A CHEGADA DO TREM.
As badaladas do sino da Estação Ferroviária
ecoavam em toda cidade, anunciando que o Trem havia saído de Pires Ferreira ou
Abílio Martins.
Os comerciantes, aqueles compromissados com o
trem de passageiros, apressavam-se para receber e entregar correspondências de
outras cidades, e ainda mais, adquirir Os Jornais da Capital, – O POVO,
UNITÁRIO e CORREIO DO CEARÁ, a revista era O Cruzeiro, tudo isso ansiosamente
esperado por todos.
Enquanto isso, as moçoilas, usavam sombrinhas
para protegerem-se do Sol lotavam a pracinha da estação aguardando a chegada do
trem de ferro com toda sua majestade e beleza dos carros que compunham o
comboio. Era um movimento dos mais pitorescos. Ali elas aguardavam a passagem
de amigos, dos namorados. Um vai e vem de veículos fazia parte do cenário. O
ônibus e o misto da Empresa Paiva compunha também aquele quadro que ainda hoje
parece estarmos vendo e vivendo tão nostálgicos momentos.
A Frota Paiva servia para conduzir
passageiros com destino a Serra da Ibiapaba sendo o seu final em São Benedito.
A frondosa “OITICICA”, abrigando os mais
idosos contra o sol causticante da tarde era um local agradabilíssimo para
todos.
Com um leve apito, “lá vem o trem”, a
agitação era total daqueles que esperavam a grande comitiva; mais outro apito e
o trem descortina-se na curva de acesso a estação da cidade. O burburinho era
intenso: água boa da serra!... quem vai querer? Olha o pão! O café bom e
“DONZELO”... E muitos outros produtos eram vendidos durante as passagens dos
trens
Enquanto isso, os encontros furtivos, as
conversas dos passageiros, os folguedos de uma juventude sonhadora e cheia de
ideais. Como era bom! São dias de um tempo que não apagamos do nosso viver,
tempo de um frívolo bem-estar. Estação de ar nostálgico, de arquitetura bela e
de imponência rara. Boa parte do comércio era fechado. Todos a Estação
Ferroviária, a nossa antiga R.V.C.
Mais um apito, dessa vez mais saudoso! A
grande condução se movimentava toda. As despedidas, um até breve, risos
lágrimas, angústia... é o trem que partira deixando a todos uma alegria ou uma
saudade imensa.
Quantas saudades ali vividas foram para
sempre. Quantos olhares foram se distanciando da serra onde murmura a Bica que
em sinfonia faz a festa do nosso cotidiano, poderá ter ficado uma eterna e
última saudade.
A cidade volta ao normal. Todos para suas
casas. O trem partiu foi embora, e não mais voltou...
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