não é bebido pelo solo. As informações são do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010 – volume Ceará, elaborado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina e publicado pelo Ministério da Integração Nacional em 2011. 
A última década do século XX e a primeira do século XXI chamam a atenção para 1.644 desastres naturais no Ceará: secas e estiagens foram mais recorrentes (82% do total de desastres ou 1.340 ocorrências), entre inundações e vendavais. Quase todas as cidades cearenses – à exceção de Maracanaú e Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza - foram afetadas pela falta de chuva nos 20 anos atrás. Nesse período, Caridade e Tauá, em zonas de desertificação, sofreram uma média de 17 a 19 ocorrências de secas e estiagens, tornando-se os municípios mais castigados, mapeia o Atlas. Ao longo dos anos, seca e desertificação vão ocupando o mesmo lugar no espaço do Ceará. “Alguns municípios que apresentam de 13 a 16 ocorrências (de estiagens e secas), entre 1991 e 2010, demonstram áreas degradadas suscetíveis ao processo de desertificação, como no caso de Jaguaribe, que tem a situação mais perigosa, com 23,5% da área total (degradada)”, relaciona o estudo. Se o clima é um determinante natural para a aridez da terra, a intervenção humana no bioma caatinga, típico do semiárido, tem plantado desertos nos sertões. A observação é da engenheira agrônoma Sônia Barreto Perdigão, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 
A região mostra rastros de queimadas ancestrais, feitas no manejo agrícola e que causam a erosão do solo. E, dependendo da quantidade de chuva que houver, a terra, sem vegetação que a segure, é levada pelas águas, sufocando rios. Ainda não é possível precisar a influência das secas de 2012 e 2013 no processo de desertificação do semiárido cearense, mas, projeta a especialista da Funceme, “no geral, vegetações que existem nessas áreas degradas não vão mais sobreviver porque o ambiente já está seco”. “A chuva influencia a recuperação de desertificação. Nos períodos de seca, fica mais difícil recuperar: tem que buscar (água) em açude. A seca é um problema que agrava as áreas degradadas”, dialoga a professora Vládia Pinto Vidal de Oliveira, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará. As sementes apodrecem no chão quente. “Dificulta o processo de resiliência do ambiente”, conclui Vládia. Pegando carona na matéria do Jornal O Povo resolvi fazer um slide show de imagens colhidas no sertão, precisamente na localidade de Várzea da Curicaca em Ipu para os leitores e amigos do Portal de Notícias Aconteceu Ipu, uma produção de Afrânio Soares.
Fonte: O Povo
Fotos: Afrânio Soares

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