O Canto do Pintassilgo.
Transportei-me para o ano de 1984, quando
numa tarde de uma quarta-feira de trevas rumei com minha família para uma das
fazendas da família do saudoso Valdemar Ferreira de Carvalho. Era Semana Santa,
o inverno estava copioso e os açudes já sangravam.
Chegamos à noitinha naquele recanto de
belezas raras. Ao por do sol o reflexo dos seus raios eram vistos
maravilhosamente nas águas dos açudes. As Juritis entoam o seu arrolho doce
anunciando o anoitecer.
Muita coalhada, aquela escorrida, tapiocas
com queijo fresco e tudo mais. Era o nosso jantar
Do alpendrado da Casa Grande já podíamos
contemplar uma Lua Chorosa vez por outra entre as nuvens e em outros momentos
quase límpida no azul do firmamento.
Uma noite maravilhosa cheia de
encantantamento e bondade.
Aos primeiros sinais do novo dia, levante-me,
fui ao curral onde os nossos moradores faziam a ordenha. Leite mungido e mais e
mais.
Ainda estava turvo quando o Rei dos Quintais
anuncia o alvorecer. Um piado aqui outro acolá, era a passarada que despertava
para mais um dia. Parei e escutei. Eram vários pássaros que anunciavam o
amanhecer.
De repente os sons se misturam num processo
de agridocilidade sem igual, muitos cantos, muita sonoridade naquela linda manhã.
Recostei-me em uma das estacas da cerca e ao
contemplar um juazeiro pude ouvir a canção lírica de um passarinho de plumagem
amarela com ponta de assas e cabeça preta; era um Pintassilgo. Passei a
admirá-lo, pois o pequeno pássaro entoava uma sinfonia incrível com uma
orquestração admirável e bela.
As notas eram de uma perfeição sem igual, tão
pequeno e tão poderoso capaz de transmitir para o Universo uma canção linda a
canção da beleza de um alvorecer de imorredouras saudades.
E a pequena ave continuava na sua a sua doce
e suave cavatina deixando-nos cada vez mais embevecidos.
As notas musicais iam se formando nos ares e
se mesclavam com os outros cantos de aves que ali aportavam. Uma singular
orquestração de sons puros e reais que a natureza junto aos meus ouvidos me
proporcionava naquele momento.
O Sol ainda tingido por algumas nuvens rompia
o dia e sua claridade intensa naquele dia. A folhagem dos pés de marmeleiro dos
com suas flores perfumadas, e os paus de sabias enverdecidos com a chegada das
chuvas uma coisa própria do nosso sertão. Ainda estavam orvalhados recebia os
raios do astro rei naquela manhã que ficou distante e eu não esqueci.
PASSARINHOS
Cantai,
cantai e alegrai recantos.
Oh!
Doces passarinhos meigos
De
gorjeios lindos cheios de encanto
De
manhãs de Sol e galanteios.
Em
gaiolas douradas esbanjam
Uma
linda plumagem multicolorida, rara.
De
silvestres pipilos eles cantam
Quando
a natureza anuncia nos ares.
A voz
do mundo em arpejos naturais
Que
ecoa em sons divinais
Aos
ouvidos de menestréis solitários
Uma
voz que escuta em harmonia,·.
Vibrante
tão profunda melodia
Aos
acordes perfeitos de uma elegia.
Ipu,
16 de novembro de 2011.
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