sábado, 13 de setembro de 2014

Trabalho acadêmico e de intervenção resgata ‘era dos alto-falantes’ como elemento histórico de Prudente
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2012

Intitulado “Revendo os alto-falantes como elemento de memória coletiva do Centro Histórico de Presidente Prudente-SP”, o trabalho acadêmico realizado em maio deste ano por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), relembra a era dos alto-falantes que movimentaram o centro da cidade, como capítulo importante de sua história. Resulto do projeto de intervenção urbana “Revivendo Memórias Urbanas”, bem como de pesquisas feitas através de registros fotográficos e relatos populares, o trabalho das alunas Karin Fernanda Schwambach, Camila de Castro Assad e Gabriela Bianchi Lanzetta instiga o questionamento sobre o sub-uso das potencialidades do centro urbano, e identifica os elementos que resgatam essa memória desconhecida pela sociedade atual. Com resultado de tanto esforço, o trabalho chegou a ser apresentado e aprovado no III Seminário Urbicentros, realizado em outubro na cidade baiana Salvador.
No andamento da pesquisa, as estudiosas traçaram sob a condição do “antes e depois” o cenário característico do quadrilátero central, de grande esvaziamento à noite e de movimentação intensa durante o dia em consequência da grande quantidade de comércio e prestação de serviço. “Mas nem sempre foi assim. O centro tradicional chegou a ter noites agitadas sendo o principal ponto de encontro das pessoas nas décadas de 1950 e 1960, aonde os serviços de alto-falante eram ‘pano de fundo’ que transformava o ambiente urbano”, justificam elas na pesquisa, complementando que essa mudança de comportamento foi influenciada por pelo menos três fatores, sendo eles mudança no estilo de vida das pessoas, dinâmica econômica da cidade e reestruturação da rede ferroviária com o fim do transporte de passageiros em 1999.
“Além disso, a descentralização das atividades de comércio e serviço por meio [sub-centros], bem como a invasão da cultura dos ‘shopping centers’ dividiu o público alvo e diminuiu consideravelmente a frequência no centro”, acrescentam as estudantes.
O estudo também apresenta especulações e argumentos para compreensão da realidade na tentativa de desmistificar processos urbanos sofridos no centro com o passar dos anos. Para tal, citam a reforma do Calçadão entregue pelo prefeito Milton Carlos de Mello ‘Tupã’ (PTB) em novembro do ano passado. “No ano passado, a principal rua de comércio, Rua Tenente Nicolau Maffei, o Calçadão da cidade, recebeu um projeto de requalificação urbana com calçamento, novos mobiliários, nova iluminação. Essa renovação já trouxe melhorias, sendo aprovado pela população local”, ratificam no trabalho.
A metodologia aplicada e na qual foi norteado todo o trabalho incluiu levantamentos históricos, socioeconômicos e de infraestrutura para que o objeto de estudo pudesse ser compreendido. Paralelamente, os autores do projeto também recorreram a pesquisas documentais e registros fotográficos para analisar com era o espaço nas décadas anteriores. Como resultado desse aprofundamento, as futuras arquitetas elaboraram uma proposta de intervenção urbana na área central, trazendo elementos do passado pertencentes à identidade local aos dias atuais, a exemplo do serviço de alto-falante que era o principal veículo de comunicação no passado e embalava o quotidiano dos prudentinos.
Na conclusão, as universitárias revelam que “o trabalho realizado permitiu a vivência de registros históricos e a imersão no universo de cidade que, embora seja a mesma, apresentava personagens e costumes distintos daquele no qual nos inserimos”. “Essa experiência propicia a valorização do passado e a reflexão da transformação cíclica das cidades, que no caso de Presidente Prudente foram várias. A área central já foi à cidade toda, passou a ser o local de lazer e recepção de viajantes e atualmente é um centro comercial que recebe a população da região. Tais mudanças não podem ser rotuladas como boas e ruins, foram mudanças que são resultados do crescimento da cidade”, encerram.
Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação


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