sábado, 18 de maio de 2013


1ª Parte.
As Memórias da Praça
(Jardim de Iracema)

Este ensaio literário se caracteriza pela importância social, diversional de um Jardim - Monumento, um Jardim de Coreto e um Jardim de Flores Perfumadas e Belas.
Sentar no Jardim de Iracema era símbolo da cidadania de um povo, cuja verve cultural era destaque em toda Região.

Esta é a primeira homenagem que fazemos a uma Praça do Ipu, “A Praça de Iracema”, localizada no centro da cidade, reunindo na sua estrutura arquitetônica um estilo romântico muito peculiar do ipuense.
Era na sua edificação inicial composta de um Coreto, que ficava bem no centro da Avenida, com um estilo Francês  que serviu por muito tempo para as retretas com as Bandas de Música que transmitiam alegria aos transeuntes da pracinha com o nome de nosso mito maior, Iracema.

A sugestão da construção do Jardim de Iracema foi do alquimista Thomaz de Aquino Corrêa.E assim foi construída a avenida sob a orientação do Sr. Francisco Quixadá, um baluarte nos trabalhos de sua edificação.

E, no dia (07) de setembro de 1927 às 19h00minh realizou-se a inauguração do belo Jardim situado a Praça Abílio Martins, na gestão do primeiro Prefeito Eleito de Ipu, Cel. Felix de Sousa Martins, que no momento do ato inaugural pronunciou estas palavras: ESTÁ INAUGURADO O JARDIM DE IRACEMA”. Houve muitos aplausos da população ali presente.A Banda de Música entoou Dobrados e Valsas para marcar a efeméride.
Ainda sob a regência do Maestro Raimundo do Vale a Euterpe Ipuense realizou várias retretas no coreto que ficava no centro do Jardim.

Em noites enluaradas, no CORETO, realizavam-se serestas, ao som do violão de Doroteu Paiva (Teteu) e Anastácio Magalhães e José Magalhães no cavaquinho, na flauta Sebastião Soares, clarinete Leonel Aragão, e para compor a harmonia ouvia-se a voz bonita de Abílio Coelho.

Uma iluminação com postes de ferro e globos leitosos; deixava um brilho que anuviava e que quase deixava o ambiente penumbrado, para alcançar melhor o êxtase dos apaixonados casais que ocupavam os bancos para as juras eternas de amores e sempre eram, confundidas com a mística pintura ambiental ricas em contornos, com jardins que floresciam majestosos agradando o ambiente de pureza santa as coisas abençoadas da natureza que penetravam ao espírito como um perfume de constantes magias de um logradouro que eternizou a terra dos Tabajaras oriundos de uma lenda puramente ipuense.

Bancos com nomes ou sem nomes identificavam a Praça. Existia o Banco dos Velhos, imortal pelos seus participantes que as primeiras horas da noite ali ficavam sentados nas madeiras e ferro do escabelo, que procuravam nutrir as suas conversas que se tornaram ricas como eram contadas e por quem contadas, vezes tristes, outras chistosas, outras políticas, enfim tudo, de tudo um pouco ou um pouco de quase tudo.

O Banco das Teófilos, moças da sociedade da maior representatividade social que logo ao anoitecer ficavam todas, que eram em número de cinco, sentadas no banco situado ao lado sul da Praça e que ali freqüentavam para observar os andarilhos das bocas de noite nos passeios da avenidinha. Sentavam-se ás 18:00 e às 19:30h, levamtavam-se e iam à sua residência que era bem próxima da Praça, para a ceia, voltando em seguida e retirando-se somente às 21:00h para se recolherem aos seus aposentos.

Ainda citamos e conhecemos o Banco onde se sentava o intelectual José Itamar Mourão, falando Esperanto, de Teatro e Teatrólogos conversando com a juventude dando desta forma um pouco de sua intelectualidade; o Amauri Paulino, declamando os sonetos do Padre Antonio Tomás, e os outros que pertenciam a qualquer um de seus viandantes.
Hoje o sobrinho de Amauri é guardião de um dos Bancos da Praça do Ferreira, (Fortaleza) como forma de perpetuar (não sei) a memória do seu tio. Zé Mário, intelectual, escritor e poeta está editando juntamente com uma trupe de Fortaleza das melhores o “Jornal O Bode Yoyô”.

