sábado, 20 de setembro de 2014

P I N T U R A S D E M A C A C O
A L C A N Ç A M R$ 61.000,00
O título acima foi manchete de um artigo, ou reportagem, publicado na Folha de São Paulo em 22/06/05.
Mencionava o repórter que, três quadros de pinturas abstratas e que foram pintados por um chimpanzé teriam alcançado esse valor em um leilão.
A faculdade nos jogou a batata quente na mão e mandou: escrevam sobre. E que criássemos uma história.
Confesso á vocês que me senti deveras desconfortado para descrever o fato ali mencionado.
Também confesso á vocês que não tenho a menor habilidade para desenho ou pinturas.
Peço desculpas aos pintores e artistas em geral. A culpa é toda minha... Então eu lembrei-me de um programa da televisão dos anos setenta, “O Planeta dos Macacos,” e que havia um refrão: - o macaco ta certo! –
Muito bem; por outro lado, tenho um carinho muito grande pelos jovens, assim como também muito respeito e confiança em suas idéias.
Ás vezes eles são irreverentes e até agressivos em suas idéias, porém, dão o seu recado. “E como diz a máxima, ‘Deus escreve certo por linhas tortas.” Os jovens estão certos. Sempre que eles abraçam uma causa, ou lançam um movimento por; alguma coisa de bom vai sobrar para a humanidade. Eles têm poder de virarem o jogo e mudar o Mundo.
Citarei alguns fatos que conhecemos: nos fins dos anos cinqüenta parece que deu a louca nos jovens do mundo inteiro.
Nos U.S.A. Elvys Paisley, Neil Sedaka, e tantos outros balançavam o mundo com seus shows e suas irreverências. Do outro lado do mundo. The Beths chegaram a dizer que sua popularidade era maior que a de Jesus Cristo.
O exemplo disso nossos jovens brasileiros colocaram suas mochilas nas costas e deixaram seus cabelos crescerem pegaram a estrada e, acenando com os dedos indicadores e médios, pregavam: “PAZ e AMOR” Eles ainda estavam confusos com a liberdade recém-adquirida com a democracia pós ditadura Vargas. Era muito recente. Principalmente com a democracia reinante no governo JK. Onde o próprio presidente saía de Brasília e vinha ao Rio tomar aula de violão com Dilhermano Reis no Rio de Janeiro. – Era o Presidente BOSSA-NOVA.
Eram os Hipps. Esse movimento nos legou o Rock N’Roll, esse ritmo alucinante e tão alegre que perdura até hoje. Os albergues da juventude que embora já existisse na Europa, foi esse movimento que os trouxe para cá e estão eles prestando bons serviços até hoje.
Era comum ouvirem-se frases pejorativas sobre os hipps: “cabelos compridos, idéias curtas,” entre outras. Até o nosso Gonzagão mandou seu recado a maneira do sertão. Havia uma música dele que seu refrão dizia: “Cabelos caídos nos ombros, e no peito um medalhão, um tipo de gente assim, no sertão de meu padim, cabeludo tem vez não. Não, não não, cabeludo tem vez não.”
Na músicas, também alguns jovens se perpetuaram para sempre. Eles se reuniam no Beco das Garrafas e em alguns apartamentos em Copacabana e lançaram “A Bossa Nova” que é a cara do Rio, e principalmente de Copacabana, onde ela nasceu.
No princípio foi um escândalo. O povo acostumado ouvir Orlando Silva, cantando: “lábios que beijei”, “deusa do cassino”, etc. etc. E aparece meia dúzia de abestados, cantando: samba de uma nota só, samba de pé quebrado, o barquinho, garota de Ipanema.
Obrigado poetinha: Vinicius de Morais, Tom Jubim e todos esses jovens que nos fizeram refletir, e nos induziram a reiniciar a ouvir música e nos fazer ter orgulho da música brasileira que passou a ser respeitada e admirada em todo o Mundo.
Más, os jovens mesmos que chutaram o pau da barraca, chutaram o balde e mandaram as vavas os conceitos e preconceitos reinantes na época e mudaram a história. Foram alguns jovens que em sua maioria haviam chegados da Europa e ao chegarem se chocaram com a burguesia reinante na época principalmente em São Paulo e Minas Gerais com a política do café com leite. Eram desse amaranhado de idéias ultrapassadas que saiam os governantes e ignoravam o resto do Brasil.
Eles organizaram e levaram a efeito, “A Semana de Arte Moderna” no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias: 13,15 e 17 de fevereiro de 1922.
Vou citar os nomes de algumas dessas feras apenas para vocês terem uma idéia do peso desses nomes: Di Cavalcante, Manoel Bandeira, Graça Aranha, Oswaldo de Andrade, Heitor Vila Lobo, Ernani Braga, Plínio Salgado, Mario de Andrade e outros.
A juventude feminina estava também muito bem representada, entre outras estava: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Patrícia Galvão a PAGU. Como viram era time da mais alta grandeza. Ali aconteceu de tudo, inovações, críticas. Chegaram até a fazer uma paródia com Chopin – Vila Lobo deu um conserto de casaco e chinelo. Somente depois das vaias do público foi que ele justificou: Não era modernismo, mas sim, um calo inflamado.
A Semana de Arte Moderna de 1922 não foi apenas um movimento de artistas, foi muito mais um movimento político. Foi um divisor de água. Ha ele outros movimentos se sucederam, exemplo: “Os Dezoitos do Forte,” onde dezoitos jovens saíram do forte de Copacabana e enfrentaram três mil homens das forças governamentais apenas para defenderem um ideal; foi suicida, morreram todos, porém, seus ideais não.
Muitas obras de arte foram mostrada ali, também eles aproveitaram para mostrar ao público as inovações que estavam acontecendo em termos de pinturas na Europa.
E entre essas novidades estavam ás pinturas abstratas. Uma arte que requer muito mais de quem ver, de que de quem as faz.
Eu não sei se nosso chimpanzé congo, estava lá, porém, de uma coisa temos serteza, ele assemelhou a técnica.
Pinturas abstratas não são meu forte; não é meu tipo de pintura, prefiro: a monalisa as aquarelas com paisagem de um caipira a beira do ribeirão, as vacas pastando, de uma casinha de sapê as margens da estrada. É isso que eu gosto.
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica” de Amadeu Lucinda ©
Somente para informar: um ano depois de eu ter escrito esse texto e tê-lo registrado no Ministério da Cultura, e com direitos autorais garantido; a Rede Globo,veiculou uma novela com esse tema...

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