Julio Cícero Monteiro
Julio Cícero Monteiro foi um dos grandes ipuenses nas letras, se destacando grandemente com a introdução da nova ortografia verificada na época.
Julio foi contemporâneo amicíssimo de Tomaz de Aquino Corrêa, numa época em que a juventude se dedicava com muito denodo a educação fazendo assim a sua intelectualidade torna-se evidente como bem viveu Julio Monteiro.
Editou nesse tempo os jornais: “O Paladino do Progresso”, junto a outros intelectuais Felix Porfírio de Sousa e Herculano José Rodrigues; também editou “O Ipuense” com seu primeiro número circulando em 24 de novembro de 1890, jornal impresso na Tipografia da “Ordem” em Sobral.
De acordo com o Almanaque Ipuense pág. 33, Júlio escreveu em todos os jornais da Região com o pseudônimo de JUCIMOM.
Foi contador depois de alguns anos passando da Estrada de Ferro de Sobral passando a residir em Camocim onde desenvolveu grandes atividades literárias. Adquiriu uma tipografia e editou o Jornal “A Razão” deixando transparecer o fulgor de sua pena. Acometido de uma moléstia que o prostou. Veio a falecer em Camocim junto aos seus familiares.
A MULHER
(DE MANUEL MELGAR, peruano)
Não nasceu a mulher para ser querida,
Por esquiva, por falsa, por volúvel;
E como é bela, fraca, miserável,
Não nasceu para ser aborrecida.
Não nasceu para verse submetida,
Visto ser de caráter indomável;
Porém, como a prudência é nela instável,
Não nasceu para ser obedecida.
Como é fraca, não pode ser solteira,
Como infiel não pode ser casada,
Mutável, não é fácil que bem queira.
Não sendo para amar, nem ser amada,
Nem para ser vassala, nem primeira,
Não serve, finalmente, para nada.
Resposta ao pé da letra:
(AO Sr. MANOEL MELGAR)
Só nasceu a mulher p'ra ser querida,
Por ser na terra o ente mais amável,
E como é bela, doce e inimitável,
Não nasceu para ser aborrecida.
A seus pés co'a fereza submetida
Devem prostrar-se o bravo e o indomável
E tudo quanto é firme ou é estável;
Porque em tudo seja obedecida.
Ela fraca? Ela é forte e altaneira,
Como filha ou esposa idolatrada,
Tem a força e valor d'uma guerreira.
A mulher só nasceu p'ra ser amada,
Para reinar no mundo e ser primeira
E dos homens querida e venerada.
É este soneto um dos melhores atestados do valor de Julio Cícero Monteiro, no verso.
O esforçado ipuense não tem se esquecido da história de sua nobre terra, e, nas paginas do Almanaque de Lembranças de Lisboa, escreveu desenvolvida noticia fazendo-a preceder de bem acabada planta da cidade.
Publicou mais dois bem lançados artigos - Quedas do Ipuçaba e A Cascata do Ipuçaba, trabalhos que muito recomendam os seus foros de escritor.
É dado ainda ás lides do jornalismo, professando-o com decidido gosto e real proveito.
Sou tataraneta do Julio Cicero, cujo meu irmão recebeu em um de seus nomes o pseudônimo JUCIMON.
ResponderExcluirFico feliz em ver alguém escrevendo sobre ele.