O Banco dos Velhos, o ferro e a madeira mudos e indiferentes a tudo, inertes indiscretos, a todos ouvia silenciosamente. Era o palco onde era recebida a peça “Vocês Sabiam?” E estão dizendo por aí “. O elenco formado por Xavier Timbó, Parnaibano, José Bessa, Vicente Rocha, Antonio Martins, Antonio José, José Dias, Joaquim Dias e outros”.

O cenário se apresentava quase sempre colorido pelo mesclado variado da vida e o comportamento da juventude; e esta por sua vez prosônimou o pobre banco que ficava no Jardim de Iracema que somente ouvia, de: “O Banco dos Velhos”.
A marcha do progresso acabou, destruiu o célebre BANCO, tão querido e apreciado. O que não se viu e muito mais ouviu ficou soterrado no esquecimento. Arrancaram-no e com ele os seus companheiros, o gradil do Jardim foi desfeito e as rosas bonitas e perfumadas nada mais restou.E hoje neste ensaio literário revivemos teu passado e te perguntamos, onde te levou o progresso? “Banco dos Velhos”, na recordação dos que te queria bem continuas vivo, intacto e intocável, na saudade que ainda guardam de ti os que ti apreciavam, na recordação indelével e a tristeza porque já não mais existe.

Bancos de ninguém e sem ninguém apenas silencioso, mudo, inerte a pastorear a Praça dia e noite, também se juntava aos outros para compor toda pracinha bela e sonhadora.

Passeios nas aléias ladeadas por arbustos troncos de árvores que deixavam exalar um perfume oriundo de suas flores tão puro que o ambiente revestia-se profundamente de uma agridocilidade.
O tapete verde dava uma conotação de muita singeleza aos viandeiros que eram constantes nos dias de festas especialmente.

Do Sr. Chico Pedro, zelador do logradouro em pauta sempre muito dedicado e exigente para que a molecada não maltratasse o jardim tão encantador e belo.
Um tanque de ferro ou qualquer coisa parecida era o reservatório da água para a regada do jardim que acontecia diariamente.
Do lado nascente e poente existiam dois cacimbões cuja utilidade era para auxiliar as aguadas nas plantinhas que compunham o vergel chamado Iracema.
O gradil era composto de pequenas estacas que, rodeava toda avenida com um arame liso que protegia o horto onde floresciam os roseirais aliciantes que ajudava a inebriar todo recinto.Os namoros não aconteciam somente nos bancos como também no encosto do gradeado. Eram cenas verdadeiramente éclogas.

Nas festas religiosas de São Francisco e São Sebastião, quando iam ia chegando o seu término o passeio ficava matizado, embelezando, multicolorindo, em cujos entretons eram as moças de nossa sociedade que campeavam os seus namorados, sempre com aquele porte elegante característico da mulher ipuense, saudável pela beleza que estonteava e que causava receios aos pretendentes. 

O Vigilante Paredão era de uma enorme extensão intercalada por jarros floridos e globos luminosos, com escadarias recobertas por caramanchão com Risos do Prado Vermelho, dando um florilégio perfumado que agradava a todos.

Eram vendidas nas Boticas as Pastilhas Valda, que eram oferecidas às donzelas, as pré e namoradas propriamente ditas e que tinham encontro certo na avenidinha de Iracema.

O mudo incontestável, apenas ouvia, testemunhava e silenciava a tudo e a todos. A sua derrubada aconteceu nos anos sessenta deixando até hoje a sua história rica de um memorial que se foi e que ficou no coração de todos que o conheceram. Estou falando do Paredão porque era ao lado do Jardim de Iracema, não era parte integrante do Jardim, mas compunha o cenário que aqui relatamos.

Nos anos (60) sessenta o Jardim de Iracema perdeu toda sua originalidade. Foi quebrado e derrubado o Coreto que centralizou a avenida e que marcou na sua arquitetura uma época que não conseguimos deixar que o esquecimento se apodere de tão significativo monumento.
A pracinha sofreu profundas modificações, no lugar do Coreto foi criado um lago mal estruturado feio e sujo com uma Garça no centro que serviu por muito tempo para os atiradores vândalos da cidade. A pobre Garça só vivia quebrada...

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