APRESENTAÇÃO
VIANDANTES NOS CAMINHOS DO IPU. O
título, por si próprio, é um convite a uma viagem no espaço e no tempo. E isso, por assim
dizer, instiga a imaginação de quem dispõe, nas mãos, de páginas que conduzem a um mergulho prazeroso no
remoto passado da
humanidade, vindo até
nossos dias.
O leitor está diante de uma obra original e, ao
mesmo tempo, intrigante, histórica e
cultural, que vai enriquecer a saga de nossa cidade e de nossa gente. Original pela novidade do tema, nunca antes
investigado, proposto e desenvolvido; intrigante porque o talento indiscutível do seu
pesquisador, Professor Francisco Melo, traz informações impactantes que
remontam de obscuros períodos da existência do homo erectus, do homo sapiens... como o
Paleolítico - Idade da
Pedra Lascada e Pré-história, há mais ou menos uns 2 milhões e 500 mil anos.
Passando pelo Neolítico, que se estendeu até 9 mil anos a.C. ou início das
primeiras sociedades. O livro
nos conduz, também, ao período
do Mesolítico, entre 10 mil e 5 mil anos a.C., uma época de transição entre os
dois períodos anteriores. Assim, os textos se desdobram como uma espécie de
retorno a um sol do gênesis, uma forma de máquina do tempo: os personagens e os
leitores se confundem, apresentando-se, ambos, como os verdadeiros
“Viandantes”, pois caminham e agem paralelamente nos cenários das vias da
citada pré-história.
Paramos aflitos diante de seres reais e
homodiegéticos, que saltam diante dos nossos olhos, que vivem e contam os próprios
acontecimentos, e de um
autor intradiegético, que não interfere nos fatos descobertos e descritos, mas
os apresenta fielmente ao seu narratário, como um repórter observador. .
A característica de obra histórica e cultural é concebida nos momentos em que, o escritor
em epígrafe, escavando o solo profundo da “grande aventura do homem”,
como um autêntico arqueólogo, desenterra das trevas primitivas as pegadas dos
nossos ancestrais, ocultas à grande maioria dos humanos ditos civilizados da era
da astronáutica, do computador, do telefone celular, dos transplantes de órgãos, dos
novos materiais, dos grandes blocos econômicos... Essas pegadas vêm desde o
lombo dos burros, já bem mais recentemente, até, como diríamos, à cúspide dos
foguetes e ás nossas naves interplanetárias, passando pelo soberano maestro, o sonoro carro de boi e, muito do nosso conhecimento, o
velho ritmista trem de ferro.
Viandantes pelos caminhos do Ipu resgata
costumes de meios de transportes que, para o homem do século 21 acostumado ao
trem-bala, ao avião, aos confortáveis carros de luxo, ao ônibus com ar
condicionado, à TV, ao DVD, a open drive, à era da robótica, do rádio,
etc., surpreende ao aterrissar em nossa literatura como um espantoso e atraente
veículo cultural. .
Dessa forma e inesperadamente, surge esta obra
do grande Professor Francisco de Assis Martins, no espaço maior das Letras, das
Ciências e das Artes da nossa
sociedade. Vem somar à cultura
Ipuense até mesmo a relíquia Tabajara, as serestas pelas nossas “ruas com
nomes exóticos”, à Iracema, da poesia indianista, de José de Alencar e Luiza Homem, de Domingos
Olímpio, romance Naturalista, do século XIX, cujos fatos patéticos, no “livro
homônimo”, referendam a cidade de Sobral. Por esta razão, a sua pesquisa
adquire um caráter universal, como se espera de todo artista da palavra.
Assim, como não recordar da vida de estudantes
ipuenses, nos dourados tempos da capital Fortaleza? E os amores, as serestas,
os sonhos futuros no Ipu, a chegada ao trem azul, o desembarque na fervilhante
Estação Ferroviária? Enfim,
a gloriosa década de 1960, um triunfo de áureas manhãs dos talentosos jovens da
“terra cheia de encantamento”, cujo passado de poética memória o mestre
e Professor Mello traz a lume, agora.
Finalmente, pela temática apresentada, pela
importância histórica, pela linguagem científica empregada o livro tem, ainda,
uma grande qualidade didática. Por isso sugerimos ser adotado, para estudos,
pelas unidades executoras de ensino e
educação particular e pública do Ipu.
RAMOS PONTES
Fortaleza /CE
Outubro de 2013
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