quarta-feira, 23 de março de 2016



Johan Wolfgang von Goethe, nasceu em Frankfurtam Main, a 28 de Agosto de 1749, sendo considerado não só o maior escritor alemão, como também um dos maiores vultos do Renascimento.
Filho mais velho de Johan Caspar Goethe, jurista e homem culto que não exercia o cargo, vivendo dos rendimentos da sua fortuna pessoal, e de Catharina Elizabeth Goethe, oriunda também de uma família abastada, teve, juntamente com sua irmã, uma educação esmerada.
Embora preparado para ser advogado, foi um exímio cientista, especialista em morfologia biológica; dirigiu orquestras e uma ópera; pintor de mérito, foi ministro principal do seu Estado alemão de Weimar e jornalista ocasional; falava alemão, francês, inglês, italiano, latim, grego e hebraico e traduziu para alemão Cellini, Voltaire e Byron.
A multiplicidade dos seus interesses e a variedade dos seus escritos faz com que escape a uma classificação definitiva. Se, por um lado, Goethe herdou do Iluminismo um certo olhar sobre a existência dominado pela razão e a curiosidade científica, os seus trabalhos sobre a Natureza revelam a descoberta de um espírito marcado pela instabilidade e pela metamorfose. Se, por um lado, manteve a sua fé na capacidade humana, a sua obra realça o que no Homem existe de desordem interior, cuja vivência acentua uma qualidade trágica semelhante à dos gregos, só que agora são os sentidos e os sentimentos que abrem os abismos por onde se resvala.
Em Goethe, a vida e a obra têm tão íntima ligação que se tornou célebre a afirmação que todas as suas obras são “fragmentos de uma grande confissão”.
A sua biografia – dos amores às viagens – é essencial para a total compreensão da sua obra multifacetada.
Apreciava todas as formas de arte e definiu uma vez a arquitectura como “eine erstarrte Musik” (música congelada).
Grande poeta e dramaturgo, foi, juntamente com Herder e Schiller, o criador do movimento literário conhecido como Sturms und Drung (tempestade e pressão), antecipando já então os grandes temas do Romantismo europeu.
Em 1774, a novela epistolar Die Leiden des jungen Werther (Os Sofrimentos do Jovem Wether) – que parece ter resultado do seu amor frustrado por Charlotte Buff – se constitui um verdadeiro estudo de uma sensibilidade doentia, fez desta um emblema romântico, tornando esta encenação do sofrimento amoroso uma espécie de imagem de culto, que esteve aliás na origem de uma sucessão de suicídios.
Em 1775 muda-se para Weimar, a convite do duque Carlos Augusto, onde exerce funções ministeriais e mantém um romance com Charlotte von Stein, do qual restam documentados duas mil cartas e bilhetes.
Em 1786, depois do desgaste da sua relação com Charlotte e farto do seu trabalho, entra em crise e sem avisar ninguém parte para Itália, onde se mantém até 1786, viajando pelo país, que adorou. Retorna a Weimar e conhece Christiane Vulpius, uma jovem de 23 anos, de origem simples, com quem casa em 1806, no mesmo ano em que a cidade é invadida pelos franceses. O casamento só termina com a morte dela em 1816.
A sua poesia lírica, desde as canções aos hinos, são de uma simplicidade profunda. Foi, porém, no drama que Goethe realizou algumas das suas obras mais significativas, nomeadamente nos casos de Egmont (1787), Iphigenie auf Tauris (1787), Torquato Tasso (1789), e principalmente “Fausto”, (Fragmento, 1790; I Parte, 1808; II Parte, 1832).
Esta actualização do mito fáustico constitui uma das peças fundamentais da cultura europeia, na medida em que nos dá uma representação simbólica da tragédia do homem ocidental, animado pela sede de experiencia, entusiasmado pela ideia do conhecimento – que é, de algum modo, o ímpeto para se igualar a Deus – mas que o leva, para o conseguir, a estabelecer um pacto demoníaco
O seu talento e celebridade foram tão grandes, que no seu próprio tempo muitos chefes de Estado fizeram questão de lhe serem apresentados. Quando Napoleão o conheceu em Erfurt, em 1808, e o condecorou com a grande cruz da Legião de Honra, observou: “Voilá un homme!” (Eis um homem!).
Morreu aos 82 anos de idade, a 22 de Março de 1832, na cidade de Weimar, que se tornou o grande centro da cultura europeia. Está sepultado no Cemitério Histórico, ao lado do seu grande amigo Friedrich Schiller.

Jornal “O Público” – Enciclopédia, vol.10
Marsh, B. e Bruce Carriuck – 365 Grandes Histórias da História.



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