domingo, 20 de setembro de 2015

Trens no Ipu.
Foto da Estação de Ipu mostrando a chegada de um Trem de Passageiros. (ANO de 1940).



Nos trilhos que ainda perduram em nossos pensamentos está à história de uma vida de muitos que por eles percorreram.
Mostra muito bem esta foto com se processavam as idas e vindas de nossa população
Faz-se necessário neste capitulo que iremos discorrer soabre as nossas viagens de Ipu a Fortaleza e de Fortaleza a Ipu.
Éramos estudantes radicados na Capital do nosso Estado e o transporte principal era o velho e saudoso TREM, de passageiros.
Era a hora da partida. Três dias antes de terminar as nossas férias as despedidas começam na Bica noutro dia no Gangão e no último dia era mesmo na cidade, culminando com as nossas saudosas Serenatas.
Serenatas noite adentram onde as vozes dos cantores Carlos e Paulo Soares se confundiam com as primas e bordões em acordes perfeitos dos violonistas Francisco Mello, Raimundo Augusto, Escoteirinho. O pistom em surdina do Chico Hermeto e a cambada de saudosistas acompanhando casa por casa de nossas inesquecíveis namoradas hoje Mães de nossos filhos.
As cantigas eram de uma dolência e melancólica harmonia. Entoávamos, vou lembrar aqui algumas delas.
Relógio, Sonhar Contigo, Perfume de Gardênia, Lembranças Volta do Boêmio e outras e mais outras.
Não faltando,... na carícia de um beijo que ficou no desejo  saudade BOA NOITE AMOR....
Era a despedia!!!
No outro dia lá estávamos nós na velha Estação de Passageiro de passagem na mão esperávamos o comboio que já estava preste a  a aportar na mais bela Estação da linha Férrea do Ceará. IPU
Um apito!!! E lá vem o Trem, avistávamos o mesmo ao romper a curva do Bairro das Pedrinhas e consequentemente a curva final que dava acesso ao Ipu.
As despedidas, os beijos dolentes! Alguns deixavam fluir algumas lágrimas outros preferiam não se despedir, viravam-se e subiam em um dos carros do trem com o coração despedaçado em saudade.
Mais um Apito, e o trem de ferro começa a se locomover.
Acenos!  Assovios! Mostrando a mão como símbolo da saúde e tudo mais.
Acomodávamos como podíamos, pois a nossa preferência era o restaurante do trem.
Uma cervejinha, outros uma CANINHA, um tira gosto e lá íamos nós, passar 12 horas de viagem até a Capital do Estado – Fortaleza.
Anos SESSENTA, os nossos anos dourados, de nossas quimeras e sonhos, devaneios a toda prova mirando um porvir de glorias, o que aconteceu para muitos daquele maravilhoso tempo.
Éramos felizes, mesmo com o coração repartido entre a nossa Ipu e Fortaleza, mas, era assim mesmo precisávamos construir um futuro para felicidade plena de todos nós e hoje de nos descendentes.
E o Trem ia, e ia mesmo já dobrando a primeira curva e que víamos a cortina altaneira de nossa Ibiapaba sumindo, sumindo até desaparecer de nossa vista.
Primeira Parada.
Pires Ferreira a demora era muito pouco, seguindo-se de Amanaiara e Reriutaba.
As demoras nas duas estações eram mais de 10 minutos.
Seguíamos e em seguida chagávamos ao Cariré, que se tornou conhecida como a Terra do Arroz doce, por vender muito arroz doce na estação. Não tínhamos preferencia por tal.
A próxima para era Sobral, considerada até como a Metrópole da Zona Norte do Estado do Ceará. Pouco nos interessávamos por aquela estação. Muitas vendas de tudo um pouco e um pouco de tudo. Lá o trem demorava bastante, talvez em torno de 30 minutos. Cidade grande embarque, de muitos passageiros e pequenas cargas.
E o apito continuava anunciando a cada saída a sua partida rumo a Fortaleza.
Muitas outras Estações tinham paradas obrigatórias.
Chegávamos a Miraíma. Ali não faltava a batata-doce, o jerimum cozido e o famoso peixe assado, alguns deles tão amarelados ou avermelhados por conterem muito colorau.
Alguns bem asados outros quase crus e etc.
Não tínhamos alternativa, era compra no ato. Era o nosso tira gosto, até chegar às proximidades de Fortaleza.
Imaginem! O excesso de aerofagia nesta mistura de peixe, bata-doce e a famosa Cipó do Velho, a nossa cachaça preferida.
 Incrível... Concluíamos às 12 horas de viagem precisamente às 9 horas e quarenta e cinco minutos.
Cada um de nós tomava o nosso destino certo ou incerto, pois vivíamos em Hospedarias, como a Pensão de D. Augida Paiva na Rua São Paulo 1218, na Rua Castro e Silva 838, na Rua Tereza Cristina 640, Casa do Estudante, Residência Universitária e os mais abastados em apartamento e etc..
Logo no dia seguinte rumo aos Colégios e Universidade. Isto mesmo Universidade naquele tempo só existia a Universidade Federal do Ceará – UFC.
A saudade contagiava a todos, mas precisávamos garantir o nosso futuro.
No sábado no final da semana de nossa chegada a Fortaleza, o encontro certo era em frente o Café Carazinho e em frente à loja de discos – Vox a única da cidade.
Ali relembrávamos os bons momentos vividos durante as férias na nossa Ipu.
As nossas despedidas quando vinhámos após as férias pra Fortaleza começava três dias antes a nossa partida.
As despedidas constavam de uma “farra” na nossa descantada Bica, no outro dia nas Belezas do Gangão a sombra das fagueiras mangueiras, era verdadeiramente apoteótico aquele local, e ali mais uma farrinha. O ambiente do Gangão parecia ter um toque magico que a própria natureza lhe proporcionara.


Um comentário:

  1. MUITO BONITO MUITO LINDO !!! Se houver outas palavras irão estragar.......
    Seu fã José Gerardo Rodrigues........
    PARABÉNS !!!!

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