quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Ao Prof. Antônio Ramos Pontes.
Foto do dia 15 de Janeiro de 2015.

Ramos Ponte! Calou-se para sempre sua voz tão cheia de sensibilidade que, em seus escritos ou apresentações nas salas de aula, nos tocava, ensinava e encantava. Aquela que traduzia o clássico em linguagem popular.


Olhei triste seu rosto abatido e, temerosa de que a morte se avizinhasse, fui tomada de emoção, pois não conseguia imaginar o momento de não tê-lo mais entre nós. Era uma premonição ou constatação, não sei...

E, no dia nove de 13 de Janeiro, seu espírito deixou seu corpo, enquanto dormia.

Costumo dizer que poucas pessoas merecem morrer dormindo. E, com certeza, ele era uma destas. Exemplo de ser humano, de cidadão, de professor correto, em um tempo em que os indivíduos de caráter parecem ser uma rara exceção.

Sempre haverei de lembrar-me dele ao ouvir  a sua voa declamando os poemas de Vinicius de Moraes.. As palavras árias, piano, pianíssimo, alegro, cantante, e outras tantas do ramo haverão de remeter-me às suas belas lições, às suas análises criteriosas da Literatura, que tanto mexiam com a sua e a nossa emoção.

Eu o admirava muito como jornalista, cronista, professor.
Recebendo pelo Rádio  a notícia de sua partida, repeti o que costumo dizer quando morre alguém extraordinário: “Existem homens que jamais deveriam morrer.” Mas, pensando bem, qual o grande homem que morre, realmente? Todos eles deixam rastros de luz em nossos caminhos e, assim, vivem para sempre.

Acho que meu comentário usual deveria mudar para a constatação de que certos homens não morrem nunca. despertando a sensibilidade daqueles que partiram sem alcançar a plenitude de sua humanidade.

Ah, meu prezado mestre, sentiremos muito sua falta, mas pode ter certeza que, também, por ter lido seus livros, seus artigos, ouvido seus belíssimos comentários sobre Vinicius, rui Barbosa e outros tantos, tornei-me uma pessoa melhor e cresci muito como ser humano. Você, em sua simplicidade, provavelmente, nem sabia que iluminava a vida de tantos. 

Também porque o conheci e, junto com você, continuando as lições que recebi de meu saudoso pai, aprendi, mais e mais, a amar a literatura e sei que, desta forma, jamais haverei de padecer de solidão.


Sabe, grande mestre, repetindo palavras suas, citando não me lembro quem, devo dizer-lhe: “A dor da gente não sai no jornal”. E a minha dor pelo silêncio de sua batuta não pode ser traduzida em pobres palavras de jornal. Mas ficam aqui registradas.

E, como dizem por ai: “brincando com o poema de Drummond: “A festa acabou, a luz apagou e, agora, é você e Deus”. E Deus, certamente, gostará de ter em seu regaço um grande homem, um filho muito amado, que soube perseguir a Sua Luz e dignificar a arte e a poesia.

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