A Máquina Maria Fumaça!
(Nº
118)
“Café com Pão Bolacha Não”. Era o barulho
provocado pelo andamento de uma carruagem comandada por uma Locomotiva movida a
fogo e água mantinha esse reboliço que conhecemos na nossa tenra idade das
nossas inesquecíveis Máquinas de trem chamadas Maria Fumaça.
Ainda hoje perdura vivamente em nossas mentes
aquela locomotiva preta com letreiros brancos indicando R.V.C. - Rede Viação
Cearense e bem na sua Tromba o Nº da Balduína que aqui nos referimos a de Nº
118 por ter servido de antonomásia para certa mulher que convivia no nosso meio
social servindo como doméstica de certa residência e que quando andava por ser
muito alta e forte e não muito gorda, era rapidamente a sua marcha e quando
partia para o andar mais veloz tinha-se a impressão de uma das arrancas das
nossas M.F.
Devido a sua manutenção ser a água e a lenha
em cada estação existiam várias caixas d’água para o abastecimento das mesmas.
Quando as mesmas estavam se abastecendo dizíamos: “O trem está tomando água”,
era a Maria Fumaça que estava enchendo o seu tanque para continuar viagem.
Era o trem mais demorado, o que dava tempo
para o embarque dos passageiros e desembarque, para descargas de encomendas e
para os famosos bate-papos com os viajantes conhecidos que por aqui passavam.
Não tardava e um apito fino, agudo era
ouvido. Era o primeiro sinal que Máquina estava abastecida e pronta para seguir
viagem.
Todos se apressavam para tomar os seus
assentos e continuar viajando naquela bucólica “Café com Pão Bolacha Não” até o
seu final destino.
Antes soltava o jato de fumaça que cobria
quase toda praça. Era um espetáculo a parte e o medo para criançada que
assistiam o fumaceiro.
Mas outros apitos e comboio eram sacudidos
com forma de se aprumar e seguir o seu destino. O agente da estação dava a
partida final e o trem ia embora, deixando até hoje saudades imorredouras das
manhãs, das tardes que consideramos fagueiras, ditosas e benditas para nós
ipuenses que amamos verdadeiramente a nossa terra e que valorizamos e sentimos
o valor de cada episódio por nós vividos.
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