Ao amanhecer do dia 13 de janeiro
de 1926 cerca de 100 homens, maltrapilhos, com cara de poucos amigos, porém,
fortemente armados, entraram em Ipu, descendo a ladeira da Mina, vindos do
Piauí. Essa centena de combatentes compunha o 2º destacamento da Coluna Prestes,
comandada pelo tenente-coronel João Alberto. O que eles queriam e o que
aconteceu naqueles anos 20 na então pacata Ipu? Bom, o que pretendo contar em
três capítulos é apenas uma interpretação dos fatos ocorridos naqueles tempos
longínquos, baseada, no entanto, em relatos e fontes históricas. Se você quiser
ler, leia, portanto. Se não quiser, não leia “ora mais...”
Na madrugada do dia 13 de janeiro
de 1926, a cidade de Ipu “dormia” o seu sono tranquilo. Às 5 horas da manhã,
100 homens montados e armados, vindos do Piauí, entravam na cidade de Ipu,
descendo a ladeira da Mina. A Terra de Iracema acordava ao som de
uma corneta, tocada por uma daquelas cem almas com “caras de poucos amigos”. À
frente dele uma multidão de “revoltosos” emparelhados como que marchando em
sintonia. Muitos traziam rifles apoiados em seus ombros parecendo estar
“descansando” os braços do peso das armas. Os homens com rifles carregam também
bandeiras encarnadas e traziam em seus pescoços lenços da mesma cor, que
usavam, às vezes, para esconder os rostos.
Muitos na cidade já estavam de pé
após uma noite bem dormida, outros acordaram ao som da corneta e ainda um
terceiro grupo, a dos beberrões, nem tinha dormido. Todos se admiraram com
aquela cena. Uns ficaram com medo, mas outros se mostravam abismados, admirados
do que viam.
O bando desceu rumo ao centro por uma ladeira muito íngreme, seguiu por uma rua
muito estreita, com poucas casas, atravessou uma ponte construída sobre o
Riacho Ipuçaba, no hoje "Beco da Beinha" (ou Rua Manoel Vitor) e
penetrou no coração da Cidade, na Praça de São Sebastião. Logo, aqueles homens
armados se sobressaltaram ao avistar no alto da Igrejinha de nossa Senhora do
Desterro, hasteada, uma bandeira vermelha. Todos se prepararam para o combate
procurando ao redor, barricadas naturais, para se protegerem. Armados para o
combate esperam o ataque inimigo, mas ele não vinha.
É preciso que se faça uma pausa
na narrativa. Afinal, quem eram aqueles homens? O que queriam eles na Cidade de
Ipu?
Aquelas cem almas compunham o 2º
destacamento da Coluna Prestes, comandada pelo tenente-coronel João Alberto.
Vinham do Piauí e seu destino inicial era a cidade de Ipu. Nesta cidade
buscavam especificamente obter mapas geográficos detalhados dos Estados do Ceará,
Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. No Piauí, souberam da notícia de que
eles existiam e se encontravam no acervo do Gabinete de Leitura Ipuense, uma
espécie de biblioteca com imenso patrimônio em livros, revistas, jornais e
mapas.
Mas, por que tais mapas eram tão
importantes para a Coluna Prestes? E o que essa Coluna?
Continua...
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