Revivendo o
Passado.·.
No programa de domingo foi uma viagem através do
túnel do tempo. Uma ampulheta misteriosa nos levou aos anos dourados-década de
50.
O túnel veloz nos lançou no Quadro da Igrejinha,
palco de um mundo encantado com Japonesas singelas e riso do praro,tamarinas
maduras, jasmim Caetano e uma flor chamada saudade.
Foi uma viagem verdadeira. As
mesmas músicas, as mesmas praças, a mesma lua saudosa e, o que é mais importante,
os mesmos amigos num reencontro inesquecível.
Revi o casarão do “Seu João Camelo” cheio de
juventude e de alegria. Parece que estava vendo a reunião nas tardes de domingo
para assistir a passagem do trem. Não vi as minhas amigas, mas ouvi as suas
mensagens. Ainda um pedacinho de “Madressilva” cantada por Leleis e não entendi
porque foi retirada a gravação. Ouvi a poesias belíssima de Laís Mourão. Ouvi a
sempre bela Sinhazita com os seus olhos maravilhosos descerrando a janela da vida,
poesia que tanto nos emocionava. Revivi com a Tesinha e Tisinha, o Orfeão de
Dona Valderez nos seus bons tempos da Marcha para o Oeste, Farinhada,
Jangadeiro, Vatapá e tantas outras canções. Intercalando o programa, a mensagem
segura e competente da Natália que relembrava a cada instante o que fomos e o
que somos.
Obrigada, amiga, pele felicidade que nos proporcionaste.
A Conceição, a cultura personificada, falando das coisas mais simples e mais
importantes de um mundo feliz: Seá Romana e Madrinha Antônia. À Conceição um
grande abraço.
Que saudades, meu Deus! Ao ouvir o meu irmão Tratais
tocar com tanto sentimento a sua flauta e o seu realejo. Saudades da casa que
nos viu nascer, do Quadro que abrigou os nossos primeiros passos e acalentou as
nossas primeiras ilusões. Parece que estava vendo Papai, a mamãe, o Gilberto, o
Francisco, a Maria Luiza, o Paulo e Delourdes, o Getúlio, Ana Lucia e a
Sulamita, esta que hoje vive no seio de Deus.
E os meus olhos encheram da lágrima ao recordar a amplificadora
de São Sebastiao com as lindas músicas dos cantores da época. O Tatais, o
eterno trovador, nos levou a um mundo que jamais poderá sair dos nossos sentimentos.
Lembre-me também, das coroações do mês de maio, quando oferecíamos flores
orientadas pela Laura Aires e Dona Maria Assis.
Lembrei-me dos anjos bonitos que ficavam no altar: Graziela
Sara e Marta Evangelista, Terezinha do seu Edgar, Sofia e Florinda Felizola, Martinha
Marinho, que hoje é anjo lá no céu, e bem no centro, a Helena Aires com sua voz
doce a afinada coroando Nossa Senhora. Saudade palavra que nos faz sofrer, mas
que desafoga a alma num pranto solto e espontâneo...
Eu não estive no Quadro naquela noite,
mas ouvi tudo, através do programa Revivendo o Passado, de nossa Rádio Iracema.
Peço a Deus que esse programa nunca se acabe.
Francisco Mello, que nunca te falte forças nem sentimentos.
Teu grande programa é uma aula de cultura para
nossa terra. Que a juventude busque o reencontro da verdade e não desvie a sua
rota rumo a valores duvidosos. Precisamos salvar o que é nosso, precisamos amar
nossas raízes, precisamos colocar nos olhos a nossa própria alma. Ipu, 05.05.90
Eunice Martins
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