segunda-feira, 16 de março de 2015
A CHEGADA DO TREM.
As badaladas do sino da Estação
Ferroviária ecoavam em toda cidade, anunciando que o Trem havia saído de Pires
Ferreira ou Abílio Martins.
Os comerciantes, aqueles
compromissados com o trem de passageiros, apressavam-se para receber e entregar
correspondências de outras cidades, e ainda mais, adquirir Os Jornais da
Capital, – O POVO, UNITÁRIO e CORREIO DO CEARÁ, a revista era O Cruzeiro, tudo
isso ansiosamente esperado por todos.
Enquanto isso, as moçoilas,
usavam sombrinhas para protegerem-se do Sol lotavam a pracinha da estação
aguardando a chegada do trem de ferro com toda sua majestade e beleza dos
carros que compunham o comboio. Era um movimento dos mais pitorescos. Ali elas
aguardavam a passagem de amigos, dos namorados. Um vai e vem de veículos fazia
parte do cenário. O ônibus e o misto da Empresa Paiva compunha também aquele
quadro que ainda hoje parece estarmos vendo e vivendo tão nostálgicos momentos.
A Frota Paiva servia para
conduzir passageiros com destino a Serra da Ibiapaba sendo o seu final em São
Benedito.
A frondosa “OITICICA”, abrigando
os mais idosos contra o sol causticante da tarde era um local agradabilíssimo
para todos.
Com um leve apito, “lá vem o
trem”, a agitação era total daqueles que esperavam a grande comitiva; mais
outro apito e o trem descortina-se na curva de acesso a estação da cidade. O
burburinho era intenso: água boa da serra!... quem vai querer? Olha o pão! O
café bom e “DONZELO”... E muitos outros produtos eram vendidos durante as
passagens dos trens
Enquanto isso, os encontros
furtivos, as conversas dos passageiros, os folguedos de uma juventude sonhadora
e cheia de ideais. Como era bom! São dias de um tempo que não apagamos do nosso
viver, tempo de um frívolo bem-estar. Estação de ar nostálgico, de arquitetura
bela e de imponência rara. Boa parte do comércio era fechado. Todos a Estação
Ferroviária, a nossa antiga R.V.C.
Mais um apito, dessa vez mais
saudoso! A grande condução se movimentava toda. As despedidas, um até breve,
risos lágrimas, angústia... é o trem que partira deixando a todos uma alegria
ou uma saudade imensa.
Quantas saudades ali vividas
foram para sempre. Quantos olhares foram se distanciando da serra onde murmura
a Bica que em sinfonia faz a festa do nosso cotidiano, poderá ter ficado uma
eterna e última saudade.
A cidade volta ao normal. Todos
para suas casas. O trem partiu foi embora, e não mais voltou...
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