sexta-feira, 28 de março de 2014




Estação. Fotografia de 1922.

Em quatro partes, buscamos contar um pouco da História da Estação Ferroviária de Ipu, inaugurada ainda em fins do século XIX, discutir sua importância para o crescimento da cidade e, finalmente, o seu resgate e restauro apontado, por alguns, como malsucedido, e por outros, como forma de desvio de dinheiro público, algo, convenhamos, corriqueiro em nossa história política.

Histórico
            A Estação Ferroviária de Ipu fazia parte do conjunto arquitetônico da Estrada de Ferro de Sobral (EFS). Construída pelo Governo Imperial, essa ferrovia e todos os seus equipamentos, deveriam minorar, segundo os discursos da época, os efeitos nocivos da seca de 1877-1879 que assolou o Estado do Ceará. A sua construção deveria proporcionar trabalho a milhares de flagelados e facilitar a distribuição de alimentos para a população necessitada.
            A Estação Ferroviária de Ipu foi inaugurada em 10 de outubro de 1894, quando a ferrovia passou a circular por estas paragens. Já nas primeiras décadas do século XX, em relativo pouco espaço de tempo, o trem provocou algumas mudanças econômicas significativas para a localidade: incrementou a produção agrícola, engendrou as famosas feiras e dinamizou o comércio local. A cidade ficou ligada ao comércio regional, local e internacional a partir do porto de Camocim. Era por meio deste porto que mercadorias, capitais, livros e, principalmente, ideias circulavam.

Importância da Ferrovia
O trem contribuiu para a transformação do espaço urbano local, incrementou a população (de cerca de 11 mil hab. em 1890  primeiro censo republicano - 20 mil hab. em 1915  números de Eusébio de Sousa).  Fez surgir novos bairros como Corte, Pereiros e Pedrinhas. (Este último só passou a ter esse nome após 1932).
            A ferrovia não apenas fez surgir novos núcleos de povoamento, fez surgir também novas ruas e traçados. Deslocou o eixo central do “velho povoamento”, onde teria surgido a cidade (Quadro da Igrejinha) para o novo eixo em torno da Estação Ferroviária. Logo em volta do imponente prédio da Estação surgiram várias vendas e pensões. A cidade passou a ter um novo polo de desenvolvimento com base na ferrovia. Passou a crescer em torno da Estação Ferroviária, não só em espaço físico, mas também, fundamentalmente, em desenvolvimento econômico e social, como mostramos.
A Estação passou a ser o nervo e vida da cidade. Todos os dias inúmeras pessoas, nos horários de trens, transitavam em torno dela. Muitos transeuntes para ali iam apenas para observar o “enxame” de pessoas que embarcavam e desembarcavam diariamente. Antes dos embarques e desembarques muitos vendedores ambulantes acorriam para a Estação a fim de venderem suas mercadorias.


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