sábado, 26 de julho de 2014

A I M Á G E M

A imagem exerce um fascínio muito grande sobre o ser humano. Os grandes pintores se imortalizaram não apenas pelas obras de artes por eles criadas, mas sim, pela imagem que essas obras fizeram-se perpetuarem em nossas retinas.
Quando você olha uma fotografia, você para e, se transporta para aquele momento e para aquele lugar onde ela aconteceu; se essa imagem é de um passeio, ou de uma viagem sua, ou de alguém, você passeia. Você viaja novamente, ou viaja com quem fez aquela viagem. A imagem tem esse poder de te transportar, não apenas no tempo. Mas, também para lugares. E mais, a imagem tem poder para alterar todo nosso organismo e nosso comportamento, até mesmo nossas emoções. 
Se você vê a imagem de uma festa. Você se alegra, se ao contrário, você ver imagem de uma sena de guerra, não é preciso você dizer nada, é somente olhar em seu semblante que está retratado a imagem do terror.
Agora mesmo nessa viagem que fiz ao nordeste nesse fim de ano, fizemos muitas fotografias, quer dizer, muitas imagens. Na casa de parentes tomamos conhecimento de muitas fotos antigas e de parentes que já morreram há muito tempo. Meu filho que não os tinha conhecidos, viu, contemplou-as, comparou-as com parentes etc. etc., Porém eu que os tinha conhecidos me transportei em pensamento há tempos remotos e há momentos que vivi com aquelas pessoas.
Entre essas relíquias meu filho encontrou um velho retrato feito pelos antigos lambes-lambe e que era de minha irmã junto com uma prima nossa, e que depois de casarem e deixarem famílias, morreram há muito tempo; o retrato estava bastante danificado, pela ação do tempo e das traças, porém elas estavam rindo mostrando que naquele momento estavam muito felizes. O Junior, -meu filho- fotografou com sua máquina digital o velho retrato e o levou à um foto moderno da cidade, com ajuda de um amigo, o retocou, ampliou e mandou fazer dois bonitos quadros e os deu de presente para suas primas e filhas das mesmas. Elas ficaram muito felizes e disseram: somente você, Junior podia nos dar essa alegria.
Vendo essa pintura de Portinari, (futebol) ela me transportou para algum lugar, para algum tempo enque vivi e que o conheci muito bem. Nos Morrinhos de minha infância. Era um lugar muito pobre e eu fazia parte daquele universo, as crianças brincavam com bolas de meia, fui um privilegiado, meu pai me deu uma bola de borracha, juntei a turma e fomos construir nosso campo, o nosso Maracanã. Escolhemos o terreno, era um lugar longe das casas, depois de pronto lá batíamos nossas peladas e que somente encerrávamos com o chegar da noite, -nosso Maracanã- não tinha iluminação artificial.
Visitando aquele lugar meio século depois, naquele lugar onde construímos nosso campo e separando o povoado de um cemitério, que hoje existe, ali está um rudimentar campo de futebol, com pouca diferença daquele por nós construído.
Porém, com grande semelhança do quadro de Portinari, então vejamos, tem o cemitério do lado e para não contrariar vi cachorros que acompanhavam seus donos assistindo as peladas e também vi alguns jumentos pastando em suas margens.

Do livro: “Fragmentos de uma Oficina Acadêmica” De Amadeu Lucinda.

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