A rua nasce, como o homem,
do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa
que se ergue é feita de esforços exaustivos de muitos seres, e haveis de ter
visto pedreiros e canteiros, ao erguer pedras para fronteiras, cantarem,
cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante
soluço. A rua sente nos nervos esta miséria de criação e por isso é mais
igualitária a mais socialista, as mais niveladas das obras humanas.
A rua faz as celebridades e
as revoltas, a rua criou o tipo universal, que se vive em cada aspecto urbano,
em cada detalhe, em cada praça, tipo diabólico que tem os gomos e dos sítios das
florestas. Tipo prateiforme feito de risos e de lagrimas... eu sou a rua,
mulher eternamente verde jamais encontrei outra carreira aberta senão a de ser
a rua e, por todo tempo; dede que este penoso mundo é mundo eu sou a rua.
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