quarta-feira, 11 de junho de 2014


           C H A P É U S   E   S E U S   U  S O S
 

O homem primitivo não tinha sequer roupa, como poderíamos imaginar que ele tivesse chapéu? A roupa dele apareceu por uma grande necessidade. Para proteger-se do frio, ele começou a enrolar-se na pele de suas caças. Começava assim a moda do vestuário.
Também, para se proteger da chuva, ele colhia grandes folhas de certos arbustos e cobria a cabeça; depois ele viu que, cobrindo a cabeça não somente estava protegido da chuva mais também do sol escaldante do deserto. Nascia assim a moda do chapéu.
A finalidade do chapéu é proteger, não somente a cabeça, mas também, se possível todo o corpo. É somente tomarmos como exemplo os sombreiros usados pelos mexicanos.
O chapéu tem sido usado em todas as épocas e por todas as classes sociais.  Aliás, o chapéu também serve para identificar, a que classe social pertence quem está lhe usando. Então vejamos: ao vermos um cidadão usando uma cartola, sabemos que o mesmo não é um vaqueiro nordestino; esse usa chapéu de couro e quebrado na testa. Aliás, essa indumentária que até nosso Gonzagão usava, é conhecida como traje de cangaceiro e não o é.  É sim o chapéu do nosso bravo vaqueiro nordestino, ele fazia parte de sua roupa de couro que ele usava para proteger-se dos espinhos das caatingas do sertão na corrida atrás do boi. Os cangaceiros passaram a usá-los também com a mesma finalidade, não correndo atrás do boi, mas sim, correndo da volante, - polícia – que eles os chamavam de macacos.
O agricultor do nordeste usa: chapéu de palhinha, de dois forros, curinga e o chapéu caravana, aquele descartável que todos vocês os conhecem por serem usados nas festas juninas aqui do sudeste. Todos esses chapéus são feitos de palhas de carnaúba aquela palmeira milagroso do meu sertão e que já falei dela muito para vocês. Esses chapéus eram usados por aqueles que não podiam comprar um chapéu de feltro, lá chamados de chapéu de massa, esses eram muito bonitos, tinham copa, abas, carneira e fita. Entre as marcas famosas estavam: Prada e Mangueira, esse último fabricado no pé do morro da Mangueira enfrente onde estamos agora. Meu pai, o velho Antônio Lucinda só usava chapéus de massa.
Tinha os quepes que eram usados pelos militares e pelos funcionários públicos: correios, ferroviários, endemias rurais. Juro que em criança eu desejava ser um desses; somente por causa do quepe; esse tinha em sua parte interna um mapa do Brasil protegido com um plástico transparente, eu ficava encantado.
Eu tenho uma amiga, hoje moradora de Fortaleza, é a Lourdes, ela é filha do Lopinho, guarda da malária, residente em Ipú e de saudosa memória. Há Lourdes um dia mandou ler sua mão por uma cigana lá na feira de Ipú onde era morava na época. A cigana pegou sua mão e ao lê-la disse: você vai se casar com um homem de boné. Lourdes entendeu que, boné seria quepe. Também, pensou ela que, naquele universo onde ela morava, homens de quepe somente os agentes da estação ferroviária e, esses eram todos casados. Também tinha os colegas de seu pai que eram da malária; todos casados. Dando segurança á cidade tinha, quatro soldados, um cabo e um sargento da polícia militar. Todos casados. Também na cabecinha da Lourdes, aquele homem de boné, quer dizer, quepe, deveria ser um oficial das forças armadas. Quem sabe, da marinha! Aquele uniforme azul-marinho deles a enlouquecia. Mas como da marinha se em Ipú nem mar tinha, como iria ter marinheiros. Também na sua cidade não tinha exercito e nem aeronáutica, com certeza seu príncipe não estaria ali. Ela resolveu vir para o Rio de Janeiro. A cigana não se enganou no Rio a Lourdes se casou com o Moisés Craveiro, um rapaz  do sítio Curralinho, município de Guaraciaba do Norte. O Moisés, não era militar, porém trabalhava na portaria de um edifício em Copacabana. Porém , de boné.
Numa coisa tenho certeza, aonde os chapéus encontraram mesmo seu lugar foi na cabeça das mulheres. Tudo que esses seres supremos usam muda para melhor, e elas também, se é que isso é possível. Vi essa semana no hipódromo de São Paulo, por ocasião do grande prêmio São Paulo de turfe. Aquelas mulheres com seus luxuosos chapéus pareciam Divas. Tudo nelas as fazem mais belas. Se é que isso é possível.
Do livro” Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica”

De Amadeu Lucinda

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