domingo, 12 de maio de 2013


Brilhantina no Ipu.
Nos tempos que não vão muito longe, nas Bocas de Noite no Ipu eram muito nostálgicas, poucos transeuntes, algumas poucas bodegas abertas, apenas aquelas que se propunham a vender um trago de cachaça e também um MERCADO, de brilhantina que era solicitado pelo freguês dizendo “bote aqui uma palhetada de brilhantina”, e o bodegueiro respondia dizendo espere um pouco que eu vou mercar, e tomando uma lata tamanho de uma de leite Ninho, pegava uma palheta de madeira e perguntava quanto você quer e dependendo do valor era mercado na mão do no rapazote que esfregava uma mão contra a outra para melhor aplicação nos cabelos.
Sempre existia um espelho nas bodegazinhas que vendiam esse produto, e tirando do bolso detrás um pente passava nos cabelos dando o jeito que o mesmo desejasse. Nesses tempos de brilhantina os homens usavam rigorosamente um pente para de vez enquanto passar nos cabelos ficando no ponto para desfilar diante das pretendentes.
As marcas de brilhantina eram bastante reduzidas, eram: A Glostora, Lorigan de Coty, Promessas e outras poucas.  
A preferencia era O Jardim de Iracema, flertes de muitão até encostar, que significava chegar perto da garota.
Quem não ia para o famoso Jardim de Iracema iam para a Avenida 26 de Agosto considerado pela sociedade da época como a Avenida “das pirão frio”, que descriminação miserável, horrenda, sendo abolida totalmente nos dias de hoje, não existe mais nada disso, afinal de contas somos todos iguais. Preconceitos já se foram na enxurrada do modernismo.
Elas por sua vez contemplavam os possíveis pretendentes dos pés a cabeça, e o cabelo estava lá, à cabeça brilhando e o coração saltitando de anseios para namorar tal jovem.
Interessante! Assisti por muitas vezes e senti cenas como essas, meu grande amigo José Maria Gomes, era sempre um protagonista, participante dessas manifestações.
Os vendedores da famosa brilhante que os menos favorecidos usavam era mesmo a vaselina, cujos vendedores eram: Seu Antônio Ramos, Mané Rocha, Afonso e João Afonso.
Uma particularidade muito interessante era quando as pessoas iam para Igreja passam nos brilhanteiros sempre vestidos com roupa branca e muito de Paletó, levavam um pedaço de jornal no bolso para se ajoelharem na Igreja sem sujar suas branquinhas roupas. Outra se ajoelhava somente com um joelho. Após a missa principalmente a missa das nove ficavam volteando em torno do Mercado Publico ostentando os seus olhares para as jovens que por ali também passeavam.
Que tempo! Maravilhoso! Ainda predominava muita ingenuidade.
Francisco Mello
Ipu, 05 de fevereiro de 2012.

                         
                

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