Brilhantina
no Ipu.
Nos tempos que não vão muito longe, nas Bocas de Noite no
Ipu eram muito nostálgicas, poucos transeuntes, algumas poucas bodegas abertas,
apenas aquelas que se propunham a vender um trago de cachaça e também um
MERCADO, de brilhantina que era solicitado pelo freguês dizendo “bote aqui uma
palhetada de brilhantina”, e o bodegueiro respondia dizendo espere um pouco que
eu vou mercar, e tomando uma lata tamanho de uma de leite Ninho, pegava uma
palheta de madeira e perguntava quanto você quer e dependendo do valor era
mercado na mão do no rapazote que esfregava uma mão contra a outra para melhor aplicação
nos cabelos.
Sempre existia um espelho nas bodegazinhas que vendiam esse
produto, e tirando do bolso detrás um pente passava nos cabelos dando o jeito
que o mesmo desejasse. Nesses tempos de brilhantina os homens usavam
rigorosamente um pente para de vez enquanto passar nos cabelos ficando no ponto
para desfilar diante das pretendentes.
As marcas de brilhantina eram bastante reduzidas, eram: A
Glostora, Lorigan de Coty, Promessas e outras poucas.
A preferencia era O Jardim de Iracema, flertes de muitão
até encostar, que significava chegar perto da garota.
Quem não ia para o famoso Jardim de Iracema iam para a
Avenida 26 de Agosto considerado pela sociedade da época como a Avenida “das
pirão frio”, que descriminação miserável, horrenda, sendo abolida totalmente
nos dias de hoje, não existe mais nada disso, afinal de contas somos todos
iguais. Preconceitos já se foram na enxurrada do modernismo.
Elas por sua vez contemplavam os possíveis pretendentes dos
pés a cabeça, e o cabelo estava lá, à cabeça brilhando e o coração saltitando de
anseios para namorar tal jovem.
Interessante! Assisti por muitas vezes e senti cenas como
essas, meu grande amigo José Maria Gomes, era sempre um protagonista,
participante dessas manifestações.
Os vendedores da famosa brilhante que os menos favorecidos
usavam era mesmo a vaselina, cujos vendedores eram: Seu Antônio Ramos, Mané
Rocha, Afonso e João Afonso.
Uma particularidade muito interessante era quando as
pessoas iam para Igreja passam nos brilhanteiros sempre vestidos com roupa
branca e muito de Paletó, levavam um pedaço de jornal no bolso para se
ajoelharem na Igreja sem sujar suas branquinhas roupas. Outra se ajoelhava
somente com um joelho. Após a missa principalmente a missa das nove ficavam
volteando em torno do Mercado Publico ostentando os seus olhares para as jovens
que por ali também passeavam.
Que tempo! Maravilhoso! Ainda predominava muita ingenuidade.
Francisco Mello
Ipu, 05 de fevereiro de 2012.
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