Bailes no
Grêmio.
O grêmio do Ipu sempre despontou com na sua
parte inicial por prover bailes somente em algumas datas comemorativas do seu
calendário.
Os bales abriam ao ano com A CONFRATERNIZAÇÃO
UNIVERSAL, o réveillon todos vestidos a critério para o brinde com champanha na
hora da passagem do ano, logo depois o carnaval zuava ate o amanhecer, “Zé
Ribeiro e seu Conjunto” comandava a animação.
Depois dessa, começava a preparação para as
festas de 20 e 21 de janeiro, boa orquestra era contratada para animar os
grandes bailes. Lembrei-me de uma particularidade, era como se faziam as vendas
das mesas, logo na tarde do dia 17,18 ou 19 se formava um fila enorme para
adquirir suas mesas. O grêmio garantia e com sobra o pagamento de todas as despesas dos dois bailes. No salão
nobre do Grêmio era mais caro as que ficavam no caramanchão eram mais baratas,
que caramanchão! Ao ar livre e tudo
mais.
20 de janeiro era a festa popular todos que
comprassem ingresso e que tivesse bons antecedentes e não tivesse cor escura e
que não fosse moça falada e nem namorasse no paredão ou na ponte seca e se
vestisse tudo muito bem, saia godê e por aí vai. A meia noite Wilson Lopes
cantava com a orquestra um samba-canção de sua autoria chamado de Fim de Festa
e que começava mais ou menos assim... ”já se foram todos sertanejos e serranos”
era apoteoticamente aplaudido.
No dia 21 o Baile era somente para os sócios
todos rigorosamente de Paletó, Calça Preta, camisa branca a gravata borboleta.
Uma festa mais calma mesmo porque, era frequentada
somente pelos sócios, as músicas faziam os casais dançantes deslizarem no
assoalho vindo da França do saudoso Grêmio Ipuense.
Ficava a saudade e a preparação para os
festejos momino. Era o Carnaval. Nos anos 50/60 a animação nas ruas era quase
inexistente, rompiam vez por outro um bloco do Clube Artista onde varias
cabeças pensantes ali frequentavam e procuravam trazer algo de novo para as
ruas. Lembro-me bem do Bloco dos Sujos, homens do Clube Artista vestidos dentro
de um saco e cara pitada de alvaiade misturado com tisna de panela. Outros se
apresentavam sozinhos trajados de URSO, DO SATANAZ, DE CONDE, VESTIDO COMO
MULHERES E ETC. Itamar Ribeiro e Clovis Brunet, raspavam a cabeça, fato inédito
para todos nós do IPU.
Outro Bloco que continua na história do
Carnaval do Ipu foram os Corrupiões sem Maldade, criação imortal de Mestre
Chico Sobral, José Artur, Jerônimo Azevedo Sá, Mestre Zé Mosaico, Pedro e
Sebastião Corrêa. Foi homenageado este ano pelo Bloco “o Barbudim”. (2011)
Os bares ficavam lotados, a Bica não era
explorada enfim i miolo da cidade tomava conta dos carnavalescos.
Fim da folia, 40 dias de Quaresma. Somente os
bate papos pelas calçadas avenidas, nas rodas dos bares, no quadro da Igrejinha
ouvindo a vitrola portátil do Jerônimo tocando músicas do Nelson e
especialmente TANGOS (me lembro do tango MANO A MANO) alguns namoricos,
serenatas e tudo mais.
Aproxima-se a Semana Santa, no Domingo da
Ressurreição a esperada festa de Aleluia, pouco frequentada, mas, muito boa.
Maio! Mês de Maria. D. Maria Corrêa já se
preparava para fazer acontecer à tradicional “Festa das Margaridas”. Era uma
festa beneficente que movimentava toda cidade. Era em beneficio da Associação
dos Lázaros com quem Dona Maria Corrêa mantinha uma devoção. As mulheres se
vestiam ao rigor da festa vestidos brancos enfeitados com margaridas verdes no
seu todo.
Os homens de camisa branca com uma margarida
no bolso chamavam na época de “Chupete”, não sei...
Existia uma música parodiada com outra em que
os casais “puxando cordão” (“é o novo”“?) entravam cantando “ entrai, entrai oh
formosas Margaridas, do amor, do amor” etc e etc. era o inicio da festa que se
prolongava até tocar o “Zé Pereira” já ao raiar do dia. Era formidável muito
bom mesmo.
Interessante o Chitão do Grêmio não era em
Junho, tornou-se tradicional por serem em julho, com a finalidade de ter uma
assiduidade maior devido os estudantes que se encontram de férias inclusive
universitários. Grande parte de estudantes eram estudantes em Fortaleza. Boa
orquestra, roupa apropriada que se compunham de vestidos estampados para
mulheres e para os homens somente camisa estampada e um chapéu de palha, tudo muito
original.
Depois de julho era a da festa do dia 26 de
agosto, parceria do Grêmio e Prefeitura.
Dia 12 de outubro Baile da posse da nova
Diretoria. Uma elegante festa boa orquestra e bem selecionada, traje a rigor.
Nos intervalos entre os Bailes o Grêmio
realizava Tertúlias, ao som uma Radiola confeccionada pelo Mirandolino e depois
por outra trabalhada pelo nosso amigo Reizinho.
E assim meus caros leitores, tínhamos uma
vida de muita paz e tranquilidade. Ventos fortes sopravam ao nosso favor, éramos
ainda estudantes precisávamos aqui na Terra da Índia apenas alguns dias de
nossas férias, pois, tínhamos que trabalhar para a sobrevivência de um
estudante pobre e que precisava vencer.
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