sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Julio Cícero Monteiro

Julio Cícero Monteiro foi um dos grandes ipuenses nas letras, se destacando grandemente com a introdução da nova ortografia verificada na época.

Julio foi contemporâneo amicíssimo de Tomaz de Aquino Corrêa, numa época em que a juventude se dedicava com muito denodo a educação fazendo assim a sua intelectualidade torna-se evidente como bem viveu Julio Monteiro.

Editou nesse tempo os jornais: “O Paladino do Progresso”, junto a outros intelectuais Felix Porfírio de Sousa e Herculano José Rodrigues; também editou “O Ipuense” com seu primeiro número circulando em 24 de novembro de 1890, jornal impresso na Tipografia da “Ordem” em Sobral.

De acordo com o Almanaque Ipuense pág. 33, Júlio escreveu em todos os jornais da Região com o pseudônimo de JUCIMOM.

Foi contador depois de alguns anos passando da Estrada de Ferro de Sobral passando a residir em Camocim onde desenvolveu grandes atividades literárias. Adquiriu uma tipografia e editou o Jornal “A Razão” deixando transparecer o fulgor de sua pena. Acometido de uma moléstia que o prostou. Veio a falecer em Camocim junto aos seus familiares.

A MULHER

(DE MANUEL MELGAR, peruano)

Não nasceu a mulher para ser querida,

Por esquiva, por falsa, por volúvel;

E como é bela, fraca, miserável,

Não nasceu para ser aborrecida.

Não nasceu para verse submetida,

Visto ser de caráter indomável;

Porém, como a prudência é nela instável,

Não nasceu para ser obedecida.

Como é fraca, não pode ser solteira,

Como infiel não pode ser casada,

Mutável, não é fácil que bem queira.

Não sendo para amar, nem ser amada,

Nem para ser vassala, nem primeira,

Não serve, finalmente, para nada.

Resposta ao pé da letra:

(AO Sr. MANOEL MELGAR)

Só nasceu a mulher p'ra ser querida,

Por ser na terra o ente mais amável,

E como é bela, doce e inimitável,

Não nasceu para ser aborrecida.

A seus pés co'a fereza submetida

Devem prostrar-se o bravo e o indomável

E tudo quanto é firme ou é estável;

Porque em tudo seja obedecida.

Ela fraca? Ela é forte e altaneira,

Como filha ou esposa idolatrada,

Tem a força e valor d'uma guerreira.

A mulher só nasceu p'ra ser amada,

Para reinar no mundo e ser primeira

E dos homens querida e venerada.

É este soneto um dos melhores atestados do valor de Julio Cícero Monteiro, no verso.

O esforçado ipuense não tem se esquecido da história de sua nobre terra, e, nas paginas do Almanaque de Lembranças de Lisboa, escreveu desenvolvida noticia fazendo-a preceder de bem acabada planta da cidade.

Publicou mais dois bem lançados artigos - Quedas do Ipuçaba e A Cascata do Ipuçaba, trabalhos que muito recomendam os seus foros de escritor.

É dado ainda ás lides do jornalismo, professando-o com decidido gosto e real proveito.

Um comentário:

  1. Sou tataraneta do Julio Cicero, cujo meu irmão recebeu em um de seus nomes o pseudônimo JUCIMON.
    Fico feliz em ver alguém escrevendo sobre ele.

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