Em quatro partes, buscamos contar um pouco da
História da Estação Ferroviária de Ipu, inaugurada ainda em fins do século XIX,
discutir sua importância para o crescimento da cidade e, finalmente, o seu
resgate e restauro apontado, por alguns, como malsucedido, e por outros, como
forma de desvio de dinheiro público, algo, convenhamos, corriqueiro em nossa
história política.
Histórico
A Estação Ferroviária de Ipu fazia parte do conjunto arquitetônico da Estrada
de Ferro de Sobral (EFS). Construída pelo Governo Imperial, essa ferrovia e
todos os seus equipamentos, deveriam minorar, segundo os discursos da época, os
efeitos nocivos da seca de 1877-1879 que assolou o Estado do Ceará. A sua
construção deveria proporcionar trabalho a milhares de flagelados e facilitar a
distribuição de alimentos para a população necessitada.
A Estação Ferroviária de Ipu foi inaugurada em 10 de outubro de 1894, quando a
ferrovia passou a circular por estas paragens. Já nas primeiras décadas do
século XX, em relativo pouco espaço de tempo, o trem provocou algumas mudanças
econômicas significativas para a localidade: incrementou a produção agrícola,
engendrou as famosas feiras e dinamizou o comércio local. A cidade ficou ligada
ao comércio regional, local e internacional a partir do porto de Camocim. Era
por meio deste porto que mercadorias, capitais, livros e, principalmente, ideias
circulavam.
Importância
da Ferrovia
O trem contribuiu para a transformação do espaço
urbano local, incrementou a população (de cerca de 11 mil hab. em 1890
primeiro censo republicano - 20 mil hab. em 1915 números de Eusébio de
Sousa). Fez surgir novos bairros como Corte, Pereiros e Pedrinhas. (Este
último só passou a ter esse nome após 1932).
A ferrovia não apenas fez surgir novos núcleos de povoamento, fez surgir também
novas ruas e traçados. Deslocou o eixo central do “velho povoamento”, onde
teria surgido a cidade (Quadro da Igrejinha) para o novo eixo em torno da
Estação Ferroviária. Logo em volta do imponente prédio da Estação surgiram
várias vendas e pensões. A cidade passou a ter um novo polo de desenvolvimento
com base na ferrovia. Passou a crescer em torno da Estação Ferroviária, não só
em espaço físico, mas também, fundamentalmente, em desenvolvimento econômico e
social, como mostramos.
A Estação passou a ser o nervo e vida da cidade.
Todos os dias inúmeras pessoas, nos horários de trens, transitavam em torno
dela. Muitos transeuntes para ali iam apenas para observar o “enxame” de
pessoas que embarcavam e desembarcavam diariamente. Antes dos embarques e
desembarques muitos vendedores ambulantes acorriam para a Estação a fim de venderem
suas mercadorias.
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