Trabalho acadêmico e de intervenção resgata ‘era
dos alto-falantes’ como elemento histórico de Prudente
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2012
Intitulado “Revendo os alto-falantes como elemento de memória coletiva
do Centro Histórico de Presidente Prudente-SP”, o trabalho acadêmico realizado
em maio deste ano por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), relembra a era dos alto-falantes que
movimentaram o centro da cidade, como capítulo importante de sua história.
Resulto do projeto de intervenção urbana “Revivendo Memórias Urbanas”, bem como
de pesquisas feitas através de registros fotográficos e relatos populares, o
trabalho das alunas Karin Fernanda Schwambach, Camila de Castro Assad e
Gabriela Bianchi Lanzetta instiga o questionamento sobre o sub-uso das
potencialidades do centro urbano, e identifica os elementos que resgatam essa
memória desconhecida pela sociedade atual. Com resultado de tanto esforço, o
trabalho chegou a ser apresentado e aprovado no III Seminário Urbicentros,
realizado em outubro na cidade baiana Salvador.
No andamento da pesquisa, as estudiosas traçaram sob a condição do “antes
e depois” o cenário característico do quadrilátero central, de grande
esvaziamento à noite e de movimentação intensa durante o dia em consequência da
grande quantidade de comércio e prestação de serviço. “Mas nem sempre foi
assim. O centro tradicional chegou a ter noites agitadas sendo o principal
ponto de encontro das pessoas nas décadas de 1950 e 1960, aonde os serviços de
alto-falante eram ‘pano de fundo’ que transformava o ambiente urbano”,
justificam elas na pesquisa, complementando que essa mudança de comportamento
foi influenciada por pelo menos três fatores, sendo eles mudança no estilo de
vida das pessoas, dinâmica econômica da cidade e reestruturação da rede
ferroviária com o fim do transporte de passageiros em 1999.
“Além disso, a descentralização das atividades de comércio e serviço por
meio [sub-centros], bem como a invasão da cultura dos ‘shopping centers’
dividiu o público alvo e diminuiu consideravelmente a frequência no centro”,
acrescentam as estudantes.
O estudo também apresenta especulações e argumentos para compreensão da
realidade na tentativa de desmistificar processos urbanos sofridos no centro
com o passar dos anos. Para tal, citam a reforma do Calçadão entregue pelo
prefeito Milton Carlos de Mello ‘Tupã’ (PTB) em novembro do ano passado. “No
ano passado, a principal rua de comércio, Rua Tenente Nicolau Maffei, o
Calçadão da cidade, recebeu um projeto de requalificação urbana com calçamento,
novos mobiliários, nova iluminação. Essa renovação já trouxe melhorias, sendo
aprovado pela população local”, ratificam no trabalho.
A metodologia aplicada e na qual foi norteado todo o trabalho incluiu
levantamentos históricos, socioeconômicos e de infraestrutura para que o objeto
de estudo pudesse ser compreendido. Paralelamente, os autores do projeto também
recorreram a pesquisas documentais e registros fotográficos para analisar com
era o espaço nas décadas anteriores. Como resultado desse aprofundamento, as
futuras arquitetas elaboraram uma proposta de intervenção urbana na área
central, trazendo elementos do passado pertencentes à identidade local aos dias
atuais, a exemplo do serviço de alto-falante que era o principal veículo de
comunicação no passado e embalava o quotidiano dos prudentinos.
Na conclusão, as universitárias revelam que “o trabalho realizado
permitiu a vivência de registros históricos e a imersão no universo de cidade
que, embora seja a mesma, apresentava personagens e costumes distintos daquele
no qual nos inserimos”. “Essa experiência propicia a valorização do passado e a
reflexão da transformação cíclica das cidades, que no caso de Presidente
Prudente foram várias. A área central já foi à cidade toda, passou a ser o
local de lazer e recepção de viajantes e atualmente é um centro comercial que
recebe a população da região. Tais mudanças não podem ser rotuladas como boas e
ruins, foram mudanças que são resultados do crescimento da cidade”, encerram.
Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário