1ª Parte.
As Memórias
da Praça
(Jardim de Iracema)
Este ensaio literário se
caracteriza pela importância social, diversional de um Jardim - Monumento, um
Jardim de Coreto e um Jardim de Flores Perfumadas e Belas.
Sentar
no Jardim de Iracema era símbolo da cidadania de um povo, cuja verve cultural
era destaque em toda Região.
Esta
é a primeira homenagem que fazemos a uma Praça do Ipu, “A Praça de Iracema”, localizada no centro da cidade, reunindo na sua
estrutura arquitetônica um estilo romântico muito peculiar do ipuense.
Era
na sua edificação inicial composta de um Coreto, que ficava bem no centro da
Avenida, com um estilo Francês que
serviu por muito tempo para as retretas com as Bandas de Música que transmitiam
alegria aos transeuntes da pracinha com o nome de nosso mito maior, Iracema.
A
sugestão da construção do Jardim de Iracema foi do alquimista Thomaz de Aquino
Corrêa.E assim foi construída a avenida sob a orientação do Sr. Francisco
Quixadá, um baluarte nos trabalhos de sua edificação.
E,
no dia (07) de setembro de 1927 às 19h00minh realizou-se a inauguração do belo
Jardim situado a Praça Abílio Martins, na gestão do primeiro Prefeito Eleito de
Ipu, Cel. Felix de Sousa Martins, que no momento do ato inaugural pronunciou
estas palavras: “ESTÁ INAUGURADO O JARDIM
DE IRACEMA”. Houve muitos
aplausos da população ali presente.A Banda de Música entoou Dobrados e Valsas
para marcar a efeméride.
Ainda
sob a regência do Maestro Raimundo do Vale a Euterpe Ipuense realizou várias
retretas no coreto que ficava no centro do Jardim.
Em
noites enluaradas, no CORETO, realizavam-se
serestas, ao som do violão de Doroteu Paiva (Teteu) e Anastácio Magalhães e
José Magalhães no cavaquinho, na flauta Sebastião Soares, clarinete Leonel
Aragão, e para compor a harmonia ouvia-se a voz bonita de Abílio Coelho.
Uma
iluminação com postes de ferro e globos leitosos; deixava um brilho que
anuviava e que quase deixava o ambiente penumbrado, para alcançar melhor o
êxtase dos apaixonados casais que ocupavam os bancos para as juras eternas de amores
e sempre eram, confundidas com a mística pintura ambiental ricas em contornos,
com jardins que floresciam majestosos agradando o ambiente de pureza santa as
coisas abençoadas da natureza que penetravam ao espírito como um perfume de
constantes magias de um logradouro que eternizou a terra dos Tabajaras oriundos
de uma lenda puramente ipuense.
Bancos
com nomes ou sem nomes identificavam a Praça. Existia o Banco dos Velhos,
imortal pelos seus participantes que as primeiras horas da noite ali ficavam sentados
nas madeiras e ferro do escabelo, que procuravam nutrir as suas conversas que
se tornaram ricas como eram contadas e por quem contadas, vezes tristes, outras
chistosas, outras políticas, enfim tudo, de tudo um pouco ou um pouco de quase
tudo.
O
Banco das Teófilos, moças da sociedade da maior representatividade social que
logo ao anoitecer ficavam todas, que eram em número de cinco, sentadas no banco
situado ao lado sul da Praça e que ali freqüentavam para observar os andarilhos
das bocas de noite nos passeios da avenidinha. Sentavam-se ás 18:00 e às
19:30h, levamtavam-se e iam à sua residência que era bem próxima da Praça, para
a ceia, voltando em seguida e retirando-se somente às 21:00h para se recolherem
aos seus aposentos.
Ainda
citamos e conhecemos o Banco onde se sentava o intelectual José Itamar Mourão,
falando Esperanto, de Teatro e Teatrólogos conversando com a juventude dando
desta forma um pouco de sua intelectualidade; o Amauri Paulino, declamando os
sonetos do Padre Antonio Tomás, e os outros que pertenciam a qualquer um de
seus viandantes.
Hoje
o sobrinho de Amauri é guardião de um dos Bancos da Praça do Ferreira,
(Fortaleza) como forma de perpetuar (não sei) a memória do seu tio. Zé Mário,
intelectual, escritor e poeta está editando juntamente com uma trupe de
Fortaleza das melhores o “Jornal O Bode Yoyô”.
