Como surgiu a Coluna Prestes?
A Coluna Prestes é resultado do
movimento Tenentista, surgido na década de 1920. Este movimento era composto
por uma ala do Exército Brasileiro, principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul, descontente com a política oligárquica adotada durante a
República Velha (1889-1930). Desde a montagem da Política dos Governadores,
pelo Paulista Campos Sales - que permitia que a República e o poder estivessem
nas mãos dos cafeicultores paulista – que os militares foram afastados do
poder. E isso gerou, ao longo da década de 1920, muitas insatisfações numa ala
do exército brasileiro. Desde então, os tenentes passaram a querer derrubar a
República Oligárquica sob o pretexto de moralizar a política e defender o desenvolvimento
do Brasil.
Nas eleições de 1922, os tenentes
se opuseram à candidatura à presidência do Paulista Artur Bernardes, malvisto
por eles, e apoiaram um candidato opositor. A insatisfação e a rebeldia de um
grupo significativo de jovens capitães e tenentes do exército (e também alguns
da Marinha) contra Artur Bernardes foi tal que resultou numa ação mais radical.
O fechamento, por ordem do governo, do Clube Militar e a prisão de seu
presidente, o Marechal Hermes da Fonseca, acusado de interferir indevidamente
na política pernambucana, fizeram explodir revoltas armadas. Um dos movimentos
mais emblemáticos foi a revolta dos 18 do Forte, fazendo com que no dia 5 de
junho de 1922, jovens oficiais do Forte de Copacabana se rebelassem, com o
apoio das guarnições do Distrito Federal e Mato Grosso. O objetivo era impedir
a posse de Artur Bernardes.
Embora a rebelião tenha
fracassado, os jovens militares resolveram abandonar o forte e marchar pela
praia de Copacabana para combater as forças do governo. Desse episódio,
conhecido como os 18 do forte, sobreviveram apenas os tenentes Siqueira Campos
e Eduardo Gomes. Iniciou-se aí o longo episódio de rebeldia a que se chamou
Tenentismo.
Seguiu-se revolta no Rio Grande
do Sul, quando unidades do exército aquarteladas nas cidades gaúchas de São
Borja, Uruguaiana e Santo Ângelo se sublevaram. Seus líderes eram o capitão
Luís Carlos Prestes e o tenente Siqueira Campos. Depois de alguns dias de
combate, os rebeldes se retiraram para Foz do Iguaçu.
Em São Paulo, no dia 5 de julho
de 1924, unidades do exército e da Força Pública (PM), se rebelaram. Seus
líderes eram o general Isidoro Dias Lopes, O Major Costa e o Capitão Joaquim
Távora (morto na revolta). Os rebeldes ocuparam o palácio do governo,
provocando a fuga do governador, e controlaram a cidade por 23 dias. Eles
exigiam a renúncia do presidente Artur Bernardes e contavam com o apoio dos
trabalhadores e de alguns grupos de populares. Para evitar o bombardeio da
cidade por forças legalistas (do governo), os rebeldes se deslocaram para Foz
do Iguaçu, Paraná, onde se encontrariam mais tarde com os oficiais rebeldes
vindos do Rio Grande do Sul. Deste encontro surgiu a Coluna Prestes, que tinha
como objetivo estender a campanha antigoverno a todo o país.
Entre abril de 1925 e fevereiro
de 1927 (dois anos e três meses), os rebeldes com 800 a 1500 civis e militares
percorreram cerca de 25 mil quilômetros através de treze estados, sem perder
qualquer dos 53 combates contra as forças governistas e a “jagunçada” de muitos
coronéis. Inutilmente procurou sublevar as populações do interior contra
Bernardes e a oligarquia dominante. Com o fim do mandato de Artur Bernardes, em
1926, a Coluna entrou na Bolívia e, finalmente, se dissipou.
Continua...
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