Trens
no Ipu.
Foto
da Estação de Ipu mostrando a chegada de um Trem de Passageiros. (ANO de 1940).
Nos trilhos que ainda perduram em
nossos pensamentos está à história de uma vida de muitos que por eles
percorreram.
Mostra muito bem esta foto com se
processavam as idas e vindas de nossa população
Faz-se necessário neste capitulo que
iremos discorrer soabre as nossas viagens de Ipu a Fortaleza e de Fortaleza a
Ipu.
Éramos estudantes radicados na Capital
do nosso Estado e o transporte principal era o velho e saudoso TREM, de
passageiros.
Era a hora da partida. Três dias antes
de terminar as nossas férias as despedidas começam na Bica noutro dia no Gangão
e no último dia era mesmo na cidade, culminando com as nossas saudosas Serenatas.
Serenatas noite adentram onde as vozes
dos cantores Carlos e Paulo Soares se confundiam com as primas e bordões em acordes
perfeitos dos violonistas Francisco Mello, Raimundo Augusto, Escoteirinho. O
pistom em surdina do Chico Hermeto e a cambada de saudosistas acompanhando casa
por casa de nossas inesquecíveis namoradas hoje Mães de nossos filhos.
As cantigas eram de uma dolência e
melancólica harmonia. Entoávamos, vou lembrar aqui algumas delas.
Relógio, Sonhar Contigo, Perfume de Gardênia, Lembranças Volta do
Boêmio e outras e mais outras.
Não faltando,... na carícia de um
beijo que ficou no desejo saudade BOA
NOITE AMOR....
Era a despedia!!!
No outro dia lá estávamos nós na velha
Estação de Passageiro de passagem na mão esperávamos o comboio que já estava
preste a a aportar na mais bela Estação
da linha Férrea do Ceará. IPU
Um apito!!! E lá vem o Trem,
avistávamos o mesmo ao romper a curva do Bairro das Pedrinhas e
consequentemente a curva final que dava acesso ao Ipu.
As despedidas, os beijos dolentes! Alguns
deixavam fluir algumas lágrimas outros preferiam não se despedir, viravam-se e
subiam em um dos carros do trem com o coração despedaçado em saudade.
Mais um Apito, e o trem de ferro
começa a se locomover.
Acenos! Assovios! Mostrando a mão como símbolo da
saúde e tudo mais.
Acomodávamos como podíamos, pois a
nossa preferência era o restaurante do trem.
Uma cervejinha, outros uma CANINHA, um
tira gosto e lá íamos nós, passar 12 horas de viagem até a Capital do Estado –
Fortaleza.
Anos SESSENTA, os nossos anos
dourados, de nossas quimeras e sonhos, devaneios a toda prova mirando um porvir
de glorias, o que aconteceu para muitos daquele maravilhoso tempo.
Éramos felizes, mesmo com o coração
repartido entre a nossa Ipu e Fortaleza, mas, era assim mesmo precisávamos
construir um futuro para felicidade plena de todos nós e hoje de nos
descendentes.
E o Trem ia, e ia mesmo já dobrando a
primeira curva e que víamos a cortina altaneira de nossa Ibiapaba sumindo,
sumindo até desaparecer de nossa vista.
Primeira Parada.
Pires Ferreira a demora era muito
pouco, seguindo-se de Amanaiara e Reriutaba.
As demoras nas duas estações eram mais
de 10 minutos.
Seguíamos e em seguida chagávamos ao
Cariré, que se tornou conhecida como a Terra do Arroz doce, por vender muito
arroz doce na estação. Não tínhamos preferencia por tal.
A próxima para era Sobral, considerada
até como a Metrópole da Zona Norte do Estado do Ceará. Pouco nos interessávamos
por aquela estação. Muitas vendas de tudo um pouco e um pouco de tudo. Lá o
trem demorava bastante, talvez em torno de 30 minutos. Cidade grande embarque,
de muitos passageiros e pequenas cargas.
E o apito continuava anunciando a cada
saída a sua partida rumo a Fortaleza.
Muitas outras Estações tinham paradas
obrigatórias.
Chegávamos a Miraíma. Ali não faltava
a batata-doce, o jerimum cozido e o famoso peixe assado, alguns deles tão
amarelados ou avermelhados por conterem muito colorau.
Alguns bem asados outros quase crus e
etc.
Não tínhamos alternativa, era compra
no ato. Era o nosso tira gosto, até chegar às proximidades de Fortaleza.
Imaginem! O excesso de aerofagia nesta
mistura de peixe, bata-doce e a famosa Cipó do Velho, a nossa cachaça
preferida.
Incrível... Concluíamos às 12 horas de viagem
precisamente às 9 horas e quarenta e cinco minutos.
Cada um de nós tomava o nosso destino
certo ou incerto, pois vivíamos em Hospedarias, como a Pensão de D. Augida
Paiva na Rua São Paulo 1218, na Rua Castro e Silva 838, na Rua Tereza Cristina
640, Casa do Estudante, Residência Universitária e os mais abastados em
apartamento e etc..
Logo no dia seguinte rumo aos Colégios
e Universidade. Isto mesmo Universidade naquele tempo só existia a Universidade
Federal do Ceará – UFC.
A saudade contagiava a todos, mas
precisávamos garantir o nosso futuro.
No sábado no final da semana de nossa
chegada a Fortaleza, o encontro certo era em frente o Café Carazinho e em
frente à loja de discos – Vox a única da cidade.
Ali relembrávamos os bons momentos
vividos durante as férias na nossa Ipu.
As nossas despedidas quando vinhámos
após as férias pra Fortaleza começava três dias antes a nossa partida.
As despedidas constavam de uma “farra”
na nossa descantada Bica, no outro dia nas Belezas do Gangão a sombra das
fagueiras mangueiras, era verdadeiramente apoteótico aquele local, e ali mais
uma farrinha. O ambiente do Gangão parecia ter um toque magico que a própria natureza
lhe proporcionara.
MUITO BONITO MUITO LINDO !!! Se houver outas palavras irão estragar.......
ResponderExcluirSeu fã José Gerardo Rodrigues........
PARABÉNS !!!!