As Excelências – (Incelências)...
Cantiga de velório
em uníssono sem acompanhamento instrumental, até o dia amanhecer e ainda
cantavam benditas e excelências que falavam do Padre Cícero e outras cantigas
alusivas a outros Santos e muito especialmente ao defunto. As vozes eram
ouvidas a distancias, pois era muito comum nos sertões e nas serranias. Não só
catavam, mas, entre alguns cânticos eram rezadas algumas orações em homenagem
ao fiel defunto.
Certa vez me
encontrava na localidade de Ingazeiras, em companhia de um grande amigo do
Papai seu Joaquim Camelo, que ia fazer umas “Incelências” localidade pertencente
ao Ipu. Era muito menino mas fiquei ligeiramente amedrontado ao ouvir cânticos
e mais cânticos na frente de uma pessoa morta. Pensei logo em correr, mas as
pessoas que se encontravam comigo já bem amadurecidas me deram confiança e eu
fiquei por alguns momentos vendo e ouvindo as músicas sem pé e sem cabeça
naquele velório, o que ainda hoje eu não sei quem era.
Eram senhoras,
mulheres já de idade com um véu sobre a cabeça quem entoavam cânticos
dolorosamente tristes e lúgubres dando realmente uma impressão fortíssima do
tétrico cemitério.
Tinha um que dizia assim “Vai simbora desta terra, pradispõs virá
pó... santíssima trindade abençoa este irmão que aqui morô. Bendito Louvado
Seja – BIS”.
Outras cantigas eram entoadas como: “Bendito louvado seja no céu a
divina luz e nós aqui na terra louvemos a Santa Cruz.”.
“No céu, no céu, com minha mãe estarei no céu no céu com minha Mãe
estarei.”
No dia seguinte após
aquela noite de muita tristeza se processava o enterro, numa rede segurada por
pedaço de pau que ia de um punho a outro da rede propriamente falada, segurado
nos ombros de fortes homens, quase sempre eram da família do morto. Ao chegar ao
Campo Santo mais rezas e cânticos, eram as despedidas o corpo era colocado numa
cova de sete palmos limpo e seco sem rede e nem mesmo as urnas mortuárias de
hoje; nem pedíamos pensar e nem mesmo admitir que nos dias de hoje fossem
assim.
Era a despedida,
cada um que estivesse presente teria que jogar uma pazada de terra ou barro
para que não viesse acontecer com frequência outras mortes em suas
famílias.
Hoje não existe mais
este tipo de velório apesar do sentimento de cada um os rituais fúnebres são
bem diferentes. Missa, Músicas apropriadas, água benta orações e mais orações
rezadas por algum Sacerdote ou mesmo por algumas pessoas leigas integrantes, de
movimentos religiosos, renovações da Igreja Católica e outras mais.
Não podemos esquecer
que atualmente existem as Carpideiras,
que são contratadas por familiares de defuntos, que não encontrando uma razão
para chorar chamam as especialistas para fazer as lamentações do morto
recitando em voz alta e em lágrimas o que fez de bom na terra.
E assim caminha a
nossa fé. Muitas das vezes disfarçada para mostrar a sociedade uma hipocrisia,
e neste razão hipocritamente verdadeira é a função dessas infelizes
Carpideiras.
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