Serenatas do Meu Tempo.
Violão,
bandolim, uma flauta para que as notas musicais entrassem doendo no fundo da
alma, eram os instrumentos que compunham o grupo que desejava fazer uma
serenata. E que deixasse saudades na amada e não irritasse o dono da casa. E o
cantor não precisa ser dos melhores, bastava escolher bem o que iria cantar.
As
canções eram românticas, tinham histórias, começo, meio e fim. As letras
falavam de amor, dor, perdas, idas e voltas (estudantes de Fortaleza) e os
versos eram rimados. Coração com violão, saudade com felicidade. Fazia bem aos
ouvidos, agradava a alma.
Letras
reverenciavam a lua cheia, prateada, no céu azul. Ao som dolente de um violão e
na sonoridade da Flauta, o cantor exalta a beleza da amada, os seus olhos
verdes, azuis ou claros e seus cabelos tão sedosos.
O
resultado da empreitada musical costumava vir logo em seguida. Depois de três
ou quatro melodias, havendo agrado nas canções e interesse da donzela, a
cortina do quarto se abria e um olhar de aprovação chegava até o grupo. A amada
nem sempre chegava à janela.
Quando
não havia receptividade amorosa, canção alguma abria o coração da amada, e quem
normalmente chegava à janela era o pai, que despejava baldes de água fria nos
cantores da madrugada. Que saíam correndo, com cachorros latindo atrás.
Eram
mais ou menos assim as nossas serenatas. Percorríamos as rua do Ipu, para
deleitas as nossas amadas a poesia traduzida numa bela música. Começávamos
sempre pela Rua do Papoco, logo no inicio, pertinho da Matriz, eram várias as
casas que recebiam o deleite de nossas músicas. Rua da Itália, Praça da
Estação, rua da goela e finalmente o QUADRO.
Executávamos
somente músicas previamente selecionadas.
Os
cantores Paulo Soares, Carlos Soares e às vezes quando aqui no Ipu se
encontrava Wilson Lopes. Instrumentistas, Francisco Mello, Raimundo Augusto, Frasquinho
Jorge, eram os violonistas, vez por outra Mello tocava uma flauta. Um Piston
educado e sonoro do Chico Hermeto, Linhares e outros.
Acompanhantes,
DIÃO, BOY, IRAPUAN, ELIARDO, ZÉ CESAR, ANTONIO TAVARES, FLORIVAL, ZÉ NABOR,
MARCOS BAÚ, EDVARD MARTINS, ERIVALDO, FANICO, TARCISIO BENTIVI, (Uma voz e um
Violão) Valdir Viana, José Maria Gomes, Gerardo Aires, Antonio Gomes, Tatais,
Uruca e outros e mais outros.
Assim
amigos e muito especialmente amigas que ainda se recordam das nossas inesquecíveis
SERENATAS, eram mais ou menos assim.
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