terça-feira, 22 de julho de 2014

O AUTODIDATA
Segundo o dicionário: “AURÉLIO” o pai dos burros; autodidata é aquele que aprendeu por si, sem auxilio de ninguém, sem professor.
Eu me sinto com legitimidade de descordar do nosso professor: Aurélio Buarque de Holanda.
Pelo menos em parte: aprender por si, tudo bem. Sem professor não. Sem escola também não. Sem faculdade não.
Ele aprendeu por si, nisso eu concordo. Ele correu atrás, ele buscou o que queria.
Escola ele teve; cursou a Universidade da vida. A mais completa. Aquela que tem os melhores laboratórios, de: química, física e biologia. Os mais completos do Mundo. Eu poderia dar exemplos desses laboratórios; porém entendo que seja desnecessário.
Ninguém teve mais professores que o autodidata que muitos almofadinhas, que tiveram pais ricos, que lhe pagaram boas faculdades e depois de colocarem um anel de grau no dedo se imagina superior a tudo, e a todos.
O autodidata fez de cada amigo um professor e de cada encontro um laboratório.
Eu não tenho formação acadêmica, e até muitas vezes me envergonhei disso, e me deixei ser levado por um complexo de inferioridade.
Até que encontrei pessoas sábias, e inteligentes que viram grandes qualidades em mim, e muito mais que isso; me disseram isso: Amadeu você tem muitos valores; e me fizeram entender isso.
Esse autodidata que fez de cada um amigo um professor, e como sua sede de aprender é insaciável, não foram poucos esses professores. Com alguns ele aprendeu certas coisas que não aprenderia em nem uma faculdade.
Hoje não tenho mais complexo e converso com qualquer graduado de igual pra igual. Entre esse universo de amigos, muitos foram muito importantes, porém vou falar de dois pelo destaque que tiveram para me livrar do complexo.
Um jovem meu primo e de uma inteligência rara; e escritor, articulista, membro de várias academias de letras e fundador pelo menos de três, advogado e professor universitário, com doutorado na exterior e muito mais; sempre que eu me portava a ele e o chamava de doutor, ele me retrucava dizendo: se existe algum doutor na família esse é você. Era um gesto muito carinhoso, mesmo tendo consciência que não sou, vindo dele me sentia bastante honrado.
Outro: certa vez foi aberto na UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro - um curso de extensão: - Português Tirando de Letra – procurei a sub-reitoria e disse que desejava fazer o tal curso, me autorizaram e no dia que ia começar me dirigi ao professor e me apresentei. Esse me recebeu muito bem; porém, foi aí que vendo os participantes do mesmo imaginei que não estava capacitado para fazer parte dele. Eram eles, jovens que haviam terminado seus cursos de direito, engenharia, pedagogia e outros e que não sabiam elaborar um texto. Falei ao professor que não me sentia a altura daquele curso e que ele me permitisse ficar como ouvinte apenas, ele concordou, e como sempre participo nos cursos ou em palestras que faço parte, fiquei aquele primeiro dia apenas observando e não sabia que também estava sendo observado. No segundo dia o professor disse: Amadeu, ninguém aqui esta mais capacitado a participar desse curso que você; a partir desse momento você irá fazer tudo que os outros terão que fazer: resenhas pesquisas e tudo, estive olhando seus textos e fiquei encantado com sua criatividade, você coloca algumas vírgulas fora do lugar, más a virgula é sua, coloque-a onde quiser. E acres sentou: a arte de escrever, a literatura, tem seu mundo, escrever e se comunicar e ninguém aqui se comunica melhor que você.
Quanto a formação acadêmica que você tanto imagina que lhe faça falta; lembre-se: o maior expoente da literatura brasileira: o bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis não tinha curso superior, assim como Rachel de Queiroz, a primeira mulher a assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras e Machado de Assis, seu fundador.
Esse professor da UERJ se tornou meu amigo, tanto que passou a frequentar minha casa e se tornar amigo de minha família, ele e sua noiva, hoje esposa que cheguei a os convidar para conhecerem o meu Ceará, tendo eles visitados até os meus Morrinhos onde almoçaram com meus irmãos e até os levei á Sobral, subi a Serra do Rosário para eles conhecerem o avô de sua noiva que mora lá. Eles são cariocas e nunca haviam ido ao Caerá.

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