sábado, 19 de novembro de 2016


Nesta semana observei dois pais e duas mães discutirem sobre as personalidades tidas como ídolos na atualidade para a juventude. Lamentavam o fato de os brasileiros em formação estarem demasiadamente carentes de boas referências. Bons exemplos que possam contribuir na descoberta de vocações e que colaborem no direcionamento de suas vidas. Citavam, ainda, o desinteresse dessa garotada em aprofundar a busca desses vultos, inclusive do passado, já que tem a seu dispor a Internet, a mais importante invenção dos últimos tempos.


Mas será que é pequena mesmo a quantidade de bons exemplos no País? O desinteresse em procurá-los, descobri-los será apenas dos jovens? E qual a influência da mídia nesse questionamento?

No meu entender, ainda podemos contar com grande número de bons exemplos e em todas as camadas da sociedade, assim os procuremos. Estimular a busca por eles compete à família, que se deve munir de conhecimento da vida e obra dos grandes vultos de que dispomos no passado e de pessoas do presente, ainda vivas, e dignas de serem reconhecidas e mais divulgadas. 


Por outro lado, é notória a negligência da maioria dos pais, educadores e formadores de opinião por não insistir em mostrar claramente a diferença entre esses verdadeiros exemplos e certos tipos de “heróis, famosos, modelos a ser seguidos” (atores, cantores, jogadores, políticos, profissionais liberais, ex-BBB´s, etc.), com as devidas exceções, hoje produzidos pelo segmento nocivo da mídia. É claro que também existe quem se propõe a trabalhar para o bem da sociedade. Só que frequentemente tem de travar duelo com a outra parte que se pauta no interesse financeiro ou escuso.
Agora, pegando a deixa do Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), relembro aqui três nomes – três exemplos de vida - que também lutaram pela liberdade com que sonhava o herói Zumbi dos Palmares (1655 -1695). Obviamente outros nomes importantes poderiam merecidamente fazer parte deste pequeno comentário, mas optei por esses três porque presumo que a maioria dos leitores pouco ou nenhum conhecimento tem desses grandes vultos.
Primeiramente, em nível local: Cosme Bento das Chagas (1800 - 1842), mais conhecido como Negro Cosme, foi um escravo livre que saiu de Sobral (CE) para ser líder na Balaiada (1838 e 1840), rebelião ocorrida no Maranhão. Negro Cosme comandou mais de 3.000 revoltosos, lutou até o fim por sua causa, mas terminou preso e enforcado em praça pública em Itapecuru-Mirim (MA), em 20 de setembro de 1842. 


Maria Tomásia Figueira Lima  (1826-1902?), foi uma sobralense, branca, e que lutou a vida inteira pela libertação dos escravos. Foi cognominada “A Libertadora”, pois durante o dia, em Fortaleza (CE), arrecadava fundos para comprar e libertar escravos; à noite, ajudava companheiros a “roubar” escravos de senzalas e os libertava.

Em nível nacional, ressalto a figura extraordinária de Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 - 1882), negro baiano (Salvador), que, apesar de filho de mãe negra livre e pai branco, tornou-se escravo aos 10 anos, após ser vendido pelo pai endividado (jogos). Sua a mãe, Luísa Mahin, havia confiado sua guarda ao pai por ter de fugir por participar da Revolta dos Malês. 

Luís Gama conseguiu alfabetizar-se aos 17 anos; atuou em várias profissões; tornou-se autodidata e, sem poder frequentar faculdade, transformou-se num rábula e jornalista famosa e empolgante orador; fez sua própria defesa, conquistando judicialmente sua liberdade; foi líder dos republicanos, maçom respeitado e elegeu o fim da escravidão negra no Brasil como sua meta principal; libertou também mais de quinhentos negros sem cobrar nada; aos 29 anos já era escritor e poeta consagrado e jamais arredou pé do seu ideal, o que o tornou famoso em São Paulo, onde vivia, e no Brasil. Mas morreu de diabetes aos 52 anos, pouco antes de ver seus sonhos concretizados: Abolição da Escravatura (1888) e Proclamação da República (1899). 

Cento e trinta e três anos após sua morte, em sessão solene, no dia 03 de novembro de 2015 a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção São Paulo, concedeu o título de "ADVOGADO" a Luís Gama. Segundo as palavras de Marcos Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB, "Trata-se de uma justíssima homenagem a quem tanto lutou por liberdade, igualdade e respeito”.
Depois dessa rápida amostragem, completo o título deste artigo, e sem nenhum receio de incorrer em grave erro: Bons exemplos de brasileiros (homens e mulheres) temos, e muitos. Só falta quem os reconheça e os divulgue mais, principalmente se esses exemplos vêm de integrantes da parte mais humilde e menos lembrada do nosso povo. Pense nisso!

Realização

Antes, muita gente concordava com a afirmação de que o Carnabral só trazia benefício para os organizadores. Com a não realização do evento este ano, dá até pra se pensar que esse pessoal também caiu na real e constatou que não era bem assim. Ou será que faltou Real para realizá-lo?

Pérolas do Rádio

Aqui, prezamos pela parcialidade, pois estamos sempre de encontro à verdade e à seriedade”. Talvez o colega queria dizer: “Aqui, prezamos pela imparcialidade, pois estamos sempre ao encontro da verdade e da seriedade”. Mas, pelo que sei de quem falou assim, ele apenas confessou seu perfil inconscientemente

Nenhum comentário:

Postar um comentário