O Banco dos Velhos, o ferro e a madeira mudos e
indiferentes a tudo, inertes indiscretos, a todos ouvia silenciosamente. Era o
palco onde era recebida a peça “Vocês Sabiam?” E estão dizendo por aí “. O
elenco formado por Xavier Timbó, Parnaibano, José Bessa, Vicente Rocha, Antonio
Martins, Antonio José, José Dias, Joaquim Dias e outros”.
O
cenário se apresentava quase sempre colorido pelo mesclado variado da vida e o
comportamento da juventude; e esta por sua vez prosônimou o pobre banco que
ficava no Jardim
de Iracema que somente ouvia, de: “O
Banco dos Velhos”.
A
marcha do progresso acabou, destruiu o célebre BANCO, tão querido e
apreciado. O que não se viu e muito mais ouviu ficou soterrado no esquecimento.
Arrancaram-no e com ele os seus companheiros, o gradil do Jardim foi desfeito e
as rosas bonitas e perfumadas nada mais restou.E hoje neste ensaio literário
revivemos teu passado e te perguntamos, onde te levou o progresso? “Banco
dos Velhos”, na recordação dos que te queria bem continuas vivo, intacto e
intocável, na saudade que ainda guardam de ti os que ti apreciavam, na
recordação indelével e a tristeza porque já não mais existe.
Bancos
de ninguém e sem ninguém apenas silencioso, mudo, inerte a pastorear a Praça
dia e noite, também se juntava aos outros para compor toda pracinha bela e
sonhadora.
Passeios
nas aléias ladeadas por arbustos troncos de árvores que deixavam exalar um
perfume oriundo de suas flores tão puro que o ambiente revestia-se
profundamente de uma agridocilidade.
O
tapete verde dava uma conotação de muita singeleza aos viandeiros que eram
constantes nos dias de festas especialmente.
Do
Sr. Chico Pedro, zelador do logradouro em pauta sempre muito dedicado e exigente
para que a molecada não maltratasse o jardim tão encantador e belo.
Um
tanque de ferro ou qualquer coisa parecida era o reservatório da água para a
regada do jardim que acontecia diariamente.
Do
lado nascente e poente existiam dois cacimbões cuja utilidade era para auxiliar
as aguadas nas plantinhas que compunham o vergel chamado Iracema.
O
gradil era composto de pequenas estacas que, rodeava toda avenida com um arame
liso que protegia o horto onde floresciam os roseirais aliciantes que ajudava a
inebriar todo recinto.Os namoros não aconteciam somente nos bancos como também
no encosto do gradeado. Eram cenas verdadeiramente éclogas.
Nas
festas religiosas de São Francisco e São Sebastião, quando iam ia chegando o
seu término o passeio ficava matizado, embelezando, multicolorindo, em cujos
entretons eram as moças de nossa sociedade que campeavam os seus namorados,
sempre com aquele porte elegante característico da mulher ipuense, saudável
pela beleza que estonteava e que causava receios aos pretendentes.
O
Vigilante Paredão era de uma enorme extensão intercalada por jarros floridos e
globos luminosos, com escadarias recobertas por caramanchão com Risos do Prado
Vermelho, dando um florilégio perfumado que agradava a todos.
Eram
vendidas nas Boticas as Pastilhas Valda, que eram oferecidas às donzelas, as
pré e namoradas propriamente ditas e que tinham encontro certo na avenidinha de
Iracema.
O
mudo incontestável, apenas ouvia, testemunhava e silenciava a tudo e a todos. A
sua derrubada aconteceu nos anos sessenta deixando até hoje a sua história rica
de um memorial que se foi e que ficou no coração de todos que o conheceram.
Estou falando do Paredão porque era ao lado do Jardim de Iracema, não era parte
integrante do Jardim, mas compunha o cenário que aqui relatamos.
Nos
anos (60) sessenta o Jardim de Iracema
perdeu toda sua originalidade. Foi quebrado e derrubado o Coreto que
centralizou a avenida e que marcou na sua arquitetura uma época que não
conseguimos deixar que o esquecimento se apodere de tão significativo
monumento.
A
pracinha sofreu profundas modificações, no lugar do Coreto foi criado um lago
mal estruturado feio e sujo com uma Garça no centro que serviu por muito tempo
para os atiradores vândalos da cidade. A pobre Garça só vivia quebrada...
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