quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Poesia


Neste paciente trabalho, Thomaz Correia perfila o typo de Iracema «a morena virgem dos labios de mel» de quem se occupou o genio de José de Alencar.
Vejamos o bello soneto:

Da canella gentil
Roubaste a bella côr
P'ra teu collo gracil,
Oh! milha linda flôr.

Teus labios de coral
De volupia e amôr,
Formam puro idéal,
Verdadeiro primôr.

Que belleza pôz Deus
Nos meigos risos teus,
Nos olhos tão gentis,

Na bôcca de carmim
Um beijo, ai de mim!
Far-me-ia ser feliz.

Selvagem linda
Genio idéal,
Tens graça infinda
Celestial.

Labios ardentes
Na bôcca breve
Cercando dentes
Frocos de neve.

Que graça immensa,
Que chamma intensa
No puro olhar!

Quanto doçura,
Que gran ventura
Em te adorar!...

De suas Quadras Singélas:

Um beija-flor já vi morto
Ao pé de verde roseira,
Deu-lhe a morte agudo espinho
De uma rosa traiçoeira.

Quantos corações não ha,
Que vão em busca do amôr
E vão nisso achar a morte
Como o pobre beija-flôr.

São estas duas quadrinhas, leves e subtis, tiradas a esmo de uma collectanea, onde encontramos diversas com o titulo acima, todas justificando o pendor do poeta.

(Escrita toda na ortografia original - 1915)

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