quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O PALHAÇO
Pe. Antonio Tomãs.
Ontem, viu-se-lhe em casa a esposa morta 
E a filhinha mais nova, tão doente! 
Hoje, o empresário vai bater-lhe à porta, 
Que a platéia o reclama, impaciente.

Ao palco, em breve surge... pouco importa
o seu pesar àquela estranha gente...
E ao som das ovações que os ares corta,
trejeita, canta e ri, nervosamente.

Aos aplausos da turba, ele trabalha
para esconder no manto em que se embuça
a cruciante angústia que o retalha.

No entanto, a dor cruel mais se lhe aguça
e enquanto o lábio trêmulo gargalha,
dentro do peito o coração soluça.


Nenhum comentário:

Postar um comentário